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Exportações de carne suína crescem e batem recorde histórico em maio

Mercado interno ainda busca recuperação e enfrenta desafios quanto ao consumo e ao preço pago ao produtor

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Arquivo/OP Rural

O mês de maio trouxe uma marca histórica de embarques de carne suína, totalizando 90.722 toneladas na forma in natura (Tabela 1). O recorde anterior era de quase 66 mil toneladas, alcançado em dezembro do ano passado. No acumulado deste ano houve aumento de 35,1% das exportações em relação aos primeiros cinco meses de 2019. A China continua puxando este crescimento e aumentando cada vez mais sua participação. O gigante asiático já representa 54,2% das exportações do Brasil.

Tabela 1. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura de janeiro a maio de 2020 e dados mensais de 2019 (em toneladas). Fonte MDIC.

Certamente os problemas enfrentados pelos frigoríficos norte-americanos em abril e maio, devido a covid-19, contribuíram para esse aumento dos embarques de carne suína brasileira no mês passado. Segundo o MBAgro, a produção de carne bovina, suína e de frango nos EUA vem se recuperando rapidamente e unidades de processamento já operam em níveis próximos aos registrados um ano atrás.

De janeiro a maio de 2020 exportamos carne suína in natura para 94 destinos, porém, os cinco maiores compradores (China, Hong Kong, Cingapura, Uruguai e Chile) detém 83,5% do total, sendo que, somente China e Hong Kong, representam quase 70% de todos os embarques (tabela 2).

Tabela 2. Principais destinos das exportações da carne suína brasileira in natura de janeiro a maio de 2020. Fonte: MDIC.

Resta saber se este elevado ritmo de embarques de maio se mantém nos próximos meses ou aumenta. As duas primeiras semanas de junho, com 4.532 toneladas diárias (em 9 dias úteis) projetam novo recorde neste mês de junho (21 dias úteis), pois o volume médio diário embarcado em maio foi de 4.536 toneladas em 20 dias úteis. Em abril a média diária foi de 3.145 toneladas embarcadas. O fato é que a exportação tem ajudado a “enxugar” o mercado doméstico que experimenta queda no consumo já perceptível pelos dados de produção do primeiro trimestre do ano, recentemente consolidados pelo IBGE. O gráfico 1, é um ensaio sobre o consumo interno de carne suína, baseado na produção e exportação até maio de 2020. Enquanto o consumo per capita/ano no quarto trimestre de 2019 foi de 16,51kg e no primeiro trimestre de 2020 chegou a 16,79 kg, nos meses de abril e maio/20, com a pandemia, caiu para 15,79 kg, uma redução de 6% em relação ao período anterior.

Gráfico 1. Evolução mensal da produção* e exportação**, em toneladas, e consumo per capita/ano doméstico (kg) de carne suína.

*Dados de produção de out/19 a mar/20 do IBGE; dados de produção de abril e maio de 2020 projetados a partir das médias do primeiro trimestre de 2020.

**Dados de exportação de out/19 a maio/20 do MDIC (carne exportada in natura)

Esta redução da demanda doméstica obviamente se refletiu no preço pago ao produtor (gráfico 2), perceptível já no mês de março, com o início das restrições impostas pela pandemia, agravado em abril e em recuperação em maio e junho, mas ainda longe do patamar de preços alcançado no final de 2019 e começo de 2020.

Gráfico 2. Evolução preço do suíno vivo (R$/kg vivo), em cinco estados (MG, SP, PR, RS e SC), nos últimos 6 meses (até 12/06/2020). Fonte: CEPEA.

O preço do suíno tem reagido desde o início de maio, com a recomposição de estoques do atacado e varejo e a flexibilização das medidas de isolamento e fechamento do comércio em algumas regiões do país.

Chama a atenção o descompasso entre os estados na velocidade de recuperação dos preços dos suínos. O gráfico 3, que compara os preços pagos em Minas Gerais e São Paulo, demonstra claramente, um grande “descolamento” de valores entre estes estados, desde o final de abril. A diferença em favor do preço de Minas Gerais recentemente ultrapassou 10%. Esta situação de ritmo menor de recuperação em relação a Minas não se restringe ao estado de São Paulo e se reflete em outros importantes estados produtores na região centro-sul do país. A expectativa é de que a retomada das atividades econômicas do estado de São Paulo em junho, o maior consumidor do país, deva reduzir esta diferença de preço de todos os estados em relação a Minas Gerais.

Gráfico 3. Preço pago pelo suíno vivo (kg) em Minas Gerais e São Paulo ao longo de 2020 e diferença percentual entre os dois estados. Fonte: CEPEA.

Colheita da segunda safra de milho se inicia e soja se mantém valorizada

A colheita ainda está no início, mas, segundo o Cepea, os preços do milho seguem registrando pequenas quedas na maior parte das regiões, sobretudo nas do Paraná e do Centro-Oeste. Compradores postergam as negociações de grandes lotes para as próximas semanas na perspectiva de continuidade do movimento de baixa, ao passo que vendedores consultados pela entidade buscam comercializar nos atuais patamares de preços.

Gráfico 4. Preço do milho, saca de 60kg (Campinas-SP), nos últimos 6 meses (até 12/06/20). Fonte CEPEA

Segundo MBAgro, dados do IMEA apontam que o Mato Grosso deve produzir 32,9 milhões de toneladas de milho na safra 2019/20, o que seria a maior produção da série histórica, sendo 599 mil toneladas a mais que o registrado na safra passada. A comercialização do milho mato-grossense também avançou. O mês de maio se encerrou com 82% da safra 2019/20 já negociada, com índice 20 pontos percentuais maior do que os 62% registrados neste período de 2019 para a safra 2018/19. Já no Paraná, o Deral reduziu a estimativa de produção de milho para o estado em mais de 1 milhão de toneladas diante das 12,9 milhões de toneladas projetadas no início da safra.

A CONAB em sua última estimativa, divulgada no dia 9 de junho, projeta a segunda safra de milho em um total recorde de 74,2 milhões de toneladas, crescimento de 1,4% sobre a produção de 2018/19. Este número somado aos 25,4 milhões de toneladas colhidos na primeira safra e mais a estimativa da terceira (1,33 milhão) devem determinar uma produção recorde de 101 milhões de toneladas de milho da safra 2019/20.

Apesar da queda da cotação do dólar, os preços de soja continuam em patamar bastante elevado. Segundo o Cepea, o impulso veio do baixo excedente doméstico e das firmes demandas externa e interna. Além disso, os estoques das indústrias nacionais estão reduzidos. Do lado vendedor, alguns produtores consultados pelo Cepea, especialmente do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, relatam ter menos de 10% do volume desta temporada para comercializar até a próxima safra, que deve ser colhida apenas em 2021. Pesquisadores do Cepea apontam que a sustentação dos preços brasileiros está relacionada também às incertezas quanto ao consumo da China por produtos norte-americanos, o que pode manter a demanda pela soja brasileira aquecida no próximo semestre, mesmo com a entrada da safra nos Estados Unidos.

Gráfico 5. Evolução preço da soja no Paraná (R$/saca de 60 kg), nos últimos 6 meses (até 12/06/2020). Fonte: CEPEA.

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, entende que a Covid-19 ainda traz desafios e não deve ser subestimada. Por isso, ele reforça que são necessárias ações de educação e comunicação rotineira com as equipes para que mantenham os cuidados no ambiente de trabalho e em casa.

“A pandemia tem evoluído para o interior do país, se aproximando cada vez mais de nossas granjas e frigoríficos. É preciso manter os cuidados recomendados e o processo constante de educação e comunicação em toda a cadeia. O fechamento temporário de algumas plantas frigoríficas por conta do aparecimento de colaboradores positivos para a covid-19 alerta para que o setor se mantenha unido, incluindo a interação entre representantes dos produtores, indústrias, inspeção veterinária, comunidades e poder público”, salientou, mencionando também a necessidade de se elaborar planos de contingência considerando vários cenários com eventuais paralisações de indústrias, prevendo rotas e processos alternativos para reduzir o impacto econômico e ambiental destas ocorrências.

Fonte: Assessoria ABCS

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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