Avicultura
Frango fica mais pesado e eficiente ano após ano
Profissional de uma das maiores empresas genéticas do mundo explica que as aves brasileiras ganham até 70 gramas a mais a cada ano. Evolução do peso de abate ajuda a diluir custos da indústria
Será que a indústria avícola brasileira vai abater frangos com 3,5 quilos de peso vivo? Ou mais? Pelo andar da carruagem, parece que sim. A cada ano, as granjas de todo o país estão produzindo lotes de aves cada vez mais pesadas com a mesma idade de abate. Em 2017, diversas companhias processaram frangos de corte com três quilos, o que era inimaginável no início dos anos 2000, quando os animais eram abatidos com 2,2 quilos em média. A cada ano, as aves ganham até 70 gramas a mais no mesmo tempo de alojamento. O motivo para abater aves mais pesadas é simples: redução de custos.
O mestre em Ciências Veterinárias, Vitor Hugo Brandalize, que integra a equipe de suporte avícola de uma das maiores companhias genéticas do mundo, garante que as aves brasileiras vão ficar cada vez mais pesadas, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, país que já abate frangos com quatro quilos de peso vivo. Brandalize explica que nos últimos anos a demanda por carne de frango aumentou muito no mundo por conta do aumento da renda das pessoas, o que contribuiu para o avanço da avicultura a ponto de a carne de frango tornar-se, de acordo com ele, a mais consumida no planeta, ultrapassando a carne suína.
“A economia mundial vem crescendo nos últimos anos com números expressivos. Em 2017 os índices foram superiores a 3,5% e com uma projeção de crescimento de 3,6% para 2018. Existe uma correlação diretamente proporcional entre o PIB dos países e o consumo de proteína animal. Como o PIB vem crescendo no mundo, o consumo de proteína animal vem crescendo também. Como a carne de frango é uma fonte proteica de excelente qualidade e sem nenhuma restrição, seja religiosa, nutricional, etc., além de ser mais barata em relação às outras fontes de proteína animal, a produção e o consumo de frangos no mundo estão crescendo acima das outras fontes proteicas”, cita. “Atualmente, a carne de frango é a carne mais consumida no mundo!”, assinala Brandalize.
Mesmo com o consumo aumentando ano a ano – o brasileiro consumiu 42 quilos de carne de frango/per capita em 2017, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) -, explica Brandalize, as empresas e cooperativas integradoras estão tendo queda nos lucros por conta da elevação dos custos. Para combater esse problema, estão investindo em aves cada vez maiores. A cooperativa Copagril, de Marechal Cândido Rondon, PR, por exemplo, aumentou o peso de abate de 2,7 para três quilos em 12 anos atuando na avicultura. “Embora o consumo de carne de frango esteja crescendo no Brasil e no mundo, as empresas produtoras deste alimento estão enfrentando alguns desafios, como o aumento dos custos dos grãos, da mão de obra, dos fretes terrestres e marítimos, da energia elétrica, entre outros. No Brasil, anualmente os custos de mão de obra aumentam mais que 10%, lembrando que este é o segundo maior custo das plantas frigoríficas, ficando atrás apenas do custo da matéria prima, ou seja, do frango vivo. Em contrapartida, as empresas têm dificuldades para repassar estes custos para o cliente final. Portanto, uma forma de diluir este aumento de custos é aumentando o peso de abate das aves, pois o mesmo colaborador que processa um frango de 2,0 Kg processará um frango com mais de 3,0 Kg”, aponta o profissional de Suporte Técnico da Cobb-Vantress.
Mais eficiência
Brandalize atribui a quatro fatores essenciais que contribuem para que as aves ganhem mais peso em um mesmo tempo, com destaque para a seleção genética. “Estes fatores são sanidade, manejo, nutrição e genética. Todos eles são muito importantes, no entanto os programas de seleção genética são os grandes responsáveis por estes ganhos”, aponta.
Ele explica que as companhias selecionam aves cada vez mais eficientes em várias características, como eficiência alimentar. “As companhias de melhoramento genético utilizam muitas características durante o processo de seleção das aves, mas os fatores mais importantes nestes programas de seleção nos frangos de corte são peso médio (ganho de peso diário), conversão alimentar e rendimento de carcaça”, enumera. “Todos os anos, estas aves serão mais pesadas – quando comparamos com a mesma idade -, apresentarão uma maior eficiência alimentar e um maior rendimento de carcaça”, evidencia o profissional.
A cada ano, o frango atinge a idade de abate pelo menos 50 gramas mais eficiente. Ou seja, esse frango não vai comprometer, por exemplo, o número de lotes/ano produzidos. “Devido ao programa de seleção genética, anualmente para uma mesma idade de abate as aves ganham entre 50 e 70 gramas, portanto, as empresas podem aumentar o peso médio das aves sem comprometer a idade de abate”, argumenta.
De acordo com ele, hoje a avicultura brasileira abate em média frangos com 2,94 quilos. “O desempenho de um frango, como GPD, conversão alimentar, tempo para abate e peso, depende da eficiência de cada companhia, no entanto, no Brasil as aves apresentam um desempenho próximo à peso médio de 2,94 Kg, conversão alimentar ajustada (2,70 Kg) igual a 1,74 e idade de abate aos 46 dias”, aponta Brandalize. “Muitas empresas no Brasil abatem frangos com pesos superiores a três quilos. Devido ao aumento dos custos de mão de obra especialmente, as empresas estão aumentando os pesos de abate dos frangos anualmente”, reitera.
Bom para a indústria e para o produtor
Se para a indústria produzir aves mais pesadas dilui custos e melhora a rentabilidade da atividade, para o avicultor é também um bom negócio. Ele explica que as integradoras pagam mais para produtores que atingem melhores níveis de conversão alimentar, e essa característica vem sendo aprimorada nas aves modernas. “Além de não comprometer o tempo de abate, existe uma melhoria contínua na conversão alimentar das aves, o que beneficia os produtores, pois na ampla maioria das empresas a conversão alimentar possui um grande impacto no sistema de remuneração do integrado”, indica.
E o consumidor?
Mas quem está definindo esse cenário: o consumidor ou a indústria? Para Brandalize, “existe um equilíbrio entre o consumidor e a indústria, mas indiferente do segmento de negócios, existe uma regra na qual o consumidor acaba determinando a tendência e o futuro dos negócios, sempre!”.
Para ele, o brasileiro vai encontrar cortes cada vez maiores nos supermercados. “O aumento do tamanho das aves proporciona um aumento no tamanho dos cortes destes frangos -partes. O peito e as pernas representam mais que 50% do peso total destes frangos, portanto o consumidor poderá encontrar nos mercados estas partes com tamanhos maiores”, destaca.
Sendo o Brasil o maior exportador de frangos do mundo, é preciso entender também outros mercados. De acordo com Brandalize, atualmente cerca de 40% dos frangos produzidos nos Estados Unidos já são abatidos com 3,5 quilos e que há experiências com aves de até quatro quilos. “Nos Estados Unidos, eles comercializam grande parte dos produtos processados, como peito filetado, nuggets, etc., o que permite que possam ser abatidas aves muito pesadas, já que as partes dos frangos serão segmentadas. Como no Brasil, as companhias americanas estão aumentando anualmente o peso de abate das aves, no entanto, eles iniciaram este processo antes nós. Lá existem muitas companhias que abatem frangos com um peso médio superior a quatro quilos”, destaca.
Investimentos
Para Brandalize, as mudanças sugerem que as empresas produtoras de carne de frango terão que investir em suas plantas frigoríficas, com destaque para a automação e redução de atividades manuais. “Para que isto seja factível, as empresas precisarão fazer investimentos em equipamentos nas plantas frigoríficas, além de desenvolver um novo perfil do mercado consumidor. Em contrapartida, devido ao aumento dos custos de mão de obra, que são contínuos, as empresas precisarão desenvolver um plano de investimentos através da automação para diminuir a dependência de atividades manuais, com equipamentos que permitam processar estas aves”, cita Brandalize.
Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
