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Avicultura

Gaiolas ampliam risco de osteoporose em poedeiras

Há uma preocupação crescente com a condição física dessas aves, que se mantêm por longos períodos dentro destas gaiolas

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Artigo escrito por Ana Paula Pereira, M.Sc, Gerente Técnica Comercial Aves – De Heus

A produção de ovos com poedeiras alojadas em gaiolas convencionais proporciona uma otimização da produção, bem como maior segurança alimentar, uma vez que estes ovos não possuem contato com a cama dos aviários, local onde podem ser infectados e transmitir patologias aos humanos. Por outro lado, há uma preocupação crescente com a condição física dessas aves, que se mantêm por longos períodos dentro destas gaiolas. Linhagens cada vez mais produtivas e mais precoces vêm sendo desenvolvidas por empresas de genética e com elas, problemas que necessitam ser prevenidos e solucionados, como por exemplo a osteoporose, distúrbio ósseo em que ocorre a diminuição progressiva da estrutura mineralizada dos ossos e que acomete grande parte das aves em produção e em fim de ciclo.

Trabalhos desde 1930 listam várias causas das deformidades do esqueleto em aves, as quais têm sido identificadas, dentre elas, podemos citar déficit ou desbalanço nutricional, genética, micotoxinas, além de práticas de manejo que afetam diretamente o crescimento e desenvolvimento do esqueleto, em especial na fase de recria.

A fase de recria é fundamental para o bom desempenho das aves em sua vida produtiva, após sua transferência. Aves que tiveram um bom preparo do tecido ósseo durante as primeiras semanas de vida terão, consequentemente, uma condição melhor para uma boa deposição de cálcio na casca, devido a uma condição fisiológica de reparo do tecido ósseo medular, tecido este desenvolvido na maturidade sexual, local de onde a ave retira o cálcio necessário para finalizar a deposição da casca nas últimas horas pré oviposição, mais efetiva.

As perdas de tecido ósseo possuem dois estágios: o primeiro, perda do tecido medular, tecido do qual a ave é capaz de recompor com facilidade após cada oviposição, desde que haja um aporte correto de minerais e vitaminas para esse reparo. Em segundo, a perda do osso cortical, estrutura mais interna. Quando a ave passa por um desequilíbrio nutricional exacerbado, lança mão do tecido ósseo cortical, que é mais interno. A perda do tecido cortical é irreparável, além de progressiva, causando dor aos animais, que acabam ficando prostrados nas gaiolas, não conseguindo alcançar os comedouros. Quando essa perda já existe, cabe ao nutricionista modular a nutrição e o arraçoamento das aves a fim de fornecer quantidade de cálcio circulante suficiente para que o problema não se agrave, poupando o osso cortical de um maior desgaste.

Particularmente nas poedeiras, a osteoporose envolve perda óssea e foi descrita primeiramente em galinhas confinadas em gaiolas por Couch em 1955, que mencionou o problema como sendo originado de ossos frágeis, paralisia e morte. A perda do tecido ósseo é exacerbada pelas gaiolas, embora o ambiente em si não seja suficiente para prevenir ou reverter a fragilidade.

A osteoporose em si ocorre quando a depleção de cálcio atinge o osso cortical. É comum encontrar em aves com mais de 60 semanas problemas dessa natureza. O aparecimento da osteoporose ou fragilidade óssea em poedeiras de alto desempenho tem sido atribuído a dois fatores; o primeiro, ao confinamento, o que acarreta uma osteoporose por desuso, ou seja, há uma perda considerável de massa óssea, e em segundo, a seleção genética moderna que tem produzido animais cada vez mais leves, com baixa capacidade de consumo de alimentos, porém com alta produção, objetivando um menor consumo de alimentos e uma melhor conversão alimentar.

A incidência de ossos quebrados em aves no final do período produtivo é um problema sério na indústria avícola. Em um estudo realizado no Reino Unido, encontrou-se que 29% das aves tinham ossos quebrados, quando o lote foi descartado no final do período de produção, no momento da apanha.

A debilidade óssea de uma poedeira acarreta queda na produção, levando os animais a apresentar quadro de fadiga de gaiola ou até mesmo óbito. Esta debilidade promove, além da queda de desempenho, sofrimento e consequentemente perdas econômicas quando no descarte das mesmas, uma vez que há geração de receita com a comercialização de galinhas em fim de ciclo.

De modo geral, aves mais resistentes à osteoporose depositam menos cálcio nas cascas dos ovos, uma vez que estes animais não mobilizam osso suficiente para formação da casca, quando em privação de cálcio via dieta.

Do ponto de vista nutricional é possível pensarmos em algumas oportunidades, como, por exemplo, uma monitoria detalhada qualitativa e quantitativa das farinhas de origem animal, devido à quantidade de cálcio e fósforo e uso de adsorventes de micotoxinas, que nos garantem uma segurança à nível hepático, uma vez que o fígado é um órgão fundamental para o metabolismo da vitamina D, imprescindível no metabolismo e fixação do cálcio.

Alterações na granulometria do calcário, utilização de percentuais diferenciados de acordo com o avanço da idade das aves também colaboram para uma maior circulação de cálcio no sangue quando em períodos sem o fornecimento de alimentação, o que diminui o orgânico para finalização da deposição de casca.

Crescente interesse da indústria a respeito da qualidade óssea e bem-estar de poedeiras têm sido observados atualmente, melhoria do manejo na fase de recria, uma melhor preparação nutricional desses animais, bem como um manejo diferenciado de arraçoamento são fatores fundamentais para que evitemos ou minimizemos prejuízos causados por este problema tantas vezes negligenciado.

As referências bibliográficas estão disponíveis com a autora: anapaulapereira@deheus.com.

 

Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Vendas externas de carne de frango voltam a crescer em março

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

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As exportações brasileiras de carne de frango voltaram a crescer em março, depois de dois meses em queda.

Segundo dados da Secex analisados pelo Cepea, foram embarcadas 418,1 mil toneladas (entre produtos in natura e industrializados), volume 5,2% maior que o de fevereiro/24, mas 18,7% inferior ao de março/23.

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

À China – ainda maior parceira comercial do Brasil –, os envios caíram 7,4% entre fevereiro e março, passando para 38 mil toneladas.

Apesar disso, pesquisadores do Cepea apontam que o setor avícola nacional está confiante, tendo em vista que oito novas plantas frigoríficas foram habilitadas para exportar à China.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura Saúde intestinal e saúde óssea

Impacto sobre a rentabilidade e qualidade das carcaças de frangos de corte

Dentre as afecções que podem comprometer a saúde intestinal dos bezerros está a Colibacilose, que tem como agente etiológico a bactéria Escherichia coli.

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A saúde intestinal e a saúde óssea estão em conexão por mecanismos que envolvem, principalmente, a microbioma intestinal e a comunicação com as células ósseas. O equilíbrio e estabilidade da microbiota intestinal influencia diretamente a homeostase óssea. “Um dos mecanismos que vem sendo estudado é o papel da microbiota sobre a regulação da homeostase do sistema imune intestinal. Alterações na composição da microbiota intestinal podem ativar o sistema imunológico da mucosa, resultando em inflamação crônica e lesões na mucosa intestinal”, explica a doutora Jovanir Inês Müller Fernandes, durante a Conexão Novus, evento realizado em 07 de março, em Cascavel, no Paraná.

Conforme salienta a palestrante, a ativação do sistema imunológico pode levar a produção de citocinas pró-inflamatórias e alteração na população de células imunes que são importantes para manter a homeostase orgânica e controlar os processos inflamatórios decorrentes, mas simultaneamente pode reduzir os processos anabólicos como a formação óssea. “Isso porque os precursores osteoclásticos derivam da linhagem monócito/macrófago, células de origem imunitária” frisa.

Consequentemente, o sistema imunológico medeia efeitos poderosos na renovação óssea. “As células T ativadas e as células B secretam fatores pró-osteoclastogênicos, incluindo o ativador do receptor de fator nuclear kappa B (NF-kB), o ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B (RANKL), interleucina (IL) -17A e fator de necrose tumoral (TNF-α), promovendo perda óssea em estados inflamatórios”, detalha a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Problemas

Além disso, doutora Jovanir também ressalta que o intenso crescimento em reduzido tempo das atuais linhagens de frangos de corte resulta em sobrecarga sobre um sistema ósseo em mineralização. Ela frisa ainda que o centro de gravidade dos frangos tem sido deslocado para frente, em comparação com seus ancestrais, o que afeta a maneira como o frango se locomove e resulta em pressão adicional em seus quadris e pernas, afetando principalmente três pontos de choque: a quarta vértebra toráxica e as epífises proximais da tíbia e do fêmur. “Nesses locais são produzidas lesões mecânicas e microfraturas, e tensões nas cartilagens imaturas, especialmente na parte proximal dos ossos. As lesões mecânicas danificam e rompem os vasos sanguíneos que chegam até a placa de crescimento e, como consequência, as bactérias que circulam no sangue conseguem chegar às microfaturas e colonizá-las, iniciando as inflamações sépticas”, relata.

O aumento do consumo de água e a produção de excretas que são depositadas na cama, associado a uma menor digestibilidade da dieta, segundo a médica veterinária, resultam em aumento da umidade e produção de amônia. “Camas úmidas aumentam a riqueza e diversidade da microbiota patogênica, que pode alterar o microbioma da ave e desencadear a disbiose intestinal, pode favorecer a translocação bacteriana pelas lesões de podermatite e afetar a mucosa respiratória pelo aumento da produção de amônia que, consequentemente, resulta em desafios à mucosa respiratória e aumento da sinalização imunológica por citocinas e moléculas inflamatórias” enfatiza a profissional.

lém desses fatores, doutora Jovanir explica que a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites, a exemplo dos isolamentos já feitos no Brasil de cepas patogênicas de Enterococcus faecalis. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado nos aviários”, elucida.

Segundo a médica-veterinária, devido a dor e a dificuldade locomotora, as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. “Isso também contribui para a ocorrência de pododermatite, dermatites e celulites. Importante ainda destacar que esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, bem como a ocorrência de artrites assépticas. Nesse sentido, é fundamental a manutenção de um microbioma ideal para modular o remodelamento ósseo das aves” adverte.

Importância do microbioma intestinal nos ossos

“Pesquisadores mostram que a comunicação entre microbioma e homeostase óssea garante a ação dos osteoblastos maior que a ação dos osteoclastos, com isso, garantindo boa remodelação óssea. Ou seja, forma mais osso sólido do que se rarefaz’, complementa Jovanir Fernandes.

Além disso, ela informa que a composição da microbiota do intestino impacta na absorção dos nutrientes, promovendo aumento de assimilação de cálcio, magnésio e fósforo – vitais na saúde óssea. “Durante o processo de fermentação, os micróbios intestinais produzem numerosos compostos bioativos, que são importantes para a saúde óssea, como vitaminas do complexo B e vitamina K. As bactérias intestinais produzem também ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), importantes na regulação dos osteocitos e massa óssea”, ressalta.

Os estudos, de acordo com a palestrante, indicam que esses ácidos graxos inibem a reabsorção óssea através da regulação da diferenciação dos osteoclastos e estimulam a mineralização óssea. “Age também ativando células Treg (potencializadoras de células tronco nos ossos). Hormônios produzidos no intestino pela presença de bactérias boas desempenham um papel importante na homeostase e metabolismo ósseo”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Um calo que precisa ser tratado

Os prejuízos financeiros decorrentes de doenças de pele e distúrbios ósseos não podem ser subestimados.

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Ao longo dos anos, temos testemunhado um aumento preocupante nos problemas relacionados à integridade dermatológica e óssea das aves, representando um desafio substancial para todos os envolvidos na cadeia de produção avícola. Desde os prejuízos econômicos até as preocupações com o bem-estar animal, os efeitos desses problemas são profundos e generalizados.

Os prejuízos financeiros decorrentes de doenças de pele e distúrbios ósseos não podem ser subestimados. Além do custo direto da perda de aves e da redução da eficiência produtiva, há também os impactos indiretos, como os gastos com tratamentos veterinários, a diminuição da qualidade dos produtos e a reputação negativa da atividade. Esses problemas afetam não apenas a rentabilidade das operações avícolas, mas também a sustentabilidade de toda a indústria.

É imperativo adotar uma abordagem proativa e colaborativa para enfrentar esses desafios. A pesquisa científica desempenha um papel fundamental na identificação das causas e no desenvolvimento de soluções eficazes.

Devemos investir em estudos que ampliem nosso entendimento sobre os mecanismos que afetam a saúde da pele e dos ossos das aves, bem como em tecnologias inovadoras que possam mitigar esses problemas.

Além disso, o manejo adequado das instalações avícolas e a implementação de práticas de manejo baseadas em evidências são essenciais para promover a saúde e o bem-estar das aves. Isso inclui garantir condições de alojamento adequadas e fornecer uma dieta balanceada e adaptada às necessidades nutricionais das aves.

É importante que todos os atores do setor avícola se unam em um esforço conjunto para enfrentar os desafios relacionados à saúde da pele e dos ossos das aves. Somente através da colaboração entre produtores, pesquisadores, veterinários e profissionais do setor poderemos desenvolver e implementar as soluções necessárias para resolução desses problemas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural
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