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Suínos / Peixes Nutrição

Gestão de micotoxinas: reduzindo o risco em todo o processo produtivo

Contaminações por micotoxinas representam um alto risco para a saúde dos animais e a lucratividade da produção

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Arquivo/OP Rural

 Artigo escrito por Sara Antunes, médica veterinária, especialista em sanidade de suínos e em agrogestão e gerente de vendas para suinocultura da Alltech

As evoluções tecnológicas do setor agrícola têm colaborado diretamente no incremento da produtividade e qualidade dos grãos, mas ainda assim podem ser encontrados problemas sérios na armazenagem e na conservação da produção, proporcionando o surgimento de fungos, que encontram substratos altamente nutritivos para seu desenvolvimento em cereais e grãos. Principalmente no Brasil, que possui clima subtropical, o crescimento e a sobrevivência fúngica nas fontes alimentícias são favorecidos por condições de umidade e temperatura ideais para a sua propagação, que ocorre desde os processos de maturação e colheita até as fases de transporte e armazenamento.

Essa contaminação causa degradações que resultam em grãos ardidos, redução de níveis nutricionais, fermentação, alteração da palatabilidade, e por fim, na produção de micotoxinas, colocando em risco a segurança alimentar e, consequentemente, a saúde dos animais.

Os gêneros de fungos produtores de micotoxinas mais estudados e conhecidos por causarem os maiores transtornos à produção animal são os Aspergillus, Fusarium, Penicillium e Claviceps. Os fungos Fusarium surgem principalmente no campo e atacam as plantas já antes da colheita. Desse gênero, as principais micotoxinas produzidas são: Zearalenona, Fumonisina e Tricotecenos. Já os dos gêneros Penicillium e Aspergillus afetam grãos armazenados e produzem Ocratoxinas e Aflatoxinas, respectivamente.

Contaminações por micotoxinas são um problema frequente, pois elas contaminam as rações que serão fornecidas aos animais, representando um alto risco para a saúde dos animais e a lucratividade da produção. De modo geral, as micotoxinas podem trazer alguns transtornos como: diminuição do consumo de ração, interferência na imunidade, danos intestinais e hepáticos, queda no desempenho reprodutivo e produtivo, bem como o aumento da mortalidade.

É comum encontrarmos diferentes tipos de micotoxinas na mesma ração, e por haver comprovadamente a ação sinérgica entre elas, mesmo em níveis mais baixos, trazem alto impacto à saúde animal. Essas interações refletem diretamente em um aumento da toxicidade e na potencialização do aparecimento de sinais clínicos na produção.

Detecção

Um ponto curioso, porém preocupante, é o fato de que as plantas contaminadas por micotoxinas conseguem desenvolver mecanismos de autodefesa que permitem às plantas se desenvolverem sem qualquer sintoma aparente. Isso ocorre por meio da formação de ligações covalentes das micotoxinas com alguns açúcares. Neste caso, a dificuldade na detecção e diagnóstico de contaminação por micotoxinas é maior, pois essas ligações fazem com que os métodos convencionais de análise como HPLC (cromatografia líquida de alta eficiência) e Elisa (ensaio de imunoabsorção enzimática) não detectem essas micotoxinas, mascarando o risco iminente.

Durante o processo digestivo do animal, as ligações que até então protegiam as plantas das micotoxinas são desfeitas, fazendo com que as micotoxinas impactem negativamente na saúde e desempenho animal. A presença de micotoxinas mascaradas no alimento pode levar a uma subestimação do nível real de micotoxina em até 88%. Isso poderia explicar porque um alimento pode apresentar baixos níveis de contaminação, ainda que cause sérios problemas na produção.

Por todas essas razões, as micotoxinas representam um risco quase que inevitável no sistema produtivo. Elas já estão presentes em 25% do volume total de grãos a nível mundial, gerando uma perda de aproximadamente um bilhão de dólares por ano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Um fator indispensável de se considerar é que no sistema de produção de aves e suínos atualmente, o investimento com a alimentação atinge 80% do custo total da produção animal. Dessa forma, torna-se de extrema importância o processo de gerenciamento de risco de micotoxinas, fazendo com que esse alimento ofertado tenha qualidade, para que possa trazer o retorno esperado na produção.

Por meio de ferramentas analíticas que nos auxiliam na detecção de qual ponto do processo esta contaminação está ocorrendo, podemos conhecer a extensão do problema e, posteriormente, determinar as corretas tomadas de decisões.

Fases

Medidas profiláticas podem ser adotadas já no cultivo e no manejo dos grãos para que inviabilizem a produção fúngica, como colheita no momento certo, secagem a temperaturas adequadas e armazenamento correto.

Sendo a contaminação detectada a nível de armazéns e silos, a implantação de boas práticas de armazenagem, associadas a soluções antifúngicas, são importantes para que esse processo seja estagnado, evitando aumento no nível de contaminação nos estágios subsequentes. O tratamento dos grãos com ácidos orgânicos inibe o crescimento fúngico, mantendo o grão em condições ideais para uso, evitando perdas nutricionais e futura produção de micotoxina.

Além do crescimento fúngico que ocorre a campo e durante a armazenagem, há a etapa nas fábricas de rações.  Neste caso, podemos trabalhar com um programa de controle de pontos críticos, com base na Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), que tem como objetivo identificar os riscos de contaminação por fungos e micotoxinas a nível de armazéns cerealistas, fábricas de rações e até nas granjas, e a partir daí criar um plano para minimizar riscos para os animais.

Controle

Uma ferramenta mais precisa que temos à disposição hoje é a Técnica de Espectrometria de Massa – UPLC-MS 2 -, que permite analisar amostras em menos de 15 minutos, quantificando o nível de contaminação em ppt (partes por trilhão) de mais de 37 micotoxinas.

A partir deste processo de análise, o uso de adsorventes de micotoxinas torna-se extremamente importante para reduzir o risco e melhorar a rentabilidade do sistema de produção. Ao ser acrescentado na dieta, a tecnologia atua como agente sequestrante – evitando que o intestino dos animais absorva as substâncias. Diversas pesquisas têm demonstrado que tecnologias à base de glucanos extraídos da parede de leveduras com carboidratos funcionais oriundos das algas, são ferramentas eficientes na adsorção de micotoxinas.

O surgimento de micotoxinas pode ser inevitável, mas o controle delas já está nas mãos do produtor, que ao investir em um programa de gestão de micotoxinas de qualidade, com respaldo científico, poderá riscar as micotoxinas da sua lista de preocupações.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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