Suínos Inverno
Fatores ambientais e de manejo que influenciam nos problemas respiratórios de suínos
São vários os fatores que influenciam a predisposição e/ou desencadeamento das doenças respiratórias em suínos
Artigo escrito por Luis Gustavo Schütz, médico veterinário e consultor Técnico – Aves e Suínos para a Bayer
As doenças respiratórias são as principais causas de perdas econômicas relacionadas à sanidade na suinocultura atual. Perdas representadas pelo aumento no gasto de medicamento, perda de desempenho na conversão alimentar, no ganho de peso diário, na mortalidade e na condenação de carcaça no abatedouro. Os suínos possuem no pulmão a pleura visceral relativamente espessa e poucos bronquíolos respiratórios, assim reduz a efetividade da eliminação de partículas das vias aéreas distais, o que favorece ao desenvolvimento de pneumonias. E o segundo fator envolvido é a forma de criação, grandes grupos de suínos em espaços confinados, o que favorece a manutenção e proliferação dos agentes infecciosos.
A etiologia dos problemas respiratórios em suínos é complexa, por isso o termo “complexo de doenças respiratórias dos suínos” (CDRS) ou em inglês “Swine Respiratory disease” (SRD) tem sido muito utilizado para referencias os quadros clínicos respiratórios causados por infecções mistas com dois ou mais agentes infecciosos nas fases de crescimento e terminação.
São vários os fatores que influenciam a predisposição e/ou desencadeamento das doenças respiratórias em suínos, logo temos que observar quais os fatores ambientais e de manejo que mais estão influenciando e montar um plano estratégico para minimizar os fatores de risco.
Os quadros clínicos de problema respiratórios suínos têm ocorrido nas fases de creche, crescimento e terminação. A taxa de morbidade fica entre 15 e 40% e a Mortalidade entre 2% e 10%. Assim, analisando-se os resultados dos estudos no Brasil, os agentes primários mais importantes nos surtos de são o Mycoplasma hyopneumoniae e o vírus da Influenza, porém com maior frequência de infecção mista entre os dois. Entre os agentes oportunistas destacam-se a Pasteurella multocida, o Streptococcus suis e o Haemophilus parasuis.
Estudos americanos mostram que suínos positivos para Mycoplasma hyopnuemoniae, a uma redução de ganho de peso diário de 50 gramas comparando com animais negativos, uma piora na conversão alimentar de 80 gramas e o percentual de mortalidade foi de 2,3% pior em relação a rebanhos negativos.
Fatores
Tipo de rebanho e fluxo de animais é um fator comum na suinocultura, granjas com ciclo completo apresentam menos problemas respiratórios do que sistemas de múltiplos sítios. Comparando granjas com diferentes estruturas, pesquisadores apontam uma chance maior de 2,38 vezes para uma prevalência de 10% de doenças respiratórias em granjas de múltiplos sítios em comparação com granjas de sítio único. Logo quanto mais origens nas creches e/ou terminações maior o chance de problemas respiratórios.
O número de animais alojados nos prédios influenciará na ocorrência de doenças respiratórias, pesquisadores identificaram um efeito negativo para a ocorrência de doenças respiratórias quando o número de animais no mesmo espaço aéreo ultrapassa 100 animais. Logo é agravado se o prédio possuir um baixo volume de ar para todos os animais, o que impactará no número de partículas em suspensão. Segundo estudo, o volume de ar superior a 3,5 mᶟ por animal pareceu prevenir pleurisias. Assim a ventilação é um mecanismo importante para movimentar e eliminar partículas de aerossóis suspensos no ar, o que proporcionará também um conforto térmico aos animais ajudando na dissipação do calor. O ajuste geralmente é feito pelo manejo de cortina que assim controla a temperatura e a troca de ar do prédio, o uso de tecnologia como o controle automático de cortina ajuda a melhorar as condições de ambiência. Estudos demostram que o movimento de ar superior a 60 mᶟ por hora por suíno tem um efeito de proteção em relação à pneumonia.
A umidade do ar e a temperatura são condições relacionadas entre si, estudos mostram que o calor e alta umidade são favoráveis ao suíno, mas influenciam outras variáveis como a sobrevivência de microrganismos e a concentração de gases e partículas em aerossóis. No Brasil as pneumonias são mais frequentes e severas nos meses frios, porem as instalações são mantidas mais fechadas, assim ocorre uma piora do ambiente, com excesso de gases, pó, bactérias em suspensão e endotoxinas. A flutuação de temperatura, comum nas fases frias e de transição estacional agravam o problema. Uma boa relação de umidade relativa do ar é de 60-80% o que permite um deslocamento adequado do tapete mucoso sobre os cílios do trato respiratório.
Na criação de suínos confinados são gerados basicamente três gases, a amônia, o sulfeto de hidrogênio e dióxido de carbono, sendo tóxicos para macrófagos e células produtoras de muco. Fatores que influenciam a produção de gases como a má circulação de ar, a superlotação e falta de higiene das instalações.
Outro problema para as defesas do trato respiratório é o excesso de pó, que em excesso gera problemas com o mecanismo de defesa alveolar, pois sobrecarrega a ação fagocítica dos macrófagos. Fatores que aumentam o pó como a deficiência em ventilação, uso de ração com granulometria fina, alimentação à vontade, excesso de lotação e a falha em retirar esterco do piso das baias.
Pressão de infecção
Outro fator importante para os problemas respiratórios é a pressão de infecção, estudos avaliando a ocorrência de doenças respiratórias, encontraram uma maior relação de problemas em prédios com mais de 500 animais, espaço aéreo por animal inferior a 3mᶟ e menos de 0,7 m² de área de piso por animal. O conceito de pressão de infecção leva em conta a transmissão de doenças entre animais, baias, prédios e granjas regionais. A partir de granjas infectadas, agentes podem ser transferidos pelo ar, insetos, roedores, pássaros, animais silvestres, caminhões, pessoal, água, fômites, sêmen, etc…
As associações de doenças como PCV2 tem forte associação com patógenos bacterianos como Haemophilus parasuis, Mycoplasma hyopneumoniae e Pasteurella multocida. O aumento das rações contaminadas com micotoxinas imunodepressoras, afetar a resposta às infecções bacterianas e virais e assim reduz a eficácia do programa vacinal, predispondo a doenças respiratórias.
A higienização das baias é de importância fundamental para manter uma baixa pressão de infecção e proporcionar aos animais um ambiente com pequeno nível daqueles poluentes capazes de lesar os mecanismos de defesa do trato respiratório. Assim recomenda-se limpeza seca diária das baias, com a retirada das fezes acumuladas do piso usando raspadores ou vassouras. Bem como o sistema de alojamento “todos dentro – todos fora” indicam os melhores resultados para doenças respiratórias.
A aspersão de desinfetante tem um bom resultado para os problemas respiratórios como elementos integrantes da poeira em granjas de suínos são água (13,1%) e matéria seca (86,9%), cinzas (14,6%), proteína bruta (23,9%), gorduras (4,3%) e fibras (4,3%). Em um estudo medindo o nível de poeira depositado nas instalações, foram encontrados níveis diários médios de 2,61 g/m². Avaliando o efeito da aspersão de desinfetante em terminações em relação à ocorrência de sinais clínicos de doenças respiratórias (tosse e espirros), a uma eficiência utilizando diluição de 1:500 a cada 24 ou 48 horas para controle de espiro e de diluições de 1:500 a cada 24 ou 1:250 a cada 48 horas para tosse. Estudo realizado com bomba costal e desinfetante a base de digluconato de clorhexidina minimizando níveis de poeira e, eventuais patógenos no ar, não tendo efeito a níveis de bronquíolos pelo sistema de aspersão fazer uma gota maior que 10 micras.
Nos últimos anos tivemos um aumento na prevalência e maior dificuldade no controle dos problemas respiratórios em suínos no Brasil, este fato com a evolução nas tecnologias de produção de vacinas, com instalações mais modernas e maiores cuidados de biossegurança. Porém, neste mesmo período com o uso restrito de alguns antibióticos via ração fica indispensável à importância de conhecer e corrigir os fatores ambientais e de manejo que favorecem as doenças respiratórias. Um ponto importante que precisamos considerado é que o Brasil ainda é livre do vírus da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos (PRRS), doença que causa ainda mais perdas relacionadas ao complexo de doenças respiratórias dos suínos.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2019 ou online.
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.