Suínos
Fêmea jovem: o que fazer para maximizar a produtividade e longevidade?
É o desempenho da fêmea quando jovem que determina o potencial reprodutivo futuro, ou seja, quanto melhor for o manejo da leitoa e o resultado ao primeiro parto/desmame, melhor será o desempenho subsequente dessa matriz.

Quando tratamos do sucesso reprodutivo de um plantel, o manejo da fêmea de reposição é assunto corriqueiro. É o desempenho da fêmea quando jovem que determina o potencial reprodutivo futuro, ou seja, quanto melhor for o manejo da leitoa e o resultado ao primeiro parto/desmame, melhor será o desempenho subsequente dessa matriz.
Convenientemente, na prática, usamos critérios à primeira cobertura como direcionadores para garantir o máximo desempenho ao primeiro parto. A cobertura na idade e faixa de peso ideal, a não cobertura de leitoas no primeiro cio, o período de no mínimo 15 dias de flushing e o uso adequado das vacinas reprodutivas são alguns dos pontos que tratamos como inegociáveis. No entanto, ainda assim, o resultado reprodutivo alcançado pelas granjas é bastante variável.
Isso nos leva a seguinte pergunta: o que leva uma granja a produzir na média 18 nascidos totais ao primeiro parto, ou então, por que granjas de mesmo potencial genético têm resultados ao primeiro parto tão divergentes?
Quando analisamos a distribuição de leitões nascidos no primeiro parto de um número expressivo de fêmeas (gráfico e tabelas), identificamos uma menor variabilidade (CV) na distribuição de nascidos em granjas com excelente desempenho reprodutivo. Ou seja, aquela leitoa que tem menos de 12 leitões nascidos ao primeiro parto é figura menos presente do que tradicionalmente acontece em granjas de desempenho inferior.

Quando correlacionamos esse resultado com o check-list de preparação da leitoa, o qual avalia 15 itens de manejo durante a fase de preparação da leitoa até a primeira cobertura, vemos que há uma relação direta, ou seja, a excelência no desempenho ao primeiro parto é alcançada e determinada pela qualidade no manejo de preparação. Nesse contexto, sabemos que há pontos que impactam mais o resultado reprodutivo e outros menos, entretanto, o que realmente impacta o desempenho geral é a capacidade que a granja possui de cumprir os critérios para 100% das leitoas que vão para a linha de cobertura. Na prática vemos que isso é falho e geralmente aquela fêmea que teve um número de nascidos que impacta negativamente a média, é uma fêmea que pulou alguma das etapas e por isso teve o seu desempenho impactado.

Além de respeitar os parâmetros para a primeira cobertura determinados pela genética, existem outros manejos adicionais que têm melhorado o desempenho no campo. Um desses manejos é o protocolo de indução a puberdade realizado 100% em alojamento individualizado, em substituição ao manejo realizado na baia ou com uso do centro erótico. Oposto ao que é preconizado na literatura, de que a taxa de sucesso é superior quando alojamos os animais em grupos de até 15 animais, o manejo com a leitoa alojada individualmente nos traz a garantia de que a interação focinho/focinho rufião-leitoa ocorra com maior eficiência. Além disso, temos uma maior garantia de que estamos realizando o manejo adequado em 100% das leitoas. Outros pontos que observamos na prática que corroboram com esse manejo individualizado são:
- Maior precisão no manejo alimentar
- Melhor padronização do escore de condição visual (ECV) e peso à cobertura;
- Garantia do “efeito flushing” através do aporte superior de energia 15-21 dias pré-cobertura para 100% das leitoas
- Melhoria na avaliação clínica diária das leitoas
- Identificação rápida de leitoas doentes
- Diminuição de problemas locomotores ocasionados pela monta do rufião em leitoas em cio
- Aumento da taxa de retenção de leitoas
- Diminuição dos problemas de corrimento e locomotores
- Diminuição das taxas de Retorno ao Cio (RC), devido a melhor condição ambiental no momento do estímulo a puberdade e melhor adaptação ao ambiente individual no momento da cobertura
A seguir vemos evolução do resultado reprodutivo após adoção dessa estratégia em uma mesma granja comercial brasileira.

Outro ponto que devemos levar em consideração na preparação de leitoas é o flushing. Embora pesquisas recentes apontem para uma perda de efeito do flushing sobre a reprodução, resultados de campo têm demonstrado impacto positivo sobre o desempenho ao primeiro parto de acordo com o manejo alimentar utilizado no flushing e na fase que antecede ao flushing, denominado de pré-flushing.
Quando realizamos o flushing em fêmeas que são alimentadas de forma à vontade ao longo de toda recria e preparação, de fato podemos ter um efeito reduzido, uma vez que não conseguimos o “choque energético” que o flushing deve proporcionar. No entanto, quando alimentamos as leitoas de acordo com o esquema abaixo, vemos um incremento no número de nascidos. Isso ocorre porque na fase de pré-flushing as fêmeas são submetidas a um volume de ração abaixo do que vinha sendo fornecido na fase de preparação e mais baixo ainda em relação ao que será fornecido no flushing. É importante salientar que mais importante que o volume de ração fornecido, é a realização dessa transição de volume de ração em cada uma das fases que antecedem a inseminação.

Por fim, contrariando a ampla maioria das recomendações para a matriz a ser utilizada como mãe de leite, tem-se visto impacto positivo sobre o número de leitões nascidos e sobre a longevidade quando utilizamos a primípara como mãe de leite.
Quando analisamos a lactação de uma primípara, vemos um cenário de catabolismo, ou seja, a demanda energética para mantença e produção de leite é superior à capacidade de ingestão. O resultado disso é a perda de peso com consequente impacto negativo no ciclo seguinte. Usando a primípara como mãe de leite, temos num primeiro momento, a impressão de que esse catabolismo irá se exacerbar, uma vez que o período lactacional será estendido, piorando ainda mais o cenário para o ciclo seguinte. No entanto, na prática a fêmea tem seu pico de perda de peso na segunda semana de lactação e a partir dali, consegue equilibrar a demanda de energia com o seu potencial de consumo. Com isso, há a manutenção com consequente recuperação de peso e escore corporal nas semanas em que a fêmea fica lactando como mãe de leite, contribuindo para um desempenho subsequente favorável.

Além disso, o maior intervalo entre o parto e a nova concepção da gestação confere à leitoa um ambiente uterino mais propício à fixação embrionária e, consequentemente, maior número de leitões nascidos no parto subsequente:
Falar do manejo da fêmea jovem é sempre pertinente, uma vez que o desempenho até o final da primeira lactação segue sendo o principal direcionador de potencial produtivo do plantel. Vamos agregando pesquisas, ajustando manejos e compartilhando experiências porque quanto mais excelência tivermos nessa fase, mais produtividade no sistema teremos, sempre lembrando que o sucesso nessa fase é determinado pela constância na realização dos manejos para 100% das fêmeas.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



