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Peixes

Exportações de pescado crescem e setor deve fechar 2025 com avanços históricos

Com abertura de novos mercados, fortalecimento da indústria e políticas de apoio à pesca e aquicultura, Brasil exportou mais de US$ 397 milhões em pescado e ampliou a competitividade do setor em 2025.

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Foto: Divulgação/MPA

A partir de hoje, o Ministério da Pesca e Aquicultura começa uma série de reportagens sobre os avanços e realizações no setor pesqueiro e aquícola em 2025. Para começar, a Secretaria Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva (SNPI) apresenta as principais conquistas da área.

Entre elas está o aumento das exportações de pescado de diferentes regiões do país. Em 2025, já foram exportadas cerca de 118,2 milhões de toneladas de pescado, com uma receita acima de US$ 397,2 milhões (o equivalente a mais de R$ 2,1 bilhões). As principais espécies exportadas foram atuns, pargo, corvina e tilápia.

Para o secretário Nacional de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva, Expedito Netto, as ações da SNPI e do MPA como um todo buscaram ampliar o volume de pescado e o valor exportado. “Procuramos fortalecer a inserção competitiva do Brasil no comércio global de pescado, por meio da abertura de novos mercados internacionais, da adequação higiênico-sanitária das embarcações e das indústrias e do fortalecimento da diplomacia comercial”, acrescentou.

Foto: Divulgação/Mapa

Entre as medidas adotadas, está a implementação da Plataforma Nacional da Indústria do Pescado (PNIP), o Programa do Óleo Diesel, a isonomia tributária da ração destinada à aquicultura, bem como as medidas mitigadoras às tarifas de importação abusivas dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, que se consolidou com o Plano Brasil Soberano.

A PNIP é uma ferramenta usada na emissão e gestão das certificações das embarcações de pesca integradas à cadeia produtiva do pescado brasileiro. De acordo com o diretor do Departamento da Indústria do Pescado da SNPI, José Luiz Vargas, “este é um marco para a gestão eficiente e transparente do setor, elevando a confiabilidade e a rastreabilidade de toda cadeia de produção da pesca, aumentando a competitividade do pescado brasileiro”.

Novos mercados

Outra conquista celebrada pela SNPI foi a abertura de 19 novos mercados internacionais para o pescado brasileiro. Expedito Netto acredita que esses resultados “contribuem para o aumento da receita nacional e fortalecimento da balança comercial, geração de emprego e renda, valorização do pescado brasileiro e qualificação dos processos produtivos por meio da adequação higiênico-sanitária das embarcações e plantas industriais”.

O Programa de Subvenção Econômica ao Preço do Óleo Diesel para Embarcações Pesqueiras foi uma iniciativa que, segundo o secretário, também fortaleceu a cadeia produtiva, tendo em vista o alto custo do combustível para a produção pesqueira. Ao todo, foram habilitados para o programa mais de 150 mil litros de óleo subvencionado para 1.651 embarcações de pesca.

O Projeto AquaBrasil teve destaque em 2025, capacitou empresas para o aumento na exportação de organismos aquáticos ornamentais. Por meio desse projeto, empresas exportadoras participaram de eventos internacionais, como o China Pet Show 2025.

Ordenamento da Atividade Pesqueira

Em 2025, a SNPI realizou sete reuniões ordinárias e sete extraordinárias dos Comitês Permanentes de Gestão (CPGs) sob sua coordenação — Atuns e Afins; Ornamentais; Demersais N/NE; Demersais SE/S; e Pelágicos SE/S. Esses encontros foram fundamentais para subsidiar decisões estratégicas que resultaram na publicação de atos normativos essenciais para a gestão e o desenvolvimento sustentável da pesca no Brasil.

Pesca amadora e esportiva

Foto: Divulgação

Neste ano, a SNPI comemora ainda o lançamento do Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Pesca Amadora e Esportiva (PNPAE). O documento traz um plano de ação para a inovação e o fomento do setor, com foco na geração de renda e na sustentabilidade.

Durante o lançamento, a diretora do Departamento de Pesca Industrial, Amadora e Esportiva do MPA, Sandra Silvestre, explicou que “o Plano é uma ferramenta inovadora para o monitoramento da pesca amadora e esportiva. O propósito é disponibilizar informações que vão subsidiar a construção de políticas públicas para o fomento do setor, de acordo com o compromisso do MPA em desenvolver a pesca Amadora e esportiva em todo o país”.

Além disso, na oportunidade foram lançados o livro “Pesca Amadora no Brasil” e uma websérie documental sobre as boas práticas de manuseio de peixes e o turismo da pesca sustentável e foi apresentado o Painel Virtual da Pesca Amadora e Esportiva, ferramenta que traz dados sobre a atividade em todo o país. Também foi assinado um Protocolo de Intenções para o desenvolvimento da Rota da Pesca Amadora e Esportiva, em parceria com os Ministérios da Integração e Desenvolvimento Regional e do Turismo.

Outra iniciativa de destaque para a pesca amadora e esportiva foi a criação do Comitê da Pesca Amadora e Esportiva, instância de caráter consultivo e de assessoramento vinculada ao Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca (CONAPE). O órgão reúne representantes do Governo Federal, da sociedade civil, do setor produtivo e de instituições de pesquisa, com o objetivo de avançar na construção de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável do setor no país.

COP30 – A pesca industrial e a pesca amadora e esportiva também foram destaque na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), realizada em Belém (PA), em novembro. Entre as atividades, a SNPI participou de painéis que destacaram a demanda por marcos regulatórios específicos para a pesca ornamental. A secretaria também levou a necessidade de valorização do pescado como um alimento de alto valor nutricional, priorizando a captura e a produção de maneira sustentável.

Fonte: Assessoria MPA

Colunistas

Impacto das tarifas dos EUA redefine tilapicultura brasileira e acelera transformações para os próximos anos

Setor enfrenta queda na participação nas importações norte-americanas, mantém preços internos estáveis e investe em biosseguridade, inovação e diversificação de mercados para sustentar crescimento.

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Foto: Divulgação

2025 trouxe uma combinação inédita de desafios para a piscicultura brasileira: mudanças bruscas no comércio internacional, dinâmica interna de preços que surpreendeu o mercado, avanços sanitários impulsionados por necessidades e urgência de diversificar destinos da nossa produção.

Foi um ano intenso, que exigiu adaptação rápida, reposicionamento estratégico e visão mais ampla sobre o papel do Brasil nesse setor em expansão. A produção de tilápia, especificamente, entrou em 2025 com altas expectativas e o encerra com aprendizados que devem moldar o ritmo de crescimento no futuro próximo.

Foto: Shutterstock

Entre esses desafios, a virada mais expressiva veio, evidentemente, das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O salto de cerca de 10% para 50% nas taxas de importação alterou a rota natural de expansão brasileira no país que tem demanda elevada, produção interna insuficiente e alto poder de compra. O impacto foi imediato: a participação do Brasil caiu de aproximadamente 5% para perto de 3% no total das importações norte-americanas. Essa reação reforçou a necessidade de rever a estratégia, colocando a diversificação novamente no centro da agenda da cadeia produtiva.

Para além dos EUA, o setor precisou revisitar seu mapa de oportunidades globais. A análise dos mercados evidenciou que cada destino oferece limites e possibilidades distintas – e que, nenhum deles, isoladamente, substitui o potencial norte-americano. A China, por exemplo, apesar de ser um dos maiores consumidores mundiais de pescado, é autossuficiente e mantém barreiras práticas para importadores. Já o Canadá, mesmo com elevado poder aquisitivo, apresenta hábitos de consumo mais restritos. Diante desse quadro, a União Europeia surge como alternativa mais promissora, enquanto a prospecção de novos mercados se torna essencial para sustentar o ritmo de crescimento da produção brasileira.

No mercado interno, os efeitos também foram diferentes do esperado. Em vez de queda, os preços seguiram em alta, mesmo diante de um fluxo menor de exportações. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), a tilápia fechou novembro a R$ 9,29 o quilo, acima dos R$ 8,02/kg registrados logo após o anúncio das tarifas e dos R$ 7,75/kg do fim de 2024. Isso mostra que a oferta não é grande o suficiente para provocar desvalorização significativa, reforçando que o Brasil está apenas começando sua trajetória como produtor e exportador relevante.

Ao mesmo tempo, 2025 estimulou avanços importantes na área sanitária: práticas de biosseguridade mais robustas, fortalecimento dos protocolos de imunidade, uso crescente de vacinas e de nutracêuticos e investimentos em manejo preventivo. A maturidade sanitária deixou de ser tendência e passou a ser pilar estratégico para sustentação de produtividade e competitividade.

Nesse cenário, as empresas brasileiras têm se reorganizado para enfrentar um ambiente mais complexo e exigente. A Fider, maior produtora e processadora de tilápia do Estado de São Paulo e uma das maiores do Brasil, é um exemplo desse movimento, reforçando inovação, rigor sanitário e busca por novos mercados como caminhos para atravessar o período e se posicionar bem para as oportunidades que virão. Fechamos o ano mais consciente dos riscos, mais atentos às mudanças globais e, sobretudo, mais preparados para construir um futuro mais sólido e diverso para a piscicultura nacional.

Fonte: Artigo escrito por Juliano Kubitza, médico-veterinário, especialista em Finanças e diretor da Fider Pescados.
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Peixes

Mercado da tilápia mostra estabilidade com altas pontuais nas regiões produtoras

Entre 8 e 12 de dezembro, preços reagiram em Minas Gerais e nos Grandes Lagos, segundo o Cepea.

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Foto: Shutterstock

Os preços da tilápia apresentaram comportamento misto nas principais regiões produtoras do país na semana de 8 a 12 de dezembro, segundo levantamento do Cepea. Enquanto a maior parte das praças acompanhadas registrou valorização, o Oeste do Paraná foi a única região a apontar queda nas cotações.

Na região dos Grandes Lagos, a tilápia foi comercializada a R$ 9,23 por quilo, com alta semanal de 1,04%. Em Morada Nova de Minas (MG), o preço médio chegou a R$ 9,31/kg, avanço de 0,80% no período. Já no Norte do Paraná, a cotação alcançou R$ 10,10/kg, registrando elevação de 0,28% na semana.

No Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, os valores também subiram, com a tilápia negociada a R$ 9,44/kg, incremento semanal de 0,40%. Em sentido contrário, o Oeste do Paraná apresentou recuo de 0,28%, com o produto cotado a R$ 8,79 por quilo.

O levantamento do Cepea indica que, apesar de ajustes pontuais, o mercado mantém tendência de estabilidade com viés positivo na maioria das regiões acompanhadas, refletindo o equilíbrio entre oferta e demanda no período.

Fonte: Assessoria Cepea
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Peixes

Sistema integrado na piscicultura amplia produtividade e sustentabilidade no bioma amazônico

Pesquisa da Embrapa mostra que a criação conjunta de espécies é 25% mais produtiva que o modelo tradicional, com menor uso de terra e redução dos impactos ambientais.

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Levantamento da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) revela que criação integrada de tambaqui (Colossoma macropomum) com curimba (Prochilodus lineatus) é uma opção mais sustentável de produção de proteína para o bioma amazônico. Além disso, é 25% mais produtiva do que a produção de tambaqui de forma isolada.

O estudo, publicado na revista Aquaculture, avaliou os impactos ambientais da aquicultura multitrófica integrada (AMTI) de tambaqui e curimba em comparação com a monocultura de tambaqui em viveiros usando a avaliação do ciclo de vida (ACV). A AMTI é um modelo ecológico de produção que cultiva diferentes espécies aquáticas no mesmo ambiente, imitando os ecossistemas naturais para reciclar nutrientes. Dessa forma, reduz o impacto ambiental, aumenta a sustentabilidade e a eficiência, e gera múltiplos produtos de valor a partir de uma mesma unidade produtiva, como parte de uma economia circular.

Fotos: Adriana Lima

Os resultados compararam também a piscicultura a outras atividades agrícolas. Em relação à pecuária bovina, para a produção de 1 kg de proteína, são necessários 434.88% a mais de terra do que a piscicultura de tambaqui. Já a avicultura necessita de 48.84%, e a suinocultura, de 72.09% a mais de espaço. “Com isso, verificamos que a aquicultura pode ser uma alternativa para a diminuição da pressão de abertura de novos espaços para a produção agropecuária no bioma amazônico”, constata a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura Adriana Ferreira Lima (foto à direita).

Os dados confirmam um estudo publicado pela revista Nature Sustainability, em janeiro deste ano, que apontou vantagens da criação de peixes na região em comparação ao gado. A pesquisa foi conduzida por cientistas brasileiros e americanos.

Segundo Lima, comparativamente, avaliando os impactos ambientais da produção de tambaqui com outras atividades agropecuárias, o da aquicultura é muito menor. “Além da demanda por terra ser muito menor por terra, a atividade influi pouco na liberação de gases de efeito estufa. Sem dúvida, é uma solução mais sustentável para a produção de proteína no bioma amazônico”, atesta.

Por que a curimba?

De formato comprido, a curimba (foto acima) é menor do que o tambaqui e é comercializada com peso entre meio quilo e um quilo, em mercados locais do Pará e regiões ribeirinhas.

De acordo com a pesquisadora, a curimba foi escolhida por ser utilizada experimentalmente por alguns produtores e por ter um grande potencial produtivo. É hoje a segunda espécie de peixe mais exportada pelo Brasil.

Lima explica que a pesquisa considerou os fatores biológicos, ecológicos, econômicos e de mercado, além de levar em conta que a espécie já é produzida em várias regiões do País. “A curimba possui um perfil ecológico que complementa a função do tambaqui. A criação do tambaqui não sofre alterações com a inclusão da curimba, que é um peixe de fundo, responsável por consumir as sobras de ração e alimentos presentes no sedimento do fundo do viveiro”, complementa.

Outra vantagem da curimba é que ela é uma espécie que o produtor pode aceitar sem medo de ter prejuízos com a produção integrada de tambaqui, uma vez que não afeta em nada o crescimento e o rendimento do peixe amazônico mais exportado pelo Brasil.

A importância da pesquisa

A pesquisa trouxe informações fundamentais e inéditas para esse modelo integrado de criação, já adotado por alguns produtores. Até então, a criação conjunta de curimba e tambaqui era vista apenas como um recurso para melhorar a qualidade da água, pois a curimba é uma espécie que se alimenta no fundo do viveiro.

“Enquanto em países como China e índia, o cultivo de espécies de forma integrada é um padrão bastante comum, no Brasil há poucas iniciativas por falta de dados a respeito. O estudo agrega informações científicas a essa prática, esclarecendo dúvidas mais comuns dos produtores, como: por exemplo, se a inserção da curimba atrapalha ou não o crescimento do tambaqui; se é necessário aumentar a quantidade de ração para a criação de duas espécies, e qual a quantidade de curimba se deve colocar no viveiro”, observa a pesquisadora.

O estudo revelou que a curimba se desenvolveu com a mesma quantidade de ração destinada ao monocultivo do tambaqui e que não prejudica em nada o crescimento da espécie amazônica. Ao contrário: com a mesma quantidade de ração, o viveiro produziu 25% a mais de proteína por hectare, por conta da adição da nova metodologia, promovendo incremento econômico para o produtor.

Outra vantagem é que o manejo combinado das duas espécies é semelhante ao monocultivo do tambaqui, quando os alevinos de ambas as espécies têm o mesmo tamanho. Com quantidade equivalente de ração, o tambaqui e a curimba se desenvolvem normalmente, sem que uma espécie prejudique a outra.

“Nessa pesquisa colocamos aproximadamente metade de alevinos de curimba e metade de tambaqui. Com essa proporção, a curimba atingiu 200g, enquanto o ideal é chegar aos 500g. O tambaqui chegou a 1.8kg, que é o peso de comercialização no Tocantins e em outros estados da Região Norte, exceto Manaus e Rondônia”, detalha Lima.

Para pequenos produtores, a diferença de crescimento das espécies não é empecilho para a produção integrada, já que as espécies têm tamanhos de comercialização distintos. Além disso, é possível realizar a despesca do tambaqui e aguardar que a curimba atinja o peso mínimo para a comercialização.

Integração é melhor do que monocultivo

O estudo também identificou que, quando o cultivo do tambaqui é integrado com o da curimba, o impacto ambiental é reduzido. Enquanto no monocultivo do peixe amazônico é gerada a liberação de 4.2 7kg de gás carbônico por quilo de peixe, com o cultivo integrado do curimba esse valor cai para 3.9 kg. A integração também promove 17% de redução na ocupação do uso da terra, 12% na acidificação, 38.57% na dependência de água, 13.30% na demanda de energia, 21% na eutrofização da água doce e 9% no impacto na mitigação das mudanças climáticas em comparação com a monocultivo de tambaqui.

O cultivo integrado também melhorou a taxa de conversão alimentar e a recuperação de nutrientes ー fatores-chave que impulsionam a redução dos impactos ambientais. “Esses resultados destacam o sistema AMTI como uma alternativa mais sustentável à monocultura convencional de tambaqui”, enfatiza a pesquisadora.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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