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Formação da microbiota intestinal de aves de produção
A quantidade e a composição da microbiota intestinal dependem da idade, meio ambiente, dieta e segmento intestinal
Artigo escrito por Christiane Matias, médica veterinária, PhD e gerente Técnico Comercial da Biomin
O trato gastrointestinal constitui-se de uma complexa comunidade de microorganismos, composta predominantemente de bactérias, contudo, podem estar presentes também alguns fungos e protozoários. A quantidade e a composição da microbiota intestinal dependem da idade, meio ambiente, dieta e segmento intestinal.
O embrião de ave pode ser colonizado por microorganismos de forma vertical, os microrganismos presentes no aparelho reprodutor podem colonizar o embrião durante a formação do ovo. Também pode ocorrer a colonização a partir do 14º dia de incubação ao ingerir o conteúdo do fluido amniótico. Além disso, o saco vitelínico infectado permite que os microrganismos sejam absorvidos junto com o conteúdo do saco da gema.
Após a eclosão, o pintinho tem contato com microorganismos de forma constante. A continua exposição via ração, água, cama, insetos, poeira e pessoas propicia o desenvolvimento e amadurecimento das comunidades microbiana.
Manter o equilíbrio da microbiota é fundamental para manter o crescimento e a saúde das aves. Visto que, os microrganismos que vivem de maneira comensal no intestino podem proteger o hospedeiro da colonização por patógenos invasores, competindo por sítios de ligação e nutrientes, além, de fortalecer a resposta imune intestinal por meio da produção de bacteriocinas e contribuir para a renovação celular. A microbiota benéfica estimula a produção de mucina, que ajuda a inibir a translocação bacteriana e também podem modular a expressão de genes envolvidos em funções como absorção, fortificar a barreira mucosa, metabolismo e maturação de células.
Inicialmente, a microbiota presente no trato gastrointestinal é imatura, com baixa diversidade. Na primeira semana, as principais espécies bacterianas observadas são Clostridiales (Clostridium e Ruminococcus), Lactobacillus e Proteobacterias (Salmonella e E. coli). Isto pode ser explicado pelo fato do intestino da ave logo após a eclosão estar imaturo, não possuindo uma resposta imune eficiente contra esses patógenos. Além disso, após a eclosão a microbiota não está totalmente estabelecida, portanto, a ave é suscetível à invasão de patógenos.
O período entre 14 e 28 dias é considerado a maturação. No ceco, se mantêm a predominância de Clostridiales. No íleo, ainda são detectadas quantidades significativas de Enterococcus e Streptococcus, entretanto, ocorre aumento na quantidade de Lactobacillus e decresce a quantidade de Clostridiales.
Após os 30 dias, considera-se que as populações estão atingindo a maturidade. A composição da microbiota intestinal varia ao longo do trato e pode-se observar que o principal local de atividade bacteriana é o ceco (onde ocorre a fermentação), e em menor extensão o intestino delgado (Figura 1).
O duodeno possui condições desfavoráveis ao desenvolvimento da microbiota devido à ação de inúmeras enzimas, alta concentração de oxigênio, presença de compostos antimicrobianos como, por exemplo, sais biliares, e movimentos de refluxos para a moela. No íleo, a colonização é mais propícia devido a menor concentração de oxigênio e menor ação de enzimas e sais biliares. Já o ceco, devido ao trânsito de conteúdo intestinal mais lento, há facilidade no desenvolvimento bacteriano. A maioria das bactérias Gram-positivas e anaeróbios facultativos são encontradas no íleo, enquanto que nos cecos, são encontrados, em sua maioria, bactérias anaeróbicas estritas. De forma geral, observa-se predominância de Clostridiales nos cecos e Lactobacillus no íleo.
Estima-se que as aves adultas possuem no trato gastrointestinal de 400 a 500 espécies microbianas vivendo em equilíbrio entre si. Deste total, a maior proporção, cerca de 90%, é constituída por bactérias facultativas (aeróbicas ou anaeróbicas), produtoras de ácido lático (Lactobacillus spp., Bifidobacterium spp.) e as bactérias exclusivamente anaeróbicas como Bacterioides spp., Fusobacterium spp.e Eubacterium spp. O restante inclui bactérias consideradas nocivas ao hospedeiro, sendo elas: Escherichia coli e Clostridium spp.
O sistema digestório tem a capacidade de responder aos estímulos externos, possibilitando a manipulação de suas características morfofuncionais. Mudanças alimentares, matérias-primas de baixa qualidade, micotoxinas, estresse térmico e jejum prolongado são alguns exemplos que podem influenciar diretamente o equilíbrio da microbiota bem como a susceptibilidade à patógenos.
Quando há perturbação do equilíbrio da microbiota normal pode ocorrer uma colonização indesejada por patógenos que são capazes de causar lesões no trato gastrointestinal. Além disso, estes patógenos ao colonizar o sistema digestório, podem atingir a corrente sanguínea e serem carreados para outros órgãos e causar consequências clínicas sistêmicas e relevantes.
O estimulo à colonização por microbiota benéfica pode ser feito por meio de aditivos alimentares, como ácidos orgânicos e inorgânicos, fitogênicos, prebióticos, probióticos e simbióticos.
Segundo a FAO/OMS os probióticos podem ser definidos como “microrganismos vivos que, quando administrado em quantidades adequadas, confere um bom benefício à saúde do hospedeiro”. Os probióticos têm a capacidade de fazer a modulação da flora intestinal permitindo assim o aumento substancial de bactérias benéficas.
Os probióticos são uma boa ferramenta para promover a redução das bactérias patogênicas porque atuam por meio da regulação do sistema imunológico, competição por sítios de ligação na mucosa intestinal, fortalecimento da função da barreira epitelial, produção de ácidos graxos e liberação de bacteriocinas.
Desta forma, podemos concluir que a composição da microbiota intestinal não é estática, ocorre a colonização bacteriana ao longo do tempo, com formação de um ecossistema considerado estável a medida que os animais ficam mais velhos. O uso de probióticos principalmente na fase inicial de vida das aves pode auxiliar na modulação da microbiota intestinal de forma benéfica por que as primeiras bactérias a chegar ao intestino, são capazes de efetivamente bloquear o crescimento de outras bactérias introduzidas posteriormente no ecossistema.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2020 ou online.
Avicultura Em Porto Alegre
Asgav promove evento sobre prevenção de incêndios nas indústrias
Encontro contou com especialistas do Corpo de Bombeiros.
Na última terça-feira (19), a Asgav realizou um importante evento via web, onde participaram integrantes das indústrias de aves e suínos de diversos estados do Brasil, com mais de 150 participantes inscritos.
O evento abordou o tema “Prevenção de Incêndios: Regras e Práticas de Prevenção na Indústria” e contou com uma palestra especial do Tenente Coronel Éderson Fioravante Lunardi do Corpo de Bombeiros e Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul.
A inciativa da Asgav também contou com apoio da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, propiciando a participação de indústrias e cooperativas de aves e suínos de diversos estados do Brasil.
“Nos últimos anos, temos registrado diversos incêndios em indústrias do setor e buscar informações atualizadas com especialistas, discutir leis e procedimentos e a troca de informações entre diversas indústrias do setor também é uma forma de intensificar a prevenção”, comentou José Eduardo dos Santos – Presidente Executivo da O.A.RS (Asgav/Sipargs).
Na apresentação do representante do corpo e bombeiros foram abordados alguns registros de incêndios em outros países e no Brasil, as causas, falhas e fatores que propiciaram os sinistros.
As regras e leis dos programas de prevenção contra incêndios também foram amplamente abordadas e dialogadas com os participantes.
Segundo o representante da Asgav, o tema também será objeto de encontros presenciais e troca de informações entre estados, principalmente na área de Segurança e Saúde do Trabalho, contado com a participação dos especialistas do corpo de bombeiros.
Avicultura
Conbrasfran 2024 começa nesta segunda-feira (25), com governador em exercício do Rio Grande do Sul Gabriel Souza e outras autoridades
Na palestra de abertura, Souza vai discutir os desafios deste ano, medidas de enfrentamento e a superação.
A cidade de Gramado, na serra gaúcha, vai sediar a Conbrasfran 2024, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango, evento promovido pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). O encontro, que acontece a partir de segunda-feira, dia 25, vai reunir líderes políticos, empresariais e investidores de destaque de todo o país para debater oportunidades e desafios da cadeia produtiva e suas perspectivas para 2025 e além.
A Asgav propõe que durante três dias Gramado seja a sede da avicultura brasileira, afirma o presidente Executivo da Asgav e organizador do evento, José Eduardo dos Santos. “Porque todas as atenções estarão voltadas para a Conbrasfran 2024, evento de expressão que vai acontecer no Hotel Master. Lá vamos reunir empresas do setor, agroindústrias, órgãos oficiais e líderes de diversos segmentos da cadeia produtiva”, disse Santos.
Entre os nomes confirmados, estão o governador em exercício do Estado do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, que vai abrir a programação, a partir das 18h30, com um debate sobre os desafios enfrentados pelo estado neste ano e a superação durante a palestra O desafio que a natureza nos trouxe: Como estamos superando, como evoluímos e os caminhos para o fortalecimento. Após a palestra de abertura, haverá um coquetel de boas-vindas aos participantes.
A programação da Conbrasfran segue nos dias 26 e 27 com programações técnicas no período da manhã, tratando temas como a reforma tributária e seus impactos na avicultura, estratégias para uma produção mais sustentável, nutrição e saúde animal, os desafios de logística e seus impactos na atividade e estratégias comerciais para a carne de frango, entre outros temas. No período da tarde, debates conjunturais tomarão conta da programação com análises exclusivas e discussões sobre o ambiente de negócios no Brasil e no exterior.
Outras informações sobre a Conbrasfran 2024 podem ser encontradas no site do evento, acesse clicando aqui.
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.