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Giro rápido no pasto: conheça a RIP e a TIP
Produção de animais precoces, mais pesados, a finalidade da produção da RIP e TIP.

O pecuarista de corte no Brasil não é mais o personagem tradicional, focado apenas na criação extensiva e nos conhecimentos empíricos. O cenário atual, impulsionado pelo mercado, pela demanda por sustentabilidade, eficiência e carne de qualidade, está moldando um novo perfil profissional: o empresário rural com foco em gestão e uso de tecnologias.
A evolução da pecuária é impulsionada por produtores atentos às novas demandas do mercado. Eles adotam tecnologias como identificação eletrônica, uso de inteligência artificial e drones para monitoramento de pastagens, sistemas produtivos intensivos e semi-intensivos, utilizam técnicas avançadas de reprodução (IATF) e cruzamento industrial, e investem em uma ampla gama de suplementos nutricionais (minerais, proteinados, injetáveis, etc.). O objetivo central dessas inovações é ajustar e maximizar a produtividade da pecuária.
Entretanto, apesar dos avanços na produção, a pecuária brasileira enfrenta um grande desafio que é o período seco do ano.
Durante o período seco o valor nutritivo e a produção de gramíneas forrageiras nos trópicos diminuem levando a desnutrição dos animais criados a pasto e consequentemente baixo ganho de peso, baixa produção de leite, baixos índices reprodutivos, o que impacta diretamente nos custos e qualidade da produção de pecuária de corte e leite no Brasil.
Nos anos 1980, visando mitigar os efeitos deletérios da seca, implementou-se o confinamento e o uso de proteinados. Essas tecnologias permitem, respectivamente, a engorda de animais no período seco e a manutenção do peso do gado.
Mais adiante foi desenvolvido o semiconfinamento é um sistema de produção semi-intensiva a pasto (Vieira, 2019)1,
Atualmente, a pecuária de corte começou a adotar a RIP (Recria Intensiva a Pasto) e a TIP (Terminação Intensiva a Pasto).
A Recria Intensiva a Pasto (RIP) é um programa de suplementação estratégica (consiste no uso de rações e proteinados tendo o pasto como volumoso) que visa acelerar o desenvolvimento de animais jovens.
Aplicada na fase pós-desmama (geralmente dos 7-8 meses de idade, com 180-210 kg de peso vivo) até o período que antecede a terminação (aproximadamente 350 kg de peso corporal, variável por mercado e região) A RIP é uma resposta direta à alta demanda por animais de qualidade para engorda e reprodução.
Historicamente, a fase de recria é o maior gargalo da pecuária de corte, devido principalmente aos períodos secos e a suplementação inadequada, os animais podem permanecer nos pastos por um longo e improdutivo período (entre 18 e 24 meses) até o início da engorda. Este ciclo lento resulta em abate e reprodução tardios, perda de eficiência e qualidade do rebanho, comprometimento do giro do capital na fazenda
A RIP foi desenvolvida precisamente para quebrar este ciclo, encurtando o tempo de permanência no campo e acelerando a produção.
A Terminação Intensiva a Pasto (TIP) é uma estratégia de engorda que adapta os princípios e técnicas de produção do confinamento tradicional para o ambiente de pastagem. Essencialmente, é um processo de terminação animal realizado no pasto, mas com uma intervenção nutricional intensiva.
Neste sistema, o foco está em fornecer aos animais rações concentradas balanceadas que atendam às suas altas exigências nutricionais. O pasto, por sua vez, atua como a principal fonte de fibra, essencial para a manutenção da saúde e do bom funcionamento ruminal. A TIP exige, portanto, a utilização de piquetes com alta taxa de lotação, um manejo sanitário rigoroso, o uso de rações de alta qualidade e animais com boa genética.
Uma das grandes vantagens da TIP é a redução da necessidade de grandes investimentos em infraestrutura de confinamento. Mesmo assim, este método proporciona um ótimo desempenho animal, resultando em bom rendimento e acabamento de carcaça. Isso possibilita a produção de animais mais precoces e, consequentemente, uma diminuição no período total de engorda.
Segundo especialistas, a qualidade da forragem durante o período seco do ano torna-se menos crítica. Isso ocorre porque o foco está na formulação precisa do concentrado, que deve compensar as variações nutricionais do pasto nesta época. Dessa forma, é possível garantir resultados satisfatórios mesmo durante o período mais desafiador do ano, desde que haja uma disponibilidade mínima de forragem para o consumo de fibra.
Para implementar a RIP e/ou a TIP, o pecuarista precisa se preparar em duas frentes: planejamento/gestão e investimentos estruturais.
Na gestão, o processo deve começar com a análise sistêmica da produção atual, seguida pela avaliação das tendências mercadológicas e pela elaboração do orçamento (viabilidade financeira). É crucial implementar um modelo de gestão que otimize os processos produtivos, visando elevar a fazenda a um novo patamar produtivo.
Estruturalmente, haverá necessidade de investimentos e melhorias, especialmente nos tratos culturais das pastagens, divisão de piquetes, estrutura de produção de rações e no aprimoramento do manejo sanitário, além do melhoramento genético.
Em suma, a adoção do ciclo curto na pecuária configura-se como uma estratégia altamente eficiente. Ao possibilitar uma aceleração significativa no ganho de peso dos animais, a metodologia garante que o peso de abate ou a maturidade reprodutiva sejam alcançados mais rapidamente. Esse manejo, quando bem planejado, compensa o investimento nas estruturas produtivas e, por consequência, se traduz em um giro mais rápido do capital e um retorno financeiro e mais ágil para a atividade.
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Caso deseje, consulte as referências bibliográficas com o autor.
Conheça a obra do autor: Manual Prático de Semiconfinamento de bovinos

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Curso gratuito da Embrapa ensina manejo correto de resíduos na pecuária leiteira
Capacitação on-line orienta produtores a adequar propriedades à legislação ambiental e transformar dejetos em insumo seguro e sustentável.

Como fazer corretamente o manejo dos dejetos da propriedade leiteira e adequá-la à legislação e à segurança dos humanos, animais e meio ambiente? Agora, técnicos e produtores têm à disposição um curso on-line, disponível pela plataforma de capacitações a distância da Embrapa, o E-Campo, para aprender como realizar essa gestão. A capacitação “Manejo de resíduos na propriedade leiteira” é gratuita e deve ocupar uma carga horária de aproximadamente 24 horas do participante.
O treinamento fecha o ciclo de uma série de outros cursos relacionados ao manejo ambiental da atividade leiteira: conceitos básicos em manejo ambiental da propriedade leiteira e manejo hídrico da propriedade leiteira, também disponíveis na plataforma E-Campo.
De acordo com o pesquisador responsável, Julio Palhares, identificou-se uma carência de conhecimento sobre como manejar os resíduos da atividade leiteira para adequar a propriedade frente às determinações das agências ambientais. “O correto manejo é importante para dar qualidade de vida aos que vivem na propriedade e no seu entorno, bem como para garantir a qualidade ambiental da atividade e o uso dos resíduos como fertilizante”, explica Palhares.
A promoção do curso ainda contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), como as metas 2 e 12. A 2 refere-se à promoção da agricultura sustentável de produção de alimentos e prevê práticas agropecuárias resilientes, manutenção dos ecossistemas, fortalecimento da capacidade de adaptação às mudanças climáticas, etc. O ODS 12 diz respeito ao consumo e produção responsáveis, principalmente no que diz respeito à gestão sustentável.
O treinamento tem oferta contínua, ou seja, o inscrito terá acesso por tempo indeterminado.
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Produção de leite no Brasil se mantém estável e polos regionais se destacam
Produção nacional alcançou 35,74 bilhões de litros em 2024, com liderança do Sudeste, crescimento expressivo do Nordeste e destaque do Oeste Catarinense e municípios do Paraná entre os maiores produtores.

A produção de leite no Brasil manteve estabilidade em 2024 e evidenciou a força regional da atividade, conforme dados atualizados do IBGE. O levantamento mostra que o país produziu 35,74 bilhões de litros no ano passado, ligeiro avanço frente aos 35,25 bilhões registrados em 2023.
O destaque ficou com a Região Sudeste, que liderou a oferta nacional com 12,03 bilhões de litros, o equivalente a 34% de toda a produção do país. Em seguida aparecem as Regiões Sul, com 11,95 bilhões de litros (33%), e Nordeste, responsável por 6,43 bilhões (18%). O desempenho nordestino chamou atenção: a região registrou o maior crescimento entre as cinco grandes regiões, com alta de 5% na comparação anual. O Sudeste cresceu 3% e o Sul, 1%.
Na direção oposta, Centro-Oeste e Norte tiveram retrações de 3% e 5%, respectivamente, somando 3,66 bilhões e 1,67 bilhão de litros em 2024.
Oeste Catarinense segue entre os maiores polos leiteiros do país

Foto: Arnaldo Alves/AEN
A análise por mesorregiões reforça a importância do Sul na atividade. O Oeste Catarinense ocupou a segunda posição entre as dez maiores regiões produtoras, com 2,54 bilhões de litros. O volume fica atrás apenas do Noroeste Rio-Grandense, no Rio Grande do Sul, que liderou com 2,73 bilhões de litros.
Juntas, as duas mesorregiões responderam por 15% de toda a produção nacional. Outras regiões de destaque foram o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (2,41 bilhões) e o Sul/Sudoeste de Minas (1,67 bilhão).
Municípios do Paraná e de Minas Gerais dominam o ranking nacional
Entre os dez maiores municípios produtores do Brasil, aparecem cidades dos estados do Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e Sergipe. Essas localidades somaram 1,94 bilhão de litros em 2024, representando 5% da produção nacional.
Castro (PR) manteve a liderança com 480 milhões de litros, seguido de Carambeí (PR), que produziu 290 milhões. Minas Gerais também marcou forte presença no ranking, com Patos de Minas (230 milhões), Patrocínio (160 milhões), Coromandel (140 milhões) e Lagoa Formosa (140 milhões).
A lista inclui ainda Itaíba (PE), Arapoti (PR), Orizona (GO) e Poço Redondo (SE), todos com produção entre 120 e 130 milhões de litros.
Os números reforçam a pulverização da atividade leiteira no país e a importância de polos regionais consolidados, que seguem impulsionando a produção mesmo em um cenário de crescimento moderado.
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Chuva eleva pressão de parasitas e exige reforço sanitário na pecuária
Alta umidade favorece verminoses e doenças como clostridioses e tristeza parasitária, aumentando riscos produtivos e a necessidade de vacinação e controle estratégico.

O período das chuvas, que normalmente se estende do fim da primavera ao início do outono, representa uma fase de alta umidade e temperaturas elevadas nas principais regiões pecuárias do Brasil. Essas condições, embora benéficas para o crescimento das pastagens, favorecem a multiplicação de parasitas gastrointestinais e vetores de doenças, tornando indispensável a intensificação dos cuidados com vacinação e vermifugação do gado.
De acordo com Rodrigo Costa, que atua na área nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, essa combinação de fatores pode gerar prejuízos significativos. “A umidade favorece a sobrevivência de ovos e larvas de vermes no pasto, além de criar condições ideais para a disseminação de agentes infecciosos, como bactérias e vírus. Estes fatores elevam o risco de contaminações e comprometem o desempenho produtivo dos animais. Se não houver um bom controle sanitário, o produtor pode enfrentar queda na produção de leite e carne e aumento dos custos com tratamentos corretivos”, alerta.
Entre as doenças com maior incidência nessa época do ano estão as clostridioses, como o carbúnculo sintomático (manqueira) e as enterotoxemias, que tendem a se agravar com a ingestão de pastagens muito ricas, favoráveis ao desenvolvimento das bactérias clostridiais e à produção de toxinas.
Também merecem atenção a leptospirose, que se espalha em áreas úmidas através da urina de roedores e afeta a reprodução do rebanho, e as hemoparasitoses, como a anaplasmose (tristeza parasitária bovina) e a babesiose, transmitidas por carrapatos. Além delas, há o risco de verminoses gastrointestinais (principalmente Haemonchus contortus e Trichostrongylus spp.), que causam anemia, diarreia e perda de peso, e o aumento de moscas como a mosca-dos-chifres.
Segundo Costa, o calendário de vacinação é uma das principais ferramentas para preservar a saúde do rebanho e evitar prejuízos econômicos. “Manter o protocolo vacinal em dia é essencial para prevenir surtos de doenças que podem comprometer a rentabilidade da fazenda. Em regiões onde a vacinação é obrigatória, como no caso da febre aftosa, o não cumprimento pode gerar penalidades legais e restrições comerciais”, menciona.
O profissional reforça ainda que o controle parasitário deve ser feito conforme o perfil do rebanho e o histórico da propriedade. Bezerros e animais jovens, por exemplo, são mais vulneráveis e devem ser vermifugados a cada 60 a 90 dias. Já os adultos podem ter intervalos maiores, desde que o nível de infestação esteja sob controle. “O ideal é realizar exames de fezes (OPG – ovos por grama) para identificar o grau de contaminação e definir o vermífugo mais indicado. Também é importante alternar os princípios ativos, evitando o desenvolvimento de resistência dos parasitas aos medicamentos”, orienta.
Entre os sinais de alerta para possíveis infestações estão diarreia crônica, emagrecimento, mucosas pálidas e pelos arrepiados. Em casos de falhas na imunização, podem surgir doenças em animais já vacinados, situação que pode indicar uso de vacinas malconservadas, vencidas ou aplicadas de forma incorreta. “Ao identificar qualquer anormalidade, o produtor deve buscar o suporte de um veterinário ou técnico para confirmar o diagnóstico por exame clínico e laboratorial, além de revisar os protocolos de vacinação e vermifugação”, ressalta Costa.

A escolha e aplicação corretas dos produtos também são determinantes para a eficácia dos tratamentos. É fundamental optar por vacinas e vermífugos registrados no Ministério da Agricultura, observar o armazenamento adequado (geralmente entre 2 e 8°C) e garantir que a aplicação seja feita com equipamentos limpos e calibrados. “Esses cuidados simples fazem toda a diferença. Aplicações malfeitas ou produtos malconservados podem comprometer a imunidade do rebanho e gerar desperdícios”, salienta.
Costa ainda destaca o papel da assistência técnica no planejamento sanitário das propriedades. “O apoio de profissionais capacitados ajuda o produtor a montar um cronograma eficiente de vacinação e controle parasitário, de acordo com a realidade de cada fazenda. Além disso, o acompanhamento especializado permite avaliar continuamente os resultados, ajustar as estratégias e auxiliar na seleção de produtos de melhor custo-efetividade para garantir a saúde e a produtividade do rebanho”, evidencia.



