Notícias
Exportações do agro batem novos recordes em março e revelam oportunidades no mercado externo
Disparada nos embarques de ovos, oportunidades com o ‘tarifaço’ americano, e protagonismo frente à mineração: primeiro trimestre de 2025 é o melhor desde 1997.

As exportações do agronegócio mineiro acabam de registrar seu melhor trimestre da série histórica, iniciada em 1997. O setor se consolidou à frente dos resultados da mineração com uma fatia de 45,3% do total das exportações do estado, número que cresceu desde o último balanço, que registrou 43%. A receita gerada pela venda de produtos do agro atingiu US$ 4,5 bilhões, com um volume de 3 milhões de toneladas. O destaque desse levantamento, no entanto, é o crescimento de mais de 260% na exportação de ovos, impulsionada pelo surto de influenza aviária que varreu os Estados Unidos.

O mês de março também se revelou o melhor desempenho de um mês isolado em toda a série histórica. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, observou-se um crescimento de 26% na receita de janeiro a março, embora o volume tenha registrado uma redução de 14,2%. O levantamento também apontou valorização do preço médio das commodities agropecuárias por tonelada de aproximadamente 47%. Já os produtos exportados pelos demais segmentos da economia mineira valorizaram, em média, apenas cerca de 13%.
O café continua sendo o principal produto exportado pelo estado. Foram US$ 2,9 bilhões em receita para 7,8 milhões de sacas comercializadas. Em relação ao primeiro trimestre de 2024, esses valores representaram aumentos de 77% no valor e 3% no volume. A commodity foi responsável por 64% da receita total do agronegócio mineiro, reforçando sua importância no cenário econômico do estado.
O estado segue firme como o terceiro maior estado exportador de produtos agropecuários do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso e São Paulo. A produção mineira chegou a 150 destinos internacionais neste trimestre. Entre eles, destacam-se a China (19%), os Estados Unidos (13%), a Alemanha (10%), a Itália (5%) e Japão (5%).
Cenário internacional
A novidade são os ovos. O produto teve um incremento notável nas vendas, principalmente para o Chile e Estados Unidos, país que deve manter a demanda alta devido aos problemas com a influenza aviária. A venda cresceu 266% em valor, alcançando US$ 4 milhões, e 153% em volume, totalizando 2 mil toneladas e marcando sua trajetória ascendente no mercado internacional. A título de comparação, de janeiro a março do ano passado, foram cerca de U$ 1 milhão de receita, para 809 toneladas de ovos exportadas.
Para o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes, a conjuntura internacional vem favorecendo as exportações mineiras. “O status sanitário diferenciado dos nossos produtos, combinado com preços competitivos, tem sido determinante para esse desempenho. Além disso, o ovo tem se consolidado como alternativa proteica acessível em um cenário global de pressão inflacionária sobre alimentos básicos”, analisou. O secretário também acredita que, com o embate comercial entre EUA e China, o agro brasileiro será opção estratégica para a China adquirir soja e carnes. “O desafio é equilibrar oportunidades com redução de dependência comercial”, comentou Thales.
Mais destaques
As carnes continuam com participações de respeito nas vendas mineiras para o exterior. O segmento registrou aumento de 23% na receita, o que significa US$ 385,4 milhões e 115 mil toneladas enviadas para o exterior, uma significativa recuperação nas vendas de todas as proteínas. As carnes bovinas obtiveram receita de US$ 269 milhões e volume de 57 mil toneladas, com acréscimos de 19% e 8% na receita e volume, respectivamente, puxadas pelo aumento das vendas para os Estados Unidos em 148%.
Minas Gerais também registrou crescimento nas exportações de carne de frango, impulsionado pelo aumento da demanda dos principais países compradores. A receita totalizou US$ 94,8 milhões, com um volume de 49 mil toneladas. Já os suínos, somaram US$ 18 milhões em vendas de carne, com um volume de 8 mil toneladas.
Desafios

O levantamento também mostra que o complexo sucroalcooleiro (açúcares e álcool) enfrentou um trimestre desafiador, com quedas de 50% no valor e 46% no volume, frente a US$ 255 milhões em receitas. A retração é, em grande parte, devido à baixa nos preços internacionais do açúcar e do etanol.
Outra retração no trimestre foi do complexo soja, composto por grãos, farelo e óleo. O segmento apresentou receita de US$ 546 milhões e volume de 1,4 milhão de toneladas, significando quedas de 18,3% no valor e 8,8% no volume. No entanto, há sinais de recuperação: março apresentou melhora significativa nos embarques, impulsionada pela entrada da nova safra e pela demanda aquecida de parceiros asiáticos.
Já o grupo de produtos florestais, representado por celulose, papel e madeira, registrou receita de US$ 243 milhões, com retração de 15%. Todos os produtos sofreram quedas em valor, volume e preços, refletindo a desaceleração de grandes economias importadoras e problemas com fretes marítimos, que ainda impactam a logística global.

Notícias
Embrapa fortalece cooperação agrícola com Moçambique
Presidente da instituição participa de missão oficial do governo brasileiro para ampliar parcerias em inovação, capacitação, manejo de biomas e transição energética, apoiando estratégias bilaterais de desenvolvimento sustentável.

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, participa da missão oficial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Moçambique, nos dias 23 e 24 de novembro. O objetivo da viagem é retomar as relações e fortalecer a cooperação bilateral entre os dois países em várias áreas, como agricultura, inovação e capacitação, ampliando a presença estratégica do Brasil no continente africano. A delegação também conta com a presença do representante da Embrapa na África, o pesquisador José Ednilson Miranda, atual articulador de iniciativas de cooperação técnica, pesquisa e intercâmbio em Adis Abeba, Etiópia, no escritório da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Entre as demandas de interesse para os dois países estão programas de melhoramento genético e inovação em culturas agrícolas e pecuária, em especial do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). “A Embrapa tem potencial para contribuir com estratégias de cooperação, como as plataformas e-Campo de capacitação on-line, Ater+Digital para apoio técnico aos extensionistas, além do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), utilizado no Brasil como instrumento de política pública que ajuda produtores na indicação da melhor época de plantio das culturas”, destacou Silvia.
De acordo com o anunciado pelo próprio presidente Lula, as parcerias em capacitação, além da Embrapa, vão envolver a ABC e o Ministério da Educação. A intenção do governo brasileiro é incluir Moçambique na etapa de implementação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta apresentada pelo Brasil aos países do G20, por meio da redução das desigualdades e em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, serão articuladas cooperações na área de mudanças climáticas, com foco na proteção de biomas florestais (principalmente, manejo do fogo e conservação da floresta do Miombo, maior bioma de Moçambique) e transição energética (produção de biocombustíveis e redução da dependência de combustíveis fósseis).
Como parte da programação da missão presidencial a Moçambique, o pesquisador da Embrapa José Ednilson Miranda representou Silvia Massruhá na manhã do dia 24, no Encontro Empresarial Brasil-Moçambique 2025, na capital Maputo. O evento foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), em parceria com o MRE, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Agência de Promoção de Investimentos e Exportações de Moçambique (Apiex), com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Notícias
Agro brasileiro sai fortalecido da COP-30 após reação técnica
Setor produtivo afirma ter revertido um cenário adverso em Belém, ganhando espaço nas negociações climáticas e evitando a publicação de um Plano Clima sem consenso.

O setor produtivo brasileiro avalia que conseguiu “virar o jogo” em Belém (PA) ao reforçar sua sustentabilidade e inovação na produção. A avaliação é do vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e da presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Tania Zanella, que atribuíram a mudança de cenário à ocupação qualificada dos espaços pela bancada e a atuação técnica das entidades do setor.
Em debate há mais de dois meses, a versão do Plano Clima aguardada para a COP-30 não foi publicado por falta de consenso em relação aos trechos que atribuem ao setor agropecuário todo o desmatamento legal e ilegal de áreas privadas ou publicas, sem considerar as remoções de gases de efeito estufa do setor. O texto também não deixa transparente a metodologia utilizada e propõe utilizar dados não oficiais para a organização da política pública.

Presidente do IPA, Tania Zanella: “O agro entrou na COP com o pé atrás, mas saiu vitorioso” – Fotos: Divulgação/FPA
Durante a reunião-almoço na terça-feira (25), foi realizado um balanço técnico da participação do agro na COP-30, além de discutir os próximos passos da negociação do Plano Clima com a Casa Civill. A reunião reuniu parlamentares, lideranças do setor e representantes das principais entidades do agro brasileiro.
O vice-presidente da FPA, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), representou a FPA na COP-30 e afirmou que a delegação do agro entrou na conferência em um cenário adverso e saiu fortalecida após uma articulação considerada decisiva nos bastidores. “Quando a COP-30 foi anunciada para Belém, muitos de nós achamos que entraríamos em uma zona de risco bastante perigosa. Mas buscamos alternativas técnicas e conseguimos construir uma posição forte e articulada”, disse.
Segundo o parlamentar, a manutenção do embaixador André Corrêa do Lago como líder da delegação — após forte disputa interna no governo. Jardim também destacou a escolha do ex-ministro Roberto Rodrigues como Special Envoy para agricultura e a indicação de Dan Yoshikawa, ligado à Fiesp, como coordenador empresarial (Champion) da COP. Para ele, essas decisões consolidaram “uma conjuntura favorável” para o agro nas negociações internacionais.
AgriZone vira vitrine estratégica
O setor avaliou como decisiva a atuação na AgriZone, espaço dedicado à agricultura tropical sustentável dentro da COP. O deputado descreveu a área como “espetacular” e “inédita”, ressaltando o impacto da demonstração de tecnologias brasileiras. “Vimos delegações estrangeiras caminhando no sol para observar a soja de baixo carbono, sistemas integrados e áreas de recuperação. Começamos o jogo perdendo de 3 x 0, mas viramos. Saímos com autoridade técnica e com respeito internacional”, disse Jardim.
A presença coordenada de entidades como CNA, Sistema OCB e Embrapa, além da elaboração de um documento técnico liderado por Marcelo Morandi, representante da Embrapa, foi considerada determinante para desmontar narrativas negativas sobre desmatamento, biocombustíveis e mercado de carbono.
Plano Clima
Para a FPA, a divulgação prematura poderia comprometer avanços obtidos na conferência. Setores do governo, relatou Jardim, defendiam que o anúncio fosse feito em paralelo aos decretos de demarcação de terras indígenas — movimento visto como “imprudente” pelas entidades do agro.

Deputado Henderson Pinto: “A COP-30 foi uma oportunidade extraordinária para mostrar ao mundo que o Brasil faz diferente”
A presidente do IPA, Tania Zanella, reforçou que a primeira minuta do gerou forte preocupação. “O agro entrou na COP com o pé atrás, mas saiu vitorioso. No caso do Plano Clima, considerando o tamanho do risco, nós avançamos bastante. Mas havia pontos extremamente sensíveis e sem maturidade técnica para serem anunciados”, afirmou.
Após reuniões diárias conduzidas com participação ativa de Roberto Rodrigues, o governo sinalizou que retomará o debate com a criação de um grupo de trabalho, com prazo estimado de 30 a 60 dias para ajustes antes da versão final do Plano. “O fato de o Plano não ter sido anunciado — algo tratado como certo — foi uma conquista coletiva”, disse a presidente do IPA.
O deputado Henderson Pinto (MDB-PA) também destacou o fortalecimento institucional do setor produtivo durante o evento. “A COP-30 foi uma oportunidade extraordinária para mostrar ao mundo que o Brasil faz diferente. Quem esteve em Belém viu um agro moderno, sustentável e unido, apresentando tecnologia, pesquisa e práticas produtivas que muita gente lá fora desconhecia. O setor produtivo saiu fortalecido, com respeito internacional e com uma mensagem clara: desenvolvimento sustentável e proteção da floresta caminham juntos no Brasil.”
Na mesma linha, o senador Zequinha Marinho (PODEMOS-PA) afirmou que a postura firme das entidades foi determinante para evitar danos ao setor. “O governo precisa compreender que política climática séria se faz com diálogo, previsibilidade e respeito à lei. O recuo no anúncio do Plano Clima foi resultado direto da firmeza das entidades e da bancada ruralista. Não aceitaremos medidas improvisadas que prejudiquem quem produz e gera emprego no Brasil.”
Mercado de carbono e financiamento climático

Senador Zequinha Marinho: “Queremos entrar com parâmetros sólidos, com segurança jurídica e capacidade competitiva”
Para Jardim, a decisão do Brasil de não ingressar imediatamente no mercado de carbono foi estratégica. “Queremos entrar com parâmetros sólidos, com segurança jurídica e capacidade competitiva. Não é falta de entendimento do instrumento; é preparo”, afirmou.
O deputado também criticou a falta de avanços na agenda de financiamento climático, especialmente na oferta de recursos dos países desenvolvidos para apoiar a preservação florestal.
Protagonismo brasileiro até a COP-31
A FPA destacou que o Brasil agora exerce a Presidência da COP, um mandato que começou no primeiro dia da COP-30 e se estende até a abertura da COP-31. Para Jardim, isso exige articular o setor público e privado em torno de uma agenda contínua de trabalho. A bancada deve convidar o embaixador Corrêa do Lago para uma reunião de balanço e definição dos próximos passos.
Notícias
Brasil entra em alerta para contrastes climáticos nos próximos meses
La Niña intensifica excesso de chuva no Centro-Norte e promete um início de verão mais seco no Sul.

O clima entre novembro e janeiro deve apresentar diferenças marcantes pelo país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, no Centro-Norte do Brasil, a estação chuvosa tende, enfim, a se firmar, trazendo alívio após um período de chuva irregular. Já no Sul, mesmo com um início de temporada relativamente úmido, a previsão indica um cenário mais seco, especialmente no Rio Grande do Sul.
A expectativa é de fortalecimento do fenômeno La Niña nas próximas semanas. Com isso, a tendência é de maior concentração de chuvas no Centro e Norte do país, enquanto a região Sul pode enfrentar tempo mais seco entre o fim de novembro e o começo de dezembro. Modelos meteorológicos dos Estados Unidos apontam precipitações acima da média no final de novembro em grande parte do Centro-Oeste, no norte de Minas Gerais e na faixa central do país. Já no Sul, no MATOPIBA e em parte do Sudeste, a projeção é de volumes abaixo ou próximos da média.

Foto: Sistema Faep
A volta das chuvas deve favorecer o avanço do plantio em áreas que sofreram atrasos por causa da seca de setembro e outubro. Por outro lado, se o excesso de precipitação persistir, há risco de atrasar o desenvolvimento das lavouras e encurtar a janela ideal para o plantio da segunda safra, especialmente do milho. O aumento da umidade também requer atenção redobrada no controle de doenças fúngicas e pragas.
No Sul, o solo ainda se beneficia do bom volume de chuva registrado no fim do inverno, o que ajudou a garantir um começo de safra mais tranquilo. A previsão de tempo mais seco em novembro deve colaborar tanto com o avanço do plantio da safra de verão quanto com a reta final da colheita do trigo. A expectativa é que a La Niña tenha fraca intensidade e duração curta, o que pode limitar impactos negativos mais severos.
Na Argentina, o excesso de chuva tem atrasado o plantio da soja e deve continuar dificultando os trabalhos ao longo de novembro. A tendência é que o padrão mais seco associado à La Niña se estabeleça entre dezembro e janeiro.





