Conectado com
VOZ DO COOP

Avicultura

Frango fica mais pesado e eficiente ano após ano

Profissional de uma das maiores empresas genéticas do mundo explica que as aves brasileiras ganham até 70 gramas a mais a cada ano. Evolução do peso de abate ajuda a diluir custos da indústria

Publicado em

em

Será que a indústria avícola brasileira vai abater frangos com 3,5 quilos de peso vivo? Ou mais? Pelo andar da carruagem, parece que sim. A cada ano, as granjas de todo o país estão produzindo lotes de aves cada vez mais pesadas com a mesma idade de abate. Em 2017, diversas companhias processaram frangos de corte com três quilos, o que era inimaginável no início dos anos 2000, quando os animais eram abatidos com 2,2 quilos em média. A cada ano, as aves ganham até 70 gramas a mais no mesmo tempo de alojamento. O motivo para abater aves mais pesadas é simples: redução de custos.

O mestre em Ciências Veterinárias, Vitor Hugo Brandalize, que integra a equipe de suporte avícola de uma das maiores companhias genéticas do mundo, garante que as aves brasileiras vão ficar cada vez mais pesadas, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, país que já abate frangos com quatro quilos de peso vivo. Brandalize explica que nos últimos anos a demanda por carne de frango aumentou muito no mundo por conta do aumento da renda das pessoas, o que contribuiu para o avanço da avicultura a ponto de a carne de frango tornar-se, de acordo com ele, a mais consumida no planeta, ultrapassando a carne suína.

“A economia mundial vem crescendo nos últimos anos com números expressivos. Em 2017 os índices foram superiores a 3,5% e com uma projeção de crescimento de 3,6% para 2018. Existe uma correlação diretamente proporcional entre o PIB dos países e o consumo de proteína animal. Como o PIB vem crescendo no mundo, o consumo de proteína animal vem crescendo também. Como a carne de frango é uma fonte proteica de excelente qualidade e sem nenhuma restrição, seja religiosa, nutricional, etc., além de ser mais barata em relação às outras fontes de proteína animal, a produção e o consumo de frangos no mundo estão crescendo acima das outras fontes proteicas”, cita. “Atualmente, a carne de frango é a carne mais consumida no mundo!”, assinala Brandalize.

Mesmo com o consumo aumentando ano a ano – o brasileiro consumiu 42 quilos de carne de frango/per capita em 2017, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) -, explica Brandalize, as empresas e cooperativas integradoras estão tendo queda nos lucros por conta da elevação dos custos. Para combater esse problema, estão investindo em aves cada vez maiores. A cooperativa Copagril, de Marechal Cândido Rondon, PR, por exemplo, aumentou o peso de abate de 2,7 para três quilos em 12 anos atuando na avicultura. “Embora o consumo de carne de frango esteja crescendo no Brasil e no mundo, as empresas produtoras deste alimento estão enfrentando alguns desafios, como o aumento dos custos dos grãos, da mão de obra, dos fretes terrestres e marítimos, da energia elétrica, entre outros. No Brasil, anualmente os custos de mão de obra aumentam mais que 10%, lembrando que este é o segundo maior custo das plantas frigoríficas, ficando atrás apenas do custo da matéria prima, ou seja, do frango vivo. Em contrapartida, as empresas têm dificuldades para repassar estes custos para o cliente final. Portanto, uma forma de diluir este aumento de custos é aumentando o peso de abate das aves, pois o mesmo colaborador que processa um frango de 2,0 Kg processará um frango com mais de 3,0 Kg”, aponta o profissional de Suporte Técnico da Cobb-Vantress.

Mais eficiência

Brandalize atribui a quatro fatores essenciais que contribuem para que as aves ganhem mais peso em um mesmo tempo, com destaque para a seleção genética. “Estes fatores são sanidade, manejo, nutrição e genética. Todos eles são muito importantes, no entanto os programas de seleção genética são os grandes responsáveis por estes ganhos”, aponta.

Ele explica que as companhias selecionam aves cada vez mais eficientes em várias características, como eficiência alimentar. “As companhias de melhoramento genético utilizam muitas características durante o processo de seleção das aves, mas os fatores mais importantes nestes programas de seleção nos frangos de corte são peso médio (ganho de peso diário), conversão alimentar e rendimento de carcaça”, enumera. “Todos os anos, estas aves serão mais pesadas – quando comparamos com a mesma idade -, apresentarão uma maior eficiência alimentar e um maior rendimento de carcaça”, evidencia o profissional.

A cada ano, o frango atinge a idade de abate pelo menos 50 gramas mais eficiente. Ou seja, esse frango não vai comprometer, por exemplo, o número de lotes/ano produzidos. “Devido ao programa de seleção genética, anualmente para uma mesma idade de abate as aves ganham entre 50 e 70 gramas, portanto, as empresas podem aumentar o peso médio das aves sem comprometer a idade de abate”, argumenta.

De acordo com ele, hoje a avicultura brasileira abate em média frangos com 2,94 quilos. “O desempenho de um frango, como GPD, conversão alimentar, tempo para abate e peso, depende da eficiência de cada companhia, no entanto, no Brasil as aves apresentam um desempenho próximo à peso médio de 2,94 Kg, conversão alimentar ajustada (2,70 Kg) igual a 1,74 e idade de abate aos 46 dias”, aponta Brandalize. “Muitas empresas no Brasil abatem frangos com pesos superiores a três quilos. Devido ao aumento dos custos de mão de obra especialmente, as empresas estão aumentando os pesos de abate dos frangos anualmente”, reitera.

Bom para a indústria e para o produtor

Se para a indústria produzir aves mais pesadas dilui custos e melhora a rentabilidade da atividade, para o avicultor é também um bom negócio. Ele explica que as integradoras pagam mais para produtores que atingem melhores níveis de conversão alimentar, e essa característica vem sendo aprimorada nas aves modernas. “Além de não comprometer o tempo de abate, existe uma melhoria contínua na conversão alimentar das aves, o que beneficia os produtores, pois na ampla maioria das empresas a conversão alimentar possui um grande impacto no sistema de remuneração do integrado”, indica.

E o consumidor?

Mas quem está definindo esse cenário: o consumidor ou a indústria? Para Brandalize, “existe um equilíbrio entre o consumidor e a indústria, mas indiferente do segmento de negócios, existe uma regra na qual o consumidor acaba determinando a tendência e o futuro dos negócios, sempre!”.

Para ele, o brasileiro vai encontrar cortes cada vez maiores nos supermercados. “O aumento do tamanho das aves proporciona um aumento no tamanho dos cortes destes frangos -partes. O peito e as pernas representam mais que 50% do peso total destes frangos, portanto o consumidor poderá encontrar nos mercados estas partes com tamanhos maiores”, destaca.

Sendo o Brasil o maior exportador de frangos do mundo, é preciso entender também outros mercados. De acordo com Brandalize, atualmente cerca de 40% dos frangos produzidos nos Estados Unidos já são abatidos com 3,5 quilos e que há experiências com aves de até quatro quilos. “Nos Estados Unidos, eles comercializam grande parte dos produtos processados, como peito filetado, nuggets, etc., o que permite que possam ser abatidas aves muito pesadas, já que as partes dos frangos serão segmentadas. Como no Brasil, as companhias americanas estão aumentando anualmente o peso de abate das aves, no entanto, eles iniciaram este processo antes nós. Lá existem muitas companhias que abatem frangos com um peso médio superior a quatro quilos”, destaca.

Investimentos

Para Brandalize, as mudanças sugerem que as empresas produtoras de carne de frango terão que investir em suas plantas frigoríficas, com destaque para a automação e redução de atividades manuais. “Para que isto seja factível, as empresas precisarão fazer investimentos em equipamentos nas plantas frigoríficas, além de desenvolver um novo perfil do mercado consumidor. Em contrapartida, devido ao aumento dos custos de mão de obra, que são contínuos, as empresas precisarão desenvolver um plano de investimentos através da automação para diminuir a dependência de atividades manuais, com equipamentos que permitam processar estas aves”, cita Brandalize.

Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

Publicado em

em

Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Avicultura

Desafios na integridade estrutural de frangos de corte e intervenções nutricionais

Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

Nas últimas décadas a indústria avícola tem feito avanços significativos, especialmente no que diz respeito às melhorias genéticas e ao manejo, resultando na produção de frangos de corte altamente eficiente e de crescimento rápido. O manejo e a nutrição foram meticulosamente ajustados para suprir as necessidades genéticas e produzir aves maiores em um período de tempo reduzido.

No entanto, os frangos modernos tendem a priorizar a deposição muscular em detrimento do desenvolvimento do esqueleto e dos tecidos moles, o que pode resultar em desafios à integridade estrutural. Este artigo resume os desafios emergentes da integridade estrutural enfrentados pela indústria de frangos de corte, propondo intervenções nutricionais que podem mitigar esses problemas, incluindo pododermatite, questões relacionadas à qualidade da carcaça e incidência de claudicação.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Qualidade da carne 

O peito amadeirado (WB) é uma miopatia degenerativa observada em frangos de corte, resultando na degradação da qualidade dos filés de peito e rechaço/repúdio do consumidor. Os filés afetados exibem maior resistência antes e depois do cozimento, além de menor capacidade de retenção e absorção de água.

Apesar do significativo número de estudos conduzidos, a etiologia precisa ainda permanece obscura, indicando que a condição está associada a aves com taxas de crescimento mais aceleradas ou com filés de maior peso.

Uma das hipóteses sobre a etiologia da WB e de miopatias semelhantes é que frangos de corte com uma taxa de crescimento muscular hipertrófico demanda mais metabolicamente, o que pode resultar em maior risco de acúmulo de resíduos metabólicos, desencadeando assim um aumento do estresse oxidativo.

Os radicais livres acumulados são altamente reativos e podem danificar o DNA, RNA, proteínas e lipídios presentes nas células musculares, desencadeando inflamação e distúrbios metabólicos, que eventualmente levam à degeneração das fibras musculares. Quando os danos causados pelo aumento do estresse oxidativo excedem a capacidade regenerativa das células musculares, resulta em um acúmulo de tecido fibroso e gordura, contribuindo para miopatias como o WB.

Pododermatite

A pododermatite é uma inflamação da pele que resulta em lesões necróticas na superfície plantar das patas em aves. Foi observado que a umidade na cama é o principal fator que predispõe o desenvolvimento de pododermatite em aves. Sabe-se que minerais como Zn, Cu e Mn, desempenham um papel fundamental na manutenção da integridade estrutural de vários tecidos, incluindo a pele. Além disso, nutracêuticos como probióticos, prebióticos ou enzimas melhoram a integridade intestinal e promovem melhora na consistência fecal, consquentemente na qualidade da cama, podendo reduzir as lesões nas patas.

Diversas pesquisas foram conduzidas para investigar o papel dos minerais orgânicos na prevenção de lesões nas patas. Em um estudo conduzido em 2017 foi constatado que a suplementação de uma combinação dos oligoelementos Zn, Cu e Mn, na forma de quelato metal metionina hidroxi (MMHAC), não apenas melhorou o desempenho, mas também reduziu as lesões nas patas, aprimorando o processo de cicatrização de feridas.

Estratégias de intervenção

Diversas estratégias de intervenção estão sendo consideradas para diminuir a incidência de WB na indústria avícola, incluindo restrição alimentar, redução da densidade de nutrientes e diminuição de lisina durante a fase de crescimento. Essas estratégias têm o intuito de diminuir ou desacelerar a taxa de crescimento, no entanto, se não forem aplicadas adequadamente, essas abordagens apresentam o risco de comprometer o desempenho.

Por outro lado, estratégias baseadas em antioxidantes, como a inclusão de arginina, vitamina C, selênio e minerais na dieta, têm sido avaliadas para reduzir miopatias. O uso de antioxidantes reduz o estresse oxidativo em tecidos animais. Com o intuito de reduzir as miopatias, pesquisadores avaliaram o efeito de várias intervenções dietéticas (antioxidante dietético, mineral orgânico Zn-Cu-Mn- MMHAC e selênio) na incidência de WB quando as aves foram expostas ao estresse oxidativo.

Em resumo, sob diferentes condições de estresse oxidativo, programas de intervenção dietética podem aprimorar o desempenho e promover a integridade da carcaça, reduzindo problemas como o WB. Este efeito é provavelmente alcançado ao melhorar simultaneamente o status antioxidante, tanto exógeno quanto endógeno, reduzindo o estresse oxidativo e aprimorando o processo de cicatrização dos tecidos da ave.

Incidência de claudicação

A incidência de claudicação vem aumentando nas últimas décadas e está correlacionado com o rápido crescimento e peso corporal. Os machos mostram maior suscetibilidade à claudicação em comparação com as fêmeas. Ainda não está claro se a claudicação é um efeito direto do rápido aumento da taxa de crescimento e do peso corporal ou se é um efeito indireto do desenvolvimento inadequado dos ossos e tendões, ou mesmo da falha da barreira intestinal, provável é que seja uma junção dos fatores citados.

As aves com claudicação enfrentam dificuldades para acessar ração e água, o que pode levá-las à desidratação e, eventualmente, à morte. As significativas perdas econômicas atribuídas à claudicação são resultados do aumento da taxa de mortalidade e das condenações durante o processamento no frigorífico. A necrose da cabeça femoral (NCF) é uma

condição metabólica mais prevalente em frangos de corte com crescimento acelerado, sendo reconhecida como a principal causa de claudicação.

Há evidências que mostram que as bactérias associadas ao NCF se originaram no intestino Enterococcus (E.) spp. Estudos demonstraram que a fonte de infecção por Enterococcus (E.) spp pode ser tanto de transmissão vertical quanto horizontal. A ventilação inadequada no aviário cria um ambiente propício, o que leva a rápida proliferação de bactérias afetando o intestino. Além disso, o estresse oxidativo ou doenças entéricas anteriores podem comprometer a integridade mucosa intestinal.

A falha na barreira intestinal pode facilitar a invasão de bactérias patogênicas, levando à translocação dessas bactérias para os ossos. Os ácidos orgânicos e óleos essenciais podem interferir no desenvolvimento da NCF, atenuando ou reduzindo a população de bactérias patogênicas, melhorando a função da barreira intestinal e reduzindo a translocação de bactérias através da parede intestinal. Os minerais desempenham um papel crucial no desenvolvimento ósseo e na saúde das articulações.

Descobertas recentes indicam que o Zn-Cu-Mn-MMHAC são fontes orgânicas eficazes para atender às necessidades de frangos de corte, melhorarando a saúde estrutural dos ossos, tendões, patas e intestino, e reduzindo a incidência de claudicação em aves.

Conclusão

Em resumo, enfrentar os desafios emergentes na integridade estrutural de frangos de corte requer uma abordagem multifacetada que combina práticas de manejo adequadas, intervenções nutricionais eficazes e uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes aos problemas observados. Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

As referências bibliográficas estão com as autoras via e-mail manara.grigoletti@novusint.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Mercedes Vázquez-Añón, zootecnista, doutora em Ciência Animal e diretora de Iniciativas Estratégicas e Colaboração de Contas na Novus; e Kelen Zavarize, zootecnista, doutora em Nutrição e gerente de Serviços Técnicos na Novus.
Continue Lendo

Avicultura Artigo

A importância das monitorias sanitárias no incubatório de aves

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório

Publicado em

em

Divulgação Zoetis

Artigo escrito por: Beatriz Silva Santos, médica veterinária, assistente técnica da Zoetis na divisão de Aves para as regiões Sudeste e Centro-oeste*

A avicultura brasileira se destaca pelo uso de tecnologia avançada, controle de qualidade e constante monitoramento microbiológico nas diversas etapas da produção. Entre essas etapas, os incubatórios de aves têm o papel fundamental de conectar diferentes origens de ovos embrionados e o destino das aves recém-nascidas em um mesmo ambiente.

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório, que podem gerar condições ideais para a disseminação de patógenos, com consequentes perdas embrionárias e de pintinhos, má qualidade das aves e enfermidades que levarão a grandes prejuízos.

As bactérias, de modo geral, podem penetrar no ovo pelos poros em menos de 30 minutos após a postura. Esta penetração é facilitada, nos primeiros minutos após a postura, pela umidade e temperatura natural do ovo. Durante a incubação, a umidade e a temperatura também favorecem o rápido aumento da população microbiana.

As fontes de contaminação em uma planta de incubação, além de ovos contaminados e penugem dos pintinhos, podem estar associadas a vários fatores como a qualidade do ar e da água, o fluxo de pessoas (funcionários e visitantes) e de veículos, a presença de pragas (roedores e insetos), pássaros, a remoção e tratamento de resíduos (biológicos, químicos e físicos) e a higienização de ambientes e equipamentos.

Os incubatórios de aves e os nascedouros também são uma área de alto risco, pois fornecem temperatura e umidade ideais para muitos microrganismos sobreviverem e se reproduzirem.

Os patógenos mais prejudiciais aos pintos de um dia que podem causar mortalidade embrionária, mortalidade ao nascer, aumento de refugos e mortalidade nas primeiras semanas de idade são: Escherichia coli, que serve como parâmetro quantitativo da contaminação bacteriana em um incubatório; Salmonella e Pseudomonas e fungos da espécie Aspergillus.

Pesquisas realizadas demostraram que 70% dos casos de onfalite e morte embrionária são causadas por Escherichia coli e quando estes embriões não morrem, os pintinhos apresentam má reabsorção do saco vitelino, não ganham peso e apresentam baixo desempenho.

O Aspergillus fumigatus é o fungo de maior importância que pode crescer em um ambiente de incubatório de aves. Existe uma associação entre a presença de grande número de colônias de Aspergillus fumigatus com o desenvolvimento de aspergilose clínica nos primeiros dias de vida do pintinho. No entanto, grande quantidade destes indica que há necessidade de uma melhor higienização dos ovos na granja ou no incubatório.

Programa sanitário

Um programa sanitário deve ser elaborado para minimizar os riscos relacionados as fontes de contaminação que prejudicam a qualidade dos produtos da “granja ao prato”, desde os ovos férteis até a carne servida a mesa do consumidor, pois afetam a saúde das aves e/ou a saúde pública, com ênfase especial aos microrganismos causadores de ETA (Enfermidades transmitidas por alimentos), como Salmonella spp, Escherichia coli, Campylobacter jejuni, Staphylococcus aureus e Clostridium sp.

O programa deve ser rotineiramente realizado e os resultados regularmente conferidos e interpretados usando processos-padrão contínuos de validação e monitoramento da população microbiológica.

Para que as aves possam expressar seu potencial genético e produtivo elas devem estar dentro de padrões de genética, nutrição, manejo, ambiente e microbiológico desde o primeiro dia de vida. A avaliação microbiológica qualitativa e quantitativa funciona como um termômetro dos processos relacionados as reprodutoras e as medidas de biosseguridade dos incubatórios a fim de conferir se o programa sanitário adotado está sendo eficaz no controle destes microrganismos.

Entre os principais itens a ser monitorados nos incubatórios estão: qualidade dos ovos, limpeza do ambiente e equipamentos utilizados nos processos (carrinhos, bandejas de ovos, caixas de pintos, triturador), limpeza e fluxo de caminhões de transporte de ovos e pintos, qualidade da água, contaminação de ovos bicados, mecônio, pintos de 1 dia, vacinas de aves, mãos dos sexadores, troca de filtros, entre outros, de acordo com a especificidade das plantas, sempre buscando cumprir as exigências sanitárias do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e legislações do mercado brasileiro e internacional.

Outras análises utilizadas são: pesquisa de Salmonella spp. em swabs de superfícies; pesquisa de salmonellas e/ou outras bactérias em penugens, ovos bicados, mecônio e pintos de 1 dia; análise microbiológica de solução vacinal; análise bacteriológica e físico-química da água de abastecimento e água destilada; monitoramento e diagnóstico de enfermidades através de exames sorológicos, histopatológicos, biologia molecular; entre outras análises extras.

Ao analisar os resultados é possível agir na causa do problema, em casos de amostras fora dos padrões de qualidade estabelecidos. Pode ser necessário revisar o manejo dos ovos na granja, melhorar o processo de desinfecção deles e/ou do incubatório, verificar os procedimentos de sanitização de ambientes e equipamentos, avaliar a limpeza do sistema de climatização de aviários, controlar a qualidade da água e conferir a desinfecção em incubadoras e nascedouros, conforme o mapeamento das falhas encontradas.

Tão importantes quanto as análises microbiológicas, treinamentos regulares dos funcionários, a avaliação da qualidade dos ovos (AQO), embriodiagnóstico realizado por pessoas especializadas e checklists frequentes dos procedimentos de boas práticas de produção são monitorias sanitárias que garantem o sucesso do programa de biosseguridade, e consequentemente, a qualidade do produto final do incubatório de aves, os pintinhos de um dia.

Fonte: Assessoria
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.