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Faltam acordos que favoreçam o Brasil no comércio internacional, avalia Santin

Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural explica os motivos que dificultam fechar acordos com outros países para a avicultura brasileira.

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Conhecer o mercado internacional e os principais acordos comerciais é tarefa básica para aqueles que trabalham com o agronegócio, já que grande parte da produção é exportada, bem como muitos insumos são importados. É claro que este é um mercado em que não é estático, mas que está em constante transformação e aprimoramento. Essa temática é recorrente nos principais eventos que tratam sobre o mercado de produção animal e não ficou de fora do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários (Nucleovet), em Chapecó, SC, entre os dias 04 e 06 de abril. Quem explana sobre esta importante temática é o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, que concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, em que explica os motivos que dificultam ao Brasil fechar acordos com outros países para a avicultura brasileira.

O Presente Rural – O senhor apresenta a palestra “Mercado internacional e acordos comerciais: uma visão econômica” no SBSA. Fale a respeito.

Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin – Foto: Mario Castello/ABPA

Ricardo Santin – Abordo uma visão de futuro para o setor produtivo brasileiro. Apesar dos esforços recentes pela construção de novos acordos, ainda estamos longe de avanços significativos na construção de acordos bilaterais com impacto direto em nossas exportações. Estamos muito longe do Chile, por exemplo, que mantém acordo com dezenas de outros mercados. Uma nação com foco em exportar alimentos para o mundo, como é o caso do Brasil, precisa destravar as negociações e construir novos acordos.

O Presente Rural – Quando pensamos em acordos internacionais ponderamos que políticas públicas ou ações de órgãos governamentais para esta finalidade são de extrema importância. Como está esse cenário?

Ricardo Santin – A demanda de acordos é apresentada pelo setor privado, mas totalmente viabilizada pelos entes públicos. O Ministério das Relações Exteriores, juntamente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério do Desenvolvimento são os entes com os quais temos apresentado a necessidade de acordos que poderão gerar avanços significativos para o nosso setor. O quadro, como falamos, ganhou importantes avanços nos anos recentes, mas houve poucas conclusões. Veja o caso do Acordo Mercosul-União Europeia, que já completa mais de década de negociações, sem conclusões realmente definitivas.

O Presente Rural – Quais mercados que a carne de frango brasileira ainda pode acessar ou ampliar sua participação?

Ricardo Santin – Estamos hoje em 150 mercados, mas podemos avançar para novos altamente relevantes, como Nigéria (atualmente fechado) ou Índia (tecnicamente aberto, mas com tarifas proibitivas). O estabelecimento de acordos, entretanto, segue propósitos maiores. Muitas vezes temos mercados já abertos para o nosso setor, e para lá enviamos produtos. Entretanto, graças a acordos comerciais estabelecidos entre estes destinos de nossas exportações e nossos concorrentes, nos tornamos menos competitivos, já que nos deparamos com tarifas menos vantajosas. Veja o caso da carne suína para a Coreia do Sul, país que oferece uma tarifa mais atrativa para outros concorrentes, como é o caso dos EUA. Atualmente estão suspensas para o Brasil, mas podem voltar a qualquer momento.

O Presente Rural – Existem barreiras para a nossa carne de frango acessar outros países?

Ricardo Santin – Sim, e são variáveis. A Nigéria, por exemplo, possui forte pressão de produtores locais contra a entrada das importações, e se mostra irredutível para as tratativas. O mesmo ocorre com a Indonésia, contra a qual acionamos painel na Organização Mundial do Comércio, vencido em todas as etapas – entretanto, sem gerar, ainda, sua definitiva abertura. A Índia, outro caso que já citei, também impõe fortes barreiras tarifárias por pressão de produtores locais.

O Presente Rural – Atualmente quais as nossas principais vantagens em relação aos outros grandes produtores?

Ricardo Santin – Sempre digo que não somos melhores do que ninguém, mas ninguém é melhor que o Brasil. E temos fatores de competitividade bastante relevantes no mercado internacional, como oferta própria de grãos, com baixíssima necessidade de importação, status sanitário ímpar, diferenciado em relação ao mercado global, e características sustentáveis, como baixo consumo energético e reduzidas emissões em comparação com outros grandes produtores globais.

O Presente Rural – Atualmente quais as nossas principais desvantagens em relação aos outros grandes produtores?

Ricardo Santin – É exatamente a falta de acordos que nos favoreçam no comércio internacional.

O Presente Rural – Quais foram os impactos que as últimas turbulências globais, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, impuseram ao setor do agronegócio e ao setor de carne de frango e ovos?

Ricardo Santin – Ambas as situações geraram, de imediato, obstáculos logísticos severos. Em seu auge, a pandemia gerou forte aumento nos custos de frete marítimo, além da falta de contêineres para o transporte. Mesmo assim, seguimos exportando e batendo recordes, reforçando nossa posição como líder global do comércio internacional de carne de frango.

O Presente Rural – Quais são os impactos no mercado internacional para a carne de frango do Brasil caso a Influenza aviária seja detectada no país?

Ricardo Santin – Ainda não é possível prever, de fato, quais os impactos. Tudo dependerá da forma como a situação, se acontecer, nos alcançará. Caso seja detectada em animais silvestres ou aves de fundos de quintal, o status sanitário de livre de Influenza aviária permanecerá, já que a própria Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) prevê que tal situação não altera o status sanitário do país.

O Presente Rural – É possível criar blocos fechados, como o Sul ou mesmo um ou outro Estado, para manter nossas exportações caso a Influenza aviária chegue ao Brasil?

Ricardo Santin – É o que chamamos de regionalização, ou de compartimentação. É possível, sim, mas deve antes passar pelo crivo do Ministério da Agricultura e pecuária (Mapa) e da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

O Presente Rural – Existem acordos internacionais que estão sendo costurados para a entrada da carne de frango brasileira?

Ricardo Santin – Sim, temos várias tratativas em andamento tanto para abertura de mercado como, também, para ampliação das vendas e renegociações tarifárias, com diversos mercados, incluindo aqueles já citados. É um processo longo, bastante complexo, que envolve muitos entes e instâncias, além de interesses das partes envolvidas.

O Presente Rural – Como estão os embarques de carne de frango nesses primeiros meses do ano? Como as exportações devem se comportar em 2023?

Ricardo Santin – De acordo com relatório divulgado recentemente pela ABPA, as exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 379,2 mil toneladas em fevereiro. Esse número supera em 1,3% o total registrado no mesmo período de 2022, quando foram embarcadas 374,5 mil toneladas. Desta maneira, a demanda internacional pelo produto brasileiro segue em alta, com pontuais mudanças sendo compensadas pela elevação das compras de outros países importadores. Neste ano, vimos mercados tradicionais, como China e União Europeia, retomarem protagonismo no desempenho dos embarques de carne de frango do Brasil, indicando uma tendência de comportamento de compras que deve se manter ao longo de 2023.

O Presente Rural – Como o câmbio pode interferir positiva ou negativamente nos embarques de carne de frango?

Ricardo Santin – São situações variáveis. Com câmbio mais elevado, ganhamos mais na conversão em reais, mas ao mesmo tempo perdemos em fatores de custos de produção, já que o preço do milho e do farelo de soja tem entre seus referênciais a Bolsa de Chicago. O inverso também é verdadeiro.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse gratuitamente a edição digital Avicultura Corte e Postura. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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