Notícias Paraná
Exportações puxam o aumento de 9% na movimentação dos portos
Com os dados de novembro consolidados, os portos do Paraná completam 53.561.238 toneladas movimentadas nos 11 meses de 2020
Com os dados do mês de novembro consolidados, os Portos do Paraná confirmaram o recorde de 53.561.238 toneladas movimentadas nos 11 meses de 2020. O volume é 9% maior que o alcançado no mesmo período de 2019 e 0,36% maior que o registrado durante todo o ano passado.
Novembro fechou com 4.486.609 toneladas de cargas. “Este número é resultado do trabalho em equipe, que manteve um alto ritmo de crescimento em todos os meses do ano. Bater o recorde, faltando 30 dias para o fim de 2020 só foi possível graças ao empenho de cada trabalhador.”, destacou o diretor-presidente da empresa pública, Luiz Fernando Garcia.
Exportações
No acumulado do ano, 58% das operações foram no sentido de exportação. Foram 34,45 milhões de toneladas de produtos enviados do Brasil para o mundo, via portos de Paranaguá e Antonina.
O volume é 11% maior que o registrado nos mesmos 11 meses de 2019 (31 milhões de toneladas) e 3,45% que o registrado durante todo o ano anterior fechado (33,3 milhões).
O destaque do período foi a soja em grão, com 14,26 milhões de toneladas exportadas. O volume foi 36% maior que as 10,5 milhões de toneladas exportadas de janeiro a novembro de 2019 e já é 26,3% superior às 11,29 milhões de toneladas movimentadas durante todo o ano passado.
Em farelo, foram 5,42 milhões de toneladas da oleaginosa exportadas. Alta de 13% em comparação ao mesmo período de 2019 (4,79 milhões) e 4,8% em relação ao movimento do ano passado.
As exportações de açúcar cresceram 79% na comparação dos 11 meses de 2019 e 2020. Foram 4,36 milhões de toneladas neste ano, contra 2,43 milhões de toneladas movimentadas no ano passado. Comparando com os 12 meses de 2019, o volume de açúcar exportado este ano já é 65% maior.
O segmento da carga geral – no qual se enquadram a celulose, as sacarias e outras cargas unitárias que vão acomodadas no porão dos navios – registra alta de 3%, comparando os 11 meses de 2020 com 2019. Este ano, foram 6,66 milhões de toneladas exportadas. Em 2019, 6,46 milhões.
Importações
Mais de 19,1 milhões de toneladas de cargas foram importadas, de janeiro a novembro, via Portos do Paraná. O volume é 5% maior que as 18,1 milhões de toneladas descarregadas em 2019, no mesmo período e se aproxima das 19,8 milhões de toneladas importadas durante todo o ano passado.
O destaque é a inusitada importação de óleo de soja. Em 2019, nenhum volume do produto desembarcou nos portos paranaenses. Este ano, porém, foram importadas 111.427 toneladas.
Em volume, os fertilizantes seguem como os principais produtos importados. Este ano, foram 9 milhões de toneladas de adubos desembarcadas em Paranaguá e Antonina. No mesmo período, em 2019, foram 8,58 milhões. Alta registrada de 6%. Durante todo o ano passado, foram importadas 9,43 milhões de toneladas de fertilizantes.
A Carga Geral, nesse sentido do comércio exterior, também ficou em evidência. De janeiro a novembro, este ano, foram 3,9 milhões de toneladas importadas do segmento – 6% a mais que as 3,7 milhões de toneladas registradas no período, no ano passado. Nos doze meses, de 2019, foram 4 milhões de toneladas importadas.
Entre os graneis líquidos, destaque para os derivados de petróleo: 3,8 milhões de toneladas importadas, de janeiro a novembro – 3% a mais que as 3,7 milhões de toneladas registradas, no mesmo período, em 2019. O volume registrado este ano, dos produtos, ainda não ultrapassou as 4 milhões de toneladas importadas desses líquidos, durante todo o ano de 2019.
Contêineres
Nos últimos 11 meses, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), empresa que atua em 600 mil metros quadrados no Porto de Paranaguá, movimentou 835.424 TEUs (unidades equivalentes aos contêineres de 20 pés). A quantidade é 5% superior aos 79.643 TEUs registrados em 2019, no mesmo período.
Das unidades movimentadas em 2020, 406.270 TEUs são de exportação (3% a mais que os 395.995 TEUs do ano passado) e outros 429.154 TEUs, importação (8% a mais que os 398.648 no período do ano anterior).
Antonina
A movimentação no Porto de Antonina também cresceu. Foram 827.551 toneladas e alta de 2%, em relação ao mesmo período de 2019. O aumento foi puxado pela exportação de açúcar em saca. O embarque do produto cresceu 151%. Este ano, de janeiro a novembro, foram 122.981 toneladas; no ano passado, 48.919 toneladas.
O Terminal Portuário Ponta do Félix (TPPF), que opera no Porto de Antonina, também exportou Farelo de Soja. Foram 277.955 toneladas, pouco menos que o volume registrado em 2019, no mesmo período: 279.905 toneladas. Na importação, o desembarque de fertilizantes registrou 426.616 toneladas em 2020.
Notícias Política tributária
Asgav alerta para possível aumento no preço da carne de frango no Rio Grande do Sul
Governo gaúcho propõe alterações na política tributária que vão impactar diretamente a cesta básica. Setor gera cerca de 600 mil atividades diretas e indiretas e movimenta outros setores da economia, que podem sofrer impactos com o retrocesso e encolhimento da avicultura no estado.
A carne de frango foi fundamental para o sucesso do Plano Real, combatendo a inflação e garantindo acesso à proteína para milhões de brasileiros. Ao longo dos anos, reajustes acompanharam oscilações da economia e custos de produção, sem inviabilizar o acesso à população. Em nota oficial à imprensa, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul, que reúne a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e o Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Rio Grande do Sul (Sipargs) destacou que após 30 anos do Plano Real, o governo gaúcho propõe alterações na política tributária que vão impactar diretamente a cesta básica, incluindo a carne de frango. “Isso pode ocasionar aumentos consideráveis no preço do produto e seus derivados, fragmentando o setor e dificultando o acesso à proteína para as famílias mais necessitadas”, diz trecho da nota.
A produção de carne de frango, com grande sacrifício e enfrentando dificuldades, é um dos principais produtos exportados do Rio Grande do Sul, ocupando a 3ª posição no valor bruto da produção agropecuária gaúcha. O setor gera cerca de 600 mil atividades diretas e indiretas e movimenta outros setores da economia, que podem sofrer impactos com o retrocesso e encolhimento da avicultura gaúcha.
Nos últimos anos, a perda de competitividade das indústrias gaúchas foi alarmante, com 51% da carne de frango e cortes congelados comercializados no estado vindo de outras unidades da federação. “O governo gaúcho não apresenta propostas para dar viabilidade aos empreendimentos avícolas. Ao contrário, os decretos que entrarão em vigor em 1º de abril aumentam encargos e desestimulam a competitividade”, pontua a publicação.
Solicitação à suspensão dos decretos
A Asgav solicitou ao governo estadual a suspensão dos decretos e busca, em conjunto com entidades, parlamento e outros setores da economia, alternativas para evitar o retrocesso que atingirá milhares de pessoas, trabalhadores e famílias que dependem do setor avícola e de tantos outros. “A política tributária proposta pelo governo do Rio Grande do Sul ameaça o acesso à carne de frango, impacta negativamente a economia gaúcha e não oferece alternativas para o setor avícola. A ASGAV busca diálogo e soluções para evitar o retrocesso e garantir o desenvolvimento do setor e o bem-estar da população”, ressalta trecho do documento.
Confira a nota na íntegra:
Notícias Nesta quarta-feira
Lançamento da segunda fase do Prêmio Referência Leiteira acontece durante a Expoagro Afubra
Apresentação da disputa na categoria Cases será em paralelo ao Seminário: pecuária de leite do Rio Grande do Sul – principais informações e indicadores, a partir das 09 horas, no Auditório Central do Parque de Exposições de Rincão Del Rey, em Rio Pardo (RS).
Será lançada, nesta quarta-feira (20), a segunda fase da etapa de inscrições para o 3° Prêmio Referência Leiteira. A apresentação da disputa na categoria Cases, será em paralelo ao Seminário: Pecuária de Leite do Rio Grande do Sul – Principais informações e indicadores, na Expoagro Afubra. O encontro começa a partir das 09 horas, no Auditório Central do Parque de Exposições de Rincão Del Rey, em Rio Pardo (RS).
A apresentação do regulamento ficará a cargo do presidente da comissão do Prêmio Referência Leiteira, o zootecnista Jaime Eduardo Ries, da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica (Emater/RS), que também fará a palestra da manhã. Ele estará acompanhado do vice-coordenador do 3° Prêmio Referência Leiteira, Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), e de Ronaldo Santini, secretário estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). As três entidades são as promotoras da distinção.
Assim como na edição passada, a premiação para os melhores Cases será dividida em seis categorias: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira. Na primeira parte do processo de inscrições para a 3ª Edição da premiação, as fazendas se credenciaram para disputar nas categorias: Propriedade Referência em Produção de Leite, divididas entre sistemas de criação a pasto com suplementação ou de semiconfinamento/confinamento. As três que atingirem os melhores índices em cada processo, assim como as melhores em cada Case, serão conhecidas durante evento na Expointer 2024.
Notícias
Corporações querem controle sobre debate climático, diz pesquisadora
Estudo traz visão crítica sobre transição energética no Brasil.
Termos como transição energética, mudanças climáticas e sustentabilidade socioambiental estão na boca dos porta-vozes de organizações apontadas historicamente como responsáveis por muitos dos problemas que hoje o mundo tenta mitigar, como as mineradoras, a indústria de combustíveis fósseis e o agronegócio. Além de celebrar a mudança no discurso dessas instituições, a pesquisadora Elisangela Paim, doutora em Ciências Sociais pela Universidad de Buenos Aires e coordenadora latino-americana do Programa Clima da Fundação Rosa Luxemburgo, liderou um trabalho que traz questionamentos sobre as apropriações do discurso verde no cenário atual.
O título do trabalho, Em nome do clima: mapeamento crítico transição energética e financeirização da natureza, dá uma ideia das questões levantadas. A publicação foi lançada em São Paulo no dia 11 de março e é dividida em dois eixos: o primeiro discute a transição energética por meio do mapeamento e análise de projetos e políticas associadas às eólicas, hidrogênio verde e mineração no Brasil. O segundo apresenta as iniciativas de redução das emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD) na região amazônica.
Com mais de 20 anos de acompanhamento de impactos de grandes projetos sobre comunidades na América Latina, a pesquisa também reflete mais de 15 anos de envolvimento na análise e resistência aos projetos de REDD, proporcionando uma visão crítica da transição energética no Brasil, com destaque para os estados Rio Grande do Sul, Ceará e Pará.
Em entrevista, Elisangela Paim destaca contradições como o aumento significativo na demanda por novos minerais considerados críticos e estratégicos para viabilizar a produção de equipamentos de alta tecnologia, como baterias, painéis solares, aerogeradores, carros elétricos entre outros produtos.
A transição energética se tornou um tema quase onipresente. Há necessidade de cautela para não haver esvaziamento ou desvirtuamento dessa pauta? É isso que vocês procuram alertar com o mapeamento crítico?
O que destacamos no mapeamento é a apropriação, ou melhor, a construção da noção de energia renovável por corporações que buscam se legitimar e expandir o controle sobre o debate climático e do mercado energético. As corporações dos setores de energia e mineração vêm se apresentando como comprometidas com a defesa do meio ambiente, o enfrentamento às mudanças climáticas e o combate à pobreza, com o aval e apoio ideológico e financeiro dos estados e da própria Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC).
No entanto, o que observamos é que, ao mesmo tempo em que os investimentos em energias fósseis se expandem, as corporações destacam as possibilidades de compensar os impactos negativos desses investimentos com as energias renováveis, como os complexos eólicos e a extração de minerais críticos necessários para projetos de energia renovável. A taxa estimada de crescimento da extração anual de lítio, por exemplo, é de mais de 8.000%. O mineral é um dos componentes usados na bateria de carros elétricos.
É comum ver apenas o lado positivo de projetos como usinas eólicas, painéis solares e carros elétricos, mas que problemas iniciativas como essas podem criar ou agravar?
Comunidades atingidas, movimentos e organizações sociais vêm denunciando os impactos socioambientais decorrentes da instalação de megaempreendimentos de energia eólica no Brasil. As denúncias começam logo no processo de planejamento, mas principalmente durante a instalação, devido à privatização dos territórios e pelos impactos na saúde.
Pode dar alguns exemplos?
A implantação de usinas eólicas na zona costeira do Ceará tem alterado significativamente as características ecológicas e morfológicas dos ecossistemas ali presentes, resultando em impactos negativos ao meio ambiente. Além disso, há o bloqueio ao acesso às dunas, manguezais e praias que, devido à privatização de áreas públicas pelas usinas eólicas, resulta em violações de direitos e impacta atividades culturais e econômicas das comunidades.
A pesca artesanal também está ameaçada pela possível instalação de usinas eólicas no mar (offshore) nas costas do extremo oeste (Camocim), oeste (projetos Jangada e Asa Branca), Fortaleza e região metropolitana (Projeto Caucaia).
No Rio Grande do Sul, os projetos eólicos planejados para ser instalados na Lagoa dos Patos podem inviabilizar o modo de vida e sobrevivência de pescadores artesanais, estimados em mais de 13 mil, e das comunidades pesqueiras. São conflitos que nos levam a questionar a própria noção de renovabilidade e de transição.
A demanda por minerais que viabilizem essas tecnologias também traz contradições?
No caso dos minerais da transição, destacamos que a Agência Internacional de Energia afirma que a demanda por lítio triplicou entre 2017 e 2022. A principal razão desta alta é a demanda do setor energético pela substância para a fabricação de equipamentos de armazenamento de energia.
Assim, não podemos desconsiderar os impactos relacionados à mineração; aquela mineração que conhecemos como causadora de crimes ambientais, de deslocamentos forçados, de rompimento de barragens de rejeito, de violação de direitos ao território, moradia, ambiente saudável, do racismo ambiental, aquela que resulta na exploração de tantos territórios e corpos.
Esse uso em armazenamento de energia está ligado aos carros elétricos, por exemplo?
Substituir o carro a combustível fóssil pelo elétrico, além de manter o paradigma do transporte individual, não elimina o problema da extração de recursos e tudo que está associado a isso em termos de conflitos ambientais.
Por exemplo, o estudo destaca que são necessários 236 quilos de alumínio por unidade de veículo elétrico inteligente (EVs), 22 quilos por kw gerado para uma unidade de produção de energia fotovoltaica (placas solares), 3 quilos por kw para suprir a demanda das plataformas de energia eólica offshore, além de cobre, níquel, zinco e cobalto.
A própria Agência Internacional de Energia estima que será necessário triplicar a exploração de recursos minerais para gerar os subsídios necessários para a “transição energética”.
A compensação de carbono tem sido suficientemente auditada e regulada para ser mesmo uma alternativa confiável para mitigar as mudanças climáticas?
O problema da compensação de carbono não está na metodologia utilizada. Está na sua fundamentação política e ideológica. Foi construída para possibilitar às empresas o direito de continuar desmatando, degradando, poluindo, gerando conflitos no campo. A fundamentação, sendo problemática, não tem metodologia, monitoramento, fiscalização que garanta um enfrentamento adequado da mudança climática.
Apesar de ser comprovado que as maiores causas da mudança climática e de outros problemas socioambientais no país estão relacionadas com o agronegócio, propostas baseadas em ideias climáticas como o mercado de compensação de carbono florestal, ao lado do discurso do desenvolvimento, estão, na prática, vinculadas a novas dinâmicas, como é o caso do mecanismo de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Ambiental na Amazônia e a sua relação com o mercado de carbono.
Também é importante mencionar que temos visto — aqui me refiro particularmente ao trabalho entre a Fundação Rosa Luxemburgo e o Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, através do trabalho da professora Fabrina Furtado — diversos problemas como “créditos fantasmas”, dupla contagem de redução de emissões.
As comunidades tradicionais que habitam áreas de preservação que podem integrar o mercado de carbono correm algum risco? Como elas podem se beneficiar desse processo?
Recentemente estivemos no Acre, junto com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), e visitamos comunidades envolvidas em projetos privados, ou seja, projetos “voluntários”, REDD, e foi possível comprovar que há um profundo desconhecimento sobre o tema e, especificamente, dos projetos, revelando a ausência de consulta, prévia, livre e informada como prevê a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, OIT, da qual o Brasil é signatário e com responsabilidade de aplicá-lo em todo território nacional.
As comunidades não sabem o que é carbono, mudança climática, mercado de carbono, em resumo, não compreendem o projeto do qual fazem parte. Em resumo, são comunidades vivem em um contexto de insegurança, ameaça e incerteza, sem receber nenhum benefício.
É importante destacar que essas famílias e comunidades não são responsáveis pelo desmatamento [na região] e que, portanto, o projeto não está reduzindo o desmatamento. No entanto, já está vendendo crédito e sendo utilizado para compensar as emissões de terceiros.
Quando inserimos as dimensões de classe, gênero e raça nessa perspectiva, como fazer uma transição que seja também para um mundo com menos desigualdades?
É necessário compreender as relações sociais envolvidas na produção de energia [renovável inclusive], seus usos e seus efeitos. A mudança na composição da matriz energética não é uma solução quando mantém as relações de poder desiguais, aprofunda o controle territorial por corporações e destrói territórios e modos de vida. É preciso mudar o modo de produção e consumo na nossa sociedade, principalmente, no Norte global e das elites do Sul. Além disso, é preciso respeitar o direito e autonomia das comunidades sobre os seus territórios.