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Gestação coletiva ganha força e dispara entre gigantes da suinocultura brasileira

Na gestação coletiva as porcas ficam juntas e têm espaço para interagir e demonstrar seus comportamentos naturais

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Divulgação/Pamplona

A gestação coletiva na suinocultura é tema recorrente nas discussões de produtores, agroindústrias, médicos veterinários, ONGs de proteção animal e consumidores. Mais que uma tendência, a gestação coletiva a partir do 35º dia agora tem data para acontecer. Os novos projetos terão dez anos para cumprir a meta, substituindo totalmente esses equipamentos por baias de gestação coletiva. Para empreendimentos anteriores à publicação da Instrução Normativa 113, que estabelece as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial, publicada em dezembro passado, o prazo para adequações é maior: até 2045.

Na gestação coletiva as porcas ficam juntas e têm espaço para interagir e demonstrar seus comportamentos naturais. Antes da lei entrar em vigor no entanto, por conta própria, as principais agroindústrias e restaurantes do país começaram a migrar das baias individuais para as coletivas. Em dezembro do ano passado, um estudo divulgado pela Alianima, organização de proteção animal e ambiental que atua diretamente para reduzir o sofrimento de animais, divulgou um balanço de como está esta transição de dez grandes empresas que assumiram compromissos públicos de eliminar as gaiolas de seus sistemas produtivos. Elas estão em estágios distintos de evolução.

Embora mais atentas e preocupadas em minimizar o sofrimento dos suínos, ainda há um caminho a percorrer até 2029. Em síntese, essa é a principal conclusão da primeira edição do Observatório Suíno 2020, relatório que visa acompanhar a evolução da transição das empresas com compromissos públicos voluntários de banir as celas de gestação na indústria da carne suína brasileira em um determinado prazo. O prazo varia conforme a empresa, entre 2022 e 2029.

“O alojamento das porcas em baias coletivas proporciona produtividade e saúde igual ou superior quando comparada às celas individuais. Além disso, o exercício físico durante a gestação melhora o desempenho no parto”, afirma Patrycia Sato, presidente da Alianima. Nos últimos cinco anos, quando essa agenda começou a ganhar corpo entre as organizações do terceiro setor no Brasil, constatou-se uma melhora significativa nesse cenário. “Temos um consumidor mais consciente e exigente, uma indústria mais atenta e preocupada com o sofrimento animal, e mais organizações oferecendo esclarecimento e suporte para que a transformação ocorra da forma mais justa e consistente possível”, sintetiza a presidente da Alianima, acrescentando que o Brasil é o quarto maior produtor e também o quarto maior exportador de carne suína do mundo. “O que torna essa agenda ainda mais relevante e urgente”, completa.

A primeira edição do relatório, que terá periodicidade anual, visou monitorar as dez empresas que hoje no Brasil têm o compromisso público de banir as celas de gestação na indústria da carne suína: Alegra Foods, Aurora, BFFC, BRF (Sadia e Perdigão), Burger King, Frimesa, JBS, McDonald’s, Pamplona e Subway. Dessas, seis são indústrias, grandes produtoras, e as outras quatro são redes de restaurantes, compradores de carne suína. “Esse relatório se faz mais do que necessário numa época em que cada vez mais é exigido um tratamento digno e com um mínimo de estresse aos animais, desde a gestação até o momento do abate”, diz Patrycia.

Das empresas observadas, quatro optaram por não responder ao questionário enviado: Aurora, Burger King, McDonald’s e Subway. “Esperamos que essas empresas possam revisar seus posicionamentos e dar mais transparência às suas ações nessa agenda. A transparência nas informações é cada vez mais cobrada por consumidores e investidores”, observa a presidente da Alianima.

Entre as participantes, a Pamplona foi a que apresentou o maior grau de evolução, com 77% das matrizes suínas já alojadas em baias em grupo durante a fase de gestação. A JBS, segunda maior produtora de carne suína do mundo, também já entrou em uma fase mais avançada, com índice de 58%. A BRF, outra gigante do setor – 13ª maior indústria de carne suína do mundo –, e a rede BFFC – um dos maiores grupos de food service da América Latina (com as marcas Bobs, KFC, Pizza Hut e Yoggy), têm 35% das suas matrizes suínas alojadas em baias coletivas. Por fim, Alegra Foods e Frimesa apresentaram índice de 30%.

Além disso, todas as seis empresas produtoras de carne suína que participaram da pesquisa responderam que pretendem implementar ou já implementaram a castração cirúrgica com anestesia ou imunocastração, item também contemplado na IN 113. A maioria das empresas produtoras também disse que pretende implementar ou já implementou o banimento do corte de dentes. Já o corte de cauda é um procedimento que as empresas não demonstraram intenção de colocar em prática, alerta o estudo. A adoção de formas menos dolorosas para identificação dos animais foi ou será implementada por mais da metade das empresas produtoras participantes do estudo. Ainda, mais da metade das produtoras respondentes afirmaram que pretendem interromper o uso de antibióticos para fins não terapêuticos.

Avaliação

O questionário para medir o progresso em toda a cadeia de abastecimento das empresas sobre a eliminação das celas de gestação contemplou questões relacionadas aos seguintes itens de avaliação e monitoramento:

  • Porcentagem de matrizes suínas já alojadas em baias em grupo durante a fase de gestação;
  • Período de alojamento das matrizes em celas individuais preconizados por cada empresa;
  • Implementação de melhores práticas no manejo de leitões, tais como imunocastração e banimento de corte de dentes, cauda e orelha;
  • Verificação do uso de antibióticos para fins não terapêuticos;
  • Dificuldades encontradas pelas empresas para prosseguir com a transição.

Mudanças

Na criação de suínos, algumas das principais mudanças apontadas pela Alianima são: fim das celas gestacionais. A porca prenha fica em uma cela mínima, que a impede de se mexer. Isso pode causar sofrimento, como dores e atrofia muscular; banimento de corte de dentes, caudas e orelhas de leitões, que causam dores e inflamações nos animais, além do fim do uso de antibióticos para fins não terapêuticos (promotores de crescimento).

Pamplona é a mais adiantada no processo de transição

A Pamplona Alimentos é quem está mais adiantada no processo, com 77% das matrizes já em sistemas de gestação coletiva. “A Pamplona Alimentos SA possui atualmente em seu sistema de integração 47.885 matrizes, sendo que 77,78% do plantel já atende a exigência da Instrução Normativa Nº 113 do Mapa”, destaca a empresa em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural. As granjas, localizadas no Estado de Santa Catariana, principalmente nas regiões do Alto Vale do Itajaí, Sul e Meio Oeste, atingiram o índice no fim de 2020.

“A Pamplona vem trabalhando desde a formação de sua integração em projetos de gestação coletiva, entretanto com as mudanças de mercado e de legislações os projetos têm sofrido aprimoramentos. A visão de utilizar baias coletivas sofreu forte influência do mercado Europeu, que há muitos anos vem sinalizando as mudanças esse sistema produtivo”, destaca a empresa.

Manter os índices produtivos foi o maior desafio, de acordo com a empresa. “O principal desafio foi a confiabilidade na manutenção dos índices zootécnicos reprodutivos, pois as alterações de fluxo de manejo operacional e uso das instalações passaram e ser diferentes do que habitualmente fazíamos, e até que os resultados se consolidassem passamos por este desafio”, menciona a Pamplona. “Toda mudança gera adaptação, no início foram encontrados alguns desafios produtivos que com pequenos ajustes de manejo e infraestrutura foram sanados, hoje não observamos alterações entre diferentes instalações ou manejos”, sustenta a empresa.

O sistema de integração da Pamplona vem se adaptando à gestação coletiva há vários anos, “sendo esta uma questão intrínseca ao modelo produtivo que preconizamos, ou seja, nós acreditamos que este modelo é o mais sustentável e faz parte da cultura da empresa”, diz em resposta ao jornal O Presente Rural.

Conforto

Entre os pontos positivos da gestação coletiva, a empresa observou uma qualidade de vida superior para as fêmeas que se reflete até para os funcionários das granjas. “O conforto dos animais é nítido neste modelo, ocorre redução dos comportamentos estereotipados, as matrizes ficam mais tranquilas, o que provoca nas pessoas uma sensação mais prazerosa no trabalho com os animais”, destaca.

Ente os pontos negativos do sistema, cita a empresa, “ocorrências de disputas hierárquicas no momento da formação dos lotes (baias) e maior dificuldade de controlar o escore corporal.

Questionada sobre a possibilidade de antecipar-se ao prazo de 2026 estipulado por ela, já que hoje praticamente 8 em cada 10 matrizes já estão nesse sistema, a empresa respondeu: “O compromisso que o Pamplona SA assumiu é de até o final do ano de 2026 tenhamos concluído toda a transição para o modelo de gestação coletiva. Os esforços da empresa são para atender esta data. Estaremos mantendo o mercado informado da evolução”.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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