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Genética e manejo correto no trigo economizam até R$ 400 por hectare

A economia em sementes por área deve incentivar o uso de sementes certificadas

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Joseani Antunes e Diogo Zanatta

Estudo conduzido pela Embrapa Trigo (RS) e a Rede Técnica Cooperativa (RTC/CCGL) no Rio Grande do Sul mostrou que a associação entre genética de qualidade e manejo eficiente da cultura do trigo é capaz de reduzir os custos de produção em aproximadamente R$ 400,00/ha sem prejudicar o potencial produtivo dos grãos. A utilização de cultivares de alto padrão genético oferece ao produtor a possibilidade de ajustar o volume de sementes no plantio, ao mesmo tempo em que otimiza o uso de fungicidas, mantendo a rentabilidade do cultivo.

A pesquisa avaliou duas linhas de manejo no trigo na safra 2020: uma visando à redução da população de plantas, e outra com o uso racional de fungicidas, aproveitando fatores da genética das cultivares como aliados. A economia de R$ 400,00 por hectare é resultado da soma de R$ 140,00/ha em sementes e R$ 275,00/ha em fungicidas. Considerando o preço da saca de trigo comercializado em 2020 (R$ 70,00/sc) e a média CEPEA de 10 anos (R$ 40,00/sc), a redução de custos representa o valor de seis a dez sacas de trigo por hectare.

Se o cálculo for ampliado para os 900 mil hectares de trigo cultivados no RS em 2020, a economia chegaria a R$ 360 milhões com sementes e fungicidas, valor que poderia ser reinvestido em tecnologias capazes de promover o potencial produtivo das lavouras, como o uso de fertilizantes, que além de aumentar a produtividade do trigo também podem ser aproveitados na cultura subsequente, como a soja no verão, melhorando a rentabilidade em todo o sistema de produção

O investimento em sementes e fungicidas tem sido fundamental para garantir a produtividade no trigo. Entretanto, ambos os dispêndios são rentáveis até um limite. Quando em excesso, os supostos benefícios podem se transformar apenas em custos de produção. “Excessos no uso de insumos em determinadas situações levaram a uma falsa imagem de que o trigo não gera renda. Queremos desmistificar essa crença, provando que é possível ganhar dinheiro com o cultivo do trigo, estimulando os produtores a investirem na cultura de modo assertivo”, conta o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo Giovani Faé.

“Com a pesquisa, mostramos que é possível gerar renda no inverno com a cultura do trigo, fazendo uso de boa genética, manejo eficiente e uso de semente de qualidade”, resume o engenheiro agrônomo da RTC/CCGL Geomar Corassa.

Densidade de plantas não garante maior rendimento de grãos

Para demonstrar que é possível diminuir a quantidade de sementes por hectare sem prejudicar o rendimento final da lavoura, foram instaladas faixas de população de plantas em 20 áreas expositivas, em 17 municípios do Rio Grande do Sul. A cultivar utilizada foi a BRS Belajoia, instalada nas áreas com três densidades de semeadura: 40, 60 e 80 plantas por metro de fileira. Em cada local, a área total chegou a três hectares, destinando um hectare para cada faixa de população.

Para avaliar a resposta do rendimento de grãos à densidade de plantas, as lavouras expositivas foram instaladas em regiões mais quentes, que sofrem mais com os estresses do ambiente, e em regiões de clima mais ameno, que possibilitam maiores produtividades nos cultivos de inverno. Dessa forma, a pesquisa contemplou toda a metade norte do RS, onde está concentrada grande parte da produção de trigo no estado. As semeaduras seguiram o calendário indicado pelo zoneamento agrícola para cada local, com as operações efetuadas entre 25 de maio a 27 de julho, em época considerada ideal para a expressão do potencial produtivo da cultura.

A pesquisa mostrou que o aumento na densidade de plantas não representou ganhos significativos no rendimento final de grãos, mesmo em diferentes ambientes de produção. A média de rendimentos variou de 64 a 67 sacos por hectare, mas os custos quase dobraram, passando de R$ 234,00/ha na densidade de 43 pl/m para R$ 415,00/ha na densidade de 76 pl/m. “Esses resultados demonstram que os custos no aumento do volume de sementes não se reverteram em lucro financeiro”, explica Faé.

Lógica de plantio deve ser por metro linear, como na soja

“Em geral, o produtor tem adotado 150 quilos de sementes de trigo por hectare, mas na soja e no milho o cálculo é efetuado em plantas por metro linear. Queremos mostrar nesse trabalho que a implantação do trigo também deve seguir essa lógica de plantas por metro linear, e não a de quilos por hectare”, esclarece o engenheiro agrônomo da CCGL, explicando que o ajuste considera a variação de PMS (Peso de Mil Sementes) e a germinação nos lotes, que podem impactar no volume de sementes e reduzir custos de produção. “Para que o posicionamento seja assertivo, é importante que o produtor conheça a qualidade da sua semente”, recomenda.

Para o pesquisador da Embrapa Trigo Eduardo Caierão, o produtor precisa conhecer o histórico da área e o potencial genético da cultivar que está usando para definir a densidade de semeadura: “O produtor tende a investir numa densidade maior por segurança, considerando os riscos de um ambiente desfavorável à cultura. A partir do histórico da área, como qualidade do solo, problemas mais recorrentes de pragas e doenças, associados às previsões climáticas, é possível definir o quanto pode arriscar reduzindo a população de plantas, ajustando os custos tanto em cenários de alta produtividade, quanto num cenário de ambiente menos favorável ao trigo”, pontua.

Segundo ele, uma média bastante segura fica na faixa de 250 sementes aptas por metro quadrado. “É preciso destacar que estamos falando de semente de qualidade. Temos visto que o produtor aumenta o volume de sementes porque não garante a qualidade”, complementa Caierão, lembrando que a taxa de uso de semente certificada de trigo no RS ainda é baixa, próximo a 60%.

O custo da semente de trigo no RS foi em média de R$ 2,20/kg na safra 2020. Considerando a população recomendada de 43 pl/m (ou 250 sementes/m², cerca de 86 kg/ha), quando comparado aos 150 kg de sementes/ha tradicionalmente utilizados nas lavouras gaúchas, a redução de custos chega a R$ 140,00/ha. Além de reduzir custos, o ajuste na densidade de sementes também reduz o risco de acamamento em cultivares mais altas, permitindo o aumento das doses de fertilizantes nitrogenados que potencializam o rendimento na lavoura.

A redução no desembolso em insumos pode, num primeiro momento, inquietar empresas e profissionais que historicamente investem na cultura do trigo. Por isso, antes da divulgação da pesquisa, a Embrapa Trigo convidou sementeiros que atuam no mercado de trigo gaúcho para discutir os resultados do trabalho. Para o diretor administrativo da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), Jean Carlos Cirino, o tema necessita de muito estudo e discussão: “É preciso deixar claro que a recomendação de população de plantas, assim como o completo posicionamento da cultivar, cabe ao obtentor vegetal. São vários os fatores e implicações técnicas para se chegar ao posicionamento de uma cultivar de trigo e seu desenvolvedor é o maior interessado em ser assertivo”.

A expectativa da Embrapa Trigo é que a redução nos custos de produção possa servir de incentivo ao aumento da área com trigo na Região Sul, movimentando também a comercialização de semente certificada.

Manejo fitossanitário

Para validar a tese de que é possível diminuir o número de aplicações de fungicidas sem perder potencial produtivo de grãos, o grupo de pesquisa conduziu um ensaio em cinco locais no Rio Grande do Sul (Passo Fundo, Cruz Alta, Sarandi, Santa Maria e Campo Novo), visando avaliar a resposta genética ao manejo fitossanitário em trigo. Esse estudo foi realizado com aplicação de fungicidas em parcelas subdivididas com três repetições e três tratamentos: sem fungicida, aplicação de fungicida focada na proteção da espiga, e quatro aplicações calendarizadas (perfilhamento à floração). Foram utilizadas oito cultivares de trigo com representatividade em áreas comerciais, apresentando grande variação quanto à resistência genética para as principais doenças.

Manejo na aplicação de fungicidas nos experimentos:

Na avaliação do manejo fitossanitário, foram observadas variações com relação à sanidade genética em algumas cultivares. Por exemplo, em Passo Fundo o melhor desempenho foi da cultivar da Embrapa BRS Belajoia que produziu 71 sc/ha mesmo sem nenhuma aplicação de fungicida. Já em Cruz Alta houve resposta de até oito sc/ha na produtividade quando se fez uso de quatro aplicações de fungicida, especialmente em cultivares mais suscetíveis ao oídio.

Nesse sentido, a fitopatologista da CCGL Caroline Guterres explica que o resultado se deve ao ano mais seco, sob influência de La Nina, quando a doença predominante na safra de inverno 2020 foi o oídio. Para a decisão do número e do momento de realizar as aplicações de fungicidas em trigo, ela destaca três pontos: conhecer a cultivar que está sendo utilizada e sua reação frente às principais doenças; entender quais doenças podem ocorrer em função das condições de ambiente; e monitorar a lavoura a fim de identificar focos precoces de doenças. “Ao aliar esses três fatores, o manejo de doenças fica mais assertivo e, por consequência, mais econômico”, conclui Caroline.

O ensaio que contou com quatro aplicações de fungicidas ao longo da safra representou um dispêndio de R$ 390,00/ha – com base nos preços dos defensivos em 2020, ao custo de R$ 25,00/ha cada aplicação. Com o monitoramento da lavoura, foi possível fazer uma única aplicação de fungicida, visando prevenir a giberela no espigamento, ao custo de R$ 115,00/ha.

Geomar Corassa, da CCGL, chama a atenção quanto aos resultados do ensaio com fungicidas: “É importante considerar que o conhecimento sobre a cultivar é fundamental para permitir esse tipo de prática. Atualmente, para a obtenção de altos tetos produtivos, algumas cultivares exigem pacotes fitossanitários robustos, enquanto outras permitem a economia. Esse resultado foi confirmado no estudo”, explica.

“Temos que considerar que 2020 foi um ano seco, que não favoreceu a incidência de doenças fúngicas. De qualquer forma, o monitoramento da lavoura permite a redução de custos em anos secos ou o controle mais eficiente em anos úmidos”, explica a fitopatologista da Embrapa Trigo Cheila Sbalcheiro.

Percepções do setor produtivo

Para gerar os resultados da pesquisa sobre redução de custos no trigo, a Embrapa Trigo e a RTC/CCGL contaram com o apoio de parceiros desde a instalação das lavouras até a condução dos experimentos e registro de dados. Foram diversas cooperativas, pesquisadores, produtores e assistentes técnicos trabalhando em 20 áreas expositivas de 17 municípios do Rio Grande do Sul. Veja algumas percepções dos participantes:

Em Sarandi, o engenheiro agrônomo Nazaré Piran conduziu a avaliação na área de pesquisa da Cotrisal. “Trabalhamos com produtores há 18 anos e a recomendação no trigo sempre foi 150 kg de sementes por hectares, cerca de 400 plantas por metro quadrado. Mas vemos que a produtividade não está aumentando. Da mesma forma que na soja tivemos que diminuir a população para alcançar um maior potencial produtivo, eu acredito que no trigo esse ajuste também é necessário”, diz Piran, explicando que a redução no número de plantas pode favorecer a fotossíntese, evitando a disputa pela luz. “O ajuste na população pode diminuir custos de produção ou mesmo alocar os recursos na adubação”, orienta o agrônomo.

Na ZT Sementes, de Cruz Alta, o produtor Zeca Scapin busca retomar a rentabilidade econômica do trigo a partir de tecnologias que permitam reduzir os custos de produção e os riscos da cultura: “Investir numa cultivar de alto potencial produtivo, mas de baixa resistência a doenças não vai trazer lucro no trigo, principalmente num ano de primavera com clima severo”, alerta Scapini, lembrando que produtividade e custos de produção não podem subir juntos, senão o rendimento final não se traduz em lucro.

Em Espumoso, o experimento foi conduzido pela Planeja Agrícola e surpreendeu o consultor técnico Jeferson Moras: “Ficamos com receio de reduzir a população porque sempre adensamos mais nos cultivos de inverno para controlar a infestação de azevém nas áreas. Mas aceitamos o desafio e fomos surpreendidos com o resultado. A cultivar de trigo BRS Belajoia permitiu uma economia de 70 kg de sementes por hectare e apresentou o mesmo rendimento da maior população, além de promover um melhor perfilhamento que rapidamente fechou o espaço na lavoura e ajudou a controlar as plantas daninhas”. Ele destaca ainda que o posicionamento das cultivares visando ajustes na população de plantas é indispensável no cenário atual de alta nos custos de produção: “O produtor precisa acertar a quantidade de sementes para uma boa produção dentro da expectativa de cada cultivar. Isso precisa ser avaliado no local, dentro de cada realidade”, conclui.

Fonte: Embrapa Trigo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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