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Genética avançou, mas pecuarista ainda tem o que aprender
Aspectos como nutrição, assistência técnica e até a região onde o gado vai atuar são entraves no Brasil para uma pecuária de excelência.
O melhoramento genético da pecuária brasileira teve grandes avanços nos últimos anos. E apesar do Brasil já ter avançado bastante neste quesito, trazendo grandes benefícios para toda a cadeia produtiva, ainda há pontos para avançar, principalmente quando se fala em pesquisa e qualidade das informações que são coletadas. Isso é o que defende o médico-veterinário e doutor em genética José Bento Ferraz, professor da Universidade de São Paulo (USP) e que traz um panorama do tema e a sua evolução nos últimos 30 anos.
De acordo com o especialista, o Brasil ainda tem muito no que avançar quando se fala em algumas premissas: uma colheita rigorosa de informações de maneira adequada e em momento adequado, idade padronizada de animais e classificação adequada dos grupos de manejo. “Hoje é muito comum informar o peso do desmame dos animais com uma variação de 120 a 300 dias. Dessa forma fica muito difícil fazer uma boa ordenação dos animais, porque o manejo dele e o ambiente influenciam fortemente nos resultados”, comenta. O professor explica que quando se fala em tecnologias e métodos o país tem o que há de mais moderno no mercado, mas ainda falta qualidade dos dados coletados. “O Brasil tem que ter um objetivo do que quer, porque cada região tem um tipo de animal, manejo, solo, pastagem e mercado. E quem define o que deve ser feito é o mercado e não o criador. Por isso, temos que ter sabedoria para analisar o que é importante para cada região. Assim o critério de seleção deve vir a partir do objetivo do que cada região quer”, afirma.
Além disso, Ferraz ressalta que a avaliação genética não é mágica ou invenção. “É algo sério, porque é a partir dela que saem as decisões de quais animais deverão ser selecionados ou descartados. E isso tudo tem sido um problema muito sério, porque hoje há produtores de genética do Brasil que superalimentam os animais de tal forma que chega no momento da venda e eles estão extremamente pesados e bonitos. Mas isso faz com que eles sejam avaliados em um ambiente diferente daquele que o produtor vai usá-lo. Então o pecuarista compra um touro com uma avaliação excelente, com ótimo peso de desmame, porém os filhos desse touro não apresentarão as características daquilo que o produtor comprou porque ele comprou uma informação que não é válida no sistema de produção dele”, comenta.
O professor explica que este é o maior problema do Brasil no momento. “Os animais são selecionados para sistemas de produção que não são os sistemas onde esse touro ou vaca vai produzir. Isso é um grande entrave na pecuária brasileira e é muito comum produtores de genética venderem animais pesados, desenvolvidos que foram feitos às custas de uma superalimentação que não é real e não corresponde ao sistema brasileiro”.
Avanço constante
Segundo Ferraz, o Brasil ainda tem o que aprender com outros países. “Há programas que avaliam 20 características com pequena acurácia e quando temos poucas observações de acurácia pequena estamos longe da verdade. O que temos que aprender com outros países é aumentar a colheita de informações de pedigree com fidedignidade. Por falta de seriedade e padronização estamos muito atrás de países mais sérios. Institutos norte-americanos têm mais ou menos um milhão de observações de alta qualidade, enquanto nós temos bancos de dados muito maiores, mas de baixa qualidade. Então os resultados são diferentes”, afirma.
O especialista defende que o espaço para que o Brasil avance é gigante, mas depende de fatores importantes, como manejo, alimentação e não somente o melhoramento em si. “Para aproveitar o avanço genético, que é rápido, precisamos melhorar a qualidade da alimentação, manejos e sanidade”, diz.
Outro ponto importante destacado pelo especialista é quanto a importância da assistência técnica de qualidade. “É preciso retomar com seriedade os programas de assistência técnica no Brasil. Nos anos 1960 e 1970 nós tínhamos ótimos programas de assistência, por que perdemos? Estudos temos de monte no país, temos muito conhecimento científico, gerado pelas universidades e institutos, o suficiente para resolver os nossos problemas, mas o que nos falta é comunicação com o meio produtivo, estender todo esse conhecimento e serviços à comunidade”.
Ferraz reitera ainda que a nutrição é um ponto essencial e que o pecuarista e toda a cadeia devem se atentar. “O grande engenheiro agrônomo, que inspirou gerações, doutor Fernando Penteado Cardoso, dizia que se alguém quer conversar sobre pecuária, primeiro deve resolver o problema da comida e depois podemos citar outros pontos como raça e saúde. O problema da pecuária brasileira é o sistema de produção: o pecuarista precisa saber a capacidade que a fazenda tem, quanto de alimento ele tem disponível em períodos de seca. Porque o que vemos é uma pastagem horrível, lotação exagerada na fazenda, nada de suplementação alimentar quando há seca. E tudo isso produz um boi sanfona. É preciso ter comida”, afirma.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran