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Fitogênicos e ácidos orgânicos na piscicultura intensiva

Sistemas intensivos de produção de peixes demandam soluções alternativas ao uso de antibióticos para a melhoria do desempenho e a manutenção da rentabilidade da atividade. O uso de fitogênicos e ácidos orgânicos tem se provado um grande aliado para garantir bons resultados.

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Foto: Jonatan Campos/AEN

A piscicultura está em constante desenvolvimento no país, experimentando aumentos relativos de produção maiores que em outras áreas da pecuária nacional. Neste cenário de crescimento, com sistemas intensivos de produção onde se observam altas densidades de estocagem, baixas concentrações de oxigênio dissolvido na água e outros fatores de estresse para os animais, elevam-se os índices de ocorrência de enfermidades. Tais condições acabam por comprometer as defesas imunológicas dos peixes, facilitando a ação de patógenos e, por muitas vezes, elevando a mortalidade e causando prejuízos econômicos à produção.

Peixes em situações estressoras tendem a buscar uma adaptação fisiológica, que resulta em mobilização energética para fins de sobrevivência ao invés de crescimento. Em situações de estresse intenso e constante, respostas imunológicas são perceptíveis nos peixes, desencadeando a elevação da frequência respiratória, a redução do fluxo sanguíneo no trato gastrointestinal e a liberação de catecolaminas no organismo.

Quando as condições sanitárias não são adequadas, com redução no desempenho dos animais e mortalidade elevada, uma das medidas adotadas é o uso de antimicrobianos adicionados à ração. Porém, o uso da medicação pode implicar em custos elevados para o tratamento, além de, em muitos casos, não atingir os resultados esperados devido à dificuldade de fornecimento na dose correta, uma vez que os animais reduzem o consumo de ração, e à possível resistência microbiana. Um fator agravante para essa situação é a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento na nutrição animal devido ao desenvolvimento de bactérias resistentes, ao risco de contaminações nos corpos d’água e possível detecção de resíduos no tecido muscular dos peixes, o que poderia representar um problema de segurança alimentar para os consumidores.

Alternativas

A redução do uso de antibióticos força a busca por alternativas e mobiliza a atenção para a utilização de aditivos naturais mais sustentáveis, como os bioativos modificadores de microbiota entérica, reduzindo o estresse e o risco de enfermidades, melhorando os indicadores zootécnicos e, consequentemente, proporcionando maior produtividade à piscicultura. Dentre essas alternativas, o uso de óleos essenciais e ácidos orgânicos é uma estratégia que tem trazido resultados favoráveis.

Óleos essenciais são substâncias naturais, aromáticas e voláteis, resultantes do metabolismo das plantas. Quando na forma de extrato da planta, os óleos essenciais são caracterizados pela composição basal de dois ou três componentes principais (majoritários), em concentrações relativamente altas, associados a outros componentes presentes em quantidades reduzidas. Estes compostos majoritários, quando selecionados e extraídos, permitindo a dosagem correta, apresentam resultados mais eficazes na nutrição dos peixes. Um exemplo é o extrato de aliáceas (alho).

A forma mais comum de fornecimento do extrato de aliáceas na piscicultura é através da inclusão na ração, seja na mistura antes da extrusão, ou adicionado aos peletes, na própria fazenda, imediatamente antes de fornecer aos peixes. Os compostos do extrato de aliáceas têm atuação no trato gastrointestinal dos peixes e são absorvidos, atuando sistemicamente. Assim, há efeitos antimicrobianos no controle de Vibrio parahaemolyticus, Aeromonas hidrophyla, Estreptococcus spp. e Francosella spp., por exemplo.

Os ácidos orgânicos, ou ácidos carboxílicos, como os ácidos fórmico, acético, propiônico e butírico, têm ação principalmente sobre a microbiota intestinal e sobre a digestibilidade da dieta. Geralmente, os ácidos orgânicos necessitam ser protegidos ou estarem em uma formulação química que permita a sua estabilidade em todo o processo de produção e armazenagem da ração, para que consigam chegar ao intestino, principal órgão para a sua atuação. Ao dissociar-se na luz intestinal ou penetrar nas bactérias, podem controlar o crescimento de potenciais agentes patogênicos.

O ácido fórmico, na forma de diformiato de potássio, é uma molécula estável e pode ser incluído na mistura de rações antes da extrusão, sem perdas no processo. O uso desse tipo de molécula proporciona vários benefícios, não só para o produtor de peixes, mas também para quem produz e comercializa a ração:

  • Ácidos orgânicos melhoram a conservação da ração no armazenamento.
  • O diformiato de potássio melhora a dureza e a durabilidade dos pelets da ração, proporcionando maior estabilidade na água.
  • Melhora da digestibilidade das rações, principalmente da fração proteica, pela acidificação da digesta.
  • Promove a eubiose (equilíbrio da microbiota) no trato gastrointestinal, com reflexo na saúde e no desempenho dos peixes.

Resultados com tilápias

Na produção de tilápias, principal espécie produzida no Brasil, há excelentes resultados do uso de extrato de aliáceas e diformiato de potássio no controle de Francisella sp., por exemplo. Os resultados obtidos no Laboratório de Bacteriologia em Peixe (LABBEP), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), pela equipe do professor Ulisses de Pádua Pereira, indicam que o tratamento preventivo de tilápias contaminadas com Francisella spp. com extrato de aliáceas e diformiato de potássio reduz significativamente a mortalidade ocasionada pela bactéria.

Além disso, os peixes tratados apresentaram aumento significativo no ganho de peso diário, conversão alimentar e taxa de crescimento específico. Os pesquisadores avaliaram o status imunológico dos peixes e observaram que o tratamento com os aditivos melhorou alguns parâmetros imunológicos (neutrófilos e leucócitos), o que foi retratado também por uma redução nas lesões nos rins. Outro resultado interessante é que a análise do microbioma intestinal revelou um aumento no número de bactérias pertencentes à família Vibrionaceae nos peixes não tratados, ao passo que os peixes tratados com o extrato de aliáceas e diformiato de potássio não apresentaram tal alteração na microbiota. Isso indica que o uso dos aditivos aumenta a eubiose e reduz a probabilidade de desenvolvimento de patógenos.

Francisella spp.

Nos últimos anos, observações de campo dão conta de que a manifestação dos casos de Francisella spp. tem sofrido alterações, tanto no que diz respeito aos índices de mortalidade quanto à época em que ocorrem. Assim, observa-se mortalidades mais baixas, porém com perdas significativas de desempenho dos animais (ganho de peso e conversão alimentar), além de perdas no abatedouro devido à desclassificação ocasionada pelas lesões deixadas no músculo. O controle dessa enfermidade segue sendo um grande desafio para os técnicos, principalmente na região Sul, e o uso de fitogênicos e ácidos orgânicos deve ser considerado como parte das ações mitigadoras.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor aquícola acesse gratuitamente a edição digital de Aquicultura. Boa leitura!

Fonte: Por Juan Lameira Dornelles Zootecnista, mestre em Produção Animal, assistente técnico comercial na Salus Nutrição Animal

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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