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Forrageiras adaptadas evitam desmatamento de 23 milhões de hectares na Amazônia

Tecnologias permitiram mais do que triplicar a taxa de lotação dos pastos, possibilitando aumentar a produtividade sem precisar expandir a área de pastagem

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Carlos Maurício de Andrade

Cultivares de gramíneas desenvolvidas pela Embrapa têm ajudado produtores rurais da Amazônia a manter a atividade pecuária produtiva mesmo em áreas com encharcamento, problema que causa a degradação e morte de pastagens na região. Adaptadas a solos com baixa capacidade de drenagem, essas gramíneas apresentam boa resistência no pasto e elevada produção de forragem de qualidade, características que proporcionam vida longa às pastagens e aumentam a sua capacidade de suporte. Em propriedades rurais do Acre, essas tecnologias mais que triplicaram a taxa de lotação do pasto, que subiu de uma para 3,6 Unidades Animal (UA) por hectare, com ganhos para as famílias rurais e para o meio ambiente. Esse aumento de produtividade evitou a abertura de novas áreas para a formação de pastagens. Estima-se que foram poupados 23 milhões de hectares de floresta, que não precisaram ser desmatados.

Estudos sobre a degradação de pastagens, com foco no desenvolvimento de soluções tecnológicas, são realizados pela Embrapa desde 1990, por meio de diferentes projetos executados em diversos estados, em parceria com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) e outras instituições do setor produtivo. Como resultado desse esforço integrado de pesquisa, nos últimos 20 anos foram disponibilizadas para o mercado 14 cultivares de forrageiras dos gêneros ArachisBrachiaria, Cynodon e Panicum, recomendadas para cultivo em solos encharcados, característicos da Amazônia. Entre essas tecnologias estão a grama-estrela-roxa e os capins BRS Xaraés, BRS Piatã, BRS Zuri, Humidícola e Tangola, que integram a lista das gramíneas mais cultivadas na região.

“Além de proporcionar longevidade às pastagens, as forrageiras resistentes ao encharcamento também sãotolerantes a pragas e doenças e se destacam pela qualidade nutricional da forragem, devido ao elevado teor de proteína bruta. Esses fatores melhoram a dieta animal e influenciam positivamente a produção e a rentabilidade dos sistemas pecuários da região”, afirma o pesquisador da Embrapa Acre, Carlos Maurício de Andrade.

Resultados na produção

As forrageiras adaptadas desenvolvidas pela Embrapa atendem a diferentes particularidades dos solos de propriedades rurais amazônicas, desde áreas relativamente úmidas até aquelas em condições extremas de encharcamento. Na busca por alternativas para tornar o pasto mais produtivo em solos sujeitos ao encharcamento, pecuaristas da região apostaram no uso dessas forrageiras tanto para recuperação de pastos degradados como para formação de novas áreas de pastagem.

Um desses capins resistentes, o BRS Piatã, conquistou a preferência do produtor Edmar Cordeiro, proprietário da Fazenda Paloma, localizada a 100 quilômetros de Rio Branco (AC). Em 2007, ele elegeu a forrageira para substituir os quatro mil hectares de pastagem de capim-braquiarão, existentes. Para diversificar a alimentação do rebanho, há três anos também cultiva a grama-estrela-roxa e o capim BRS Zuri, gramíneas com boa adaptação a solos com capacidade intermediária de drenagem, predominantes na propriedade.

“Durante muitos anos convivemos com prejuízos na atividade, devido à degradação e morte das pastagens. Testamos inúmeras variedades de capins disponíveis no mercado, até chegar às gramíneas adaptadas. Com essas forrageiras, ampliamos a oferta de alimento para o gado, que passou a engordar mais, em menos tempo, e dispomos de pasto de qualidade por longos períodos. Outro ganho proporcionado por essas tecnologias foi o aumento da taxa de lotação das pastagens, de uma para duas Unidades Animal (UA)/hectare, sem adubação, e para 3,7 UA/ha em solo adubado”, destaca o pecuarista.

Na fazenda Batista, localizada no quilômetro 90 da Estrada Transacreana (Rio Branco/AC), o produtor Edilson Alves de Araújo encontrou no capim Xaraés a solução para obter pasto de qualidade em solos extremamente encharcados. Há 13 anos investe na substituição de antigas pastagens de capim-braquiarão por essa forrageira resistente, e a tecnologia já ocupa 60% dos 1.700 hectares destinados à atividade pecuária. Na área restante também plantou o capim BRS Zuri e o capim Mombaça, entre outras variedades de gramíneas adaptadas.

“Optamos por fazer um trabalho preventivo, associando diferentes tipos de forrageiras recomendadas pela pesquisa, para diversificar o pasto e evitar a degradação. Com essa estratégia, saímos de um processo de regressão e perdas constantes na atividade pecuária, devido à morte do capim-braquiarão, para vivenciar uma situação de excelência na qualidade e desempenho das pastagens”, ressalta Araújo.

Degradação de pastagens

A pecuária bovina brasileira é praticada predominantemente à pasto. Segundo dados do Mapbiomas, entre 1985 e 2018, a área de pastagens no País cresceu 43%, passando de 128 para 183 milhões de hectares. Estima-se que 70% dessa área, cerca de 130 milhões de hectares de pastagens, apresentem algum grau de degradação, situação que causa perdas na produção e prejuízos para os produtores rurais, nas diferentes regiões.

Pesquisas da Embrapa indicam que no contexto amazônico existem, aproximadamente, 15 milhões de hectares de pastagens degradadas. A principal causa do problema é a Síndrome da morte capim-braquiarão (cultivar marandu), doença que ocorre no Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, em áreas com solos mal drenados.

De acordo com Andrade, em condições de encharcamento, o capim-braquiarão fica vulnerável à ação de fungos presentes no solo, que atacam as suas raízes e reduzem a capacidade de oxigenação, resultando na morte da pastagem e na infestação de plantas invasoras. A forma mais eficiente de lidar com a degradação do pasto causada pela morte do capim-braquiarão é substituir a gramínea, nas áreas afetadas ou em risco, por forrageiras tolerantes ao encharcamento do solo, recomendadas pela pesquisa.

“Quando essa variedade de Brachiaria brizantha, também conhecida como brizantão, chegou ao mercado, em 1984, havia poucas opções de forrageiras disponíveis. Por ser resistente a diferentes espécies de cigarrinha-das-pastagens e apresentar outros atributos, como boa produção de forragem e de sementes de qualidade, além de excelentes características nutricionais, em pouco tempo se tornou a forrageira mais plantada no Brasil. Entretanto, em função da baixa resistência a solos com pouca capacidade de drenagem, a partir de 1994 começaram a surgir os primeiros casos de morte dessas pastagens na Amazônia e o problema se espalhou pela região”, conta o pesquisador.

Zoneamento de risco das pastagens

Para mensurar a gravidade da degradação de pastagens na Amazônia, pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma metodologia de Zoneamento de Risco da Síndrome da morte do capim-braquiarão. O estudo mostrou que emlocalidades com predominância de solos sujeitos ao encharcamento e intenso regime de chuvas por longos períodos do ano, a degradação de pastagens devido à morte do capim-braquiarão se acentua.

“No Acre, primeiro estado a contar com esse mapeamento de solos, a doença está presente em 100% das fazendas pecuárias, em função do cultivo do capim-braquiarão em larga escala durante as décadas de 1980 e 1990. 71,8% dos solos acreanos apresentam alto risco para a Síndrome da morte do capim-braquiarão, em 8,6% os riscos são medianos e 19,6% das áreas são de baixo risco para a doença”, diz Andrade.

Replicada para outras localidades, a metodologia de zoneamento de risco de morte de pastagens indica as áreas com solos susceptíveis ao encharcamento, fator que tem contribuído para orientar a tomada de decisão dos produtores rurais. No Mato Grosso, estado detentor do maior rebanho bovino do País, com 29 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo da Embrapa identificou mais de dois milhões de hectares de pastagem com algum estágio de degradação e indicou alto risco de ocorrência da Síndrome da morte do capim-braquiarão em 27,2% dos solos.

Consórcio com leguminosa melhora desempenho do rebanho 

A predominância da pecuária bovina à pasto no território nacional impõe a necessidade de adoção de tecnologias para manter as áreas produtivas. Além de bem adaptadas às condições de clima e solos da região amazônica, as gramíneas resistentes podem ser cultivadas com diferentes leguminosas, especialmente com o amendoim forrageiro. A planta é persistente em solos com baixa capacidade de drenagem, rica em proteína bruta (entre 18% e 25%) e tem capacidade de capturar do ar e fixar na pastagem até 150 quilos de nitrogênio, por hectare, o correspondente a 330 quilos de ureia, em função da sua associação com bactérias que vivem na terra.

Estudos realizados com pastagens consorciadas com essa leguminosa, em sistema de cria e engorda, em propriedades rurais do Acre, confirmaram aumento de até 46% na produtividade do rebanho, em relação ao desempenho animal em pastos puros. “O consórcio com amendoim forrageiro ajuda a tornar o pasto mais produtivo e melhora a sua qualidade nutricional, em função da adubação natural e do aporte proteico, resultando em ganhos na produtividade do rebanho e economia para o produtor rural. No entanto, para garantir resultados eficientes na pastagem, essa prática deve ser aliada a procedimentos adequados de manejo, como o pastejo do gado sob rotação, para descanso e recuperação das forrageiras”, explica o pesquisador da Embrapa, Judson Valentim.

Tecnologias evitaram desmatamento de 23 milhões de hectares

Na opinião de Andrade, as forrageiras resistentes ao encharcamento do solo, desenvolvidas pela pesquisa, representam a principal inovação tecnológica da pecuária na Amazônia, por permitirem desenvolver a atividade de forma sustentável na região. Além de reduzir riscos na atividade e garantir retorno econômico para os produtores rurais, a adoção de variedades de capins adaptadas a solos de baixa permeabilidade proporciona ganhos ambientais. “O uso crescente dessas gramíneas tem possibilitado o reaproveitamento de áreas desmatadas e improdutivas na região”, afirma.

Valentim complementa que além da incorporação de áreas alteradas, o aumento da capacidade de suporte das pastagens, viabilizado pelo uso de forrageiras adaptadas, também tem contribuído para reduzir a pressão sobre a floresta amazônica por evitar a abertura de novas áreas aos sistemas pecuários da região. O uso dessas tecnologiasem larga escala permitiu evitar o desmatamento adicional de 23 milhões de hectares de floresta, em atendimento a preceitos de sustentabilidade.

“É possível tornar a atividade pecuária mais produtiva e atender a exigências legais especificas do setor. A adoção de alternativas tecnológicas para intensificação sustentável desses sistemas gera benefícios em cadeia. Ganham os produtores, com o aumento da produtividade e lucratividade dos rebanhos; ganham as regiões, com o desenvolvimento econômico proporcionado pelos investimentos no segmento pecuário; e a população global, com uma produção mais limpa que favorece a manutenção e conservação de áreas nativas”, destaca o pesquisador.

Estudos científicos também comprovam que em pastagens implantadas e manejadas adequadamente, as cultivares de forrageiras adaptadas possibilitam o sequestro de carbono no solo e diminuem as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera. Tais benefícios podem contribuir para o cumprimento do compromisso voluntário brasileiro, assumido durante a COP-15 e oficializado pela Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), de reduzir entre 36,1% e 38,9% o volume dessas emissões.

Fonte: Embrapa Acre

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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