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Fatores que influenciam a escolha do probiótico para aves

Escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa avícola é um dos desafios mais importantes dentro do contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global.

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Foto: Arquivo/OP Rural

 Artigo escritor por Anita Menconi, Médica-veterinária e Diretora de Negócios da Linha de Especialidades de Monogástricos da Evonik nas Américas, e por Vinícius Teixeira, Médico-veterinário e Gerente Técnico para Saúde Intestinal da Evonik

Os probióticos são usados há muitos anos na avicultura. São tecnologias estratégicas para manter uma boa saúde intestinal, importante para atingir um bom desenvolvimento das aves, aumentar a eficiência produtiva no campo e, consequentemente, melhorar a rentabilidade de um setor que trabalha com margens apertadas em sua busca constante pela eficiência. Contudo, a escolha do probiótico mais adequado de acordo com a realidade de produção de cada empresa avícola é um dos desafios

mais importantes dentro do contexto de saúde intestinal e nutrição animal em escala global. Isso porque o nutricionista precisa escolher a cepa mais adequada de probiótico entre as inúmeras disponíveis no mercado, assim como a quantidade de inclusão na dieta para atingir o resultado esperado, caso contrário, não terá o efeito desejado.

Apesar de ser um produto usado largamente nesta atividade, a inclusão do probiótico deve considerar o processo de fabricação da ração, como a peletização, por exemplo, além de considerar se esta cepa vai chegar íntegra no intestino dos animais e o potencial genético dessa cepa frente aos objetivos da produção. O desafio na escolha do probiótico está no fato de ele pertencer a um campo muito vasto e com resultados muito variáveis. Por isso é importante ter em mente que os probióticos não são iguais.

Mesmo que a gente veja a mesma espécie, os probióticos são diferentes porque a capacidade de uma cepa é diferente da outra. Elas têm características genéticas que precisam ser avaliadas, por isso o primeiro passo é entender que a oferta de probióticos não é igual. Outro ponto importante a considerar é a maneira como ele será aplicado via ração, pois estamos manipulando um organismo vivo que precisa chegar vivo até o animal.

Se as condições de peletização impactam diretamente o resultado, então, algumas perguntas precisam ser respondidas, como qual é a inclusão necessária? Como fazer esta inclusão na dieta das aves? Como testar a viabilidade dos esporos na ração pronta para o consumo? Como estamos misturando na ração? Estamos entregando a quantidade necessária? Sem estas respostas não é possível atingir resultados satisfatórios, já que se trata de uma ferramenta que não pode ser tratada como uma substituição aos antimicrobianos promotores de crescimento, já que eles não são antibióticos. Estamos falando de uma ferramenta importante para promover uma melhor saúde intestinal dos animais e sua consequente melhora no desempenho, mas se não for utilizada da maneira correta, não vai haver resultado. Existe uma série de casos de resultados inconsistentes no uso de probióticos porque eles foram usados de maneira incorreta. Ainda hoje há bastante equívoco na sua utilização.

Os probióticos

Ajustar a saúde intestinal. Esta é a primeira consequência do uso dos probióticos. Ele cria um balanço da saúde intestinal. Com a produção intensiva, especialmente falando de frango de corte, que precisa crescer em um espaço muito curto de tempo. Este processo leva a um desbalanço da saúde intestinal, então, o probiótico é uma bactéria benéfica que vai passar pelo trato gastrointestinal e auxiliar esta microbiota, tornando-a mais equilibrada. Ele contribui com a produção de ácido láctico, por exemplo, que passa pelo intestino e traz benefícios para a microbiota ali presente, auxiliando em seu crescimento e desencorajando o crescimento das bactérias patógenas. O segundo efeito depende do desafio de produção de cada empresa avícola. Para indicar a melhor cepa, é importante saber qual é o desafio que aquele lote enfrenta. É Salmonella, por exemplo? Ou Clostridium? Para cada desafio existe um tipo de probiótico adequado.

Experimentos

Conhecer a genética e saber a capacidade metabólica de efeito nas aves de cada probiótico é o primeiro passo para saber a melhor indicação. Isso porque o estudo dos probióticos envolve desde a parte genética das cepas até o entendimento da segurança delas. Pesquisas em laboratórios avaliam quais são essas bactérias e se elas são seguras. Algumas delas podem carregar genes antimicrobianos, por exemplo.

A segunda questão importante a ser levantada é quais testes foram realizados nestas cepas, não apenas os laboratoriais, como também os experimentais e qual foi a experiência de uso em campo. É importante avaliar desde a genética dos probióticos até a avaliação de como podem ser usados a campo, via ração e em quais condições é possível ajudar e promover de fato uma melhoria da saúde destes animais.

Para escolher o probiótico mais adequado

Se o bom desempenho produtivo das aves começa com uma boa saúde intestinal é importante ajudar as aves a formar uma microbiota saudável. Dentre as diversas ferramentas de modulação da saúde intestinal, a classe dos probióticos é mais versátil com diferentes possibilidades de mecanismos de ação.

Um bom probiótico deve ter alguns atributos para a escolha de uma boa cepa probiótica. Um deles é a presença de Bacillus sp. em sua composição. Os Bacillus são administrados em forma de esporos, que é o estágio dormente e resistente destas espécies de bactérias. Na forma de esporos geralmente são estáveis em diversas faixas de pH, frente a tripsina, termotolerantes e estáveis no armazenamento. Mas é importante ressaltar que nem todos os Bacillus são iguais, eles possuem diferentes graus de resistência ou de efetividade na promoção de uma boa microbiota.

Outro ponto importante é a existência de ensaios in vitro e in vivo que comprovem a sua efetividade. Um patógeno que é efetivo em um ensaio in vitro pode não ser in vivo, pois não possui a habilidade de crescer no ambiente intestinal, o que mostra a relevância de o probiótico ter o seu mecanismo de ação conhecido. Como os probióticos não são todos iguais, é fundamental entender o mecanismo de ação do probiótico escolhido de forma que atenda sua necessidade. Não podemos imputar um mecanismo de ação de um produto para outro de mesma cepa.

A segurança da cepa probiótica é primordial. Como estamos introduzindo bactérias em grandes quantidades dentro de nosso sistema produtivo, devemos ter certeza de sua segurança, desta forma é importante que essas cepas não possuam genes para enterotoxinas hemolíticas, hemolisina e para citotoxinas. Dessa maneira, é importante a investigação de genes relacionados a resistência a antibióticos, assim as cepas probióticas não devem conter plasmídeos identificados, nenhum gene relevante para a resistência a antibióticos, em especial aos de classe terapêutica, e tudo isso deve ser validado por ensaios de concentração inibitória mínima (MIC).

A resistência da cepa ao processamento térmico, ácidos orgânicos e formaldeído também são pontos de atenção na escolha de um probiótico. Esse tipo de resistência demonstra a resiliência de uma cepa aos aditivos mais comumente utilizados e à exposição ao calor, seja este no processamento da ração ou mesmo dentro dos silos das granjas. Também é importante avaliar a compatibilidade das cepas com antibióticos promotores de crescimento ou anticoccidianos. Essas moléculas e os probióticos não são antagonistas e, em alguns sistemas produtivos de aves, essas combinações se fazem necessárias e esse tipo de compatibilidade traz benefícios ao sistema produtivo.

Enfim, é importante saber a recuperação do probiótico e a avaliação de sua viabilidade. Sempre que estiver utilizando um probiótico, exija de seu fornecedor a recuperação e avaliação da viabilidade do produto em uso. Esse tipo de avaliação demostra se o investimento que está sendo realizado em um probiótico está sendo entregue de fato aos animais com cepas viáveis que irão germinar e produzir seus efeitos benéficos ao hospedeiro.

As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: maria.ongarato@evonik.com.

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Fonte: O Presente Rural com Anita Menconi e Vinícius Teixeira

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Ricardo Faria: do empreendedorismo na infância ao comando de um império no agronegócio

História de Ricardo não é fruto de um acaso ou de um golpe de sorte, mas sim de uma jornada empreendedora que teve início em experiências simples da infância, quando ele já demonstrava habilidades comerciais e um espírito inquieto, sempre em busca de oportunidades.

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Fotos: Divulgação

Ricardo Castellar de Faria, ou o Rei do Ovo, hoje conhecido como um dos grandes nomes do setor avícola brasileiro, construiu sua trajetória no agronegócio com uma visão estratégica que começou a ser moldada ainda na infância. Em 2024, Ricardo entrou para a lista dos maiores bilionários do Brasil, publicada pela Forbes, ocupando a 21ª posição com um patrimônio de R$ 17,45 bilhões. À frente da Granja Faria, ele é responsável por um dos maiores conglomerados de produção de ovos da América Latina, com 20 milhões de aves alojadas e uma produção anual de 5,2 bilhões de ovos. Em reportagem exclusiva ao jornal O Presente Rural, Ricardo Faria conta um pouco de sua história.

Aliás, a história de Ricardo não é fruto de um acaso ou de um golpe de sorte, mas sim de uma jornada empreendedora que teve início em experiências simples da infância, quando ele já demonstrava habilidades comerciais e um espírito inquieto, sempre em busca de oportunidades.

Ricardo Faria nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, e, ainda criança, mudou-se com sua família para Santa Catarina. Desde a infância, ele revelou um instinto natural para os negócios, aproveitando as oportunidades ao seu redor, algo que se tornaria uma marca ao longo de sua vida. “Descobri a paixão pelo empreendedorismo na infância. Nascido em Niterói, me mudei para Santa Catarina aos 3 anos e logo percebi que trabalharia por conta própria. Tive várias experiências que mostraram meu tino comercial, como vender papelão para reciclagem e colher frutas no sítio do meu pai para vender em frente à minha casa. Aos oito anos, durante as férias de verão, consegui vender picolés nos jogos do Criciúma”, conta.

Essas experiências moldaram sua mentalidade empreendedora. Enquanto muitas crianças de sua idade ainda se ocupavam apenas de brincadeiras, Ricardo estava aprendendo sobre lucro, negociação e atendimento ao cliente — lições que se mostrariam valiosas em seus empreendimentos futuros. Esses primeiros passos, embora simples, foram cruciais para sua formação como empresário.

O começo formal

Após um período de intercâmbio nos Estados Unidos, Ricardo voltou ao Brasil e optou por cursar Agronomia, uma escolha que refletia tanto seu interesse pelas questões rurais quanto a tradição de sua família, que mantinha um pequeno negócio de produção de uniformes para frigoríficos. Foi nesse cenário que Ricardo deu seus primeiros passos formais no mundo dos negócios.

“Depois de fazer intercâmbio nos EUA e voltar ao Brasil, optei por cursar Agronomia. Logo, comecei a gerenciar um pequeno negócio do meu pai, que produzia uniformes para frigoríficos. Aos 20 anos, percebi a oportunidade de alugar os uniformes, assumi os riscos, ampliei o projeto e fundei a Braslave, que mais tarde se transformou na Lavebras”.

Foi na Lavebras, empresa de lavanderia industrial que ele fundou, que Ricardo começou a desenvolver o olhar estratégico que mais tarde aplicaria na Granja Faria. A ideia inovadora de alugar uniformes, em vez de vendê-los, permitiu a Ricardo expandir o negócio rapidamente. Em 2017, ele vendeu a Lavebras para uma multinacional francesa por R$ 1,3 bilhão, consolidando sua primeira grande conquista empresarial.

Com a venda da Lavebras, Ricardo voltou seu foco para um novo setor: a produção de ovos. Fundada em 2006, a Granja Faria começou em Nova Mutum, Mato Grosso, e rapidamente cresceu graças à visão estratégica de seu fundador. O conhecimento sobre logística e operações, desenvolvido na Lavebras, foi essencial para o sucesso do novo negócio

A construção de um império no agronegócio

A Granja Faria não demorou para se destacar no mercado brasileiro de produção de ovos. Em 2008, apenas dois anos após sua fundação, a empresa começou a produzir ovos férteis em parceria com a BRF, um dos maiores conglomerados de alimentos do Brasil. A produção inicial, em Videira (SC) e Fazenda Vila Nova (RS), marcou o início da expansão da empresa, que logo se tornaria uma das maiores do setor avícola.

Em 2013, Ricardo realizou uma das aquisições mais estratégicas de sua carreira ao comprar a Avícola Catarinense, uma empresa com mais de duas décadas de atuação no mercado avícola. Essa aquisição transformou a Granja Faria, que passou de um parceiro da indústria a um player independente no mercado.

“Em 2013, a compra da Avícola Catarinense marcou um ponto de virada na trajetória da granja. Esse foi o primeiro grande acontecimento que transformou a companhia. Deixamos de ser apenas parceiros da indústria e nos tornamos um player com independência, reforçando a importância estratégica do movimento de aquisições para o crescimento da empresa”, lembra.

Com essa aquisição, a Granja Faria não apenas expandiu sua capacidade de produção, mas também começou a atuar com mais força no mercado internacional. A crise global da gripe aviária, em 2014, abriu novas oportunidades para a empresa, que se posicionou rapidamente no segmento de ovos férteis, tanto no Brasil quanto no exterior.

A diversificação e o crescimento sustentável

Ricardo Castellar de Faria, ou o Rei do Ovo

Nos anos seguintes, a Granja Faria continuou a crescer e diversificar suas operações. Além da produção de ovos férteis, a empresa começou a investir na produção de ovos comerciais, ampliando sua presença no mercado de consumo. Em 2018, a Granja Faria deu um novo passo importante ao entrar no segmento de ovos caipiras e orgânicos, com a criação da marca “Ares do Campo”, uma das líderes nesse nicho.

Essa diversificação não apenas aumentou as receitas da empresa, como também ajudou a consolidar a Granja Faria como uma marca que atende diferentes perfis de consumidores, algo que Ricardo Faria sempre teve como objetivo. “Minha visão de mercado é clara: quero atender todos os perfis de consumidores, sem exceções. Acredito que o mercado de ovos é tão diverso quanto os próprios compradores e, por isso, nossa missão é oferecer um portfólio democrático, que abrange desde os ovos convencionais até os mais especializados, como orgânicos, caipiras e ovos enriquecidos com selênio e ômega 3”, menciona.

A diversificação dos produtos e a expansão das unidades de produção foram acompanhadas por um forte compromisso com a sustentabilidade. Ricardo destaca que sempre foi um defensor de práticas sustentáveis, e a Granja Faria implementou diversas iniciativas para reduzir seu impacto ambiental, como o uso de energia solar e a criação de sistemas de tratamento de efluentes. “Na Granja Faria, buscamos adotar práticas mais sustentáveis, como: investimento em tecnologias que otimizam o uso de recursos, visando à redução do consumo de água e energia; implementação de sistemas de tratamento de efluentes para minimizar o impacto ambiental; e exploração de fontes de energia renovável, como a solar”.

A expansão internacional e o futuro da Granja Faria

O sucesso da Granja Faria no mercado nacional permitiu que a empresa começasse a explorar mercados internacionais, especialmente na produção e exportação de ovos férteis. Com mais de 20 milhões de aves em seu plantel, a Granja Faria produz, em média, 5,2 bilhões de ovos por ano, atendendo tanto o mercado interno quanto o externo.

“A abertura de portas para o mercado internacional começou a se desenhar diante do surto global de gripe aviária em 2014, que trouxe desafios, mas também abriu oportunidades no mercado de ovos férteis. Naquele cenário, a Granja Faria estava pronta para um crescimento rápido graças à estrutura da Avicola Catarinense, e encontrou um mercado global receptivo”, aponta.

Do total de 5,2 bilhões de ovos, em 2023 a Granja Faria alcançou a marca de 239 milhões de ovos férteis produzidos, com uma média diária de 655 mil ovos. No mesmo ano, a empresa produziu 151 milhões de pintinhos de um dia, atendendo principalmente os mercados dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.

E os lucros da empresa não poderiam ser diferentes, se não vultuosos. “Em 2023, registramos um lucro líquido de R$ 204,6 milhões, com um Ebitda de R$ 645,9 milhões, o que representou aumentos de 19,9% e 83%, respectivamente, em comparação com 2022”, menciona.

Essa capacidade de produção coloca a Granja Faria entre as maiores empresas do setor avícola da América Latina, e a empresa não mostra sinais de desaceleração. Em 2024, a Granja Faria expandiu sua presença no Brasil com a aquisição da Granja Vitagema, localizada em Parnamirim (RN), marcando sua primeira operação na região Nordeste do país.

“Somo uma empresa listada na B3, embora não tenhamos ações negociadas publicamente, e, por isso, não podemos divulgar previsões ou expectativas futuras. O que posso adiantar é que estamos trabalhando na internacionalização da companhia”, conta.

O futuro da Granja Faria parece promissor, com planos de expansão tanto no mercado nacional quanto internacional. A empresa já atua em 10 estados brasileiros, com 24 granjas e aproximadamente 4 mil funcionários. O foco de Ricardo agora é consolidar a liderança da empresa no Brasil e abrir novas frentes de negócios no exterior. “A visão de longo prazo da Granja Faria envolve o fortalecimento de sua posição de liderança no mercado brasileiro e a expansão para novos mercados internacionais, sempre com foco na sustentabilidade e na qualidade dos produtos”, aponta.

Visão

O menino que vendia papéis para reciclagem e picolés nos jogos de Criciúma, sempre inquieto e atento às oportunidades, transformou-se no homem que hoje, aos 49 anos, lidera um dos maiores impérios do agronegócio. À frente da Granja Faria, Ricardo Faria comanda um conglomerado com 24 granjas, 20 milhões de aves alojadas e uma produção anual de 5,2 bilhões de ovos. São números que impressionam, mas que, acima de tudo, simbolizam a visão estratégica e os compromissos que ele sempre manteve ao longo de sua carreira. “A lição mais importante que aprendi foi a importância da qualidade, da inovação e da adaptação às mudanças do mercado”.

Com uma trajetória marcada por decisões estratégicas e pela capacidade de enxergar oportunidades onde poucos viam, Ricardo Faria se consolidou como um dos maiores empresários do agronegócio brasileiro. Sua liderança na Granja Faria não é apenas sucesso individual, mas também reflete a força do agronegócio brasileiro em um cenário global cada vez mais competitivo.

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Fonte: O Presente Rural
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Monitoramento molecular: a chave para o controle das doenças virais na avicultura

Desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira.

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Foto: Shutterstock

A avicultura brasileira enfrenta grandes desafios em função de doenças infecciosas que comprometem de forma persistente a saúde das aves e, consequentemente, a segurança sanitária da cadeia avícola. Entre as principais ameaças estão o Reovírus, a Bronquite Infecciosa (IBV) e a Doença de Gumboro (IBDV). A importância do monitoramento molecular para o controle dessas enfermidades foi tratada pelo biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi, durante o 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em setembro na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná.

Com uma ampla diversidade genética, o especialista enfatizou que a variabilidade do Reovírus está associada a problemas como artrite viral e a síndrome da má absorção, gerando impactos expressivos no desempenho produtivo das aves. Para identificar a cepa do vírus, Marchesi citou a importância de fazer a tipificação molecular do Reovírus utilizando o gene sigma para diferenciar as cepas vacinais das cepas de campo. “Compreender as nuances genéticas do Reovírus é muito importante para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle para minimizar os danos causados por essas infecções, bem como permite que tenhamos uma resposta mais eficaz para o manejo da doença”, salientou.

O doutor em Genética destacou que a associação dos diferentes Reovírus com infecções por Escherichia coli (E. coli), especificamente a Escherichia coli patogênica aviar (APEC), agrava o quadro clínico das aves afetadas. “Essa interação pode resultar em complicações adicionais, dificultando ainda mais o manejo sanitário nos plantéis”, reforça.

Bronquite Infecciosa

Em relação à linhagem GI-23 da Bronquite Infecciosa (IBV), Marchesi destacou a complexidade do cenário viral no Brasil. Caracterizada por uma alta diversidade genética, a GI-23 representa um dos maiores desafios para os programas de vacinação no país. “As cepas brasileiras do IBV continuam a ser um problema persistente para os avicultores, exigindo um monitoramento constante para rápida tomada de decisões, uma vez que muitas das cepas possuem características que escapam da imunidade conferida pelas vacinas, situação que traz implicações diretas na saúde das aves, contribuindo para o surgimento de lesões graves nas traqueias e rins”, pontua.

O monitoramento contínuo das cepas de IBV é uma das principais estratégias de controle da doença defendidas por Marchesi. Segundo ele, o acompanhamento sistemático não apenas fornece dados para a adaptação dos programas vacinais, como também ajuda na tomada de decisões para prevenir surtos e minimizar os impactos econômicos associados à Bronquite Infecciosa. “Diante desses desafios, o setor deve estar atento à evolução do vírus e disposto a ajustar suas abordagens de manejo sanitário para garantir a saúde das aves”, frisa.

Doença Infecciosa da Bursa

Outra patogenicidade tratada pelo especialista foi a Doença Infecciosa da Bursa, causada pelo IBDV (vírus da Doença de Gumboro). Classificado em genogrupos com alta diversidade genética, o vírus está amplamente distribuído no Brasil. “Essa variabilidade genética torna o vírus um desafio para o manejo sanitário, especialmente em relação ao impacto no desempenho dos lotes contaminados”, expõe.

A coinfecção com o vírus da Bronquite Infecciosa agrava ainda mais a situação, pois reduz a resposta imunológica das aves afetadas. “Essa combinação de infecções pode comprometer gravemente as aves, levando a grandes perdas produtivas e econômicas”, ressalta.

Estudos indicam que o IBDV G4, além de afetar o desempenho dos lotes, também interfere na imunidade materna das aves jovens, colocando em risco a saúde de todo o lote. “O que requer um controle rigoroso dos lotes, busca por vacinas mais eficientes para minimizar perdas produtivas e monitoramento da

Biólogo e doutor em Genética, Jorge Marchesi: “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

s cepas de IBDV para tomada de decisões mais assertivas”, reforça.

Uso de ferramentas moleculares

Marchesi frisou que um maior controle dessas doenças está na ampliação do uso de ferramentas moleculares, como o PCR, para monitoramento mais preciso e rápido, além da necessidade de atualizar constantemente os programas vacinais em resposta à evolução genética dos patógenos. “O desenvolvimento contínuo de vacinas e o aprimoramento do diagnóstico molecular são fundamentais para a sustentabilidade da avicultura brasileira”, salientou. “Temos que conhecer o que está acontecendo dentro dos aviários para poder combater os patógenos de forma assertiva. Hoje existem diversas metodologias disponíveis e com um custo acessível para gerar informação para que, a partir destas informações coletadas, possamos tomar decisões que colaboram e contribuem para reduzirmos cada vez a presença destes vírus nas unidades de produção”, complementou.

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Fonte: O Presente Rural
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Especialista revela os principais fatores por trás das falhas no controle da Salmonella na produção avícola

Controle é um dos maiores desafios sanitários enfrentados pela avicultura no Brasil, com implicações diretas na segurança alimentar e na qualidade dos produtos avícolas.

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O controle da Salmonella é um dos maiores desafios sanitários enfrentados pela avicultura no Brasil, com implicações diretas na segurança alimentar e na qualidade dos produtos avícolas. Para mitigar os riscos, a adoção de medidas preventivas em toda a cadeia produtiva é fundamental, e um dos pontos para o sucesso dessa estratégia está na gestão da cama das aves. O manejo adequado da cama é essencial para minimizar a contaminação ambiental, criando barreiras contra a proliferação da bactéria e promovendo a saúde dos lotes.

Além da cama, cada etapa da cadeia produtiva, desde a granja até o processamento final, deve seguir rígidos protocolos de biosseguridade para reduzir a disseminação da Salmonella, assegurando a produção de alimentos seguros e de alta qualidade para o mercado consumidor.

Para compreender a gravidade do problema, é importante conhecer o agente causador. A Salmonella é uma bactéria gram-negativa e apresenta mais de 2,6 mil sorotipos móveis identificados. “Entre os mais críticos para a avicultura estão a S. Typhimurium, sua variante e a S. Enteritidis, que têm alta capacidade de disseminação e são comumente associadas a surtos de doenças em humanos”, explicou o médico-veterinário sanitarista Marcos Antonio Dai Prá durante sua palestra no 15º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em setembro na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná. “Os sorotipos da S. Minnesota e S. Heidelberg são os mais prevalentes em ambientes avícolas e representam uma preocupação constante ao setor”, frisou.

As consequências dessas infecções vão além da saúde animal, afetando diretamente a qualidade dos produtos finais, o que se traduz em perdas financeiras expressivas. “A contaminação por Salmonella impacta a exportação, a reputação dos produtores e gera custos elevados para o controle sanitário”, ressaltou Marcos.

Por outro lado, as Salmonellas imóveis, como S. Pulorum e S. Gallinarum, apresentam apenas dois sorotipos, contudo essas variantes estão relacionadas a graves perdas econômicas, principalmente devido à necessidade de eliminação de plantéis inteiros quando a infecção é detectada, o que compromete diretamente a produção. “O controle eficaz da Salmonella exige uma abordagem integrada, que inclui o monitoramento contínuo das cepas prevalentes, melhorias no manejo da cama e o fortalecimento dos protocolos de biosseguridade em toda a cadeia produtiva”, enfatizou o profissional.

Fatores que levam a falhas nos programas de controle

Médico-veterinário sanitarista, Marcos Antonio Dai Prá: “O controle eficaz da Salmonella exige uma abordagem integrada, que inclui o monitoramento contínuo das cepas prevalentes, melhorias no manejo da cama e o fortalecimento dos protocolos de biosseguridade em toda a cadeia produtiva” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O especialista menciona que, embora o controle de Salmonella seja essencial para garantir a sanidade na avicultura, muitos programas falham em atingir os resultados esperados. Segundo o médico-veterinário sanitarista, essa falha pode ser atribuída a seis fatores principais: inexistência de um programa de controle estruturado, programas de controle não integrados, ausência de um coordenador para gerir um comitê de controle de Salmonella, interrupções nos programas, a necessidade de investimento contínuo e, por fim, a falta de conhecimento epidemiológico sobre a bactéria

 

A falta de entendimento sobre a complexidade epidemiológica da Salmonella é um dos principais obstáculos. Marcos listou alguns fatores que complicam o controle eficaz da bactéria. O primeiro ponto é que a maioria das Salmonellas tem a capacidade de infectar uma grande variedade de animais e produtos de origem animal, passando a ser uma ameaça constante em várias fases da produção avícola.

A disseminação da bactéria pode ser facilmente transportada dentro de um plantel ou da granja e pode ocorrer de diversas fontes, como reprodutoras, incubatórios, abatedouros, fábricas de ração e até o ambiente de criação.

Além disso, não há tratamentos com antibióticos ou outros procedimentos capazes de eliminar a infecção após a contaminação da ave. “Muitas vezes, as aves permanecem portadoras da bactéria durante toda a vida, liberando a bactéria de forma intermitente e em baixos níveis”, evidenciou.

Outro ponto levantado é a dificuldade no diagnóstico. Em um momento, pode-se isolar a Salmonella em um plantel e, em outro, os testes podem falhar em detectá-la. “A amostragem adequada é fundamental, especialmente no caso de S. Gallinarum e S. Pullorum, que têm eliminação mais constante. Além disso, as aves podem ser infectadas simultaneamente por mais de um sorotipo, o que torna o controle ainda mais complexo”, expôs.

A sorotipificação é um procedimento chave num programa de controle de Salmonella, pois permite identificar as diferentes variedades presentes em um lote. Marcos também frisou que não há boa imunidade cruzada entre os diferentes sorotipos, o que significa que as vacinas disponíveis não são polivalentes e podem ser ineficazes contra todas as variantes presentes.

Enquanto a transmissão vertical clássica ocorre com os sorotipos S. Gallinarum e S. Pullorum, a transmissão de Salmonella da matriz para a progênie geralmente ocorre via contaminação da casca do ovo. “A persistência da bactéria no ambiente também depende da presença de matéria orgânica, o que reforça a necessidade de limpeza rigorosa nas granjas”, reforçou o profissional.

Outro desafio está no número de amostras coletadas para análise, que muitas vezes é insuficiente, levando a falsos negativos. “Resultados negativos nem sempre refletem a realidade, tornando ainda mais difícil garantir que um lote esteja livre da bactéria”, pontua Marcos.

Ferramentas de controle

A tipificação da Salmonella é uma ferramenta indispensável no controle eficaz da bactéria, especialmente diante da grande diversidade de

sorotipos que afetam a avicultura. Marcos explica que existem diferentes métodos de tipificação que são utilizados para identificar a presença e o tipo de Salmonella em plantéis e unidades de produção, cada um com suas vantagens e especificidades.

O esquema de Kauffmann White é um dos métodos tradicionais e amplamente aplicados. Baseado na identificação de antígenos somáticos (O), flagelares (H) e capsulares (Vi), o método utiliza antissoros específicos para detectar as características da bactéria. Embora eficaz, é um processo manual que requer um tempo maior para a obtenção dos resultados.

Com o avanço das tecnologias moleculares, a técnica de microarranjo de DNA tem se tornado uma aliada moderna no combate à Salmonella. “Essa metodologia envolve uma coleção de pontos microscópicos, normalmente preenchidos com DNA, que contêm sondas para moléculas-alvo específicas. Isso permite a identificação automatizada de mais de 300 sorotipos de Salmonella, tornando o processo de tipificação mais ágil e preciso”, destaca Marcos.

Outra tecnologia bastante utilizada é o PCR em tempo real. Este método identifica diferentes sorotipos a partir da análise de DNA, oferecendo resultados rápidos e de alta precisão. Segundo Marcos, o PCR em tempo real é muito empregado em pesquisas sanitárias e está presente em normativas oficiais, pois permite a detecção rápida de sorotipos de importância sanitária. “Esse método tem sido amplamente aceito por sua capacidade de gerar resultados em um tempo consideravelmente menor, o que é muito importante quando estamos lidando com surtos de doenças”, ressalta o especialista.

A tipificação como ferramenta de controle é essencial para garantir a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva, proporcionando intervenções mais eficazes e robustas, especialmente no combate à resistência e aderência do sorotipo específico de Salmonella presente. “Esse processo também impulsiona o aprimoramento contínuo em pesquisa e desenvolvimento, permitindo uma avaliação detalhada da eficiência de produtos sanitizantes e aditivos alimentares. Além disso, o controle de qualidade e a segurança alimentar são fortalecidos, pois a identificação precoce da presença de Salmonella, desde a origem no campo até o produto final, viabiliza a implementação de medidas corretivas rápidas, minimizando riscos de contaminação e garantindo a integridade dos alimentos”, salienta.

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Fonte: O Presente Rural
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