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Exportações do agronegócio batem recorde em dezembro e no ano de 2021

Em 2021, o total exportado com o agronegócio resultou em US$ 120,59 bilhões, alta de 19,7%

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Fotos: O Presente Rural e José Fernando Ogura- AEN

As exportações do agronegócio alcançaram valores recordes para o mês de dezembro passado e também para o ano de 2021. Foram US$ 9,88 bilhões, valor recorde para os meses de dezembro: 36,5% superior aos US$ 7,24 bilhões de 2020. Em 2021, o total exportado com o agronegócio resultou em US$ 120,59 bilhões, alta de 19,7%, em relação ao ano anterior, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (13) pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

 

Embarques em dezembro/2021

O mês de dezembro de 2021 teve desempenho favorável devido ao forte aumento dos preços dos produtos exportados (22,5%) e, também, da expansão do volume destas exportações (11,4%).

Além dos preços elevados, houve recorde no volume exportado pelo Brasil no agronegócio (15,62 milhões de toneladas). De acordo com os analistas da SCRI, os destaques foram para soja em grãos (2,71 milhões de toneladas; +889,5%); farelo de soja (1,72 milhão de toneladas; +82%); celulose (1,64 milhão de toneladas; +28,8%); e carnes (667 mil toneladas; +3,3%).

Com este cenário, preços elevados e aumento do volume exportado, a participação do agronegócio nas exportações brasileiras voltou a crescer. Em dezembro de 2020, as exportações do agro foram responsáveis por 39,2% do valor total vendido ao exterior, e, em dezembro de 2021, a participação alcançou 40,6%.

 

Exportações em 2021

As exportações do agronegócio brasileiro somaram valor recorde em 2021: US$ 120,59 bilhões (+19,7%). Somente os meses de janeiro e fevereiro deste ano não registraram recordes, explicados pela forte queda da quantidade exportada de soja em grão nesses meses, em virtude do baixo estoque de passagem em 2020, e do atraso no plantio da safra 2020/2021 (seca), com posterior atraso nas áreas de colheita em decorrência das chuvas.

A partir de março, a soja em grãos é exportada influenciando no resultado total observado. O crescimento das exportações brasileiras do agronegócio ocorreu em função do aumento do índice de preços dos produtos (+21,2%), enquanto o volume embarcado se reduziu (-1,2%), conforme nota publicada pela secretaria.

Apesar do recorde nas exportações, as vendas externas de produtos do agronegócio representaram 43% das exportações brasileiras em 2021, participação 5,1 pontos percentuais inferior à verificada em 2020.

 

Resultados do mês (comparativo Dezembro/2021 – Dezembro/2020)

As exportações do agronegócio em dezembro de 2021 foram de US$ 9,88 bilhões; valor recorde
para os meses de dezembro: 36,5% superior aos US$ 7,24 bilhões de 2020. O montante resulta
do forte aumento dos preços dos produtos exportados (+22,5%) e, também, da expansão do
volume destas exportações (+11,4%).

O índice de preços das commodities agropecuárias do Banco Mundial observou comportamento semelhante de alta em dezembro de 2021, com elevação de 15,3% relativo a dezembro de 2020, e aumento de 0,8% comparado a novembro de 20211 . Ou seja, as commodities do agronegócio exportadas pelo Brasil observaram crescimento do preço médio superior à média de incremento das commodities agropecuárias mensuradas pelo Banco Mundial. No caso do índice de preços de alimentos da FAO, observou-se queda de 0,9% relativo a novembro de 2021, e expansão de 23,1% em relação a dezembro de 20202. Logo, o aumento dos preços internacionais das commodities agropecuárias é o principal fator que influencia as exportações brasileiras do agronegócio neste momento.

Além dos preços elevados, houve recorde no volume exportado pelo Brasil no agronegócio (15,62 milhões de toneladas). Destaques para: soja em grãos (2,71 milhões de toneladas; +889,5%); farelo de soja (1,72 milhão de toneladas; +82,0%); celulose (1,64 milhão de toneladas; +28,8%); e carnes (667 mil toneladas; +3,3%).

Com este cenário, preços elevados e aumento do volume exportado, a participação do agronegócio nas exportações brasileiras voltou a crescer. Em dezembro de 2020, estas exportações foram responsáveis por 39,2% do valor total vendido ao exterior, e, em dezembro de 2021, a participação alcançou 40,6%. Os produtos exportados pelo Brasil que não fazem parte do agronegócio registraram US$ 14,48 bilhões, ou 59,4% do total exportado. Os principais também foram commodities: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos – SH 2709 (US$ 2,88 bilhões; +81,5%) e minérios de ferro e seus concentrados – SH 2601 (US$ 2,40 bilhões; -20,3%), com alta expressiva dos preços médios em ambos os casos.

As importações de produtos do agronegócio foram de US$ 1,43 bilhão em dezembro de 2021 (+5,6%). Em alguns casos, também se observou alta expressiva de volumes e preços médios como: trigo (+56,4% em volumes e +20,8% em preços), malte (+32,4% em volumes e 13,5% em preços), borracha natural (+16,4% em volumes e 12,8% em preços médios) e óleo de palma (+0,9% em volumes e +74,1% em preços médios importados).

É importante ressaltar, no entanto, que no valor destas importações não são registrados os insumos necessários à produção agropecuária. Somente em fertilizantes, foram adquiridos US$ 1,73 bilhão em dezembro de 2021 (+155,8%). Tal valor se explica pela elevação do preço médio de importação destes produtos (+132,2%), uma vez que o volume importado cresceu 10,2%.

 Setores do Agronegócio

Os cinco principais setores exportadores do agronegócio em dezembro de 2021 foram: complexo soja (participação de 22,9% nas exportações totais do agronegócio); carnes (participação de 16,9%); produtos florestais (participação de 14,1%); cereais, farinhas e preparações (10,6%); e complexo sucroalcooleiro (8,7%). Em conjunto, estes setores foram responsáveis por 73,2% do valor total exportado pelo Brasil em produtos do agronegócio, e registraram crescimento de 46,8% comparando-se os períodos analisados. Em 2020, estas exportações representaram 68,0% do valor total.

Os vinte demais setores do agronegócio também aumentaram as vendas externas, passando de US$ 2,31 bilhões em dezembro de 2020 para US$ 2,65 bilhões em dezembro de 2021 (+14,6%). Porém, a participação dos vinte demais setores reduziu-se de 32% para 26,8% em dezembro de 2021.

O principal setor exportador do agronegócio brasileiro foi o complexo soja. Quase um quarto do valor exportado pelo Brasil em produtos do agronegócio em dezembro decorreu das vendas externas dos produtos deste grupo (US$ 2,26 bilhões; +341,4%). A primeira razão para o resultado expressivo destas exportações é a safra brasileira recorde em 2020/21: 137,3 milhões de toneladas de soja em grãos. Além disso, o preço do grão de soja no mercado internacional alcançou patamares também recordes, superiores a US$ 500 por tonelada em 20215, explicado por previsões para baixa produção e baixos estoques de passagem em todo o mundo, em todo o conjunto de oleaginosas, cenário que deve se repetir na safra 2021/226 , período em que a demanda deverá permanecer em patamares semelhantes ao anterior.

As exportações de soja foram de US$ 1,36 bilhão em dezembro (+1.210,9%). A colheita tardia da já mencionada safra recorde de soja em grão (2020/2021) explica o fenômeno: atraso no plantio (seca) e excesso de chuva na colheita. Nesse contexto, as exportações cresceram US$ 1,25 bilhão em valores absolutos comparando-se 2020 e 2021, com vendas externas de 2,71 milhões de toneladas em dezembro (+889,5%). A China permanece como principal país importador da soja em grão brasileira, com importações de 2,08 milhões de toneladas das 2,71 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil, o que significou a aquisição de 76,8% da quantidade total exportada da oleaginosa em dezembro.

Além das fortes exportações de soja em grão, o setor registrou vendas externas recordes de US$
698,21 milhões em farelo de soja (+79,9%), com volumes também recordes de 1,72 milhão de toneladas (+82,0%). A União Europeia é o principal mercado importador com 54,7% do volume exportado pelo Brasil. Outros mercados com participação acima de 5% nas exportações brasileiras  e farelo de soja foram: Vietnã (9,0%) e Coreia do Sul (7,2%). A retomada da produção de proteína animal nestes países, após períodos de interrupção causados pela pandemia de COVID 19, e a vacinação em larga escala, explicam a alta demanda.

As exportações de óleo de soja também foram recorde para os meses de dezembro, com US$ 200,18 milhões (+930,1%). Os preços do óleo de soja subiram em 2021 influenciados pela firme  demanda por indústrias de biodiesel no mercado global, segundo o CEPEA7 , registrando aumento de 49,5% em relação a dezembro de 2020. Com a oferta global apertada e preços elevados, a Índia reduziu o imposto de importação para óleos vegetais em setembro de 20218, para controle da inflação interna. A Índia adquiriu US$ 92,0 milhões de óleo de soja em bruto brasileiro em dezembro de 2021 ou cerca da metade do volume exportado pelo Brasil. No mesmo mês de 2020, a Índia não adquiriu o produto brasileiro, assim como o Egito, que comprou US$ 35,04 milhões em dezembro de 2021 ou 19,3% do volume exportado, e a Argélia, que adquiriu US$ 23,53 milhões em dezembro de 2021 ou 13,9% do volume exportado.

As carnes figuraram na segunda posição entre os principais setores exportadores do agronegócio em dezembro de 2021, com US$ 1,67 bilhão em vendas externas (+10,9%). Dentre as carnes, a principal exportada foi a bovina, com US$ 725,41 milhões (-2,0%). O volume comercializado de carne bovina caiu 9,9%, 151 mil toneladas, compensado em grande parte pela elevação de 8,7% no preço médio de exportação do produto, que atingiu US$ 4.805 por tonelada. Em dezembro de 2021, os principais mercados importadores de carne bovina in natura brasileira foram: Estados Unidos (US$ 129,06 milhões ou 21,1% de participação); União Europeia (US$ 70,51 milhões ou 11,5%); Egito (US$ 70,0 milhões ou 11,4%); Chile (US$ 56,19 milhões ou 9,2%); e China (US$ 41,14 milhões ou 6,7%). Os chineses importaram US$ 410,82 milhões ou 64,0% do valor exportado pelo Brasil em dezembro de 2020 de carne bovina in natura. A redução das vendas à China em dezembro de 2021 (-90,0% em valores e 92,4% em volumes) foi reflexo da suspensão temporária das importações do Brasil (entre 04 de setembro e 14 de dezembro de 2021), devido a casos isolados de Encefalopatia Espongiforme Bovina (“vaca louca”). O mercado chinês foi totalmente reaberto em 15 de dezembro de 20219.

As exportações de carne de frango subiram 29,9%, chegando a US$ 701,80 milhões no período analisado (+7,7% no volume exportado e +20,7% nos preços médios de exportação). A carne de frango in natura foi o principal produto, US$ 678,5 milhões exportados (+32,7%). Os principais mercados foram: China (US$ 104,16 milhões; 13% do volume exportado pelo Brasil); Japão (US$ 88,98 milhões; 11,4% do volume); Emirados Árabes Unidos (US$ 85,92 milhões; 11,7% do volume); e Arábia Saudita (US$ 38,47 milhões; 5,1% do volume). Entre os principais mercados, apenas a Arábia Saudita apresentou queda nos valores e volumes exportados (-48,4% e -59,0%, respectivamente). O país que já foi o principal destino das exportações do Brasil, registrou a suspensão de 11 plantas exportadoras brasileiras em maio de 202110. Como resultado, as exportações que cresciam em valor e volume para a Arábia Saudita, entre janeiro e maio de 2021 (+30,8% e +17,5%, respectivamente), passaram a cair entre maio e novembro de 2021 (- 11,3% e -36,3%, respectivamente).

As exportações de carne suína alcançaram US$ 189,37 milhões (+0,6%), com crescimento de 7,4% no volume exportado e queda de 6,3% no preço médio de exportação. Os preços internacionais da carne suína caíram pelo sexto mês consecutivo, em virtude da queda nas importações chinesas do produto. Assim, as exportações brasileiras de carne suína in natura para a China refletiram o cenário de recuperação da produção de porcos no mercado chinês. A China importou do Brasil, US$ 59,70 milhões em dezembro de 2021 (-44,3%). Por outro lado, houve crescimento das exportações para diversos mercados: Hong Kong (US$ 20,53 milhões; +45,7%); Argentina (US$ 13,46 milhões; +131,9%); Cingapura (US$ 10,28 milhões; +30,7%); e Vietnã (US$ 9,56 milhões; +314,2%).

Outro setor que exportou acima de USD$ 1 bilhão foi o de cereais, farinhas e preparações, com vendas externas de US$ 1,05 bilhão (+4,3%). O principal produto exportado pelo setor é o milho, US$ 795,03 milhões (-12,4%). A projeção inicial da safra brasileira do cereal, para 2020/21, era de produção superior a 100 milhões de toneladas. Em função de secas e geadas no Brasil, o valor foi reduzido para 87,0 milhões de toneladas (CONAB), cerca de 15 milhões de toneladas inferior à safra 2019/2020. Diante desses números, houve baixa disponibilidade interna de milho para exportação, e consequente redução do volume exportado, mesmo com o aumento dos preços médios de exportação do cereal (+24,7%).

Por fim, de modo a apurar novamente a concentração das exportações do agronegócio brasileiro, observam-se os dez principais produtos exportados em dezembro de 2021: soja em grãos (US$ 1,36 bilhões ou 13,8% de participação); milho (US$ 795,03 milhões; 8,0% de participação); café verde (US$ 719,64 milhões; 7,3% de participação); farelo de soja (US$ 698,21 milhões; 7,1% de participação); carne de frango in natura (US$ 678,46 milhões; 6,9% de participação); celulose (US$ 647,05 milhões; 6,8% de participação); carne bovina in natura (US$ 612,25 milhões; 6,2% de participação); açúcar de cana em bruto (US$ 607,43 milhões; 6,1% de participação); algodão não cardado nem penteado (US$ 487,66 milhões; 4,9% de participação); e papel (US$ 216,02 milhões; 2,2% de participação). Estes dez produtos foram responsáveis por 69,3% do valor total exportado pelo agronegócio em dezembro de 2021. No mesmo mês de 2020, os mesmos produtos responderam por 68,0% do valor exportado.

No entanto, as exportações dos demais produtos do setor, que subiram de US$ 2,31 bilhões em dezembro de 2020 para US$ 3,03 bilhões (+31%), indicaram maior dinamismo da pauta brasileira. Dentre esses produtos destacaram-se: óleo de soja em bruto (+US$ 174,21 milhões em valores absolutos); trigo (+US$ 106,78 milhões); madeira perfilada (+US$ 33,47 milhões); suco de laranja (+US$ 33,43 milhões); e arroz (+US$ 30,52 milhões).

Quanto à importação de produtos agropecuários, o valor importado alcançou US$ 1,43 bilhões (+5,6%). Os dez principais produtos agropecuários importados foram: trigo (US$ 126,41 milhões; +88,9%); milho (US$ 106,37 milhões; +181,7%); óleo de palma (US$ 85,88 milhões; +75,6%); malte (US$ 82,01 milhões; +50,2%); papel (US$ 66,08 milhões; +1,0%); salmões, frescos ou refrigerados (US$ 52,81 milhões; +12,8%); álcool etílico (US$ 52,48 milhões; +32,0%); vestuário e outros produtos têxteis de algodão (US$ 41,27 milhões; +29,7%); borracha natural (US$ 37,59 milhões; +31,3%); e azeite de oliva (US$ 35,89 milhões; -15,3%).

 

Blocos Econômicos e Regiões Geográficas

A Ásia é a principal região geográfica parceira do agronegócio brasileiro. As aquisições do continente asiático subiram de US$ 3,09 bilhões em dezembro de 2020 para US$ 3,82 bilhões em dezembro de 2021 (+23,7%). O aumento das exportações foi inferior ao incremento do valor exportado pelo agronegócio brasileiro, de 36,5%. Com efeito, a participação da Ásia diminuiu 42,7% em dezembro de 2020 para 38,7% em dezembro de 2021.

Os principais produtos exportados para a Ásia foram: soja em grãos (US$ 1,16 bilhão, +3.667,2%); algodão não cardado nem penteado (US$ 435,01 milhões, -15,9%); celulose (US$ 383,04 milhões, +43,0%); carne de frango in natura (US$ 266,24 milhões, +20,7%); farelo de soja (US$ 224,23 milhões, +34,6%). Somente esses cinco produtos foram responsáveis por 64,6% do valor total das exportações do agronegócio para o continente asiático.

A União Europeia foi a segunda principal parceira do agronegócio brasileiro, com elevação da participação no total das exportações do agronegócio para 16,3%. Tal fato deveu-se à forte expansão dos valores exportados para o bloco, que passaram de US$ 965,65 milhões em dezembro de 2020 para US$ 1,61 bilhão em dezembro de 2021 (+66,8%).

Os principais produtos responsáveis por esse crescimento foram: farelo de soja (US$ 375,14 milhões; +124,2%); café verde (US$ 370,91 milhões; +48,7%); e celulose (US$ 142,42 milhões; +249,5%). A reabertura da economia europeia e a vacinação da população nos países da comunidade, explicam o desempenho em 2021.

Países

Os vinte principais países importadores do agronegócio brasileiro estão arrolados na Tabela 3, responsáveis pela aquisição de 73,0% do valor exportado pelo Brasil em dezembro de 2021. No mesmo mês do ano anterior, a participação destes produtos foi de 69,6%. Os países que apresentaram maior ganho de participação das exportações do agronegócio brasileiro foram: Países Baixos (de 2,9% para 4,6% de participação) – principal entrada para a União Europeia – Roterdã; Egito (de 3,0% para 4,4% de participação); Espanha (de 1,2% para 2,4% de participação); e Turquia de (1,4% para 2,0% de participação).

Os Países Baixos aumentaram as importações de US$ 209,16 milhões em dezembro de 2020 para US$ 451,55 milhões em dezembro de 2021 (+115,9%). As aquisições que mais colaboraram para esse incremento foram: farelo de soja (US$ 152,61 milhões, +780,0%); e celulose (US$ 70,30 milhões, +431,7%).

No caso do Egito, as aquisições de produtos do agronegócio brasileiro foram de US$ 433,60 milhões (+102,5%). Quatro produtos explicam essa forte expansão: milho (US$ 217,90, +35,1%); açúcar de cana em bruto (US$ 84,49 milhões, +466,1%); carne bovina in natura (US$ 70,0 milhões, +386,3%); e óleo de soja em bruto (US$ 35,04 milhões, não houve importação em 2020).

A Espanha aumentou as importações de produtos do agronegócio brasileiro de US$ 89,19 milhões em dezembro de 2020 para US$ 237,43 milhões em dezembro de 2021 (+166,2%). Os produtos com crescimento absoluto superior a US$ 10 milhões, nas exportações, foram: farelo de soja (US$ 71,49 milhões, +191,3%); milho (US$ 53,03 milhões, +135,2%); açúcar de cana em bruto (US$ 24,32 milhões; +45.129,7%); café verde (US$ 22,50 milhões, +201,7%); e celulose (US$ 12,99 milhões, 1.172,2%).

Por fim, a Turquia importou US$ 197,31 milhões em produtos do agronegócio brasileiro em dezembro de 2021 (+98,7%). Seis produtos registraram importação acima de US$ 10 milhões: soja em grãos (US$ 55,59 milhões, não houve importação em dezembro de 2020); algodão não cardado (US$ 50,20 milhões, +14,8%); café verde (US$ 33,34 milhões, +120,3%); celulose (US$ 14,86 milhões, +1.165,3%); carne de frango in natura (US$ 14,29 milhões, +1.151,8%); e carne bovina in natura (US$ 10,15 milhões, +120,9%).

 

Resultados do Acumulado do Ano (comparativo Janeiro-Dezembro/2021 – JaneiroDezembro/2020)

As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram valor recorde em 2021: US$ 120,59 bilhões (+19,7%). Somente os meses de janeiro e fevereiro deste ano não registraram recordes, explicados pela forte queda da quantidade exportada de soja em grão nestes meses, em virtude do baixo estoque de passagem em 2020, e do atraso no plantio da safra 2020/2021 (seca), com posterior atraso nas áreas de colheita em decorrência das chuvas. A partir de março, a soja em grãos é exportada influenciando no resultado total observado. O crescimento das exportações brasileiras do agronegócio ocorreu em função do aumento do índice de preços dos produtos (+21,2%), enquanto o volume embarcado se reduziu (-1,2%).

Assim, 2021 foi marcado por inflação de preços de commodities agrícolas, motivada pelo rápido crescimento da demanda mundial (mesmo com a recuperação econômica limitada por diferentes níveis de vacinação entre os países) e por restrições na oferta destes produtos (sobretudo por questões climáticas, problemas na mobilidade de mão de obra devido à pandemia, problemas nas cadeias de suprimentos, custos logísticos, crise de contêineres e alta dos preços do petróleo).

Diversos analistas observam que a pandemia precipitou uma nova era de uso intensivo de commodities, à medida em que os governos enfatizaram a criação de empregos e a sustentabilidade ambiental14 como políticas de recuperação. A formação internacional de preços agrícolas foi influenciada pela forte demanda chinesa por grãos, como milho e soja, destinados à recomposição e ampliação dos rebanhos suíno e de frango no país asiático15, pela depreciação de moedas frente ao dólar em grandes exportadores destas commodities (caso do Brasil), e pelas recorrentes quebras de safra e problemas de oferta ocasionados por fenômenos climáticos (secas, geadas e furacões como nos Estados Unidos).

Há evidências de estabilização futura destes preços, porém, há riscos para previsões acertadas sobre este comportamento em virtude da trajetória dos custos da energia (petróleo e gás natural), no curto prazo, e das políticas de biocombustíveis em resposta à transição energética no longo prazo, como as planejadas pelos Estados Unidos e União Europeia. Além disso, também há riscos sobre outras ondas de COVID 19, que podem suscitar novas medidas de restrição nos países e afetar diretamente a demanda por produtos.

Apesar do recorde nas exportações, as vendas externas de produtos do agronegócio representaram 43,0% das exportações brasileiras em 2021, participação 5,1 pontos percentuais inferior à verificada em 2020. Os demais produtos exportados pelo Brasil demonstraram maior dinamismo, sobretudo devido ao comportamento de outras duas commodities não agrícolas: petróleo e minério de ferro, que foram afetadas pelo forte crescimento do preço médio de exportação, +58,9% e +64,9%, respectivamente. As exportações de minério de ferro e seus concentrados subiram 62,4%, passando de US$ 49,1 bilhões em 2020, para US$ 79,6 bilhões em 2021. A participação relativa do minério de ferro e seus concentrados nas exportações totais subiu de 23,4% em 2020 para 28,4% em 2021. No caso dos óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus, o valor exportado cresceu para US$ 44.6 bilhões (+72,9%). Neste caso, a participação relativa subiu de 12,3% em 2020 para 15,9% em 2021. Como comparação, a soja em grão foi o principal produto do agronegócio, com US$ 38,63 bilhões (+35,2%) exportados em 2021 e participação relativa praticamente igual, passando de 13,7% em 2020 para 13,8% em 2021.

Pelo lado das importações, registrou-se um total de US$ 15,53 bilhões no ano (+19,0%). Os principais produtos importados pelo agronegócio também registraram forte oscilação de preços em 2021 como: trigo (+23,0%), borracha natural (+25,9%), salmões frescos (+59,8%), e óleo de palma (+54,6%).

Setores do Agronegócio

Em 2021, os cinco principais setores do agronegócio brasileiro em valor exportado foram: complexo soja, com vendas externas de US$ 48,01 bilhões e participação de 39,8%; carnes, com US$ 19,86 bilhões e 16,5%; produtos florestais, com US$ 13,94 bilhões e 11,6%; complexo sucroalcooleiro, com exportações totais de US$ 10,26 bilhões e participação de 8,5%; e café, com US$ 6,37 bilhões e 5,3%. Em conjunto, os cinco setores foram responsáveis por 81,6% de todas as exportações do agronegócio brasileiro nos últimos doze meses.

Como já mencionado, o complexo soja foi o principal setor exportador do agronegócio brasileiro em 2021, com vendas externas de US$ 48,01 bilhões (+36,3%) e 104,96 milhões de toneladas comercializadas (+3,9%). O setor foi principalmente impactado pela alta dos preços médios de exportação (+31,2%). O principal produto exportado pelo segmento foi a soja em grãos, com a soma recorde de US$ 38,63 bilhões (+35,2%). Em quantidade, houve expansão de 3,8%, alcançando novo recorde com 86,10 milhões de toneladas embarcadas. O preço médio do produto brasileiro vendido no mercado internacional subiu 30,3% no período, totalizando US$ 449 por tonelada. Os países que mais aumentaram suas compras de soja em grão do Brasil foram: China (+US$ 6,30 bilhões), União Europeia (+US$ 1,10 bilhão), Tailândia (+US$ 377,61 milhões), Irã (+US$ 315,23 milhões) e Vietnã (+US$ 313,93 milhões).

O bom desempenho das exportações entre março e dezembro deveu-se ao atraso no plantio e colheita da soja, em função de condições climáticas adversas, e à safra recorde da oleaginosa (137,3 milhões de toneladas em 2020/2021). Logo, as exportações do grão foram postergadas, e, em função do recorde de safra, ainda havia disponibilidade para as vendas externas no fim de 2021. Outro fator importante, foi o excelente preço médio internacional do grão, também influenciado pelo atraso da oferta brasileira, por problemas climáticos nos Estados Unidos, e pelas melhores condições de demanda após o afrouxamento de políticas de distanciamento social em função da pandemia, que elevaram a necessidade de mais ração para criação animal.
A análise da série de preços do Banco Mundial deixa claro que somente em três momentos deste século a cotação internacional da soja em grão esteve acima de US$ 500/tonelada: em um curto período antes da crise internacional de 2008; entre 2011 e meados de 2014; e neste ano, em 2021.

O cenário observado para a soja em grãos, também afetou as vendas externas de farelo de soja, que alcançaram a soma recorde de US$ 7,37 bilhões, com crescimento de 24,7% em função da expansão do preço (+22,7%) e do crescimento de 1,6% no quantum também recorde comercializado (17,21 milhões de toneladas). Os destinos que mais influenciaram no crescimento das vendas no período foram: União Europeia (+US$ 448,46 milhões), Vietnã (+US$ 292,70 milhões), Tailândia (+US$ 266,66 milhões) e Irã (+US$ 194,83 milhões). Já as exportações de óleo de soja somaram US$ 2,02 bilhões (+164,9%), para um total de 1,65 milhão de toneladas comercializadas (+48,8%). O preço médio do produto também registrou alta em 2021 (+78,0%), com a cifra de US$1.222 por tonelada, cotação somente igualada em 2011, em toda a série histórica (1997-2021). O óleo de soja em bruto, representou 85,6% deste valor, com exportações de US$ 1,73 bilhão. O principal destino foi a Índia, responsável por 45,0% deste valor, US$ 779,64 milhões (+215,2%). Em um contexto de aumento de demanda global por óleos vegetais e perspectivas de maior utilização de biocombustíveis, os preços internos dos óleos vegetais na Índia influenciaram a alta da inflação de alimentos no país, o que levou o governo local a reduzir o imposto de importação de óleos vegetais, como já observado, em setembro de 2021.

O setor de carnes foi o segundo colocado entre os maiores exportadores do agronegócio brasileiro em 2021, com a cifra de US$ 19,86 bilhões (+15,7%). O crescimento observado foi resultado tanto do incremento da quantidade comercializada (+4,4%), quanto da elevação da cotação dos produtos do setor (+10,8%). As exportações brasileiras enfrentaram um cenário em geral pressionado por alta demanda e restrições de oferta no mundo, como também por alta dos custos e insumos de produção de animais.

A redução da produção mundial de carne bovina em 2021, para 60,8 milhões de toneladas (- 1,1%), devido ao menor abate na Argentina, Austrália e Brasil, pressionou fortemente os preços internacionais. A Argentina enfrentou os altos preços internos da carne bovina restringindo exportações para estimular o abastecimento doméstico. A Austrália objetivou reconstruir o menor rebanho bovino dos últimos 23 anos, em virtude da seca que atinge o país desde 2020, e dos incêndios que reduziram a área de pasto, além da retenção de fêmeas para recomposição deste rebanho17. No Brasil, a fraca demanda interna e os altos custos de produção pressionaram margens dos frigoríficos, resultando em incentivos menores para o abate de gado em 2021.

Houve crescimento da produção global de carne suína para 105 milhões de toneladas (+3,0%), devido à maior produção na China (+8,0%, alcançando 43,8 milhões de toneladas; maior produtor mundial). Desde o início de 2021, o abate de suínos no país asiático tem mantido ritmo elevado, reduzindo rapidamente os preços internos da carne após longo período de alta nos preços (restrições de oferta causadas pela peste suína africana). Mais recentemente, o abate de animais reprodutores, os desafios contínuos de produtividade e as margens reduzidas do produtor desaceleraram o crescimento da produção na China, que deve permanecer em um ritmo menor em 2022.

A produção global de carne de frango também se reduziu em relação a previsões anteriores para 101 milhões de toneladas (-1,0%), impulsionada por um declínio acentuado na China (-7%), o que pressionou os preços internacionais do frango em um momento de reabertura de estabelecimentos após o início do processo de vacinação contra a COVID 19 nos principais centros consumidores no mundo em 2021. A produção de carne de frango chinesa reduziu-se devido à demanda mais fraca, já que o rebanho suíno se recuperou e os preços da carne suína caíram rapidamente, o que afetou a preferência dos consumidores chineses. Outros países também apresentaram redução de produção, todavia, devido a impactos causados por casos de Gripe Aviária Altamente Patogênica (União Europeia, Coréia, Japão), o que impediu a expansão da produção global. O Brasil, no entanto, como principal exportador mundial da carne, manteve expansão de produção (+2,2%), impulsionada pela demanda externa e interna, mesmo com altos preços de grãos para ração.

Neste contexto internacional, o principal destaque das exportações brasileiras entre as carnes foi a bovina, cujas vendas externas totalizaram US$ 9,20 bilhões (+8,5%) em 2021. O volume negociado da mercadoria decresceu 8,3%, atingindo 1,85 milhão de toneladas. No entanto, o preço médio aumentou 18,3% no ano, alcançando US$ 4.986 por tonelada. Com exportações recordes em valor, o principal destino da carne bovina in natura brasileira em 2021 foi a China, com a soma de US$ 3,90 bilhões (-3,3%) e market share de 49,0%, mesmo com a redução dos volumes exportados (-16,8%), seguida por Hong Kong, com aquisições totais de US$ 587,14 milhões (-27,6%), e participação de 7,4%. Os valores para a China foram impactados pela suspensão das exportações brasileiras em setembro de 2021, por casos isolados de “vaca louca” no Brasil, como observado anteriormente. A China foi o principal importador de carne bovina in natura brasileira em novembro de 2020 (95,4 mil toneladas ou praticamente 60% do volume exportado; US$ 440,77 milhões). Em novembro de 2021, as exportações ao país asiático praticamente zeraram. A suspensão temporária do mercado chinês, até a reabertura em 15 de dezembro, ocasionou um pequeno processo de diversificação de mercados para a carne bovina, com destaques para: Chile (US$ 563,26 milhões; +50,4%), Estados Unidos (US$ 465,30 milhões; +384,3%) e União Europeia (US$ 432,32 milhões; +27,6%). Nos últimos doze meses, os Estados Unidos aumentaram as compras de carne bovina in natura brasileira em US$ 369,22 milhões, sendo o maior responsável pelo crescimento verificado no período.

Em seguida, observam-se as vendas de carne de frango, de US$ 7,49 bilhões (+25,0%), em um total de 4,47 milhões de toneladas (+8,3%). Como resultado, a alta do preço médio das exportações no período, de 15,4%. Restrições do lado da oferta, especialmente escassez internacional de contêineres e casos de gripe aviária na Europa e na Ásia, influenciaram a formação de preços. Com vendas recordes em valor e quantidade em 2021, o principal comprador da carne de frango in natura do Brasil também foi a China, com US$ 1,27 bilhão (+0,3%) e 639,49 mil toneladas, seguida pelo Japão (US$ 831,34 milhões; +26,4%), Emirados Árabes Unidos (US$ 690,21 milhões; +63,3%) e Arábia Saudita (US$ 648,03 milhões; -5,3%).

Interessante notar o caso da Arábia Saudita, tradicional compradora dessa proteína animal e que já respondeu sozinha por mais de um quarto das vendas brasileiras do produto. Desde 2016, o país árabe vem reduzindo as aquisições do produto brasileiro e perdeu o posto de principal destino nacional em 2019 para a China. Em 2021, apresentou o menor market share de toda a série histórica, com 9,0%.

Já as exportações de carne suína totalizaram US$ 2,62 bilhões em 2021. O crescimento de 16,1% no valor exportado foi resultado da expansão de 10,7% no quantum negociado e da elevação de 4,9% na cotação média do produto brasileiro vendido no mercado internacional. Com vendas recordes de carne suína in natura em valor e em volume no ano, os principais mercados compradores em 2021 foram: China, com aquisições de US$ 1,28 bilhão (+4,3%) e participação de 51,9%; Hong Kong, com US$ 267,47 milhões (+12,3%) e 10,8%; Chile, com US$ 149.96 milhões (+47,9%) e 6,1%; e Cingapura, com US$ 114,43 milhões (-9,3%) e 4,6% de participação. A retomada da produção de carne suína na China, afetou os preços internacionais da carne no segundo semestre de 2021, com redução excessiva de margens dos produtores chineses em função dos aumentos dos custos de produção e das quedas internas de preços20.

O terceiro principal setor do agronegócio em valor de exportação, foi o de produtos florestais, com a cifra de US$ 13,94 bilhões e crescimento de 22,1% em relação aos valores registrados em 2020 (US$ 11,42 bilhões). Tais números foram consequência do incremento de 6,4% no quantum negociado e da elevação de 14,8% no preço médio dos produtos do setor em 2021. O principal produto comercializado no período foi a celulose, com US$ 6,73 bilhões (+12,4%) para um volume recorde comercializado de 16,26 milhões de toneladas (+0,3%), e preço médio de US$ 414 por tonelada (+12,1%). As vendas externas de madeiras e suas obras alcançaram a cifra recorde de US$ 5,30 bilhões no período, um incremento de 44,2% ante os US$ 3,68 bilhões registrados em 2020. Tal patamar de vendas foi atingido em virtude da quantidade recorde comercializada (10,45 milhões de toneladas, +19,6%) e da elevação de 20,5% no preço médio dos produtos em 2021. O principal responsável pelo crescimento das vendas externas de madeira no período foram os Estados Unidos, com a variação absoluta de US$ 773,32 milhões.

Foi também o maior comprador das obras de madeira, com US$ 2,45 bilhões e participação de 46,1%, seguidos pela União Europeia, com US$ 698,84 milhões e market share de 13,2%. Fechando o setor, as exportações de papel alcançaram o montante de US$ 1,90 bilhão (+9,1%), para um volume negociado de 2,08 milhões de toneladas (-1,2%).

 

Importações

Quanto às importações do agronegócio em 2021, totalizaram US$ 15,53 bilhões e cresceram 19,0% em comparação a 2020 (US$ 13,05 bilhões). Os produtos que se destacaram foram: trigo (US$ 1,67 bilhão e +24,3%); papel (US$ 862,72 milhões e +24,5%); milho (US$ 722,68 milhões e +271,7%); malte (US$ 693,08 milhões e +29,4%); óleo de palma (US$ 687,47 milhões e +106,3%); salmões frescos ou refrigerados (US$ 610,20 milhões e +67,0%); vinho (US$ 477,95 milhões e +13,1%); azeite de oliva (US$ 441,22 milhões e +4,3%); vestuário e outros produtos têxteis de algodão (US$ 432,14 milhões e +17,3%); e borracha natural (US$ 420,02 milhões e +70,6%).

Para ver fontes do estudo e o conteúdo na integra, acesse

Fonte: MAPA

Notícias

Topgen promove a segunda edição da Semana da Carne Suína no Paraná

Campanha simbolizou uma celebração de sabor, aprendizado e valorização local.

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Foto: Shutterstock

De 3 a 10 de novembro, os municípios de Arapoti e Jaguariaíva, no Paraná, se tornaram o centro das atenções para os amantes da carne suína. A Topgen, uma empresa de genética suína, com o apoio do Sicredi, promoveu a segunda edição da Semana da Carne Suína, uma campanha que celebrou a versatilidade e o sabor da proteína suína, mobilizando comércios locais e estimulando o consumo na região que é conhecida por sua forte suinocultura.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A programação contou com momentos inesquecíveis, como o workshop exclusivo com o Chef Daniel Furtado, realizado na Fazenda Araporanga, onde açougueiros e cozinheiros da região mergulharam nas técnicas e cortes especiais da carne suína, aprendendo a explorar sua versatilidade e criando inspirações para novos pratos. Outro destaque foi o concurso de melhor prato à base de carne suína, que movimentou 15 restaurantes locais. Os consumidores participaram ativamente, avaliando as delícias e votando no prato favorito. O grande vencedor foi a PJ Hamburgueria, com um sanduíche tão incrível que os clientes já pediram para incluí-lo no cardápio fixo!

A premiação incluiu uma cesta especial com embutidos artesanais do Sul do Brasil e a oportunidade de participar do curso com o Chef Daniel Furtado, além disso, todos participantes receberam um livro de receitas clássicas com carne suína editado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), e impresso pela Topgen com o apoio do Sicredi e também um certificado de participação.

Foto: Hb audiovisual

Segundo Beate Von Staa, diretora da Topgen, a inspiração para esta mobilização veio da campanha realizada pela empresa Mig-Plus em 2022, no início da crise da suinocultura. “Naquele ano, fizemos algo simples, mas desta vez conseguimos envolver toda a comunidade. Foi gratificante ver a mobilização e os comentários positivos da população”, destacou”, finalizou.

Além de valorizar a carne suína, a iniciativa buscou incentivar o consumo local de uma proteína saudável e saborosa, mostrando aos consumidores que ela vai muito além do trivial. Assista ao vídeo da campanha e descubra mais sobre essa experiência que uniu gastronomia, aprendizado e valorização da cultura local. A ABCS parabeniza a todos os participantes e ao público que tornou a segunda Semana da Carne Suína um sucesso absoluto!

Fonte: Assessoria ABCS
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Avanços e desafios da agricultura regenerativa tropical

Evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor.

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Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

O mundo desafia a agricultura a dar segurança alimentar para uma demografia ainda em crescimento, contribuir com emissões negativas para as mudanças climáticas e ainda contribuir com produção com densidade nutricional e qualidade. A agricultura brasileira pode contribuir com essa agenda de forma relevante. Atualmente, o Brasil está entre os 5 maiores produtores de alimentos e é o primeiro colocado na exportação de vários produtos agrícolas.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

É considerado o mais importante produtor de grãos nos trópicos. Estima-se que a produção agropecuária no Brasil já alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e que as projeções da OCDE-FAO indicam uma ampliação considerável da importância do Brasil no comércio agroalimentar global até 2032. Vários são os motivos que levam a essas importantes conquistas.

Podemos citar a contribuição da agricultura industrial através da “revolução verde”, por exemplo. No entanto, muitas vezes a produção de alimentos vegetais e animais, fibras e energia também estão ancoradas em custos ocultos ao meio ambiente: a biodiversidade do sistema, a qualidade do solo agrícola, a saúde das pessoas nas cidades, a saúde dos consumidores finais, o bem-estar animal e das pessoas que trabalham diretamente no campo.

Além disso, é conhecido que esse sistema de produção convencional necessita de condições ambientais estáveis para garantir boas produtividades. Ou seja, o sistema convencional é extremamente suscetível às adversidades climáticas, as quais estão se tornando cada vez mais frequentes em diferentes regiões do Brasil. As externalidades negativas do sistema convencional de produção, somadas às suas limitações adaptativas aos extremos climáticos, requerem uma transição regenerativa e novos fundamentos de produção.

Dentro deste contexto de conscientização da sociedade por alimentos com ausência de resíduo químico, com características organolépticas superiores e com maior densidade nutricional, das necessidades de mitigar os efeitos de mudança climática, de garantir a manutenção dos recursos para as gerações futuras, de atender as demandas presentes e de preservar a biodiversidade do sistema produtivo, alguns produtores têm implementado práticas agrícolas bem conhecidas pela Ciência.

A novidade é que essas soluções estão sendo adotadas em escala. Essas práticas e técnicas de manejo regenerativo (Fig. 1) são capazes de reduzir significativamente a dependência de insumos importados, a poluição do ambiente, enquanto são capazes de aumentar a eficiência e a resiliência dos sistemas produtivos, permitindo a manutenção de boas produtividades mesmo em períodos prolongados (superior a 60 dias, no caso de grãos) sem chuvas.

A evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor. Estes também começam a prestar serviços ambientais para toda a sociedade, principalmente para as cidades, fornecendo água e alimento de qualidade, bem como mitigando os efeitos climáticos através do abatimento do carbono utilizando insumos de baixa emissão, com os manejos que privilegiam o aumento de carbono orgânico no solo, e ainda permitem o sequestro de carbono de forma permanente através do intemperismo aprimorado de minerais silicáticos, que são utilizados como condicionadores de solo, bioativação do sistema, melhoria da qualidade do solo e fontes de nutrientes.

Ao promover e valorizar a biodiversidade através da integração das áreas produtivas com as áreas naturais remanescentes, estes produtores garantem o refúgio de inimigos naturais das pragas e obtêm importantes serviços ecossistêmicos. Além de tudo, por utilizarem insumos e serviços dos seus contextos locais e regionais, compartilham a prosperidade com a sociedade, criando riqueza e oportunidades para a comunidade ao seu redor, atendendo assim aos requisitos ESG (Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa – Environmental, Social and Governance, em inglês) em plenitude.

Fig. 1: A Agricultura Regenerativa Tropical é um novo modelo de produção agrícola e pecuária que busca a melhoria contínua da saúde do ecossistema produtivo e do uso eficiente de recursos finitos. Baseia-se em uma agricultura de processos, onde diferentes manejos, técnicas e práticas são integradas para obter uma gestão holística do ecossistema.

Desta forma, entende-se como Agricultura Regenerativa Tropical (ART) um conjunto de ações e boas práticas que atuam na recuperação do ecossistema produtivo de forma a deixar um saldo de impactos positivo nas características físicas e químicas do solo, na micro e na macrodiversidade do solo, na resiliência da produção, na redução de resíduos nos produtos, no sequestro de carbono e na melhoria da sociedade local e regional. Esses produtores de alimentos, fibras e energia atuam conscientemente na adoção de manejos e suas práticas que visam promover positivamente o ambiente de produção utilizando recursos e tecnologias acessíveis da forma mais eficiente possível dentro de uma agricultura de processos, em que desafios bióticos e abióticos são equacionados através de manejos realizados em caráter preventivo. Por todas essas características, a ART tem uma forte conexão com o consumidor final, o qual prioriza a regeneração e cura dos agroecossistemas, visando impactos positivos ao ambiente, à cadeia e à sociedade. Com essa missão, os produtores visam criar novas formas de relacionamento com as cadeias de fornecedores de insumos, serviços e equipamentos, bem como de fidelidade com as cadeias de valor e com os consumidores, diferenciando sua produção, seja pela forma de produzir como pela qualidade intrínseca do produto final.

Entre as práticas utilizadas na ATR podemos destacar:

  • Manejo integrado da fertilidade do solo através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais, corretivos e circularidade da matéria orgânica com o processamento adequado de insumos orgânicos, visando a eliminação de patógenos e germinação de plantas daninhas;
  • Rotação de culturas e sistema de plantio direto sobre a palha, visando aumentar a diversificação de plantas no sistema enquanto mantém, sempre que possível, o solo coberto e revolvido o mínimo possível;
  • Uso de comunidades microbianas funcionais e de microrganismos específicos que atendam às necessidades da cultura;
  • Redução e, quando possível, a eliminação de insumos que agridem a vida no solo, nas plantas e das pessoas;
  • Recuperação de pastagens degradadas;
  • Integração lavoura-pecuária-floresta;
  • Gestão integrada da paisagem.

A implementação destas práticas depende de o agricultor sair da zona de conforto e experimentar novos processos visando a redução de custos, com uso de soluções locais e regionais. Cabe ao agricultor, pecuarista, e/ou consultor identificar a lista de prioridades a serem equacionadas e determinar a melhor forma de atuar nos processos para implementar a transição. Por exemplo, muitas doenças e a presença de pragas podem ser equacionadas com uma nutrição adequada e balanceada. Como não existe uma tabela de determinação do requerimento e balanço nutricional da cultura para cada tipo de solo, o mais adequado é construir a fertilidade do solo de forma estruturante e deixar que a planta determine qual nutriente está sendo necessário em determinada fase fisiológica.

Essa fertilidade do solo pode ser construída ao longo dos anos com o manejo integrado da fertilidade do solo, o qual visa aumentar a eficiência do uso de fertilizantes solúveis através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais e compostos orgânicos. No início da implementação deste manejo, correções pontuais através da adubação foliar podem ser necessárias ao longo do ciclo da cultura. O monitoramento semanal da lavoura se faz necessário para atender as demandas nutricionais e de correção para a supressão de pragas e doenças.

Com bom senso e políticas públicas, a adoção das práticas regenerativas devem continuar crescendo rumo à sustentabilidade da nossa agricultura. Na perspectiva de país, a ampliação da regeneração agrícola tem muitas justificativas para se transformar numa iniciativa estratégica, implementada de forma permanente e legitimada na Política Nacional Agrícola. Pois, podemos reduzir de forma significativa nossa dependência internacional de insumos fundamentais; podemos aumentar a renda dos agricultores e ativar as economias locais com a circulação de recursos da aquisição de insumos e serviços; podemos promover uma redução significativa nas contaminações e no oferecimento de produtos de melhor qualidade; podemos desempenhar uma agricultura de carbono negativo e, finalmente, podemos atender às demandas e compromissos das cadeias de valor por produtos regenerativos.

Fonte: Por Pablo Hardoim e Eduardo de Souza Martins, membros do Grupo Associado de Agricultura Sustentável
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Carrefour boicota carne do Mercosul: decisão é vista como protecionismo

Suspensão das compras de carne pelo Carrefour francês reforça críticas ao protecionismo europeu contra o agronegócio brasileiro.

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Presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto: Divulgação/ACCS

A decisão do Carrefour de parar de vender carne proveniente dos países do Mercosul, incluindo o Brasil, gerou fortes reações. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) classificou a medida como “lamentável” e reafirmou que o Brasil segue os mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade na produção agropecuária. O anúncio foi motivado por pressões do sindicato agrícola francês FNSEA e alegações relacionadas ao impacto ambiental.

“O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Atendemos a padrões que garantem a rastreabilidade e qualidade das nossas exportações para 160 países, incluindo a União Europeia há mais de 40 anos”, destacou o Mapa, que acusou a medida de ser infundada e prejudicial à reputação do agronegócio nacional.

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, também criticou duramente a decisão. “Essa atitude é claramente protecionista. Não há motivos razoáveis para essas restrições. O Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo e seguimos rigorosos padrões ambientais e sanitários”, afirmou. Ele sugeriu que os brasileiros adotem uma resposta proporcional ao boicote. “Se eles boicotam nossos produtos, devemos reconsiderar a compra de produtos dessa rede.”

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) reforçou que o Brasil desempenha um papel essencial na segurança alimentar global. A Apex classificou como “lamentável” a postura da rede francesa, que poderia prejudicar as relações comerciais e a imagem do Brasil no cenário internacional.

O impacto da decisão também acende debates sobre a relação entre medidas ambientais e práticas protecionistas, muitas vezes vistas como barreiras não tarifárias. Especialistas alertam que atitudes como esta podem prejudicar os esforços globais de segurança alimentar em um momento crítico de demanda crescente.

O que está em jogo?

Enquanto o Carrefour cede à pressão interna, o Brasil continua sua luta por reconhecimento no mercado global, reafirmando a qualidade e sustentabilidade de seus produtos. Para muitos, a decisão francesa representa mais uma batalha na complexa relação entre o Mercosul e a União Europeia.

Fonte: Assessoria ACCS
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