Avicultura
Falta de laboratórios deixa Brasil despreparado para surtos de influenza aviária
Enquanto nos Estados Unidos existem 97 laboratórios, com testes rápidos em 15 minutos, no Brasil há três unidades capazes de realizar os exames e uma demora de até 21 dias no diagnóstico
O Brasil é segundo maior produtor de aves do planeta atrás apenas dos Estados Unidos, mas quando o assunto é rede laboratorial de assistência ao setor, há um abismo entre dois países. No Brasil, a falta de laboratórios deixa o país incapaz de agir com rapidez em casos de surtos de influenza aviária. Há apenas três laboratórios capazes de realizar os exames que flagram o vírus. O alerta foi dado pelo médico veterinário PhD Mario Sérgio Assayag Junior, durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu de 03 a 05 de abril, em Chapecó (SC), sob coordenação do Núcleo Oeste de Médicos Veterinários (Nucleovet).
“Falta capacidade laboratorial para o Brasil e isso é um grande problema. Aqui, o diagnóstico leva até 21 dias para ser produzido. Hoje só um laboratório em Campinas (SP) está totalmente preparado para isso. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos existem testes rápidos que apontam resultado em 15 minutos”, frisou.
A palestra “Influenza aviária – medidas de prevenção e experiência nos mercados afetados”, apontou o cenário norte-americano como referência (veja quadro da mobilização nos EUA para erradicação do primeiro caso de 2016 de IA). Ele também exemplificou com o México, que “se tornou endêmico por falta de ações coordenadas, deficiência no diagnóstico, dificuldade para eliminar todas as aves, entre outros fatores.
Brasil precisa mais de tudo
“A influenza é um grande risco para a produção avícola. No Brasil, temos um alto risco de não estarmos totalmente preparados para um surto. Temos a necessidade de conscientizar toda a cadeia, com educação, simulados e investimentos.
O palestrante defendeu que o Brasil tenha mais recursos para o combate emergencial caso haja surtos, mais laboratórios e mais análises para garantir a segurança da produção avícola e agir rápido caso a IA chegue ao país, mostrando mais uma vez a fritante diferença entre o primeiro e o segundo maior produtor de aves do mundo. No Brasil existem três laboratórios, que fazem 13,4 mil análises por mês. Nos EUA, são 97 laboratórios, que realizam 152 mil análises mensais”, frisou. “Por outro lado, o fundo de emergência no Brasil é de R$ 32 milhões, custeado pelos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. Nos EUA, o fundo tem mais de US$ 1 bilhão investido pelo governo federal, além das contribuições dos Estados”, apontou.
Evitar o 1º Surto
Evitar o primeiro surto de influenza aviária é fundamental para o país, alertou Assayag. Para isso, sugere, “é necessário ter controle sob aves migratórias e visitantes externos (há grande preocupação por conta das Olimpíadas no Rio de Janeiro) e ter a água blindada e aviários totalmente isolados”. Para evitar a disseminação, defendeu o estudioso, executivo de uma multinacional do setor, “é preciso investir em biosseguridade, ter um diagnóstico imediato, com laboratórios em todos os Estados, e uma ampla e rápida capacidade de ações nos focos”.
Passo a passo da agilidade no combate à IA nos Estados Unidos – 1º Surto de 2016
– Suspeita clínica após 12 horas (hora 0)
– Isolamento da granja
– Diagnóstico clínico e coleta de material no fim do dia (hora 6)
– Envio de amostras para o laboratório (hora 6)
– Diagnóstico positivo antes das 12 horas (hora 20, menos de 24 horas entre a suspeita clínica e o diagnóstico)
– Mobilização da equipe do USDA no período da tarde (hora 28)
– Deslocamento para o local do surto durante a madrugada (hora 36)
– Início da eliminação das aves antes das 07 horas (hora 44)
– Eliminação completa das aves antes das 11 horas (hora 46)
– Eliminação da cama e início da lavagem da granja (hora 48)
– Conclusão da lavagem da granja antes das 18 horas (hora 52)
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola
Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.
Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.
Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.
Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.
Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
