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Frango é a carne do futuro, mas corrupção atrapalha o Brasil

Opinião é de Osler Desouzart, um dos expoentes das carnes no comércio mundial

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O Presente Rural entrevistou Osler Desouzart, um dos expoentes das carnes no comércio mundial, com 43 anos de atuação na construção das exportações brasileiras. Em 17 de maio, Osler faz palestra defendendo o frango como a carne do futuro, durante a Conferência Facta (Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas) WPSA Brasil, que acontece maio, em Campinas, SP.

Osler é atualmente membro da Diretoria Consultiva do World Agricultural Forum (Fórum Agrícola Mundial), membro da equipe do The Sustainable Food Laboratory (Laboratório de Alimentos Sustentáveis) e tem sua companhia de consultoria. Passou a maior parte de sua vida profissional no marketing internacional de carnes, participou da construção e desenvolvimento das exportações brasileiras de carne desde suas etapas iniciais e ocupou cargos em várias associações profissionais. Ele já trabalhou no Brasil, Espanha, França e Suíça.

O Presente Rural questionou Osler sobre o tema e outros assuntos. Ele não vê com otimismo o ano de 2018 para a avicultura brasileira, tem um discurso ácido contra a corrupção, que, em sua opinião, é o grande problema que inibe as exportações, mas aposta no produtor brasileiro. “Somos capazes de nos adaptarmos às exigências ambientais, aos modismos de consumo, aos novos patamares de bem-estar animal e a um consumidor que cambia constantemente seus desejos e seus valores”.

O Presente Rural (OP Rural) – O mundo vem aumentando o consumo de proteína animal ano a ano. Quais os motivos?

Osler Desouzart (OD) – Estudo 204 países e em 202 deles o que constato é que na medida em que a renda aumenta a dieta muda para incluir mais produtos de origem vegetal, principalmente carnes.

E o exemplo do Planeta China permite que até cegos bem intencionados enxerguem a justeza conclusão de que mais renda é igual a mais carnes.

OP Rural – Gostaria que o senhor respondesse o título da palestra. Frango: a carne do futuro. Por que?

OD – O mundo possui recursos naturais usados na agropecuária conhecidos e finitos – terra arável, água e fotossíntese. Das carnes, o frango é o mais eficiente no uso desses recursos. Além disso, em 2014 havia produção avícola em 208 de 214 países e territórios que registraram produção de qualquer tipo de carne.

Frango é acessível, disponível, fácil de achar, conveniente, versátil, fácil para o consumidor preparar, podendo ser cozinhado em miríades de formas e seu sabor é normalmente universalmente aceito. Frango não sofre nenhuma restrição religiosa para seu consumo e é considerada uma carne saudável de baixo nível de gordura.

Mais produtos de frango foram lançados desde a década de 90 do que de todas as outras carnes juntas. Essa inovação constante processa seu consumo viável várias vezes por semana sem monotonia para o consumidor.

OP Rural – A carne suína é a mais consumida no mundo. O frango tende a ocupar esse espaço?

OD – Certamente. As previsões indicam que em 2019 ou em 2020 a carne de aves se tornará a mais produzida no mundo. Entretanto, isso é uma mera curiosidade estatística, pois a carne suína ainda guardará 1/3 do consumo mundial de carnes, posição que as projeções demonstram que permanecerá até pelo menos 2050.

OP Rural – Ao contrário do mundo, o brasileiro come muito mais carne de frango do que suína. Trata-se de questões culturais, econômicas ou outras situações?

OD – Durante muito tempo a carne suína sofreu de preconceitos no Brasil por falta de informações corretas junto à classe médica e ao consumidor. A iniciativa “Um Novo Olhar sobre a Carne Suína” ajudou a mudar isso. Ainda estamos nas fases iniciais dessa mudança que deverá se acelerar na medida em que a carne bovina se torne mais cara e que o consumidor atinge um patamar de saturação da carne de aves, que estimo no caso brasileiro em 56kg/hab/ano.

OP Rural – Em que países/regiões o consumo tende a diminuir?

OD – Diminuição propriamente dita, em nenhuma região, conforme se pode deduzir do gráfico incluído na resposta anterior. A modificação que existe em curso é que até a metade da década de 90 os países desenvolvidos eram o vetor do crescimento da indústria. No futuro deixarão de sê-lo, seja em consumo como produção.

OP Rural – Quais os desafios para ampliar a produção de frango no Brasil?

OD – Custo Brasil. Os maiores inimigos que temos: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. Uma classe de políticos e dirigentes que não valoriza o agronegócio, ainda que seja este que pague as contas de administrações públicas ineptas e corruptas. A fama de latrocracia que o Brasil infelizmente adquiriu graças à impunidade total, geral e irrestrita, com os políticos votando leis que os protejam das leis, um executivo propondo anistias e indultos para seus comparsas e um judiciário com suas cortes superiores integradas por nomeados pela classe política, muitas vezes com pessoas com notória falta de saber jurídico, tendo como fito único soltá-los e inocentá-los. Tal se reflete sobre nossas exportações de todas as carnes e produtos do campo, pois como já ouvi na Europa: “vocês são competitivos porque não precisam obedecer às leis” e “basta pagar para conseguir o que querem, já que seu governo é corrupto em todos os escalões”. Abrindo os jornais diários fica difícil dizer que não entendemos que os estrangeiros assim pensem, pois não há um dia nos últimos 15 anos em que não surja uma notícia sobre escândalos e garantia de impunidade ampla, geral e irrestrita.

É evidente que tal faz parte do “Custo Brasil” e onde se tira de quem trabalha para dar a quem é pago para não trabalhar.

O resto não constitui problemas para o campo, pois somos capazes de nos adaptarmos às exigências ambientais, aos modismos de consumo, aos novos patamares de bem-estar animal e a um consumidor que cambia constantemente seus desejos e seus valores.

OP Rural – Bem-estar animal, produção sem antibióticos… Qual a tendência do ponto de vista do consumidor?

OD – Caminho sem volta. Antibiótico deve ser a última linha defesa e não o primeiro combate.

OP Rural – Esses novos conceitos do consumidor podem dificultar a produção e a produtividade?

OD – Simples. Adapte-se ou junte-se aos dinossauros como espécie extinta. Perdoe-me que cite a mim mesmo: A forma mais eficiente de adaptar-se às mudanças é antecipando-as.

OP Rural – O que as grandes redes de alimentação projetam para as carnes – e para o frango?

OD – Perdoe-me, mas essa pergunta foge da minha alçada e pertence ao grande varejo. A única coisa que posso comentar é que o grande varejo não ignora a importância da carne de aves na dieta do brasileiro e que bobo é uma mercadoria que anda em falta no mercado e dificilíssimos de achar nas grandes redes.

OP Rural – Como episódios como o da BRF podem influenciar o consumo?

OD – Ao contrário de juízes das cortes superiores do nosso sistema judiciário, vou me declarar impedido de comentar por ter sido diretor das duas empresas que vieram a constituir a BRF. Tal impedimento não me proíbe de dizer que acho que um ponto fora da curva não deve obscurecer uma história de 70 anos de correção, respeito e exemplo para todos nós.

OP Rural – Como senhor observa o cenário para o frango para este ano, após a Carne Fraca envolvendo especificamente o frango?

OD – Não vejo com otimismo. A Carne Fraca nos colocou na vala comum dos escândalos de corrupção que explodem diariamente neste país. Ao contrário dos corruptos, não estamos protegidos por fórum especial, por indultos indecentes, por juízes nomeados por nós mesmos e nem somos defendidos por advogados remunerados a peso de ouro, pagos com o dinheiro público desviado. Não temos também redes de comunicações e órgãos de imprensa financiados por esse mesmo dinheiro desviado para defendermos permanentemente.

Nós estamos sós e já fomos condenados pelo mercado internacional a perder uma reputação que levamos 40 anos para construir. Agora é cumprir a pena sem o amparo de fórum privilegiado, de anistias ou de indultos. Vamos ter infelizmente um ano amargo nas exportações e não preciso dizer que, quando estas vão mal não há o que festejar em todo o setor. 

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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