Suínos
Fitases se alinham às atuais demandas de aumento de eficiência, redução de custo e promoção da sustentabilidade
Além da complexação com o cálcio presente da dieta, o IP6 complexa quantidades importantes de magnésio, zinco, sódio, ferro e aminoácidos, tornando-os indisponíveis. Os aminoácidos mais afetados são a treonina, glicina, serina e prolina.

O conceito de que aves e suínos não são capazes de digerir o fitato é amplamente conhecido. No entanto, este conceito não está inteiramente correto. De forma considerável, aves e suínos são capazes de absorver o fitato e hidrolisá-lo na mucosa do intestino. O que torna o fitato um fator antinutricional é na verdade o fato deste composto ser pouco solúvel quando presente na forma de hexafosfato de mioinositol (IP6), além de complexar nutrientes importantes para o desenvolvimento do animal.
Vários fatores influenciam a solubilidade do IP6, dentre eles, e talvez a mais importante, seja a quantidade de cálcio da dieta. Ao se complexar com o cálcio presente na dieta o IP6 rapidamente precipita, tornando-o insolúvel. Nesta situação, nem mesmo as enzimas exógenas podem atuar. É estimado que reduzir a concentração de Ca para níveis abaixo de 0,5% resulta em um aumento na digestibilidade do fitato em 70%. No entanto, não devemos formular dietas com níveis de Ca abaixo das exigências nutricionais dos animais.
Além da complexação com o cálcio presente da dieta, o IP6 complexa quantidades importantes de magnésio, zinco, sódio, ferro e aminoácidos, tornando-os indisponíveis. Os aminoácidos mais afetados são a treonina, glicina, serina e prolina.
Em ingredientes de origem vegetal o fitato se encontra na forma de sais de potássio e magnésio, sendo pouco reativo. Ao entrar em contato com o ácido clorídrido no estômago, o fitato se torna solúvel e negativamente carregado ao substituir o potássio e magnésio por hidrogênio. Ao mesmo tempo, as proteínas presentes no estomago passam a ter carga positiva. Esta diferença entre cargas permite a complexação do fitato com proteínas. À medida em que mais proteínas são complexadas, o conjunto fitato-proteína perde a solubilidade e precipita. Desta forma, as proteínas não podem ser degradadas pela pepsina. Do ponto de vista estequiométrico, 1g de fitato é capaz de complexar 10g de proteína. Estudos mostram que o uso da fitase pode aumentar a digestibilidade dos aminoácidos em 5% a 10%.
O uso de fitase permite que o IP6 seja hidrolisado em IP5, IP4, IP3 e IP2, formas estas com maior solubilidade do que o IP6. Assim, o uso de fitases exógenas permite que as formas menos fosforiladas do IP6 sejam absorvidas e consequentemente metabolizadas. Além de aumentar o aporte de fósforo e mioinositol para o animal, a hidrólise do fitato reduz a quantidade de nutrientes que seriam complexados pelo IP6 e eliminados nas fezes.
Além da maior solubilidade, o complexo formado entre o fitato e outros microminerais é mais fraco à medida que o mioinositol é desfosforilado. IP3 tem apenas 10% de capacidade de quelação em comparação ao IP6.
Fitase é um dos aditivos mais utilizados em dietas para aves e suínos e vem sendo utilizada comercialmente desde a década de 90. Estudos com doses acima do convencional (superdosing) têm demonstrado efeitos além da liberação do fósforo. Foi estimado que 30% a 35% do efeito do superdosing seja consequência do aporte extra de mioinositol proporcionado pela fitase. Melhoras no ganho de peso e conversão alimentar com a suplementação de mioinositol foram demonstradas por pesquisas. O fitato é composto aproximadamente de 27% de mioinositol e 28% de fósforo. O mioinositol é um subproduto da degradação do fitato e apresenta inúmeras funções metabólicas, faz parte da membrana celular, atua como segundo mensageiro, entre outras.
Diferenças
Fitases comerciais podem ser classificadas em dois grupos. Esses grupos dizem respeito ao local onde a enzima inicia a hidrólise do fitato. 3-Fitases iniciam a hidrólise pelo carbono na posição 3 da molécula de fitato. Já as 6-Fitases iniciam a hidrólise pelo carbono na posição 6 da molécula de fitato. Além da classificação das fitases por posição de hidrólise, também podemos separar as fitases em fitases de origem fúngica (3-fitases) ou origem bacteriana (6-fitases). Mais importante do que a classificação por si só, é a diferença que as 6-fitases apresentam em relação as 3-fitases. Por ser resistente à ação da pepsina e tolerar o pH ácido do estômago, as 6-fitases são mais eficientes em hidrolisar o fitato do que as 3-fitases.
Mais benefícios
Tão importante quanto os benefícios para o desempenho do animal, o uso de fitases proporciona uma importante redução no custo de produção de rações. Para cada R$1 investido em fitase podemos esperar uma redução de aproximadamente R$30 gasto em fosfato. À medida em que menos fosfato é utilizado na composição das rações e mais fósforo dos ingredientes vegetais é aproveitado pelos animais, a excreção deste mineral é significativamente reduzida, contribuindo também para redução do impacto ambiental. Também podemos contar com uma redução de custo pela contribuição energética e proteica ao utilizar fitase. Pois é possível reduzir a inclusão de óleo e ingredientes proteicos em rações formuladas com fitase.

Dirceu Vicari Junior
Por todos os benefícios que o uso das fitases proporciona para a moderna produção animal, tornou-se uma ferramenta indispensável para nutricionistas e empresas ligadas à nutrição Trata-se de uma tecnologia alinhada às atuais demandas de aumento de eficiência, redução de custo e promoção da sustentabilidade. Pois, além de auxiliar no atingimento dos objetivos zootécnicos e econômicos, tem a questão ambiental: fitases permitem a redução do uso de fosfatos oriundos de recursos naturais não renováveis e menor contaminação ambiental.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: dirceu.junior@salusgroup.com.br.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



