Avicultura
Frango vai dominar mercado mundial de proteína animal, defende secretária do IPC
Mesmo o Brasil sendo um grande e importante player no mercado internacional de frangos, é preciso ter cautela quanto as novas políticas que poderão ser adotadas no decorrer dos próximos anos
A montanha-russa que tem sido o mercado internacional, e principalmente nacional, nos últimos tempos, torna difícil entender o que está acontecendo até mesmo para aqueles que estão acostumados a lidar com ele. E entender como está se comportando quando o assunto é a avicultura brasileira é de suma importância. Para tentar explicar um pouco sobre como as coisas estão acontecendo e tirar algumas dúvidas a secretária geral do Conselho Internacional de Avicultura (IPC), Marília Rangel, falou durante a Conferência Facta, que aconteceu em maio, em Campinas, SP.
De acordo com ela, a carne de frango vai dominar, num futuro próximo, o consumo de proteína animal no mundo, ultrapassando a carne suína, e a cadeia brasileira precisa estar atenta às mudanças de mercado. “Esta é uma carne que não tem restrição, além disso, aqueles que começam a comer alguma proteína geralmente iniciam com a carne de frango”, comenta. Sem contar que a sustentabilidade na criação de frangos de corte comparada com outras proteínas, com a Pegada de Carbono e a Pegada Hídrica, são bastantes menores, na opinião de Marília.
A especialista conta que a importação de carne de frango também tem crescido nos últimos anos. Os países que são grandes importadores de proteína como Japão, México, Arábia Saudita, União Europeia e Iraque são mercados cativos do Brasil. Já quando o assunto é exportação, Marília explica que o Brasil é líder neste quesito em carne de frango desde 2004. “A tendência é que continue assim”, afirma.
Ela chamou a atenção para um país em especial, que está se tornando um grande competidor do Brasil quando o assunto é exportação da proteína: a Tailândia. “Este é um país com grande potencial que pode causar algum desconforto, não pelo volume, mas por conta de eles venderem muitos produtos em que nós nos especializamos a fazer, como o peito para a Europa, o pé para o Japão. Então, a Tailândia é aquele país que nós devemos olhar com cuidado”, frisa.
Sobre as exportações e a produção de carne de frango brasileiras, Marília conta que em 2002 a produção que era destinada à exportação no Brasil era de 21,6%. Já em 2016 este número subiu para 33%. Em receita, os números também impactaram. A especialista comenta que em 2006 os ganhos eram de US$ 3,2 bilhões e em 2016 esta quantia subiu para US$ 6,7 bilhões.
Marília diz que os preços do mercado local são sempre os mesmos, mas o Brasil manter este valor pode ser um pouco difícil, já que o poder de negociação dos importadores é bastante forte. “Saímos de preços que chegaram a US$ 4 mil, US$ 5 mil por tonelada e que hoje estão em US$ 1,8 mil a tonelada em determinados mercados”, explica.
E falando um pouco sobre os mercados atendidos pelo Brasil, a especialista diz que a Arábia Saudita sempre foi um grande importador, representando 17,6% em 2016 do montante repassado pelo Brasil. Já para a União Europeia, os valores são um pouco mais tímidos. Marília explica que o Brasil exporta um volume de 450-500 mil toneladas para lá. “Enquanto a política de cotas não for modificada, sempre vamos estar neste patamar. Porque, se nós exportarmos fora da cota nós pagamos, somente de tarifa, um valor de US$ 1,3 mil por tonelada. É um valor absurdo que inviabiliza a exportação fora da cota”, explica.
Uma boa notícia dada pela especialista é que o mercado brasileiro de exportação de frangos não depende exclusivamente de nenhum país. “Não estamos falando que se fechar algum mercado não tem problema, é claro que tem, qualquer mercado que se feche é bastante problemático. Mas, ao mesmo tempo em que outros produtos, outras proteínas, dependem 50% de somente um país, quando se fecha o problema é muito maior, e a avicultura não tem esta dificuldade”, avalia. Os produtos avícolas brasileiros são exportados para 160 países.
Incertezas
Entre as incertezas do mercado internacional, a especialista explica que o que se pode esperar para os próximos anos ainda há dúvidas. Isso porque ainda há insegurança sobre a política comercial do presidente norte-americano Donald Trump, já que não se sabe quais são as decisões que ele tomará sobre os acordos que estavam sendo negociados e também os acordos que já estão ajustados, com o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), por exemplo. “Ainda não sabemos quais os impactos destas possíveis mudanças”, diz.
Ela ainda alerta que o mercado mexicano merece atenção, principalmente por conta das políticas que poderão ser adotadas pelo novo presidente estadunidense. “Hoje, o México importa a maior parte da carne de frango dos Estados Unidos. E quem vai suprir esse volume que vai para o México caso o Nafta deixe de existir? As preferências comerciais serão renegociadas. Isso é algo que precisamos olhar com cuidado”, alerta.
Outro fato que pode impactar o Brasil é a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. “Nesse caso, devemos pensar em como vai ficar a cota. A União Europeia vai negociar as concessões novamente? A última vez que isso aconteceu levou quatro anos para ser implementada”, lembra. Mas, para Marília, o Brexit pode ser algo positivo para o Brasil, isso porque o Reino Unido tem uma mentalidade mais aberta, e assim os brasileiros poderão ter um maior diálogo para negociação. “Nestes próximos anos os impactos das mudanças serão palpáveis. A política dos Estados Unidos ainda é muita falação, mas o Brexit está acontecendo de fato”, afirma.
Já sobre o crescimento de mercados, a especialista comenta que a China está desacelerando. Para ela, a Índia é um país que daqui há dez anos será a nova China, isso por conta do grande potencial que o país tem. “Existem ainda alguns problemas sérios, mas eles têm melhorado. O investimento feito lá é diferente do feito pelo governo chinês, mas o crescimento da Índia eu acredito que seja real”, diz.
Desafios
Uma afirmação feita por Marília que deixou muitos profissionais preocupados foi sobre a Influenza Aviária (IA). Para ela, esta é uma doença que veio para ficar. “Não conseguimos mais não ter; a IA está aí”, diz. Ela afirma que o IPC acredita que a IA pode apenas ser controlada. “Nós devemos começar a pensar em como lidar com o paradigma de uma doença que existe e vai continuar existindo. O que vai acometer, países grandes ou pequenos, e como cada um agirá com um surto da doença”, diz. Para ela, o melhor a ser feito é chegar a um consenso de como tratar sobre o tema, do que todos os países ficarem discutindo. Isso, principalmente por conta das barreiras comerciais que são criadas.
Para ela, outro assunto que deve ser tratado com muita cautela é o bem estar animal. “Até que ponto conseguimos atender o que estão pedindo, o que algumas ONGs estão dizendo que é melhor”, diz. Ele afirma que cabe a todos, como indústria, dizer o que é melhor. “Porque nós da indústria falamos pouco”, afirma. Para Marília, o grande desafio é encontrar o equilíbrio entre segurança alimentar e ações que são realmente importantes. “Nós precisamos tomar cuidados para não virar uma ideologia e extrapolar na questão bem estar animal. Temos que pensar quanto está sendo proposto por alguma ONG sem trazer benefício nenhum para a cadeia e até que ponto está sendo proposto para melhorar ao consumidor”, afirma. “Só estamos acatando as regras, não estamos ajudando a construí-las. Isso precisa mudar”, complementa.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
