Suínos
Granjas do futuro têm que ser amigáveis
Ganhos genéticos associados a mudanças no mercado vão demandar mudanças no desenho e execução dos projetos, afirma José Piva
As granjas do futuro vão produzir mais leitões desmamados e mais carne por metro quadrado, serão monitoradas por câmeras, mais fáceis de limpar, com sistemas de ar filtrado, simpáticas aos olhos dos consumidores. Mais que isso, cada vez terá menos dependência de pessoas, tornando os processos produtivos mais automatizados, e até vai gerar sua própria energia elétrica. São algumas das atrações que as novas obras devem alcançar em breve, na opinião do gerente de Serviços Técnicos para a América da Agroceres PIC, José Piva. O profissional fez palestra sobre as tendências na construção de granjas, abordando os modelos de construção do futuro, durante o Congresso Abraves (Associação Brasileira dos Médicos Veterinários Especialistas em Suínos) Paraná, que aconteceu em meados de março, em Toledo.
“Independentemente da granja que seja, a expectativa é de produzir cada vez mais por metro quadrado, por quilo de ração, por pessoa”, cita. “Ganhos genéticos associados a mudanças no mercado vão demandar mudanças no desenho e execução dos projetos. Em todo projeto é importante levar em consideração a percepção do consumidor, os aspectos técnicos, legais e de mercado”, resume.
De acordo com ele, o tempo médio gasto do colaborador com cada animal vai diminuir. “Para cada leitão desmamado, há projetos com menos de 20 minutos de mão de obra por leitão. Hoje já se consegue com 16-17 minutos. A engorda terá mais de 400 quilos por metro quadrado de área construída. Nesse caso, a mão de obra deve ser não mais que oito minutos”, pontua. “Esses números estão sendo conseguidos com novos projetos que estão sendo concebidos. Esses números incluem todo o processo feito na granja”, menciona.
De acordo com Piva, as instalações vão mudar para atender a evolução de produtividade da suinocultura. Em seus cálculos, a suinocultura brasileira vai passar dos atuais 3.865 quilos vendidos/matriz/ano para 5.598 quilos/matriz/ano. Nesse mesmo período, a conversão alimentar cai de 2.20 para 1.90, o número de quilos/matriz/desmamados sobe de 184 para 254 e o peso de abate passa dos atuais 130 para 143 quilos.
Conforme o profissional, as instalações serão “de fácil limpeza, cada vez mais intensificadas e de uso intensivo”. Ele cita a adoção cada vez mais intensa de inoxa na substituição de plástico e concreto. “O uso de inox ou piso de ferro é uma tendência, pois é mais fácil de lavar e desinfetar. Acho que o piso bruto tende a acabar. É muito difícil de limpar”, cita, emendando, no entanto, que piso de ferro tem menor durabilidade que os de concreto ou plástico. “Vai ser a granja que facilite o trabalho e a eficiência da mão-de-obra”, resume.
Com relação às gaiolas, Piva cita que serão maiores, já que a tendência é de leitegadas cada vez mais numerosas. Em seu projeto, até 2027 a suinocultura brasileira vai ter 43,5 desmamados/fêmea/ano, contra, ainda segundo seus números, a média atual no Brasil de 32,5 DFA. “As granjas terão que ter gaiolas maiores. Vai produzir mais leitão, então vai ter que ter mais espaço na desmama e engorda”, cita.
Considerações
Antes do produtor construir uma nova granja, deve levar diversos aspectos em consideração, a começar pelo objetivo da granja, para melhoramento genético, multiplicação, produção comercial ou pesquisa. “Depende ainda da região ou continente, custo de construção, exigências legais e sociais, expectativa e metas de produção, custo e disponibilidade de mão-de-obra, disponibilidade e custo do capital, além de características do mercado”, citou.
Ele sugere que as edificações terão mais metros quadrados por matriz instalada para produzir mais carne por ano. “Tem que ser eficiente, produzir de forma sustentável o maior número de quilos por ano, produzir o mínimo de gases e poluição ambiental, oferecer segurança e um ambiente de trabalho os funcionários, ser segura e gerar melhor ambiente aos animais, atender as expectativas básicas do consumidor”.
Características da nova granja
De acordo com ele, o projeto deve considerar mais que a relação custo/benefício. “Tem que ser fácil de ser executado e construído, que demande pouca manutenção e seja durável, atenda as expectativas do consumidor, frigorifico e supermercado, seja amigável ao meio ambiente, demande cada vez menos energia e use o máximo os recursos naturais. A granja do futuro é aquela que atenda os princípios de biossegurança, por exemplo, com piso de ferro, fácil de lavar e desinfetar. De acordo com ele, “serão automatizadas, com mínima dependência de pessoas, tenha fluxo de produção amigável, tenha iluminação e áreas amplas, com corredores desenhados sem distrair ou causar estresse aos animais”.
Piva elenca ainda outras caraterísticas desejáveis às granjas nos próximos anos. “Estilo McDonald – fácil de treinar o pessoal novo, caso contamine é possível erradicar as doenças sem despovoar, demande o mínimo de água e energia, tenha o máximo de luminosidade, tenha ar filtrado, positivo ou negativo, seja de fácil acesso, com uso de materiais laváveis, ofereça segurança ao trabalhador, sejam compactas, fácil para embarcar e desembarcar os animais, e tenham produção própria de energia”.
“A granja do futuro tem alto padrão tecnológico, é simples de operar e o mais eficiente possível, com maior padronização e flexibilidade, amigável aos animais e às pessoas, tem empatia visual amigável ao público, payback (retorno do investimento) aceitável, permita aos animais expressar seu potencial genético, seja eficiente para minimizar desperdícios, como energia, água e ração. Elas serão construídas com produtos recicláveis, que não contamine o meio ambiente, demande pouca manutenção e que seja próxima da região produtora de grãos, fábricas e frigoríficos”, aponta.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
