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Frigorífico paranaense é o primeiro do país a conseguir chancela sanitária por consórcio
Com a chancela Sisbi-POA, a Mais Fish, que tinha permissão para vender em 30 municípios da região Central do Paraná, amplia o mercado consumidor para todo o território brasileiro.

A experiência com pescados começou em 1991 para a família Pini, de São João do Ivaí, no Vale do Ivaí. Dois anos depois, a propriedade recém-comprada iniciou as atividades com foco em produção e engorda de tilápias para atender a demanda de pesqueiros. Imediatamente, a ideia de uma agroindústria começou a apontar a direção dos negócios. Agora, a Mais Fish é o primeiro empreendimento a receber a chancela Sisbi-POA (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal) concedida por um consórcio de municípios, o Consórcio Cid Centro.
Com isso, os produtos que já eram comercializados nos 30 municípios que compõem a área do Cid Centro poderão romper os limites para atender mercados em todo o território paranaense e no Brasil.
“É a coroação de uma caminhada de 30 anos, oportunidade única para minha família e uma oportunidade para toda a região de ter um produto regional, de ter um trabalho em uma cultura que gera emprego, renda, desenvolvimento para a região, e agora vamos poder mandar para o Brasil inteiro”, comemorou Edilson Pini. Os mercados paulista e carioca estão na visão de curto e médio prazo.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) concedeu, em novembro do ano passado, o Título de Adesão ao Sisbi-POA a oito consórcios de municípios brasileiros, entre eles o Consórcio Cid Centro. Com isso, os produtos registrados pelos Serviços de Inspeção Municipal (SIM) vinculados a esses consórcios podem ser comercializados em todo o território nacional, após cumpridas as exigências higiênico-sanitárias. O frigorífico da Mais Fish foi o primeiro.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, é um dos que já conhecem o frigorífico e seus produtos. “É um empreendimento fabuloso que já tinha o reconhecimento do município onde está instalado e de todos os que compõem esse arranjo tão importante, que é o Consórcio Cid Centro”, afirmou. “Agora poderá expandir os negócios e tornar a marca conhecida no Brasil, o que certamente trará mais renda para a família, vai gerar empregos na região, motivará outros produtores a dedicar espaço para a piscicultura e fará a economia regional crescer.”
Sucessão
Atualmente, a propriedade de Edilson e da esposa, Márcia, já produz de 500 a 600 toneladas de tilápia por ano. Eles continuarão investindo 80% do tempo nessa atividade, com expectativa de implementar novas tecnologias e alcançar pelo menos 800 toneladas ou até 1.500. Mas o casal sabe que, sobretudo na agricultura familiar, é preciso construir, manter e dar seguimento ao trabalho.
Por isso, os filhos Matheus e Vitória participam, com novas visões, planos e ideias, da transição pela qual a organização passa nos últimos anos, deixando de ser piscicultura familiar para se transformar em empresa familiar. Mais recentemente, todos se uniram em torno da construção da planta frigorífica e na adequação aos processos e demandas do Mapa.
Com isso, a empresa tem a missão de fortalecer ainda mais o processo de modernização e dar continuidade às parcerias mantidas com universidades estaduais e cooperativas para desenvolver peixes mais saudáveis em sistema mais eficiente. A produção de ração customizada, fruto de parceiras e anos de análise, desenvolvimento e refinamento, resultou em filés de alto padrão e qualidade superior.
“Tudo o que é possível mecanizar no abate já está mecanizado, só não mecanizamos aquilo que pode interferir na qualidade do filé”, acentuou Pini.
O empreendimento conta com 30 funcionários, entre produção e frigorífico. Com a concessão do Sisbi-POA, a planta frigorífica tem potencial para acréscimo de até 60 funcionários. De acordo com Pini, ao otimizar a capacidade plena, serão processadas de 20 a 25 toneladas de tilápias a cada 24 horas. Isso representa aproximadamente 3 mil toneladas por ano. Ou seja, mesmo que consiga aumentar a produção própria, a empresa ainda vai precisar de 2 mil toneladas anuais para manter a capacidade máxima.
“Vai precisar de muita gente produzindo peixe para poder atender a demanda do frigorífico”, anunciou o proprietário. Ele tem feito convite para que os vizinhos conheçam o empreendimento e se entusiasmem com a ideia de produzir peixes. “É oportunidade para duas, três, quatro ou até mais dezenas de produtores, oportunidade para produzir alevinos, produzir juvenis, para transporte de peixe vivo, enfim, abre oportunidade para uma grande quantidade de pessoas lidarem com essas produções.”
Marco
“Estamos colocando o Paraná mais uma vez à frente, é um marco”, disse o médico-veterinário do Núcleo da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Ivaiporã, Carlos Eduardo dos Santos.
Representante do Estado no consórcio, ele salientou, sobretudo, a perspectiva de atuação de proprietários vizinhos, que podem iniciar uma nova cultura e ampliar a renda familiar. Além disso, trabalha para que agroindústrias de outros segmentos sejam motivadas a caminharem de forma mais acelerada para conseguir o mesmo padrão e ampliarem o mercado consumidor.
Segundo ele, o consórcio tem mais facilidade de garantir a boa qualidade dos produtos, visto que profissionais de um município podem ser deslocados para outro em que haja necessidade de sua atuação.
No caso do piscicultor de São João do Ivaí, por exemplo, o município de Borrazópolis cedeu uma médica veterinária para acompanhar mais de perto e possibilitar rapidez no processo. “Os municípios fazem uma troca, um rodízio de profissionais, para que todos possam se ajudar dependendo da demanda; é uma estratégia adotada até em outros setores, como a Saúde, e que também tem dado certo na inspeção municipal”, afirmou.
A chefe do Núcleo da Seab de Ivaiporã, Vitória Holzmann, destacou o trabalho que o Estado faz para garantir a boa atuação do Consórcio Cid Centro não apenas em relação à inspeção municipal, mas em outros setores. “Acompanhamos o esforço dos dirigentes municipais, médicos veterinários, sindicatos rurais, associações comerciais, agricultores familiares, territórios de desenvolvimento regional e dos servidores da Seab, da Adapar e do IDR-Paraná que ajudaram a construir esse espírito de união”, disse.
Ela também reforçou a relevância da articulação dos Núcleos da Seab junto aos territórios de desenvolvimento rural, que foram as incubadoras do projeto. “Agradecemos muito ao secretário Norberto Ortigara por ter apostado nesse trabalho que envolveu diretamente a Seab em todas as ações do consórcio”, ressaltou.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



