Bovinos / Grãos / Máquinas
Gestão da água na bovinocultura
O tratamento da água, visando mantê-la com pH adequado e livre de contaminações, representa menos de 1% do custo de produção, ou seja, os benefícios gerados são maiores do que os investimentos.

Água de qualidade é de extrema relevância para qualquer sistema de produção. Na bovinocultura leiteira a água é essencial, sendo predominante na composição do leite e garantia de limpeza e descontaminação dos equipamentos envolvidos no processo de ordenha.
O uso de uma água potável evita prejuízos com doenças, performance de produção, contaminação do leite, entre outros. Ao descontaminar a água, se minimiza a ingestão de contaminantes pelo animal e, consequentemente, reduz a necessidade do uso de antibióticos. Uma água descontaminada também minimiza a contaminação ambiental e dos equipamentos, contribuindo para redução de contagem de células somáticas (CCS) e contagem padrão em placa (CPP).
O tratamento da água, visando mantê-la com pH adequado e livre de contaminações, representa menos de 1% do custo de produção, ou seja, os benefícios gerados são maiores do que os investimentos. Pensando que o produtor de leite está sempre em busca de eficiência na produção, realizando investimentos em genética, nutrição, manejo e demais pilares voltados ao bem-estar animal, é fundamental que a gestão da água seja observada, uma vez que está atrelada a lucratividade das propriedades.
Neste artigo vamos entender mais profundamente o papel da água neste segmento.
Água de qualidade
A qualidade da água impacta na quantidade que o animal ingere. Ela também afeta a saúde e produtividade das vacas. A alimentação da vaca pode estar totalmente adequada, mas se há problemas com a água, a produtividade de leite pode reduzir de 10 a 20%.
Frequentemente a qualidade de água é medida pela fonte de onde é extraída, ou então, pela condição visual da mesma. Tem-se a falsa impressão de que água de poço artesiano é livre de contaminação e segura para consumo. De fato, esta fonte é mais segura do que outras, como lagoas e rios, entretanto, a qualidade da água está diretamente relacionada a segurança desta fonte e as condições ambientais da região. Ou seja, é imprescindível analisar a água para determinar se a mesma é segura ou não para consumo. Alguns parâmetros imprescindíveis para avaliação são: odor, sabor, propriedades químicas e físicas, presença de compostos tóxicos, concentração de minerais e contaminação microbiana.
Água como nutriente
Especialmente vacas em lactação necessitam de uma grande quantidade diária de água, devido ao seu tamanho corporal e principalmente para repor a água perdida no leite secretado. Entre 56 a 81% do peso corporal de uma vaca leiteira é água, podendo variar de acordo com o estado fisiológico. No quesito produtividade, destaca-se que o leite é composto por 87% de água.
O consumo de água pelas vacas possui relação com o consumo de matéria seca, sendo observado picos de consumo após as ordenhas, podendo representar até 50% da ingestão diária total. O baixo consumo de água reduz a ingestão de matéria seca da vaca, o que gera diversos prejuízos e reforça a importância deste nutriente. Também é necessário ter controle do consumo de água na propriedade, pois é um parâmetro sensível e que pode gerar informações relacionadas a produtividade de leite.
Logo, a água é o nutriente mais importante na alimentação dos bovinos leiteiros, pois está presente em diversos processos vitais, como: transporte de nutrientes, digestão e metabolismo, excreção de urina e fezes, respiração, transpiração, regulação do calor corporal, manutenção dos fluidos corporais e equilíbrio iônico.
A baixa ingestão de água pelos animais pode ocasionar: aumento dos valores de hematócrito, aumento da concentração de ureia no sangue do animal, redução da taxa respiratória, diminuição do metabolismo ruminal, redução do peso vivo e a produção de leite, além de provocar agressividade dos animais em torno de bebedouros. Bebedouros grandes com boias de alta vazão são uma alternativa para os animais beberem água a vontade, tendo em vista que uma vaca leiteira pode consumir cerca de 150 litros de água por dia. É recomendado que haja um bebedouro de água de pelo menos 1 metro de comprimento e 60 centímetros de largura, para cada grupo de 20 vacas, sempre observando caso a caso e, se necessário, exceder a recomendação. Pesquisadores constataram um incremento de 23% de ganho de peso em novilhas que tinham acesso à água limpa em bebedouro, em relação às que tinham acesso direto a uma lagoa. Apesar de todas estas constatações, a água ainda não é vista com a importância que merece e observa-se a escassez ou falta de qualidade na água fornecida aos animais, bem como bebedouros mal projetados, sujos e de difícil acesso. Sabe-se que o consumo de água contaminada por coliformes reduz significativamente a produtividade e o consumo de água dos bovinos.
A utilização de água clorada para bovinos sempre foi ponto de discussão, pois por muito tempo se acreditava que a cloração poderia prejudicar a viabilidade dos microrganismos ruminais. No entanto, antes de matar bactérias, o cloro age sobre a matéria-orgânica. No rúmem há cerca de 100 kg de pura matéria – orgânica. Além disso, a quantidade de microrganismos neste ambiente é de aproximadamente 106 UFC/grama de conteúdo contra até 0,005 gramas de cloro para cada litro de água, que é o que preconiza a legislação. Estudos vem demonstrado que aliar a cloração à acidificação da água de bebida dos bovinos a um pH entre 6,5 a 7,0 melhora a qualidade microbiológica sem efeitos prejudiciais no consumo de água e ração, digestibilidade ruminal e saúde do rebanho leiteiro, melhorando a performance produtiva.
Água como agente de higienização
A etapa de higienização de sistemas de ordenha, instalações, resfriadores, utensílios e outros materiais envolvidos na produção de leite, está diretamente ligado a qualidade da água. Os produtos saneantes (detergentes ou desincrustantes alcalino e ácido) utilizados na limpeza CIP (clean in place) de sistemas de ordenha são diluídos em água, sendo que antes e após sua aplicação, são realizados enxágues. A água utilizada em todas as etapas deve possuir a mesma qualidade de uma água destinada ao consumo humano e animal, livre de contaminações. Atualmente, os produtos químicos saneantes já são desenvolvidos considerando a variação da composição das águas de diferentes fontes, porém é adequado que alguns parâmetros básicos sejam avaliados.
O pH da água é um fator importante para o bom funcionamento dos produtos químicos, pois pode afetar o pH das soluções de limpeza com detergentes ácido ou alcalino. Este fator pode ser resolvido facilmente com a utilização de um regulador de pH, produto este que promove o ajuste do pH em um nível adequado, para não interferir na ação dos detergentes, e estar adequado para o bom funcionamento do cloro.
O cloro, devido ao seu baixo custo, elevada ação germicida e ampla disponibilidade, é o agente mais usado na desinfecção da água. Possui a capacidade de deixar residual livre, que auxilia na prevenção e no controle de bactérias dentro do sistema de distribuição da água. Uma fonte a base de cloro, quando em contato com a água, promove a formação de ácido hipocloroso e íon hipoclorito. Em pH abaixo de 7,0 ocorre maior formação de ácido hipocloroso, que é o biocida com maior eficiência biocida para descontaminação da água. Destaca-se também que em águas com alto teor de matéria orgânica, o cloro primeiro precisa oxidá-la, para depois atuar sobre a contaminação microbiana. A dureza é outro fator relevante, e é expressa pela concentração de carbonato de cálcio na água, tendo potencial de neutralizar e precipitar detergentes.
Outro parâmetro importante para avaliação são os nitritos e nitratos, que em águas subterrâneas podem advir de lixiviação de fertilizantes e fertirrigação do solo, e de lagos, lagoas e açudes pode ser proveniente de cianobactérias, que produzem cianotoxinas. Estes compostos podem provocar cianose e até levar à morte dos animais.
Importante destacar também que água contaminada pode promover incrustações e formação de biofilmes e caixas d’água e tubulações, causando obstruções da rede e potencializando a contaminação da água de bebida e destinada a higienização.
Sendo assim, as evidências destacadas neste artigo reforçam a importância de realizar a gestão da água, considerando a mesma uma ferramenta dentro da propriedade, que quando bem cuidada, trará benefícios em vários âmbitos.
As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: marketing@americannutrients.com.br.
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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



