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Glutamina e estimulante natural como reforço extra aos benefícios da suplementação das aves via água de bebida
Devido aos constantes desafios, os esforços devem ser voltados a alcançar melhores índices zootécnicos para elevar a rentabilidade do produtor

Artigo escrito por Franciele Lugli, médica veterinária e consultora técnica comercial da Vetscience Bio Solutions
Com o positivo cenário de demanda por carne de frango, o mercado avícola brasileiro deve se pautar cada vez mais de estratégias variadas para tornar sua produção ainda mais competitiva, aproveitando o máximo do potencial genético das aves. A prática de suplementação via água em diferentes fases da produção, principalmente aquelas associadas ao desencadeamento de estresse e adotada em certos manejos podem contribuir para maior uniformização de lotes, melhor conversão alimentar e ganho de peso, além de reduzir perdas por mortalidade.
Situações causadoras de estresse levam as aves à redução no consumo de ração, fazendo da suplementação via água de bebida uma importante aliada para manter a saúde e o desempenho adequado dos animais, uma vez que compensa a menor ingestão, proporcionando um aporte nutricional em momentos de grande necessidade.
Na primeira semana de vida os pintinhos apresentam certas limitações quanto a digestão e absorção de nutrientes, pois estão passando por período de adaptação e desenvolvimento do seu sistema digestivo, em contrapartida, é nesta mesma fase em que ocorre o maior desenvolvimento corporal proporcional da vida do frango, representando cerca de 17% de todo o período de crescimento e podendo influenciar em até 70% o seu resultado final, por isso, os primeiros sete dias de vida representam uma etapa fundamental do ciclo produtivo.
Em geral, o tempo decorrido entre o nascimento e o alojamento dos pintinhos de corte é dependente de múltiplos fatores, como logística de entrega, distância entre o incubatório e a unidade de criação. Esse período em jejum, dependendo do tempo decorrido conduz a condição de estresse, podendo levar a alterações no equilíbrio hidroeletrolítico das aves. Atrasos no acesso inicial à alimentação e água tendem a aumentar a suscetibilidade a patógenos e causar perdas de desempenho, levando a lotes começando com ganhos de peso reduzidos e maiores taxas de mortalidade.
Prática comumente adotada é a suplementação vitamínica via água de bebida, porém suplementos contendo componentes adicionais, como a glutamina e estimulantes naturais podem propiciar um extra aos benefícios do uso desses solúveis.
Glutamina
A glutamina age como precursores de nucleotídeos e de poliaminas, ou mesmo como fonte direta de energia e nitrogênio para a mucosa, tornando-se capaz de interferir diretamente sobre o turnover dos enterócitos e prevenir os efeitos negativos sobre a estrutura do intestino, além de melhorar a resposta imune, visto que o mesmo atua na manutenção da barreira epitelial contra ataques de bactérias, aumentando a resistência frente a instalação de patógenos, além de promover a maturidade e integridade da microflora intestinal associada ao sistema imunológico, o que pode diminuir o percentual de mortalidade e reduzir a chance de infecções. A glutamina via água tem uma função positiva no comprimento das vilosidades, estando positivamente associada a uma maior absorção, devido ao aumento da área de superfície. Estudos recentes mostraram que suplementação com glutamina por meio de água potável tem potencial para modular o desempenho do crescimento das aves e otimizar os resultados futuros, até mesmo sob condições de densidades mais elevadas, acreditando-se que tal resultado se deve a melhor acessibilidade dos pintinhos à glutamina via água.
Estimulante natural
O inositol é um estimulante natural que atua em sinalizadores celulares e mensageiros secundários, estimulando o sistema nervoso central. Essa substância tem participação importante em vários processos biológicos, como manutenção do potencial de membranas das células, modulador da atividade da insulina, controle da concentração intracelular do íon Ca2+. Na primeira água de bebida após a chegada ao aviário, alivia os efeitos adversos sofridos após a eclosão, pois os pintinhos ao ingerirem essa água suplementada terão uma maior sensação de bem-estar, e se sentindo bem, irão tomar mais água e, consequentemente, comer mais, sendo extremamente importante para seu crescimento adequado, uma vez que, quanto mais cedo ocorrer a adaptação à ingestão de alimento, mais cedo ocorrerá o estímulo para sua passagem pelo trato digestivo, acelerando o desenvolvimento dos mecanismos de digestão e absorção, levando a um desempenho mais acelerado que eventualmente será mantido ao longo da vida da ave. Desta forma, este componente na água de bebida tende a contribuir de forma mais acentuada para o restabelecimento do status fisiológico ideal dos pintinhos quando este estiver alterado por situação de estresse, fazendo com que consigam competir por igual, diminuindo a refugagem dos lotes.
Aplicabilidades de uso
Além do uso na primeira semana de alojamento, direcionar a suplementação da água para outras situações de estresse das aves com a finalidade de reduzir as perdas se torna uma estratégia que demanda baixos investimentos, mas que pode ser de fundamental importância para manter o negócio competitivo. Uma decisão acertada pode ser decisiva para melhorar a saúde do plantel e ter lotes menos desuniformes. Outras aplicabilidades do uso de suplementos na água são a sua utilização nas trocas de rações, a fim de evitar que ocorram quedas no consumo e quaisquer outras situações estressantes para as aves, como manejos de vacinação, de debicagem, períodos com temperaturas extremas (frio ou calor).
Também na fase final, durante o transporte para a unidade de abate, uma vez que nesse período de pré-abate as aves passam por jejum alimentar, o que desencadeia alto estresse, podendo resultar em taxas de mortalidades elevadas durante a transferência, gerando prejuízos significativos para a cadeia produtiva. Neste caso, a água de bebida suplementada irá proporcionar aumento do nível de saciedade nas aves, devido ao aporte extra de nutrientes nessa ocasião de restrição de consumo de alimento sólido, minimizando o estresse do transporte e perdas por mortalidade.
Devido aos constantes desafios, os esforços devem ser voltados a alcançar melhores índices zootécnicos para elevar a rentabilidade do produtor. Qualquer estresse sofrido pelas aves leva a um aumento na demanda por vitaminas e outros nutrientes e, nestes casos, é comum que reduzam o consumo de ração, porém não deixam de beber água. Por isso, utilizar na água de bebida um suplemento que forneça essa reposição se torna uma maneira vantajosa de prevenir carências e, consequentemente, perdas de desempenho. Com manejo adequado e uma estratégia bem planejada se torna possível a maximização da produtividade com a adoção de medidas simples, como a suplementação via água de bebida.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2020 ou online.

Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



