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Suínos / Peixes

Fatores associados à manifestação de prolapsos uterinos em fêmeas suínas

Crescimento do registro dos prolapsos como causa de morte de fêmeas suínas é um tema sensível e que vem prejudicando a rotina nas unidades de produção. Conhecer os fatores de risco, tanto os associados à fêmea quanto os relacionados ao ambiente de produção, é primordial para definir estratégias efetivas para mitigação desse tipo de ocorrência

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Foto: Arquivo/OP Rural

O aumento da participação dos prolapsos uterinos na mortalidade de fêmeas suínas é hoje uma preocupação central entre os principais países produtores de suínos. O recrudescimento súbito desse tipo de ocorrência nos últimos quatro anos, sobretudo nas Américas, vem chamando atenção do setor produtivo pelo alto impacto econômico que causa aos produtores, e também da comunidade científica internacional, empenhada em entender o fenômeno.

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Iowa criaram um grupo específico para estudar a associação dos prolapsos com a mortalidade de fêmeas suínas e também os fatores associados a esse tipo de ocorrência nas granjas. No primeiro trabalho mais detalhado sobre o assunto foram analisadas 104 granjas e, avaliadas, cerca de 385 mil fêmeas, revelando uma incidência de prolapso da ordem de 2,7% nessa população.

Ao mesmo tempo, estudo semelhante realizado na Espanha, em 2018, que envolveu 144 granjas e um total de 155 mil fêmeas, observou uma incidência de 0,8% de prolapsos. No Brasil, alguns trabalhos vêm sendo realizados para aferir as causas de morte de matrizes suínas e os fatores de risco para prolapso, com a prevalência variando de 1 a 5% e a participação nas mortes e remoções oscilando entre 12 e 40%.

Síndrome multifatorial
Embora os estudos sejam incipientes, e ainda exista um caminho a ser trilhado para um entendimento mais preciso do fenômeno, os resultados demostram que a manifestação de prolapsos é multifatorial e está associada a características individuais da matriz suína e/ou ao ambiente de produção ao qual ela está inserida. Nutrição, genética, manejo, condição corporal, tipos de alojamento e micotoxinas são alguns dos fatores predisponentes à ocorrência de prolapsos.

É preciso considerar ainda, a questão da sazonalidade. Estudos distintos, realizados em diferentes países, indicam que no inverno há um agravamento dos casos de prolapso nas unidades de produção de suínos.

O objetivo deste artigo é analisar e discutir os principais fatores de risco relacionados à manifestação de prolapsos e as estratégias que vêm sendo adotadas para controlar e/ou mitigar esse tipo de ocorrência nas granjas.

Fatores de risco: nutrição
A nutrição é comumente descrita como um dos fatores associados ao registro de prolapsos uterinos em fêmeas suínas. Tanto o programa nutricional em si quanto o manejo alimentar têm influência sobre esse tipo de síndrome.

Diferentes estudos indicam que fêmeas mais magras possuem maior predisposição à manifestação de prolapsos, com probabilidade duas vezes maior quando comparadas a fêmeas com escore corporal ideal. Isso reforça a importância do acompanhamento de sua condição corporal no dia a dia da granja. Afinal, é com base nessa avaliação que são definidas as estratégias de manejo alimentar a partir das exigências nutricionais das fêmeas, prática necessária para evitar variações de escore corporal e, consequentemente, o surgimento de fêmeas muito magras.

Os estudos também associam a constipação à ocorrência de prolapsos. Fêmeas com fezes secas apresentam maior predisposição à manifestação de prolapso. A adição de fibras na dieta de fêmeas gestantes, que ajudam a modular a microbiota e o trânsito intestinal, assim como o fornecimento de água de qualidade e em quantidade adequada, são estratégias que devem ser adotadas para reduzir este fator de risco.

No manejo alimentar na fase de gestação, igualmente importante é a observação do tamanho das partículas da ração. A recomendação é que o DGM esteja entre 700 e 800 micras. O programa nutricional, por sua vez, precisa estar ajustado para garantir a mantença das fêmeas durante toda a etapa de gestação, com níveis adequados de lisina, energia, vitaminas, minerais, etc.

A presença de micotoxinas na ração, em especial a combinação de zearalenona e deoxinivalenol, também está correlacionada à incidência de prolapsos. Adotar práticas como o uso da mesa densimétrica, a segregação de milho por qualidade na armazenagem, o direcionamento das matérias primas de maior qualidade para o arraçoamento das fêmeas e a manutenção de um programa de gestão para redução de micotoxinas na ração são algumas das medidas que podem ser adotadas para mitigar esse risco.

Manejo na maternidade e corte de cauda
O manejo na maternidade é outro ponto relevante e que pode predispor as fêmeas à manifestação de prolapso. Por isso, esse acompanhamento tem que ser realizado com critério. Deslocar as fêmeas para as instalações de maternidade em pequenos grupos e com cuidado, observar diariamente se elas estão se alimentando adequadamente, ingerindo água, evitar períodos de jejum pré-parto superiores a 6 horas, assim como reduzir, ao máximo, intervenções como toques e/ou o uso de hormônios para indução do parto são condutas importantes para refrear esse tipo de quadro na granja.

Outro fator descrito como predisponente à ocorrência de prolapso uterino é a prática do corte de cauda. Trabalhos científicos indicam que o corte pode afetar a sustentação dos feixes musculares e ligamentos na base da cauda, predispondo as fêmeas à manifestação de prolapso. Demonstram, ainda, que uma higiene malfeita no momento do corte pode causar granulomas e neuromas que prejudicam o fortalecimento daquele grupo muscular. Em vista disso, é necessário aumentar os cuidados com esse tipo de manejo e adotar ações para minorar o canibalismo.

A influência da genética
A predisposição genética é considerada um fator de risco para prolapsos uterinos. Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Iowa demonstra uma herdabilidade baixa, de 0,03, enquanto outros trabalhos indicam uma herdabilidade maior, de 0,22. A própria PIC tem realizado vários estudos para compreender melhor qual o encargo da genética para a ocorrência de prolapsos e, até então, tem sido observada uma herdabilidade baixa, o que demostra que os fatores genéticos têm pouca influência sobre a ocorrência de prolapsos, sendo os fatores ambientais prevalecentes.

Isso não significa, entretanto, que a genética não tenha contribuição a dar para a mitigação do problema nas unidades de produção. Pelo contrário, tem um papel importante a cumprir, porém não pode ser vista como a solução única para uma ocorrência multifatorial. A abordagem de controle precisa ser abrangente e considerar os diferentes fatores que predispõem as fêmeas a manifestação de prolapso.

Estratégia multifacetada
O aumento do registro de prolapsos é um tema sensível, premente e que vem prejudicando a rotina nas unidades de produção. Reduzir a mortalidade e o descarte de fêmeas por esse tipo de ocorrência, nas granjas, é primordial para elevar os níveis de bem-estar animal e, por extensão, a produtividade e a lucratividade dos produtores.

Esse esforço exige a adoção de uma estratégia multifacetada, que englobe tanto os fatores associados à fêmea, quanto os relacionados ao ambiente de produção. É necessário também identificar as variáveis de risco próprias de cada granja e trabalhar com análise de dados da propriedade para atuar de maneira preditiva. Só assim é possível definir medidas de intervenção e prevenção efetivas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: Por Amanda Pimenta Siqueira, da área de Serviços Técnicos da Agroceres PIC; e Natalia Irano, da área de Serviços Genéticos Agroceres PIC.

Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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