Suínos
Granjas sem biosseguridade e falhas de manejo usam até 100 vezes mais antibióticos
Estudo revela que há um abismo entre produtores que fazem o uso prudente e aqueles que usam deliberadamente

Um estudo divulgado no fim de setembro, durante a Pork Expo, sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos no Brasil, traz dados que podem ajudar o produtor a entender o que é necessário fazer para reduzir a presença desses medicamentos na granja. O trabalho, apresentado pelo consultor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Glauber Machado, revela que há um abismo entre produtores que fazem o uso prudente e aqueles que usam deliberadamente. Propriedades sem biosseguridade e falhas de manejo usam até 100 vezes mais antibióticos que aquelas que contemplam esses temas.
Os números, apresentados na palestra que focou na preparação dos sistemas de produção para o uso prudente de antimicrobianos, são impressionantes. “Avaliamos quantas miligramas por quilo de suíno diferentes granjas usavam, sob vários aspectos. O estudo mostrou que a média no Brasil é de 358 miligramas por quilo de suíno, mas a amplitude variou muito. Encontramos sistemas de produção que usam 5,4 miligramas por quilo de suíno produzido e outras que usam até 586 miligramas por quilo”, compara Machado. A de pior desempenho utiliza 108 vezes mais antibióticos que a melhor colocada.
O consultor explica que, mais que avaliar os sistemas produtivos no Brasil, o trabalho tem o objetivo de demonstrar o que é preciso fazer para usar os antibióticos de maneira mais prudente e responsável. “Esse trabalho abre uma série de oportunidades para melhorar nossos sistemas de produção. A gente ainda convive com muita imprudência no uso de antimicrobianos na suinocultura”, sustenta o consultor do Mapa. “Temos que nos preparar para reduzir o uso aos menores níveis”, argumenta.
Pontos críticos
O trabalho, inédito no Brasil, de acordo com o consultor, apresenta nove pontos críticos que devem ser aperfeiçoados, reforçando a necessidade de produtores e outros profissionais focarem no sistema como um todo, e não em ações isoladas. “O primeiro trabalho falando disso no Brasil foi publicado só no ano passado. O tema é recente”, sugere.
Os pontos críticos, de acordo com Glauber Machado, são gestão nutricional e sanitária do plantel, qualidade do leitão ao desmame, ampla margem de variação na idade ao desmame, variações de imunidade específica entre porcas e nos leitões ao desmame, planejamento inadequado de reposição, biosseguridade aplicada aos sistemas de produção, vícios do sistema de produção segregada, fluxo contínuo de produção e incapacidade de manter tudo dentro/tudo fora. “Pode levar alguns meses para conseguir atingir esses nove itens e começar a reduzir a reduzir o uso de antibióticos, mas é dar um passo efetivo, com segurança, para alcançar esse objetivo”, sustenta Glauber Machado.
Manejo nutricional pré-parto
O manejo nutricional pré-parto é um dos pontos que pouco mudaram nos últimos anos, o que preocupa Machado, pois as necessidades da porca são outras para a preparação ao parto e se não controladas pode reduzir as chances de êxito. Em sua opinião, deficiências nessa fase podem implicar na biosseguridade, já que podem reduzir, por exemplo, a produção e consumo de colostro e, assim, interferir negativamente na imunidade dos leitões recém-nascidos.
Em sua opinião, uma série de fatores deve ser levada em consideração para que o parto ocorra da melhor maneira possível e, assim, possa contribuir para o produtor ter leitões mais sadios, com o sistema gastrointestinal mais desenvolvido. “Não há programa de uso prudente de antimicrobianos que não passe necessariamente pela melhoria da saúde intestinal do plantel”, justifica.
O aumento no tempo de parto, que prejudica o desempenho de maneira geral, exemplifica Machado, pode acontecer por diversos motivos. “Você aumenta o risco de partos prolongados quando tem matrizes com excesso de gordura ou que estão em jejum excessivo. A partir de depressão energética (três horas depois da última ração ofertada), também se aumenta o tempo do parto”, pontua. Levando em conta que, após a indução ao parto, a matriz pode levar até 40 horas para parir, os prejuízos podem ser enormes. “Por isso o manejo nutricional pré-parto é extremamente importante. Você fez a indução, ela (suína) para de comer, mas pode levar de quatro a 40 horas para o parto. Ou seja, pode ser muito mais tempo do que ela tem condições para enfrentar”, preocupa-se o consultor do Mapa.
“Nos últimos 20 anos, o que mudou no manejo alimentar pré-parto? Praticamente nada. Mas a matriz de hoje demanda mais energia, pois precisa trabalhar mais para parir mais leitões. O que está acontecendo é uma realidade clínica de balanço energético negativo. Estamos fazendo o mesmo manejo hoje para quem faz muito mais esforço para parir”, expõe o profissional.
Mas porque o manejo alimentar pré-parto influencia no uso de antimicrobianos?”, questionou o palestrante às centenas de profissionais presentes na palestra. Em sua opinião, partors prolongados geram leitões mais sensíveis e mais facilmente desafiados pelo ambiente e pelos microrganismos.
O que precisa ser feito
“Para evoluirmos no uso de antibióticos, temos que aplicar a biosseguridade na prática, com foco no sistema de produção, revisão nos protocolos de alimentação do plantel, ter fluxo de produção dentro dos sistemas/granjas, ter maior idade ao desmame e espaço de maternidade, evitar a mistura de origens, respeitar densidade de alojamento, praticar o todos dentro/todos fora, ter manejos básicos de colostro e utilizar adequadamente os produtos já disponíveis – ácidos orgânicos, óleos essenciais, prebióticos e probióticos”, citou.
Para Glauber Machado, “as ações isoladas não resolvem problemas sanitários e não permitem redução gradativa e consistente na utilização de antimicrobianos. O foco é o sistema! Sem uma preparação adequada do sistema de produção há sérios riscos de frustração nas tentativas de implementação de programas de uso prudente de antimicrobianos nos sistemas de produção de suínos”.
E ainda: “Interação entre diferentes áreas do conhecimento, mudanças de atitude em termos de biosseguridade interna e externa, associada à utilização combinada e estratégica das alternativas existentes, é o único caminho para a redução na utilização de antibióticos na produção de suínos, diante da crescente complexidade dos problemas sanitários e do crescimento em escala dos sistemas de produção”, menciona o consultor do Mapa, que conclui. “Vamos respeitar o sistema de produção”.
De acordo com Glauber Machado, utilizando tais preceitos, em 20 anos a Dinamarca aumentou em 13% a produção de carne e reduziu em 43% o uso de antimicrobianos.
Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2018 ou online. (NO “ONLINE” LINKAR COM http://www.flip3d.com.br/web/pub/opresenterural/?numero=163&edicao=4504)

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.



