Suínos
Genética 4.0 promete desmamar 54 leitões por matriz/ano
Avanços ocorridos até aqui tiveram como base seleção genética; nos últimos anos genômica, edição de genes e novas tecnologias da indústria 4.0 permitem avanços contínuos e expressivos
A meta é ousada e a execução depende de um profundo debate que envolve a indústria suinícola e a sociedade. As empresas de genética que atuam no Brasil dizem que é possível, no ano de 2060, uma matriz desmamar 54 leitões por ano. Parece inimaginável, mas não custa lembrar que em 1994 a meta ousada era chegar a 24 desmamados/fêmea/ano (DFA). Hoje, os melhores criadores já desmamam em torno de 36 leitões. Mas o que isso tem a ver com a indústria 4.0? Tudo.
Os avanços ocorridos até aqui tiveram como base a seleção genética. Nos últimos anos, a genômica, a edição de genes e as novas tecnologias da indústria 4.0, como o Big Data, permitem avanços contínuos e expressivos. Em suma, hoje é possível encontrar os melhores reprodutores entre milhões espelhados pelo mundo todo. O que vem pela frente? Quem faz uma prospecção e sustenta a possibilidade de desmamar tantos leitões por matriz é o presidente da Associação Brasileiras das Empresas de Genética de Suínos, Alexandre Rosa. Ele fez palestra durante a Conferência Info360, que reuniu alguns dos melhores produtores e fornecedores da suinocultura brasileira e de outros países da América do Sul.
Para isso, destacou o palestrante, a genética vai usar cada vez mais tecnologias como Big Data, capaz de selecionar os melhores entre os melhores indivíduos a partir de um número gigantesco de informações, mesmo em grupos com milhões de indivíduos, seleção de genes, que eliminam características negativas do animal, e até células tronco embrionárias dos testículos repassadas dos melhores animais para os inferiores, que passarão a produzir espermatozoides do doador, levando consigo a carga genética mais apurada.
“A tecnologia da informação fez uma revolução no setor de genética. Hoje temos mais de 250 milhões de animais cadastrados em uma data base. Ao mesmo tempo que vêm informações do animal de fora, volta informação daqui, através de relatório das granjas. Assim começa o melhoramento. Essa informação está em nuvem. Tem muita gente de TI (Tecnologia da Informação) processando informação para a genética. Isso faz uma diferença absurda dentro do negócio”, destaca.
54 DFA
Nesse rumo, explica Alexandre Rosa, é possível chegar a 54 DFA em pouco mais de 40 anos, até 2060. A produção de carne mais que dobrar, de acordo com ele, passando de 4 mil quilos em 017 para 8.745 quilos/fêmea/ano. Além disso, o número de desmamados por leitegada também deve aumentar, de 13 animais em 2017 para 21,5 em 2060.
“Do ponto de vista da genética, os profissionais (da área genética) não têm dúvida de que dá para chegar a 64 DFA. Os programas genéticos estão selecionando fêmeas com pelo menos 18 tetos. Se a sociedade vai aceitar a gente não sabe, vai ser preciso um debate. A genética diz que é possível chegar, mas vai depender ainda de capacidade de estruturação e do consumidor. A gente não tem claro até onde vai (o avanço genético)”, pontua.
O que está por vir?
Uma das questões que está ajudando a suinocultura é a queda nos custos para o acesso a técnicas modernas de seleção. “O sequenciamento de genoma está cada vez mais acessível. O custo da avaliação caiu muito. Em 2001 era US$ 100 milhões por um indivíduo humano. Hoje está US$ 750 dólares para fazer sequenciamento completo de um indivíduo”, cita. Assim, o intervalo entre pesquisa e mercado deve cair, na opinião do presidente da Abegs. Queremos deixar acessível (materiais genéticos) para o produtor o mais rápido possível, quebrar o intervalo da ciência para o produtor de 4 para 2 anos, por exemplo”.
Alexandre Rosa explica que a edição de genes está cada vez mais presente. “A edição de genes neutraliza os pontos no cromossomo de aspecto negativo. Por exemplo, um boi sem chifre. Não é transgenia, é cisgenia. Como funciona nos suínos? A PRRS (Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos) dá pra ser controlada com a edição de genes. O animal é infectado, mas não apresenta sintomas”, explica. “Talvez a maior dificuldade vai ser a sociedade aceitar”, emenda.
Machos substitutos
“Isso já existe, deve ser regulamentado e chegar ao mercado em três ou cinco anos”. Alexandre fala da transferência de células tronco dos melhores animais para machos inferiores, que passam a produzir sêmen com as características do doador, ou seja, do melhor animal.
Ele explica que o passo a passo funciona da seguinte forma: primeiro é feito o isolamento das células tronco embrionárias dos testículos dos suínos de altíssimo índice genético na granja núcleo, que pode estar nos Estados Unidos, por exemplo. Em seguida, esse material é enriquecido em lâminas e transportado para outros locais, com o Brasil, por exemplo. Aqui, os machos inferiores, que já estão esterilizados. As células são transferidas para esse macho receptor com de alta libido, que passa a produzir espermatozoides do macho doador, de alto valor genético. A partir daí, cruza com a matriz e tem a progênie do macho doador.
Em sua palestra, Alexandre citou ainda diversos avanços que vão permear a genética e a suinocultura nos próximos anos, com um equipamento para detecção de cio. “Observando o comportamento da fêmea, níveis de substancias, equipamentos vão detectar o cio”, aponta.
“Não temos o suíno perfeito, mas esta simples possibilidade nos motiva e nos direciona. O melhoramento genético está acelerando a uma velocidade nunca antes vista. Tecnologias de ruptura, revolucionárias, irão acelerar cada vez mais esta mudança”, aponta o presidente da Abegs.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
