Notícias 2ª edição
Fórum de Vitaminas do Sindirações trouxe importantes conclusões para o setor de alimentação animal
Vitaminas não são comodities, são essenciais para manter a qualidade do produto e a alimentação adequada dos animais. Cada fabricante tem um processo produtivo e uma formulação que imprime características distintas em seus produtos

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) realizou a 2ª edição do Fórum de Vitaminas, que reuniu 120 participantes de empresas e indústrias de vitaminas e ingredientes para nutrição animal. O Fórum teve como objetivo compartilhar conhecimento e foi essencial para desmistificar mitos e trazer informações técnicas sobre a funcionalidade dos estudos e composição das amostras a fim de despertar cada vez mais o conhecimento sobre o segmento da nutrição animal.

CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani: “O Fórum é importante para debater sobre como funciona a produção, além da importância das vitaminas para alimentação animal, armazenamento, cuidados, preparos, avaliação de resultados e análises dos produtos” – Fotos: Divulgação/Sindirações
Realizado pela primeira vez em 2018, e retornando este ano após a pandemia, o 2º Fórum de Vitaminas contou com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e outras associações do setor. Para Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, o evento foi uma jornada de conhecimento sobre a essencialidade do Sindirações de atuar como interlocutor da produção de insumos e vitaminas. “O Fórum é importante para debater sobre como funciona a produção, além da importância das vitaminas para alimentação animal, armazenamento, cuidados, preparos, avaliação de resultados e análises dos produtos”, disse.
No Brasil, não há uma padronização da metodologia, mas alguns laboratórios, inclusive com o apoio do Sindirações, estão tentando mudar isso. Cada fabricante tem um processo produtivo e uma formulação que imprime características distintas em seus produtos, como: estabilidade, biodisponibilidade, presença ou não de contaminantes. Tudo isso é essencial para não se considerar as vitaminas como comodities. Conhecer melhor as características das vitaminas é essencial para manter a qualidade do produto e a alimentação adequada dos animais.
Conclusões importantes do II Fórum de Vitaminas
A multidisciplinaridade e diversidade de palestrantes foram essenciais para trocar conhecimentos. Ao longo do dia de palestras e argumentações, o 2º Fórum de Vitaminas deixou importantes conclusões para o setor:
Os laboratórios precisam conhecer os processos de produção das vitaminas, em conjunto com os produtores. São diversos os fatores que afetam a estabilidade das vitaminas, e isso ocorre durante as diversas fases da produção das rações animais, o que impactam diretamente na manutenção dos níveis adicionados e por consequência, a quantidade final que chega até os animais.
A biodisponibilidade e a segurança na produção são pontos chaves para a qualidade das vitaminas: importância de fazer uma seleção química mais estável por meio de testes de eficácia; fazer uma seleção de características físicas que garantam uma melhor miscibilidade e facilidade para fabricação; e o tipo de tecnologia empregada na formulação da vitamina, define a qualidade final do produto comercial.
O fundamento da formulação de produtos deve seguir alta qualidade e rastreamento das matérias primas, componentes ativos (vitaminas, carotenoides, enzimas e eubióticos), tecnologia, e performance do produto (manuseio, mistura, estabilidade e biodisponibilidade)
O ciclo de desenvolvimento da produção das vitaminas é primordial e deve seguir um ciclo composto por: formulação, avaliação da aplicação, avaliação in vivo, industrialização, lançamento do produto e feedback do mercado.
Para manter a qualidade e capacidade de mistura das vitaminas com as rações, é essencial avaliar todas as características físicas das vitaminas; escolher equipamentos de mistura que tenham densidade e perfil granulométrico compatível com a dos produtos a serem misturados; observar e seguir especificações dos equipamentos e definir uma ordem de ação dos produtos a serem colocados no misturador.
As vitaminas atuam como catalisadores ou reguladores metabólicos. Dessa forma, participam de uma série de reações do organismo, com ênfase no aumento da produtividade dos animais e fortalecimento do sistema imunológico.
O Fórum foi organizado pelos integrantes da Comissão de Métodos Analíticos, responsáveis pela organização e definição da programação e dos palestrantes. A Comissão é uma das mais antigas do Sindirações, e se reúne há mais de 30 anos, com a finalidade discutir a elaboração e a avaliação de metodologias analíticas. É composta por membros da indústria, a maioria profissionais de laboratórios de empresas de nutrição animal. Possui caráter técnico-científico e conta com a colaboração do Mapa, por meio do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), além da colaboração de entidades como a Embrapa Pecuária Sudeste.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



