Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.


Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
MBRF avança na sustentabilidade com transição global para ovos cage-free
Empresa anunciou a conclusão da mudança para ovos livres de gaiolas em todas as suas operações internacionais, um marco que reforça o compromisso com o bem-estar animal e a ética produtiva.

A MBRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo, anuncia a conclusão da transição para o uso exclusivo de ovos cage-free em seus processos industriais globais. O compromisso, já cumprido no Brasil desde 2020, agora se estende às operações internacionais, consolidando um importante avanço em sustentabilidade e bem-estar animal e antecipando a meta global prevista para dezembro de 2025.
A implementação do uso de ovos cage-free nas operações internacionais envolveu uma construção conjunta com fornecedores locais, especialmente em mercados como Turquia e Emirados Árabes Unidos, onde a produção de ovos livres de gaiolas ainda representa um desafio. A companhia trabalhou em parceria com os produtores para viabilizar investimentos, incorporar novas práticas e assegurar a oferta de insumos alinhados aos mais altos padrões de bem-estar animal. Além disso, implementou protocolos voltados à rastreabilidade e à conformidade com referências internacionais, mantendo acompanhamento contínuo para garantir a sustentabilidade da meta alcançada.
A adoção global do sistema cage-free reflete o compromisso da MBRF com práticas produtivas mais éticas e sustentáveis. “O modelo elimina o confinamento das aves em gaiolas, permitindo que expressem comportamentos naturais e movimentem-se livremente. Alinhada aos princípios de Saúde Única na produção de alimentos, essa prática contribui de forma significativa para o bem-estar animal e atende às expectativas de clientes e consumidores cada vez mais atentos à origem e à responsabilidade das empresas,” explica Josiane Busatta, consultora de bem-estar animal da MBRF.
A conclusão da transição para o sistema cage-free é apenas uma entre as diversas metas de bem-estar animal estabelecidas pela MBRF. A companhia já atingiu outros compromissos relevantes, como garantir que 100% das aves do sistema de integração sejam criadas livres de gaiolas. Além disso, concluiu a certificação de 100% das unidades de abate em bem-estar animal globalmente e a eliminação da castração cirúrgicas na cadeia de suinocultura. Como resultado desses e outros avanços, a companhia se mantém entre as mais bem posicionadas do setor em importantes rankings e índices internacionais, como o BBFAW (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), o mais importante índice global de gestão do bem-estar dos animais de fazenda.
Sustentabilidade na MBRF
O bem-estar animal é um dos seis pilares que sustentam a Plataforma de Sustentabilidade da MBRF, que busca conciliar produtividade com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade. A companhia adota práticas que protegem biomas, promovem o bem-estar animal e respeitam os direitos humanos. As iniciativas incluem o uso eficiente de água e energia, o melhor aproveitamento dos alimentos, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a gestão responsável da cadeia de fornecimento — com foco no controle de origem, no combate ao desmatamento e na promoção da inclusão social.
A MBRF adota altos padrões de bem-estar animal em toda a cadeia produtiva, com compromissos voltados à criação de aves, suínos e bovinos, guiados por diretrizes nacionais e internacionais que asseguram cuidados adequados e abate humanitário, tanto nas operações próprias quanto junto aos fornecedores.
Durante o manejo do gado, das aves e dos suínos — desde a propriedade rural até as unidades de produção —, a companhia garante o respeito aos Cinco Domínios dos animais: nutrição adequada, boa saúde, ambiente confortável, comportamento natural e estado mental. Esses princípios surgiram como uma expansão das Cinco Liberdades dos Animais, oferecendo uma abordagem mais abrangente e holística para avaliar o bem-estar animal que foram estabelecidos pelo Farm Animal Welfare Council, conselho britânico independente que é referência global na definição de parâmetros de bem-estar animal.
Avicultura
Avicultura brasileira mantém crescimento mesmo em cenário de juros altos e desafios fiscais
Produtividade, tecnologia e demanda crescente sustentam o avanço da avicultura brasileira, que mantém crescimento sólido apesar de juros altos e desafios fiscais.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tem mostrado um desempenho acima das expectativas do mercado nos últimos anos, surpreendendo analistas e investidores. Entre 2018 e 2023, o crescimento efetivo do PIB superou sistematicamente as projeções iniciais do Boletim Focus, evidenciando uma economia mais resiliente do que se imaginava, especialmente diante de um cenário político e fiscal desafiador.
Segundo o doutor em Economia Bruno Martins, fatores estruturais como a reforma trabalhista, a agenda de concessões e privatizações, a independência do Banco Central e os ganhos de produtividade no setor agropecuário contribuíram para sustentar o crescimento. “A digitalização também tem sido um motor importante, aumentando eficiência e reduzindo custos em diversos segmentos da economia”, afirmou durante sua participação no Avicultor Mais 2025 – Frangos, Ovos & Peixes, realizado em meados de junho, em Belo Horizonte (MG).
Além das bases estruturais, fatores conjunturais, como a expansão fiscal, a resiliência do crédito e o efeito de retenção, ajudaram a impulsionar o crescimento recente. No entanto, o aperto monetário já é sentido, principalmente nos setores mais cíclicos da economia, como varejo e serviços, que sofrem maior sensibilidade às taxas de juros.
Enquanto os setores cíclicos devem crescer 1,4% em 2025, com expectativa de desaceleração para 0,7% em 2026, os setores não-cíclicos, incluindo agropecuária, tecnologia, extrativa e serviços financeiros, mantêm crescimento robusto e estável, com projeções de 2,6% para 2025 e 2,7% para 2026. “Mesmo com a desaceleração em segmentos mais vulneráveis, a economia brasileira conta com pilares sólidos que sustentam seu desempenho”, observou Bruno.
Avicultura apresenta crescimento consistente

Doutor em Economia, Bruno Martins: “A avicultura é um dos segmentos que mais contribuem para a estabilidade econômica do país, oferecendo empregos e gerando receita, mesmo em um cenário de juros elevados e ajustes fiscais” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Essa resiliência se reflete diretamente na avicultura, setor não-cíclico da agropecuária que mantém trajetória consistente de crescimento, impulsionado tanto pela demanda interna quanto pelas exportações.
A produção de ovos deve alcançar 62 bilhões de unidades em 2025, alta de 7,5% em relação a 2024, com nova expansão prevista para 65 bilhões em 2026. As exportações acompanham esse avanço, devendo atingir 40 mil toneladas em 2025, alta de 116,6%, e chegar a 45 mil toneladas em 2026. No mercado doméstico, o consumo segue em ascensão e deve colocar o Brasil, pela primeira vez, entre os dez maiores consumidores mundiais, com 288 ovos per capita em 2025 e 306 em 2026, consolidando o produto como uma das principais fontes de proteína na mesa do brasileiro.
Na carne de frango, a produção nacional deve atingir 15,4 milhões de toneladas este ano, aumento de 3%, e 15,7 milhões em 2026, avançando 2%. O mercado interno vai continuar aquecido, com disponibilidade de 10,2 milhões de toneladas em 2025, sustentando um consumo per capita de 47,8 kg. “A avicultura é um dos segmentos que mais contribuem para a estabilidade econômica do país, oferecendo empregos e gerando receita, mesmo em um cenário de juros elevados e ajustes fiscais”, destacou Martins, ressaltando que a produtividade do setor e a adoção de tecnologia são fundamentais para manter essa trajetória ascendente.
Riscos fiscais
O economista também alertou para riscos fiscais que pressionam o cenário macroeconômico. “O aumento da dívida pública, aliado à desancoragem das expectativas sobre investimentos no país, mantém as taxas de juros em patamar muito elevado. O Banco Central precisará manter uma política monetária restritiva por bastante tempo”, avaliou.
Segundo Martins, o déficit nominal deve se aprofundar, atingindo -8,9% do PIB em 2025 e -8,6% em 2026, impulsionado pelo custo do serviço da dívida e pelo resultado fiscal menos favorável. “O aumento das despesas públicas e a dificuldade em alcançar superávits consistentes têm elevado a trajetória da dívida, que poderá atingir 83% do PIB até 2026. A situação se agrava com a expectativa de novos estímulos fiscais, como liberação de recursos do FGTS e expansão de programas sociais, que podem pressionar ainda mais as contas públicas”, relatou.
Mercado de trabalho
Apesar disso, o mercado de trabalho tem demonstrado resiliência, mantendo a criação de empregos e o crescimento da massa salarial. Reformas estruturais, transferências sociais e a expansão do comércio eletrônico ajudaram a reduzir o desemprego e fortalecer o consumo. “O emprego continua sendo um pilar importante para sustentar a economia, mesmo diante da desaceleração de alguns setores”, destacou Martins.
Eleições
O contexto político e as eleições futuras também influenciam o mercado. A queda na popularidade do governo tem motivado medidas de estímulo, como o programa Gás para Todos e isenção de IPI, antecipando os impactos da dinâmica política sobre a economia.
Cenário externo
No cenário externo, o Brasil se beneficia de um ambiente global favorável, com inflação mais baixa nos Estados Unidos e início de cortes nas taxas de juros, favorecendo o fluxo de capitais para mercados emergentes. “Esse contexto internacional mais positivo oferece oportunidades para que o Brasil se beneficie do aumento dos investimentos estrangeiros e fortaleça sua posição no cenário mundial”, exalta Martins, reforçando que o setor avícola continua sendo um pilar de estabilidade, capaz de amortecer os efeitos de flutuações econômicas mais amplas e de contribuir para a balança comercial do país.
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