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Faep conhece técnicas de Israel para produzir alimentos no deserto

Apesar das condições extremas, país do Oriente Médio utiliza soluções tecnológicas para garantir água para o meio rural e autossuficiência em diversas cadeias produtivas.

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Já imaginou produzir alimentos em condições extremas, no meio do deserto, com índices baixíssimos de pluviosidade (menos de 100 milímetros por ano) e forte calor? O que parece impossível faz parte da rotina dos produtores rurais de Israel. Reconhecido mundialmente pelas soluções tecnológicas, o país do Oriente Médio garante água ao meio rural, o que permite a autossuficiência nacional em várias cadeias produtivas, como leite, frutas, verduras, legumes e cereais.

A disponibilidade do recurso hídrico para a produção de alimentos coloca Israel na prateleira de referência do cenário global. Os números comprovam a eficiência da jovem nação (são apenas 75 anos de existência) banhada pelo Mar Mediterrâneo. O país produz 75% de toda a água consumida pela população de mais de 9,3 milhões de pessoas a partir do processo de dessalinização. Sete plantas estão instaladas ao longo do litoral, permitindo que a salmoura seja devolvida ao mar, sem gerar passivo ambiental.

Recursos hídricos chegam ao produtor por meio de enormes canos de cor roxa – Fotos: Divulgação/Faep

No meio rural, 86% da água utilizada para a produção de alimentos e irrigar as pastagens dos animais são recicladas, após o tratamento dos efluentes (esgotos) das cidades. Inclusive, esse recurso hídrico chega para o produtor rural por meio de enormes canos de cor roxa, como uma solução com nutrientes – Nitrogênio, Fósforo e Potássio, o chamado NPK – para uso na agricultura. Como comparação, a Espanha usa apenas 17% de água reciclada para a produção de alimentos; a Austrália, perto de 10%; a Itália, na casa dos 8%; a Grécia, apenas 5%; e Estados Unidos e Europa, esse índice atinge mísero 1%.

“Israel não depende da chuva para produzir (alimentos). Nós conseguimos fazer agricultura no deserto”, destaca Itamar Glazer, ex-presidente e atual consultor do Volcani Center, maior centro de pesquisa em agropecuária de Israel. “Somos exemplo para outros países, tanto que exportamos as tecnologias usadas no meio rural”, reforça Glazer. Inclusive, Israel vende água (isso mesmo, água!) para a vizinha Jordânia.

A organização governamental ligada ao Ministério da Agricultura e responsável por 75% das inovações utilizadas no campo fez parte do roteiro, na primeira quinzena de maio, da delegação do Sistema Faep/Senar-PR, formada por 38 integrantes, entre técnicos da entidade, presidentes de sindicatos e produtores rurais, que conheceu, em detalhes, modelos de soluções hídricas aplicadas à agropecuária israelense. Criado em 1921, antes mesmo do surgimento do Estado de Israel, o Volcani Center conta com 190 pesquisadores, que trabalham para atender as necessidades das 13 mil famílias envolvidas com a atividade rural no país e, claro, dos consumidores, inclusive estrangeiros.

Para chegar a esse cenário de segurança alimentar nacional e referência mundial, Israel precisou tomar algumas medidas rígidas. Em 1959, o governo do país criou a Lei da Água, determinando que todas as fontes hídricas são bens públicos. Ou seja, o proprietário da terra não é o dono da água. Isso, associado a campanhas de conscientização da população, proporcionou o uso otimizado do recurso hídrico tão escasso num país desértico.

“Nos últimos anos, tivemos redução das chuvas, mas aumento de 40% da disponibilidade de água. Reflexo da consciência das pessoas e manejo assertivo da irrigação”, afirma Shabtai Cohen, pesquisador do Volcani Center.

De Norte a Sul do país, as lavouras e pomares têm sensores espalhados, que repassam as informações do índice de chuva. Com base nos números, o produtor planeja a irrigação necessária para complementar a água que a planta necessita, evitando qualquer tipo de desperdício.

“Nós somos um país desértico, que precisa agir para não ficar sem água. Por isso, precisamos conservar todas as gotas de água”, afirma Zvika Garber, gerente geral da cooperativa de água Afik Emek Hefer, outra instituição que fez parte do roteiro da viagem técnica. A entidade, fundada em 1930 (antes mesmo da fundação do país), trabalha para levar água dos centros de tratamento de efluentes para a agricultura.

No Gilat Reseach Center, produtores conheceram técnicas de irrigação

Experimento na prática

Como parte do roteiro técnico, a visita da delegação do Sistema Faep/Senar-PR ao Gilat Research Center, braço do Volcani Center, possibilitou conhecer experimentos de sistemas de irrigação com taxa variável e fertirrigação. O local abriga cultivos no deserto de Negev, distante quase duas horas da cidade de Tel Aviv, o que se assemelha à realidade enfrentada pelos produtores rurais.

“A maioria prefere copiar as recomendações de outros países. Israel tem um clima específico. Então, desenvolvemos estudos e pesquisas para, posteriormente, fazer uma calibragem fina”, aponta Hagai Yasuor, gerente geral do Gilat Research Center.

Em um dos experimentos, os pesquisadores estão analisando 75 árvores plantadas em enormes caixas, que recebem quantidades diferentes de água com NPK. O monitoramento permite saber o crescimento da planta, espessura do caule, quantidade de folhas e a qualidade do fruto. “A proposta é poder dizer para o produtor quanto ele deve usar de NPK para cada tipo de cultura nestas condições desérticas. É um sistema de precisão, que calcula a absorção de água e minerais”, explica Yasuor. Atualmente, 40% dos hortifrutis consumidos no país são produzidos no deserto, em condições extremas.

Apesar de a agropecuária não ter uma participação expressiva no Produto Interno Bruto (PIB) de Israel (entre 1,5% e 1,8% apenas), 60% dos recursos utilizados em pesquisas vêm do governo – o restante tem origem em fundos e entidades nacionais e internacionais. Sinal de que a segurança alimentar está na pauta dos governantes israelenses.

Irrigação por gotejamento também é fartamente utilizado em Israel

Irrigação por gotejo

Outra solução tecnológica israelense exportada em larga escala é a irrigação por gotejo. No país, onde a lei proíbe o uso do sistema por inundação, o gotejamento faz parte do cenário de 85% dos espaços dedicados à produção de alimentos: 10% adotam irrigação por aspersores e 5% por pivô. O índice de Israel está drasticamente acima da média mundial, que fica na casa dos 7%.

“Estamos vivendo a era da escassez, com a estação seca cada vez mais longa. E hoje sabemos lidar com isso, principalmente por meio do uso consciente da água”, destaca Ram Lisaey, chefe global de agronomia da Netafim, empresa israelense que detém a patente do sistema de gotejamento desde a década de 1970. Cerca de 70% da água utilizada nos sistemas de gotejamento do país são de esgotos urbanos tratados.

Hoje, a Netafim está presente em mais de 110 países, com 19 plantas de produção, sendo duas no Brasil, comprovando a eficácia da tecnologia israelense.

Torre tem capacidade para gerar o equivalente a 1% da energia consumida em todo o país

Sistema instalado no deserto garante 4% da energia de Israel

Em certa localidade, a infinidade de areia do deserto de Negev é interrompida por uma “lavoura” com milhares de espelhos e painéis solares. A Power Station Ashalim, uma das instalações visitadas pela delegação do Sistema Faep/Senar-PR, reúne três sistemas independentes para a produção de energia: solar térmica, fotovoltaica e gás natural.

O mecanismo que mais chama a atenção é uma torre com 260 metros, cercada por 202,4 mil espelhos – são 50,6 mil estruturas, cada uma com quatro espelhos. Essa lavoura espelhada reflete a luz do sol em uma caldeira, que chega a incríveis 500ºC, evaporando facilmente os 200 mil litros d’água armazenados no topo da torre. Aquecida, a água gera vapor que movimenta uma turbina na parte debaixo da torre. O sistema gera 121 megawatts, o equivalente a 1% da energia consumida em Israel.

A estação era a torre de energia solar mais alta do mundo até poucos anos, quando os Emirados Árabes construíram o Parque Solar Mohammed bin Rashid Al Maktoum, com 262,44 metros de altura.

Ao lado, outra “lavoura” com 500 mil painéis solares aquece a 500°C uma serpentina na parte debaixo do sistema. O vapor produzido movimenta uma turbina, que produz outros 121 megawatts. Na outra parte do deserto, milhares de painéis solares produzem 200 megawatts, o que representa 2% da energia consumida no país.

Fonte: Assessoria Sistema Faep/Senar-PR

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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