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Exportações de carne suína batem recordes e crescem 26,5% em março

Com 114,7 mil toneladas embarcadas, Brasil atinge a segunda maior média diária da série histórica da Secex.

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Foto: Claudio Neves

Em março, o Brasil exportou 114,7 mil toneladas de carne suína (in natura e produtos industrializados em março), aumento de 1,4% em relação ao volume de fevereiro/25 e significativos 26,5% acima do de março de 2024, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Destaca-se que a média diária de embarques em março foi a segunda maior da série histórica da Secex, iniciada em 1997, sendo de 5,4 mil toneladas, 6,9% superior à de fevereiro de 2025 e 37,1% acima da de março de 2024.

De janeiro a março de 2025, os embarques da carne suína brasileira somaram 332,5 mil toneladas, 16,2% acima da quantidade escoada no mesmo período de 2024, ainda conforme dados da Secex.

Em termos financeiros, a receita auferida com os envios também cresceram. Entre fevereiro e março de 2025, o montante foi de US$ 275,8 milhões de dólares, 1,8% maior que o arrecadado no mês anterior e 44,1% acima do registrado em março/24. No primeiro trimestre, a receita soma US$ 783,1 milhões, alta de 31,9% frente ao mesmo período do ano passado.

Diferentemente do observado no primeiro trimestre de 2024, quando a China era o principal destino da carne suína brasileira, agora em 2025 as Filipinas se configuram como maior demandante da proteína. O volume escoado às Filipinas no primeiro trimestre de 2025 superou em expressivos 72,7% o do mesmo período de 2024.

Fonte: Assessoria Cepea

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“Inseminação artificial impulsionou salto genético e produtivo da suinocultura brasileira” afirma presidente da Abegs

Consolidada há cinco décadas, a tecnologia responde hoje por quase 100% das coberturas no país e é a base da evolução genética, produtiva e sanitária que colocou a suinocultura brasileira entre as mais eficientes do mundo.

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Responsável por praticamente todas as coberturas realizadas atualmente no país, a inseminação artificial em suínos chega a 2025 consolidada como uma das tecnologias mais transformadoras da suinocultura brasileira. Em meio século de trajetória, a técnica deixou de ser apenas uma alternativa de reprodução para se tornar o eixo central da evolução genética, produtiva e sanitária dos plantéis nacionais.

O que começou em 1975, em experiências pontuais conduzidas por veterinários e pesquisadores do setor, se tornou o motor de um processo contínuo de modernização. Desde então, a inseminação artificial ajudou a moldar uma suinocultura mais eficiente, profissional e competitiva, capaz de rivalizar com os principais polos produtivos do mundo.

Para o médico-veterinário Alexandre Furtado da Rosa, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS), a técnica representa o elo que conecta ciência, eficiência e resultado. “A inseminação artificial foi o divisor de águas da genética suína no Brasil. Ela permitiu disseminar o progresso de forma rápida, segura e padronizada, elevando o patamar de produtividade em todos os elos da cadeia”, afirma.

Entre as vantagens da aplicação desta técnica em suínos está a facilidade operacional do processo, considerada mais simples do que em outras espécies, como os bovinos. Contudo, Alexandre ressalta que a suinocultura tem uma desvantagem em relação aos bovinos, que é a questão do sêmen congelado, que é bem menos eficiente nos suínos. “Usamos muito sêmen resfriado, mas o processo de inseminação em si é mais simples do que o de bovinos, que exige capacitação maior. Talvez seja essa uma das razões pela qual a bovinocultura avançou mais rapidamente”, menciona.

Primeiros passos

Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS), médico-veterinário Alexandre Furtado da Rosa: “A inseminação artificial é o motor da evolução genética, produtiva e sanitária da suinocultura brasileira” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O início da inseminação artificial em suínos, na década de 70, foi incipiente, apesar de inovador. Por quase 20 anos a utilização permaneceu limitada. “A partir de meados dos anos 90, se intensificou a capacitação. Eu estava entrando na empresa em que trabalho hoje e houve um treinamento massivo de técnicos de campo e veterinários na Embrapa, com a doutora Isabel Scheid. Esses treinamentos foram fundamentais para implementar a técnica em larga escala nas granjas”, relata Alexandre.

Na época, as propriedades passaram a adaptar espaços internos para alojar machos, coletar sêmen e manter pequenos laboratórios. “Também começaram a chegar empresas fornecedoras de diluentes, praticamente todas internacionais até hoje, que apoiaram a comercialização de equipamentos e capacitavam técnicos de laboratório. Foi o início do uso mais comercial da inseminação artificial”, ressalta o presidente da ABEGS.

Diferencial das UDGs

Outro marco importante foi a criação das Unidades de Disseminação de Genes (UDGs), a partir de 2010. As UDGs incorporam sistemas semiautomatizados de coleta de sêmen, transporte interno pneumático e segregação rigorosa de biossegurança entre galpão e laboratório. Tudo isso permite reduzir erros, aumentar a eficiência e manter o maior nível de sanidade animal.

Essas unidades possibilitaram que empresas de genética utilizassem machos de alta qualidade para atender múltiplos clientes simultaneamente, maximizando o potencial genético. “Antes, um macho de monta natural deixava cerca de mil a 1,2 mil descendentes ao longo da vida. Com a inseminação artificial, esse mesmo macho pode gerar entre 10 e 11 mil descendentes, ou seja, 10 vezes mais”, explica Alexandre. “Isso criou um ganho massivo de qualidade genética no plantel brasileiro. Com as UDGs, conseguimos democratizar o acesso a machos superiores e impulsionar a eficiência reprodutiva”, complementa.

As UDGs também permitiram trazer bisavôs e avôs do exterior, multiplicar os filhos no Brasil e distribuir o sêmen de forma segura e eficiente. “O conceito de UDGs grandes, com 800 ou 900 machos, tornou possível investir em biossegurança, isolamento, sistemas de filtragem de ar e equipamentos de última geração, garantindo backup e contingência em caso de problemas. Isso criou uma capilaridade muito forte na suinocultura brasileira, talvez um dos modelos mais eficientes do mundo”, salienta Alexandre.

De acordo com o presidente da ABEGS, atualmente cerca de 15 a 20 UDGs de grande porte, acima de 400 machos, estão espalhadas pelo Brasil, com concentração mais forte no Sul, que detém cerca de 70% da produção de suínos do país”, menciona, ressaltando que os investimentos mais recentes se concentram também em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, ampliando a capilaridade da tecnologia e do acesso aos melhores genes.

Consolidação da técnica

Hoje, praticamente 100% da suinocultura tecnificada no Brasil utiliza inseminação artificial. Em regiões mais afastadas, como Norte e Nordeste, ainda há desafios logísticos para envio de sêmen resfriado, mas mesmo nessas áreas a tendência é de completa adoção da técnica. “Os primeiros 20 anos foram importantes para trazer a tecnologia, mas o crescimento efetivo começou nos anos 1990, com treinamento, capacitação e adaptação das propriedades. Entre 1994 e 2005, tivemos um salto de 10% para 80% de uso, e a partir das UDGs, consolidamos a disseminação genética em larga escala”, lembra Alexandre.

Ele reforça ainda que o investimento em infraestrutura, como laboratórios, equipamentos dosagem e empacotagem e sistemas de controle ambiental, é essencial para manter a eficiência e a biossegurança das centrais. “Hoje, uma granja produtora de leitões com mais de 5 mil fêmeas consegue otimizar custos fixos e mão de obra altamente qualificada, tornando a operação economicamente viável. Isso transformou a produção em larga escala e colocou o Brasil entre os líderes mundiais da suinocultura”, enfatiza.

O resultado dessa evolução é visível: incremento na produtividade, qualidade genética superior, maior eficiência reprodutiva e disseminação de machos de alto valor. “A inseminação artificial mudou a forma de produzir suínos no Brasil. Hoje, é difícil imaginar a suinocultura sem essa tecnologia. É um modelo que combina ciência, inovação e economia de escala, permitindo que pequenas e grandes granjas se beneficiem igualmente”, pontua Alexandre.

Ganho em produtividade e qualidade

Os efeitos da genética avançada e da inseminação artificial são visíveis em todos os indicadores de produtividade. Alexandre destaca que, nas melhores granjas brasileiras, os números de desmamados/fêmea/ano evoluíram de 25 na década de 90 para 35 desmamados atualmente. “Não basta desmamar mais. A qualidade do leitão também melhorou: peso ao desmame, conversão alimentar, taxa de ganho de peso, rendimento de carcaça. O peso de abate, que não passava de 105 kg nos anos 1990, hoje chega a 130, 135 kg em muitos sistemas”, detalha.

Ele ressalta que esses ganhos não seriam possíveis apenas com genética. “Houve também investimentos em nutrição animal, instalações climatizadas e manejo sanitário rigoroso. Mas a inseminação artificial acelerou tudo isso, permitindo que os melhores machos chegassem nos sistema de larga escala”, aponta.

Importância estratégica de Cananéia

Um dos pilares para garantir a atualização genética e a biossegurança é a Estação Quarentenária de Cananéia, resultado de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, ABEGS e ABCS e demais entidades do setor. “Conheço um ou dois países com sistemas semelhantes, mas nenhum chega perto do que o Brasil oferece. Cananéia tem quase 1,6 mil hectares, área protegida, sem produção de suínos. Os animais importados chegam por via aérea, passam por quarentena mínima de 30 dias em galpões isolados, e cada lote é testado rigorosamente antes de liberar outros lotes”, explica Alexandre, destacando que o sistema permite importar animais de quatro países simultaneamente, mantendo sanidade e garantindo que o fluxo de genética seja contínuo e seguro.

Desafios a serem superados

Mesmo com avanços expressivos, existem desafios a serem superados. Alexandre detalha que a vida útil do sêmen resfriado é limitada, exigindo entregas frequentes às granjas. “A média é de duas entregas por semana. Se conseguirmos estender a vida útil para 10 ou 14 dias, poderíamos otimizar ainda mais a logística e reduzir custos”, afirma.

Outro ponto crítico é a quantidade de células espermáticas por dose. “Hoje, a dose de suínos precisa de bilhões de células. Se conseguirmos reduzir e manter a eficiência, será possível usar menos machos e concentrar ainda mais o uso dos melhores genes, passando do top 25% para os top 15%”, explica, enfatizando que esses avanços podem ocorrer nos próximos quatro a cinco anos, representando um salto de produtividade e competitividade para toda a suinocultura brasileira.

De olho no futuro

Olhando para os próximos cinco anos, Alexandre projeta avanços importantes: aumento da concentração de células espermáticas por dose, maior vida útil do sêmen resfriado e ampliação da capacidade de disseminação genética. “Isso permitirá usar os melhores 10% a 15% dos machos, aumentando a produtividade e a competitividade nacional. O Brasil estará ainda mais à frente no cenário global”, afirma.

Ele reforça que a cooperação entre setor privado e poder público é essencial para sustentar os avanços: “A aliança entre Ministério da Agricultura, ABEGS, ABCS e demais entidades garante sanidade, inovação e crescimento sustentável do setor. Estamos otimistas para os próximos cinco anos”, ressalta.

versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura fecha 2025 com avanços e ganha força no mercado brasileiro

Atuação da ABCS com apoio do FNDS impulsionou resultados políticos técnicos e de marketing fortalecendo a cadeia produtiva e ampliando a presença da carne suína junto ao consumidor.

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O ano de 2025 marcou um ciclo de avanços consistentes para a suinocultura brasileira, impulsionado pela atuação estratégica da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), com aporte do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS). Ao longo do período, o investimento coletivo do setor se traduziu em resultados concretos nas áreas política, técnica e de marketing, fortalecendo a cadeia produtiva e ampliando a presença e a valorização da carne suína no Brasil.

No campo político, a ABCS manteve presença ativa no Congresso Nacional, acompanhando projetos de lei e garantindo representação qualificada junto à Frente Parlamentar da Agropecuária, ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e a entidades como CNA e IPA. A articulação política assegurou segurança jurídica, alinhamento regulatório e defesa de temas essenciais como bem-estar animal, rotulagem e sanidade, além de fortalecer o diálogo entre produtores e indústria.

Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes: “Cada ação realizada ao longo de 2025 é resultado da confiança dos produtores e parceiros que acreditam no FNDS” – Foto: Divulgação/ABCS

Na área técnica, 2025 foi marcado pelo lançamento de publicações inéditas que elevam o padrão produtivo da suinocultura nacional. Os manuais de Bem-Estar Animal e Sustentabilidade e de Uso Responsável e Eficaz de Antimicrobianos levaram ciência aplicada às granjas, reforçando práticas alinhadas ao conceito de Saúde Única. Esses conteúdos foram disseminados em eventos técnicos, seminários e treinamentos realizados em diferentes regiões do país, promovendo qualificação profissional, eficiência produtiva e sustentabilidade.

No marketing, o FNDS ampliou de forma expressiva a visibilidade e a competitividade da carne suína, com destaque para a Semana Nacional da Carne Suína (SNCS) 2025 que se consolidou como a maior vitrine da proteína no varejo brasileiro, reunindo redes de todo o país, impactando milhões de consumidores e registrando crescimento expressivo nas vendas. A campanha reforçou a integração entre produtores, indústria e varejo, ampliando a presença da carne suína nas gôndolas e na preferência do consumidor.

Além disso, ações com influenciadores, produção contínua de conteúdo digital, lançamento de materiais nutricionais e artigos científicos voltados a profissionais de saúde contribuíram para desmistificar a carne suína, posicionando-a como alimento seguro, saudável, versátil e alinhado às novas tendências de consumo. Iniciativas como o FNDS Collab e a Escola de Gestores ABCS reforçaram a formação de lideranças e o papel da comunicação estratégica no fortalecimento institucional do setor.

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, os resultados refletem a força da atuação integrada do setor. “Cada ação realizada ao longo de 2025 é resultado da confiança dos produtores e parceiros que acreditam no FNDS. Essa união nos permite transformar desafios em conquistas concretas, inovar, comunicar melhor e defender com excelência os interesses da suinocultura brasileira. Seguiremos atentos às tendências, às demandas do mercado e às oportunidades que constroem o amanhã. Juntos, mostramos que a suinocultura brasileira é um exemplo de força, integração e evolução constante”, conclui.

Fonte: Assessoria ABCS
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Suinocultura brasileira encerra 2025 com crescimento acima do esperado e exportações em alta

Dados parciais de abate e comércio exterior indicam avanço superior a 5% na produção e forte expansão dos embarques impulsionada pela diversificação de mercados e pela recuperação das margens do produtor.

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Com números parciais de abate e exportação já é possível afirmar que a suinocultura brasileira encerrará 2025 com retomada do crescimento da produção acima do esperado e com aumento expressivo dos embarques de carne suína para o exterior. Se esperava, para 2025, um do crescimento da produção em níveis abaixo de 3%, pois o produtor além de estar se recuperando de uma longa crise, quitando dívidas de custeio e outras para se manter na atividade, o juro relativamente alto se tornou um gargalo relevante para investir na ampliação da capacidade de produção. Porém, os dados apurados até o momento, demonstram que o crescimento extrapola ganhos de produtividade e aumento do peso médio de abate e indicam que houve também uma pequena ampliação do plantel de matrizes.

A tabela 1, a seguir, com dados de abate por unidade federativa, entre janeiro e setembro, demonstra que houve aumento de mais de 5% em toneladas de carcaças e quase 4% em cabeças abatidas, quando comparado com o mesmo período do ano passado, destacando-se o crescimento expressivo, acima da média nacional, do abate de suínos em Minas Gerais (+11,7%), no Rio Grande do Sul (+6,52%) e no Mato Grosso do Sul (+5,08%); em nível nacional chama a atenção o maior peso médio das carcaças, passando de 92,23kg em 2024 para 93,52kg em 2025.

Tabela 1. Abate brasileiro de suínos de JANEIRO a SETEMBRO/25, por Unidade Federativa, em cabeças e toneladas de carcaças (total e peso médio em kg), percentual de cada estado sobre o total e diferença para o mesmo período de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

Sem dúvida, o setor de exportação foi o grande destaque da suinocultura em 2025. No acumulado do ano de 2025, de janeiro a novembro, as exportações brasileiras de carne suína, incluindo in natura e processados, totalizaram 1,372 milhão de toneladas, incremento de 10,4% (+129 mil toneladas) em relação ao mesmo período de 2024. Em receita, a alta acumulada chega a 18,7%, com US$ 3,294 bilhões registrados entre janeiro e novembro/25 contra US$ 2,774 bilhões no mesmo período de 2024.

A tabela 2, a seguir, apresenta a relação dos principais destinos das exportações de carne suína in natura, de janeiro a novembro de 2025, comparado com o mesmo período de 2024. Destaque para o crescimento das vendas para as Filipinas, Chile, Japão, México, Vietnã e Argentina que, somados, representaram um crescimento dos embarques em mais de 220 mil toneladas no período, enquanto a China recuou 72 mil toneladas em relação ao mesmo período do ano anterior.

Tabela 2. Exportação brasileira de carne suína in natura por destino de janeiro a novembro de 2025 (em toneladas e em US$) comparado com o mesmo período de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Esta “pulverização” das exportações traz maior segurança ao mercado de exportação, pois cabe lembrar que a China, há poucos anos, já representou mais de 50% dos nossos embarques.

Estima-se que o ano de 2025 fechará, em relação a 2024, com crescimento da produção acima de 5% em toneladas de carcaças, exportações com incremento de pouco mais de 12% e disponibilidade interna aumentando ao redor de 3%, ultrapassando a marca de 20 kg per capita ano. Em função desta maior oferta e, pelo fato de as cotações já estarem em patamar relativamente alto, não se observou, como em 2024, um pico de preço significativo das carcaças suínas no mês de novembro (gráfico 1); no mesmo gráfico é possível observar que o pico de preço em 2025 foi atingido em setembro, justamente quando a exportação foi recorde para um mês, com mais de 134 mil toneladas de carne in natura embarcadas.

Gráfico 1. Indicador CARCAÇA SUÍNA ESPECIAL – CEPEA/ESALQ (R$/kg) em São Paulo/SP, mensal, nos últimos 24 meses. Valores de nov/24 e nov/25 em destaque. Fonte: CEPEA

No que se refere a rentabilidade da suinocultura, 2025 pode ser considerado como o ano da retomada efetiva das margens financeiras positivas. Houve um equilíbrio favorável entre o preço pago ao produtor e o custo dos principais insumos (milho e farelo de soja). As demandas externa e interna aquecidas conseguiram absorver o crescimento da produção, mantendo preços firmes ao longo do ano.

Com clima favorável e expansão da área plantada, a safra 2024/25 apresentou recorde de produção tanto na soja, quanto no milho. A boa oferta de grãos e a demanda elevada por óleo, que fez com o que o preço do farelo de soja caísse significativamente, manteve ao longo de todo ano uma boa relação de troca entre o preço do suíno e estes principais insumos (gráfico 2), permitindo lucratividade em todos os meses, conforme apontam os levantamentos da EMBRAPA suínos e aves na região Sul (tabela 3).

Gráfico 2. Relação de troca SUÍNO: MIX milho + farelo de soja (R$/kg) em São Paulo, de novembro/23 a novembro/25. Relação de troca considerada ideal, acima de 5,00 Composição do MIX: para cada quilograma de MIX, 740g de milho e 260g de farelo de soja. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do CEPEA – preços estado de São Paulo

Tabela 3. Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados, mensais, nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido) de janeiro a novembro de 2025 e a média anual de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos), Cepea (preço do suíno)

O acesso ao crédito é questão relevante para a safra atual (2025/26), que deve contar com parcela maior de capital próprio no total utilizado, resultando em provável redução de tecnologia; isso somado a um clima previsto menos favorável que ano passado, é possível projetar menor produtividade final na safra atual de milho.

Considerações finais e o que esperar para 2026

A retomada do crescimento da produção de suínos é consistente e o período já prolongado de margens positivas além da abertura de novos mercados de exportação, apesar dos juros elevados, estimulam a expansão da atividade para atender a forte demanda interna e externa.

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que é esperado que o crescimento da produção de suínos continue em 2026, provavelmente limitado a não mais que 4%, em relação a 2025. “Espera-se um crescimento das exportações ao redor de 3% em relação a 2025. No balanço final, a disponibilidade interna deve crescer pouco mais de 4%, o que isoladamente, poderia determinar queda nos preços pagos ao produtor, porém, é preciso analisar a oferta x demanda não somente da carne suína, mas também da carne bovina. Se a tendência da carne suína é aumentar a oferta, espera-se da pecuária de corte o contrário, com uma virada de ciclo, determinada pela redução significativa no abate de bovinos, ainda com demandas interna e externa elevadas, ou seja, é muito provável que haja um aumento das cotações do boi gordo, o que deve ajudar a sustentar os preços do suíno”, conclui.

A única preocupação se deve à investigação de antidumping contra a carne bovina brasileira que está sendo realizada pelo governo chinês, cujo resultado deve ser divulgado em 26 de janeiro/26. Uma eventual restrição mais severa às exportações para a China pode reduzir as expectativas de preços para 2026. Com provável redução da safra de milho e aumento da demanda por este cereal, puxado principalmente pela cadeia do etanol, o custo pode ficar mais alto em 2026.

Todas estas projeções se baseiam na expectativa de relativa normalidade, sem a ocorrência de eventos sanitários, a exemplo do foco de Influenza aviária no RS em maio deste ano, ou questões geopolíticas que possam interferir nas exportações. Em resumo, ainda que num cenário mais desafiador que 2025, o ano de 2026 tende a ser um período favorável à produção de suínos, com boa competitividade de preço, principalmente perante a carne bovina.

Fonte: Assessoria ABCS
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