Avicultura
Florfenicol: uma molécula com ação antimicrobiana
Uso inadequado de fármacos antimicrobianos é a principal causa do rápido desenvolvimento de resistência específica em microrganismos causadores de doenças
Artigo escrito por Mauro Renan Felin, gerente técnico Comercial Aves Sul da Vetanco; Felipe Chiarelli, coordenador técnico da Vetanco; e Eduardo Henrique Armanini, estagiário de Zootecnia da Vetanco
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil é o segundo maior produtor e maior exportador de carne de frango do mundo. Para que o Brasil se mantenha em uma posição de destaque na produção avícola, o controle de microrganismos patogênicos é fundamental. O uso de antimicrobianos na avicultura é uma medida muito utilizada preventivamente para a minimização dos danos causados por infecções por E. coli, que de maneira geral causam diferentes processos infecciosos, denominados como colibacilose aviária.
A utilização de antibióticos como promotores de crescimento e no tratamento de possíveis infecções na avicultura comercial tornou-se uma prática rotineira devido às vantagens que podem trazer com relação aos índices de desempenho zootécnico dos animais, o qual impacta diretamente, melhorando a eficiência econômica do sistema de produção como um todo. O uso inadequado de fármacos antimicrobianos é a principal causa do rápido desenvolvimento de resistência específica em microrganismos causadores de doenças.
O uso intensivo de antibióticos na medicina humana, medicina veterinária e na agricultura propicia condições seletivas para a disseminação de genes de resistência entre as bactérias. O uso de antibióticos com grande frequência e de maneira indiscriminada, por longos períodos de tempo e em doses elevadas, acabou sendo um grande responsável pela decorrência da seleção de patógenos resistentes aos antibióticos. Um exemplo disto ocorre com as fluoroquinolonas, antibióticos de amplo aspecto que inclui diversos fármacos terapêuticos, como a Ciprofloxacina e Enrofloxacina, que tem sido utilizada há muitos anos na produção animal como agentes profiláticos. Como resultado, se teve o aparecimento de diversas linhagens de bactérias resistentes a fluoroquinolonas.
Resistência
A resistência a fármacos antimicrobianos consiste na capacidade adquirida de um organismo de resistir aos efeitos de um agente quimioterápico, em que normalmente seria suscetível. A resistência bacteriana é um dos principais problemas relacionados a muitas bactérias patogênicas, tanto na saúde humana quanto animal. A resistência ampla de fármacos antimicrobianos pode ocorrer rapidamente pela disseminação de genes responsáveis entre os microrganismos pela transferência horizontal de genes. Um estudioso, em 2015, ao pesquisar genes de resistência em cepas de Escherichia coli isoladas de carne de frangos oriundas do estado do Paraná, encontrou a presença de genes de resistência de três ou mais antimicrobianos em 79,3% das amostras, o resultado mostra uma E. coli altamente resistente aos antimicrobianos utilizados atualmente na produção animal e na medicina humana, como as fluoroquinolonas, aminoglicosídeos e sulfonamidas.
Florfenicol
Devido à grande resistência das bactérias aos antibióticos utilizados atualmente e a pequena quantidade autorizadas para o uso na produção animal brasileira, se tem a necessidade de um antibiótico que consiga manter um controle sobre os patógenos que não implique em uma rápida resistência ao fármaco. Um dos fármacos que podem ser utilizados para o controle de microrganismos na produção animal é o Florfenicol. Outro pesquisador, em 2014, observou que a utilização de florfenicol em frangos de corte exerce um efeito terapêutico eficiente na depuração de infecções causadas por E. coli. A concentração mínima inibitória para E.coli é 4,0 g/ml e 8,0 g/ml para Salmonella.
O Florfenicol possui uma considerável atividade contra bactérias gram negativas e gram positivas resistentes ao cloranfenicol e ao tiamfenicol. É um fármaco com menor impacto na saúde humana e animal, sendo mais seguro para o uso que os seus antecessores, devido à substituição do grupo p-nitro ligado ao anel benzênico por um grupo sulfometilo, o que anteriormente era responsável por induzir a anemia aplástica e supressão da atividade da medula óssea, condições potencialmente fatais devido a semelhança dos ribossomos mitocondriais dos mamíferos aos bacterianos.
É um antibiótico que interfere na síntese proteica com a subunidade 50S do ribossomo procarioto 70S, ele inibe a formação de ligações peptídicas durante o alongamento da cadeia polipeptídica, sendo um antibiótico de amplo aspecto. Pode atuar tanto como bactericida ou como bacteriostático (mais utilizado), dependendo do microrganismo.
A utilização do Florfenicol na produção animal, em especial na avicultura, é uma opção que pode vir como substituição dos antibióticos utilizados usualmente no controle e tratamento de doenças bacterianas, o qual já possuem uma certa resistência contra, garantindo uma boa produtividade e bem-estar das aves.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
