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Gestão de pessoas entra no radar e reforça pilares da suinocultura no SSIN

Evento técnico destacou importância do capital humano e propôs novas abordagens para o desenvolvimento sustentável da suinocultura.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com base nos pilares preservar, proteger e performar, o Swine Science International Network (SSIN), promovido pela Cargill/Nutron, chegou à sua segunda edição com o propósito de aprofundar discussões técnicas e estratégicas da suinocultura brasileira.

Zootecnista Luiz Caimi: “Reunimos no SSIN diversos atores com o objetivo de promover discussões profundas sobre temas que tornam a nossa suinocultura mais produtiva”

Realizado de 31 de março a 1º de abril, em Campinas (SP), o evento reuniu profissionais de diferentes áreas do setor com um objetivo comum: transformar conhecimento em prática e impulsionar a evolução sustentável da atividade. “Reunimos no SSIN diversos pesquisadores de universidades brasileiras e internacionais, além de produtores, integradoras, empresas de todo o Brasil e técnicos de campo, com o objetivo de promover discussões profundas sobre temas que tornam a nossa suinocultura mais produtiva”, enfatizou o zootecnista Luiz Caimi.

Mais do que um encontro técnico, o SSIN proporcionou um ambiente de aprendizado, conexões e troca de experiências. Nesta edição, um novo pilar foi incorporado ao debate – a gestão de pessoas, reconhecendo o papel essencial do capital humano para que inovações, tecnologias e boas práticas realmente se consolidem nas granjas.

Por sua vez, a médica-veterinária Andrea Panzardi ressaltou que de nada adianta pensar em soluções para o ambiente e o desempenho dos animais sem olhar para as pessoas. “As pessoas são o cerne de tudo. São elas que fazem a engrenagem da suinocultura rodar”, destacou durante o evento.

Médico-veterinário Luciano Rodrigues Vieira: “Precisamos fazer com que as pessoas entendam o que realmente precisa ser feito para que os resultados apareçam”

O tema também foi reforçado pelo médico-veterinário Luciano Rodrigues Vieira. Segundo ele, a valorização e o desenvolvimento contínuo das equipes são fundamentais para garantir que as ações debatidas se convertam em resultados reais no campo. “Precisamos fazer com que as pessoas entendam o que realmente precisa ser feito para que os resultados apareçam”, afirmou.

Três pilares técnicos: preservar, proteger e performar

A programação foi estruturada em quatro blocos temáticos. O primeiro, Preservar, teve como foco a biosseguridade. A doutora em Medicina Veterinária Vera Letticie Azevedo Ruiz abordou como a biosseguridade pode ser uma aliada na rotina das granjas. Já o mestre em Ciências Veterinárias Tiago Mores, apresentou cases de sucesso aplicados no campo. O debate foi moderado pela médica-veterinária, doutora em Fisiopatologia da Reprodução, Djane Dallanora.

O bloco Proteger se dividiu em dois eixos: imunidade e modulação da microbiota. Ana Paula Peconick, doutora em Medicina Veterinária, explicou a correlação entre microbiota e imunidade, enquanto Thays Quadros, doutora em Ciência Animal falou sobre o impacto das micotoxinas no desempenho animal. E o médico-veterinário, doutor em Imunopatologia, Álvaro Menin, complementou com uma análise sobre a microbiologia dos suínos. A mesa foi moderada pela médica-veterinária e mestre em Ciência Animal Fernanda de Almeida Teixeira.

Médica-veterinária Andrea Panzardi: “As pessoas são o cerne de tudo. São elas que fazem a engrenagem da suinocultura rodar”

Na sequência, o PhD em Ciência Animal e mestre em Biotecnologia, Andrés Gomez, e a PhD em Medicina Veterinária e referência mundial em Saúde Animal, Maria Pieters, trataram da importância da modulação da microbiota nas fases iniciais e sua relação com a saúde respiratória dos animais, em mesa moderada pelo doutor em Medicina Veterinária, Luís Guilherme de Oliveira.

Fechando os blocos temáticos, Performar trouxe uma síntese do evento com o médico-veterinário especialista em Gestão e Saúde Lucas Torido, e uma mesa redonda com produtores convidados: Jean Fontana (RS), Fernando Yoshida (MS) e Renato Fischer (SP), moderada pelo zootecnista, mestre em Nutrição Animal Alexandre Gomes da Rocha.

Desafios da mão de obra rural

Terceira geração da família na suinocultura, o médico-veterinário Jean Marcelo Fontana, da Granja Fontana, em Charrua (RS): “Participar do SSIN foi muito importante para rever manejos e medidas de biosseguridade. São assuntos que conhecemos, mas que às vezes falhamos em aplicar no dia a dia”

O pré-evento, realizado em 31 de março, teve como foco a gestão de pessoas e mão de obra rural. A abertura ficou a cargo de Andrea Panzardi, e do diretor-presidente da Nutron, Celso Mello, que compartilhou a trajetória da companhia, destacando seu crescimento e atuação no setor.

Naldo Luiz Dalmazo, consultor em gestão empresarial, falou sobre os desafios da realidade nas granjas, enquanto o médico-veterinário, doutor em Zootecnia, Roniê Pinheiro, abordou fatores-chave para o recrutamento de profissionais. A mesa redonda foi conduzida pelo médico-veterinário, especialista em Agronegócio, João Fausto.

Olhar do campo

Terceira geração da família na suinocultura, o médico-veterinário Jean Marcelo Fontana, da Granja Fontana, em Charrua (RS), destacou o SSIN como uma oportunidade valiosa para aprimorar conhecimentos e revisar práticas de manejo. “Participar do SSIN foi muito importante para rever manejos e medidas de biosseguridade. São assuntos que conhecemos, mas que às vezes falhamos em aplicar no dia a dia”, reconheceu.

Próximos passos

O desafio agora, segundo os organizadores e participantes, é colocar o conhecimento adquirido em prática. Seja no cuidado com a imunidade, na atenção à biossegurança ou na valorização das pessoas, a suinocultura caminha para um modelo cada vez mais técnico, humano e sustentável.

O acesso à edição digital do jornal Suínos é gratuita. Para ler a versão completa, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Início de dezembro tem estabilidade e leves recuos no suíno vivo

Pequenas variações negativas marcaram o começo do mês, com quatro estados em queda e apenas Santa Catarina mantendo estabilidade.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo apresentaram pequenas variações negativas no primeiro dia de dezembro, de acordo com dados do Indicador Cepea/Esalq. Entre os cinco estados acompanhados, quatro registraram queda diária, apenas Santa Catarina permaneceu estável.

Em Minas Gerais (posto), o suíno vivo foi negociado a R$ 8,45/kg, retração de 0,12% no dia — mesma variação acumulada no mês. No Paraná (a retirar), o preço caiu 0,36%, para R$ 8,38/kg, representando a maior baixa entre os estados monitorados.

No Rio Grande do Sul (a retirar), o indicador recuou 0,12%, com o quilo do animal vivo cotado a R$ 8,37. Já em Santa Catarina (a retirar), o valor permaneceu estável em R$ 8,27/kg, sem variações diárias ou mensais.

O estado de São Paulo (posto) apresentou leve queda de 0,11%, com o suíno vivo negociado a R$ 8,83/kg.

Apesar das oscilações discretas, o movimento indica um início de mês marcado por acomodação nos preços, com o mercado ainda ajustando oferta e demanda após o fechamento de novembro.

Fonte: Assessoria Cepea
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Inseminação artificial completa 50 anos revolucionando a suinocultura no Brasil

Técnica pioneira aumentou produtividade, aprimorou a genética e consolidou o país como referência global na produção de suínos.

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A inseminação artificial em suínos, hoje consolidada como uma das ferramentas mais importantes do avanço genético e produtivo da suinocultura brasileira, começou a ser escrita há exatos 50 anos, em 1975, em Estrela (RS). Um dos protagonistas dessa história é o médico-veterinário Werner Meincke, responsável por introduzir no país a técnica que mudaria para sempre a forma de produzir suínos no Brasil.

Na época, a suinocultura nacional se espelhava no modelo europeu. “Assim como nós, a Europa possuía granjas menores, com a produção sendo realizada em ciclo completo”, recorda Meincke, que atuou como diretor da primeira Central de Inseminação Artificial em Suínos do país e presidiu a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) entre 1983 e 1988.

Esse intercâmbio resultava em importações frequentes de reprodutores europeus, especialmente das raças Landrace e Large White, trazidas da Suécia, Alemanha e Holanda pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS). “Esses animais eram multiplicados nas granjas registradas e comercializados em feiras e exposições, numa tentativa de melhorar o rebanho nacional”, menciona.

Enquanto a inseminação artificial em bovinos com sêmen congelado já era uma realidade consolidada, a técnica em suínos era praticamente inexistente. “Exceto por alguns trabalhos experimentais conduzidos pelo professor Mies Filho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, não havia aplicação prática em escala comercial”, relata Meincke, reconhecido com o Prêmio PorkWorld em 2008 e 2010.

De acordo com o pioneiro da técnica, o contexto sanitário e econômico da época também foi decisivo. “O país vivia uma transição: a gordura suína, chamada de ‘ouro branco’, até então considerada essencial, passava a ser condenada por médicos e nutricionistas, impulsionando o consumo dos óleos vegetais. Precisávamos consolidar o suíno tipo carne, e a inseminação artificial surgiu como uma oportunidade de acelerar essa transformação. O poder de multiplicação dos descendentes é 10 vezes maior que na monta natural”, explica o médico-veterinário.

O convite para implantar a técnica no Brasil veio da Central de Inseminação de Boxtel, na Holanda, à época a maior da Europa. A ponte foi viabilizada pela ABCS e seu então presidente, Hélio Miguel de Rose, em função da estreita relação com criadores europeus. “A inspiração para trazer a inseminação artificial ao Brasil tem tudo a ver com a tecnologia que era praticada com muito sucesso na Europa naquele momento”, pontua Meincke.

Desafios e desconfianças

Médico-veterinário Werner Meincke, responsável por introduzir no país a inseminação artificial que mudaria para sempre a forma de produzir suínos no Brasil: “Cada fase da história da inseminação artificial no Brasil teve um marco decisivo, mas o que permanece constante é a visão de futuro: aplicar ciência e técnica para melhorar a produção e a vida do produtor” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os primeiros anos da inseminação artificial em suínos no Brasil foram marcados por desafios técnicos, logísticos e até culturais. “Tudo o que sabíamos sobre inseminação vinha da experiência com bovinos e sêmen congelado, que apresentava excelentes resultados. Em suínos, no entanto, o sêmen era apenas resfriado e tinha durabilidade limitada a 72 horas”, relembra Meincke.

Além da curta viabilidade do material, o país enfrentava a falta de infraestrutura logística. Sem uma malha ferroviária eficiente, o transporte das doses até as granjas era feito de ônibus. “Era fundamental que houvesse boa conexão entre a Central e os municípios interessados. Muitos produtores queriam aderir, mas a ausência de logística inviabilizava o acesso”, recorda.

Com o passar dos anos, o avanço tecnológico trouxe novas soluções. Hoje, diluentes modernos mantêm a duração das doses por até sete dias, e a distribuição é feita por rotas programadas que atendem simultaneamente diversos produtores. “Essa sistemática contribui muito para o sucesso da tecnologia, que alcança resultados semelhantes ou até superiores aos da monta natural, sem contar os inúmeros benefícios produtivos e sanitários”, afirma.

Primeiros resultados

Como toda inovação, os primeiros resultados apresentaram variações. “Era compreensível, diante das limitações do sêmen resfriado e das grandes diferenças entre as granjas, tanto nas instalações quanto no manejo das fêmeas”, recorda Meincke, destacando que, ainda assim, o desempenho dos leitões surpreendeu. “O que mais impressionava os produtores era a uniformidade e o vigor dos animais nascidos”.

Um episódio curioso ajudou a consolidar a confiança na técnica. “Em granjas um pouco maiores, que desmamavam cerca de 10 fêmeas por semana, era comum pedir sêmen para inseminar apenas oito, porque cerca de 20% atrasavam o cio e eram cobertas depois pelo macho. Com o tempo, percebemos que as fêmeas que antecipavam o cio eram, em média, mais férteis e os resultados com inseminação superavam os da monta natural”, relata.

A observação prática virou argumento de convencimento. “O próprio produtor se tornava um marqueteiro da inseminação”, diz Meincke, com um sorriso de quem testemunhou a transição de um método experimental para um instrumento essencial da suinocultura moderna.

Das primeiras centrais ao alcance nacional

Após a introdução da tecnologia, o desafio seguinte não era apenas técnico, mas logístico e social: como levar uma inovação pioneira aos produtores rurais de diferentes regiões? A resposta veio por meio de uma articulação entre Centrais de Inseminação Artificial, prefeituras, cooperativas e sindicatos, criando um modelo de parceria que se mostraria decisivo para a difusão da ferramenta. “Por se tratar de um programa inovador e com muitos benefícios, os municípios e entidades como cooperativas e sindicatos passaram a demonstrar grande interesse na implantação da tecnologia”, expõe Meincke.

O percursor da técnica conta que os convênios firmados detalhavam responsabilidades, entre quais a central cabia produzir e distribuir as doses, planejar a logística de transporte, enviar o sêmen em embalagens que evitassem grandes oscilações térmicas e treinar os futuros inseminadores. Já as entidades conveniadas indicavam os técnicos, organizavam reuniões de produtores, adquiram conservadoras de sêmen e centralizavam os pedidos para envio à central com antecedência. “A temperatura ideal para conservação das doses era de 16 °C, e o envio ocorria duas ou três vezes por semana. A pesquisa sobre resultados era realizada junto a produtores mais organizados, que já mantinham algum controle da produtividade de suas granjas”, menciona.

Expansão da tecnologia

O sucesso da inseminação artificial dependia diretamente da capacitação dos técnicos locais. “Sem os inseminadores treinados, não teríamos tido a expansão que tivemos nem a excelência nos resultados”, ressalta Meincke.

O treinamento compreendia uma parte teórica, abordando anatomofisiologia da fêmea, ciclo estral, comportamento durante o estro e identificação do momento ideal para inseminação. Também havia prática com úteros obtidos em frigoríficos, permitindo demonstrar cuidados com a pipeta e a fixação no colo uterino. Por fim, os candidatos acompanhavam colegas experientes por uma semana, vivenciando a rotina a campo. “Somente na Central de Inseminação Artificial de Estrela (RS) [hoje Central de Coleta e Processamento de Sêmen (CCPS)], mais de 150 técnicos foram capacitados ao longo da história, garantindo a multiplicação do conhecimento e acelerando a adoção da tecnologia”, diz, orgulhoso.

Da novidade à ferramenta estratégica

Para Meincke, a inseminação artificial deixou de ser uma prática experimental e se consolidou como uma ferramenta estratégica da suinocultura em três momentos distintos:

  1. Década de 1980 – com a ascensão da suinocultura industrial, os módulos de produção cresceram e a inseminação artificial passou a ser considerada essencial para novos sistemas produtivos.

  2. Década de 1990 – com a segregação da produção em dois e depois três sítios, a técnica passou a ser uma aliada da biossegurança e do controle sanitário.

  3. Atualidade – empresas de material genético utilizam a inseminação artificial como ferramenta de melhoramento genético, preservando a saúde dos rebanhos e reduzindo o gap genético entre granjas. “Hoje, a inseminação artificial não é apenas uma inovação; é uma estratégia central no manejo e melhoramento genético do suíno no país”, salienta o médico-veterinário.

Quatro fases de transformação

Segundo Meincke, a história da inseminação artificial em suínos no Brasil pode ser dividida em quatro grandes fases:

1ª fase – expansão regional inicial: As duas primeiras centrais, em Estrela (RS) e Concórdia (SC), atendiam diretamente produtores locais. O sucesso inicial possibilitou a extensão do programa aos estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, por meio de convênios com entidades públicas e privadas.

2ª fase – cooperativas e laboratórios internos: Na década de 1990 e início dos anos 2000, cooperativas e agroindústrias privadas construíram centrais próprias. Grandes produtores, com mais de 500 matrizes, também mantinham laboratórios internos para reduzir o número de machos e melhorar a seleção genética. Com o avanço da tecnologia, esses laboratórios internos foram gradualmente desativados.

3ª fase – consolidação tecnológica: As primeiras centrais permanecem ativas, modernizando suas instalações e criando parcerias com empresas de genética, alugando espaço para machos e ampliando atendimento aos clientes. Investimentos em automação, climatização, biossegurança e bem-estar animal passaram a ser prioridade.

4ª fase – integração ao melhoramento genético estratégico: A fase atual envolve o uso da IA como ferramenta de programas de melhoramento, visando acelerar ganhos genéticos em granjas elite e reduzir o gap nas unidades de clientes, consolidando saúde, produtividade e eficiência na cadeia suinícola.

Ao longo de cinco décadas, a inseminação artificial passou de um experimento pioneiro para um recurso estratégico capaz de transformar a suinocultura brasileira. A combinação de capacitação técnica, parcerias estratégicas e avanços tecnológicos permitiu que os ganhos de produtividade fossem replicados em larga escala, criando padrões de eficiência, sanidade e qualidade genética que hoje posicionam o Brasil como referência global na produção de suínos. “Cada fase da história da inseminação artificial no Brasil teve um marco decisivo, mas o que permanece constante é a visão de futuro: aplicar ciência e técnica para melhorar a produção e a vida do produtor”, salienta Meincke.

Consolidação da técnica

Ao longo das últimas cinco décadas, a inseminação artificial em suínos evoluiu de uma prática experimental para uma ferramenta estratégica que sustenta a competitividade da suinocultura brasileira. Nesse processo, o papel das cooperativas e das empresas integradoras foi fundamental. “A participação desses segmentos foi de suma importância para expandir e dar credibilidade à tecnologia”, destaca Meincke.

De acordo com ele, cooperativas e integradoras concentram atualmente cerca de 80% dos suinocultores que utilizam machos altamente eficientes, impactando positivamente toda a cadeia produtiva. “Essa grande concentração de produtores eficientes reduz os custos de produção e torna a suinocultura brasileira altamente competitiva no mercado mundial, sustentando grande parte do crescimento linear das exportações nos últimos anos”, explica.

Ganhos em produtividade e genética

Um dos principais benefícios da inseminação artificial é o incremento da produtividade. “O uso de machos altamente selecionados, superiores em características econômicas como ganho de peso diário, conversão alimentar e qualidade de carcaça, gera impacto direto na eficiência das granjas”, afirma o veterinário.

As Unidades de Disseminação de Genes (UDGs) utilizam apenas animais de alta performance, garantindo que os benefícios econômicos e genéticos sejam replicados por toda a cadeia produtiva. “É sem dúvida uma das razões pelas quais nossa suinocultura se destaca mundialmente, especialmente pela eficiência de crescimento”, acrescenta Meincke.

Sanidade como prioridade estratégica

A combinação de genética superior, controle rigoroso de sanidade e a ampla adoção da técnica por cooperativas e integradoras fortaleceu toda a cadeia produtiva da suinocultura brasileira. Como resultado, o país conquistou uma produção mais eficiente, econômica e capaz de competir globalmente tanto em qualidade quanto em produtividade. “Além da alta produtividade, a inseminação artificial contribui de forma decisiva para a saúde animal. A possibilidade de transmissão de agentes patogênicos via sêmen é extremamente remota, graças ao rigoroso monitoramento sanitário realizado nas UDGs, junto aos doadores e durante todo o processo de industrialização do sêmen”, expõe Meincke.

O resultado prático é evidente: granjas que utilizam exclusivamente a inseminação artificial há mais de 20 anos mantêm o status sanitário, mesmo com alta rotatividade de matrizes. “A inseminação artificial, quando bem conduzida, constitui uma ferramenta estratégica para manter as granjas geneticamente abertas e sanitariamente fechadas”, frisa.

Desafios persistem

Ao completar meio século, a inseminação artificial em suínos no Brasil é uma prática consolidada, reconhecida por sua capacidade de acelerar o melhoramento genético, aumentar a produtividade e proteger a sanidade das granjas. No entanto, a entrega das doses de sêmen segue sendo um ponto crítico. “Com a precariedade da infraestrutura, especialmente a inexistência de malhas ferroviárias eficientes e limitações na área de comunicação, a solução encontrada foi a entrega em domicílio das doses, realizada pelas próprias UDGs ou por empresas terceirizadas especializadas em transporte de material biológico”, ressalta Meincke.

Essa sistemática garante rastreamento completo, manutenção da temperatura adequada e acondicionamento seguro das doses, além de agilidade na entrega. Contudo, o desafio permanece em adequar o custo final de cada dose até chegar às mãos do produtor, sem comprometer a viabilidade econômica da operação.

Outro ponto crítico é o alto investimento necessário para a construção e manutenção de UDGs bem equipadas, com instalações modernas e elevada biossegurança. “Somado a isso a necessidade de um rigoroso e permanente controle de qualidade das doses inseminastes, para garantir que a produtividade esperada pelos produtores seja alcançada”, salienta Meincke.

O manejo adequado das fêmeas e o correto diagnóstico do cio dependem de treinamentos constantes das equipes de inseminadores. “Como as UDGs normalmente ficam em áreas isoladas, atrair e manter profissionais qualificados também é um desafio que precisa ser bem planejado”, complementa.

Evolução contínua

Meincke exalta que o investimento contínuo em tecnologia, capacitação e biossegurança vai permitir que a prática continue a impulsionar a produtividade e a competitividade da suinocultura nacional. “Se há 50 anos a inovação exigiu coragem e persistência, hoje ela demanda atualização constante, adaptação às novas demandas do mercado e à evolução tecnológica. O objetivo continua o mesmo: produzir suínos de alta qualidade, de forma eficiente e segura, mantendo o Brasil na vanguarda mundial da suinocultura”, evidencia Meincke.

Cinco décadas depois, a inseminação artificial está presente em praticamente todas as granjas tecnificadas do país, desempenhando papel decisivo na disseminação de genética superior, no controle sanitário e na eficiência reprodutiva. O legado de Werner Meincke não está apenas na introdução de uma técnica, mas na visão de futuro que ajudou a moldar a suinocultura brasileira. “A inseminação artificial não foi apenas uma inovação técnica, foi uma mudança de mentalidade. E, como toda mudança profunda, exigiu coragem, persistência e fé na ciência”, enfatizou.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Seminário discute bem-estar animal e uso racional de antibióticos na suinocultura capixaba

Evento, promovido por ASES e ABCS, reunirá especialistas nacionais em Venda Nova do Imigrante para debater avanços, regulamentações e práticas sustentáveis na cadeia produtiva.

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A Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES) realizará, em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), o Seminário Técnico: Bem-Estar Animal e o Uso Racional de Antimicrobianos, na próxima quinta-feira (04), a partir das 16 horas, no Cerimonial Lírio dos Campos, em Venda Nova do Imigrante (ES).

O evento será um momento de atualização técnica e integração do setor no Estado e reunirá especialistas de referência nacional para discutir avanços, regulamentações e práticas essenciais para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva.

A programação contará com três palestras centrais:

– Charli Ludtke, Diretora Técnica da ABCS
Tema: Bem-estar animal da granja ao abate: evolução na implementação das normativas nas agroindústrias

Maurício Dutra, Diretor de Serviços Técnicos da GFD Consultoria
Tema: Uso prudente e eficaz de antibióticos na suinocultura

Andréa Mendes Maranhão, Auditora Fiscal Federal Agropecuária – SFA/SP – MAPA
Tema: Avanços e desafios na implementação da Portaria 798/2023

Após as exposições, o público poderá participar de um debate e considerações finais, promovendo troca de experiências e esclarecimento de dúvidas.

Encerrando a programação, haverá um momento de confraternização, fortalecendo o relacionamento entre produtores, técnicos, autoridades e parceiros da cadeia suinícola capixaba.

Fonte: Assessoria ASES
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