Suínos Saúde Animal
Guia prático para realização de diagnóstico laboratorial na suinocultura: complexo de doenças respiratórias dos suínos
Diagnóstico laboratorial é uma ferramenta importante, não apenas para detectar a presença de patógenos, mas também para estimar o nível de saúde e de proteção do rebanho

Artigo escrito por William Costa, gerente Técnico da Ceva Saúde Animal e doutora Mariana Costa Fausto, professora e coordenadora da Pós-Graduação em Gestão e Produção de Suínos do Centro Universitário de Viçosa (Univiçosa)
A modernização e intensificação dos sistemas de produção de suínos provocou mudanças no padrão e apresentação de doenças devido, entre outras coisas, ao surgimento de novas cepas e de microrganismos mais resistentes. Assim em determinadas granjas, a ocorrência de diversas doenças é constante e desafiadora o que é agravado pela associação à altas densidades populacionais e ao elevado número de animais em uma mesma região geográfica.
Dentro desse contexto, as doenças respiratórias apresentam-se como um importante problema de saúde para espécies de animais criadas em condições de confinamento e, em suínos, os agentes envolvidos vêm sendo estudados desde a década de 1960. Estes podem ser divididos em agentes primários, ou seja, que infectam inicialmente o animal, com destaque para Influenza Suína, Mycoplasma hyopneumoniae e Actinobacillus pleuropneumoniae, e agentes secundários, também chamados de oportunistas como Glaesserella (Haemophilus) parasuis e Pasteurella multocida. Juntos tais agentes estão envolvidos e são responsáveis pelo Complexo de Doenças Respiratórias dos Suínos – PRDC (Mycoplasma hyopneumoniae + agente viral + bactéria secundária).
Conhecer os microrganismos que acometem o trato respiratório bem como suas associações são de extrema importância para a suinocultura, já que em condições de campo, frequentemente são detectados simultaneamente diferentes agentes em um mesmo animal e/ou lesões. Vale ressaltar que, as combinações e patógenos mudam ao longo do tempo devido a variações decorrentes de mutações e recombinações genéticas, que podem inclusive modificar a severidade do quadro.
Utilização do diagnóstico laboratorial
O diagnóstico laboratorial é uma ferramenta importante, não apenas para detectar a presença de patógenos, mas também para estimar o nível de saúde e de proteção do rebanho. A partir dele é possível determinar tomadas de decisões visando o tratamento, o controle e a prevenção das doenças.
Veterinários de campo podem encontrar dificuldades para sistematizar o processo necessário para que se consiga chegar a um diagnóstico correto e de confiança. Isso acontece, pois, passos importantes desse processo não são realizados, ou são realizados de maneira incompleta.
Para a obtenção de resultados confiáveis é preciso considerar desde a etapa inicial que envolve a coleta de informações sobre o curso e a evolução da doença, número e faixa etária dos animais afetados, tipo de alojamento e alimentação, sintomatologia e lesões observadas durante a necropsia a campo. Todas essas informações devem ser incluídas em uma ficha contendo também a identificação dos animais e da granja (Figura 1).

Figura 1: Sugestão de ficha para monitoramento clínico, patológico e laboratorial do rebanho
Outro passo importante é determinar, baseado nos dados previamente coletados, a suspeita clínica e os tratamentos já realizados, assim como os resultados obtidos com os mesmos. Através dessa suspeita, o veterinário deve especificar o tipo de exame requerido e considerar que, como podem estar envolvidos mais de um agente infeccioso, existe a necessidade da utilização de diversas técnicas laboratoriais. E devido a isso deve-se coletar amostras diferentes de um mesmo animal.
No passo seguinte é necessário realizar a coleta das amostras em animais que apresentem a sintomatologia clara e não tenham sido previamente medicados. Nesse passo é importante utilizar métodos adequados de conservação e identificação das amostras, principalmente se houver previsão de demora na chegada do material ao laboratório.
As coletas devem ser programadas, evitando a remessa de materiais nas vésperas de feriados ou em finais de semana. Para isso, comunicar e combinar previamente o envio aos técnicos laboratoriais pode ser um passo chave para evitar possíveis desencontros. E por fim, é preciso saber analisar os resultados obtidos de acordo com padrões estabelecidos e com o objetivo do teste, o que vai além de checar números e descrições, sendo necessário conhecimento prévio para avaliar as propriedades e desconfiar ou não dos exames realizados (Figura 2).

Figura 2: Sugestão de ficha para monitoramento clínico, patológico e laboratorial do rebanho
Solicitação dos exames laboratoriais
Muitas vezes surgem dúvidas sobre qual o melhor método de diagnóstico a ser solicitado. A escolha do teste deve ser baseada em critérios como sensibilidade e especificidade, custo benefício, disponibilidade de amostras, tempo gasto para execução, entrega dos resultados e amostragem, ou seja, número de amostras necessárias e representativas da real situação a campo. Tais assuntos serão abordados com mais detalhes nas próximas edições.
A pesquisa dos agentes relacionados ao PRDC é normalmente avaliada utilizando duas abordagens principais. A primeira envolve a pesquisa direta dos patógenos, por meio de cultivos microbiológicos ou técnicas moleculares como a PCR, partir da coleta de amostras de animais doentes e não doentes. A segunda relaciona-se à detecção indireta por testes sorológicos que visa procurar anticorpos produzidos após a exposição ao agente. Assim, a escolha do teste está relacionada à finalidade e aplicação do resultado, conforme descrito na tabela abaixo (Tabela 1).
Tabela 1: Sumário dos testes laboratoriais, seus objetivos, amostras e forma de armazenagem, para detecção dos agentes mais prevalentes responsáveis pelo Complexo de Doenças Respiratórias dos Suínos (PRDC).

Em condições a campo, existem combinações de vários patógenos infecciosos que variam entre propriedades e com o passar do tempo, devido ao surgimento não apenas de novos patógenos, mas também de patógenos mais resistentes, complicando a gravidade da doença e realização do diagnóstico.
Considerações finais
Em uma abordagem em o conhecimento de cada patógeno envolvido seja fundamental, a adoção de ferramentas moleculares como a técnica de PCR, consiste em um passo importante e preciso. Por outro lado, técnicas sorológicas podem ser úteis para avaliar a imunidade do plantel, determinar o perfil sorológico, avaliar programas de vacinação e confirmar a suspeita da introdução de um determinado agente em um rebanho livre. Cabe ao responsável técnico pela granja selecionar o teste adequado para obter informações sobre os agentes em investigação e com isso atender ao objetivo do programa sanitário adotado pela propriedade.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2021 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



