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Exportações de carne bovina devem se manter firmes em 2024
Contribuição das vendas externas para o desenvolvimento da pecuária brasileira e sustentação dos preços domésticos está consolidada.

Neste novo ano, a perspectiva é de que as exportações de carne bovina continuem firmes. A demanda interna deve ter alguma recuperação, mas a produção abre espaço para dúvidas sobre oscilações mais acentuadas ao longo do ano. É principalmente da oferta que pode vir a motivação para altas ou quedas dos preços da arroba e da carne no correr de 2024.
A contribuição das vendas externas para o desenvolvimento da pecuária brasileira e sustentação dos preços domésticos está consolidada. A indústria brasileira se profissionalizou no atendimento a clientes em diferentes partes do mundo e encontra nos pecuaristas fornecedores de animais ao gosto dos variados mercados.
De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, o câmbio deverá permanecer ao redor de R$ 5/US$, patamar que mantém competitiva a carne brasileira e dá fôlego ao crescimento das vendas que já tem sido visto. A situação de competidores também precisa ser analisada. O principal deles, os Estados Unidos, deve reduzir por volta de 6% sua produção em 2024, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Com isso, pode ser que mercados como o sul-coreano e o japonês se abram para a carne brasileira.
Em território nacional, a inflação tende a estar mais controlada, e o PIB deve ter pequena expansão. Tais condições macroeconômicas sinalizam para aumento modesto da demanda pela tão apreciada carne bovina.
A se considerar essas premissas macroeconômicas e a elasticidade-renda da demanda por carne bovina, cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que o consumo de carne bovina in natura cresceria cerca de 1,8% em 2024. É um avanço bem pequeno, mas positivo diante do encolhimento do consumo interno em anos anteriores. Há de se considerar ainda que reduções dos preços elevam as vendas no varejo, ou seja, se a arroba se desvaloriza, o consumo pode melhorar. Para fechar a equação de formação de preço da arroba, entra na conta a oferta de animais. A sazonalidade anual mostra que, a partir de março, costuma aumentar o volume ofertado, o que gera pressão sobre os valores.
Em regiões pecuárias importantes, o El Niño prejudicou as pastagens e produtores complementam a alimentação do rebanho com ração já neste período “das águas”, situação que pode estimular o abate precoce para evitar custos.
Pastagens insuficientes afetam também a estação de monta. Além disso, o preço do boi considerado baixo em 2023 desestimulou muitos pecuaristas a investirem na reprodução. A venda de sêmen diminuiu, segundo o índice calculado pelo Cepea em parceria com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Index Asbia/Cepea). Em resumo, neste ano, o volume de animais para abate no primeiro semestre de 2024 pode ser reforçado por vacas que não emprenharam no ano passado.
Outro fator que pode indicar aumento da oferta em algumas regiões nos próximos meses vem do setor leiteiro. O preço do leite está baixo, e os custos da alimentação têm pesado para produtores deste ramo, que podem decidir pelo abate de vacas menos produtivas. Por outro lado, pode faltar motivação para pecuaristas investirem na engorda para o segundo semestre. Como dito, as pastagens em várias regiões pecuárias foram prejudicadas pelo El Niño, os custos de milho e farelo de soja exigem cautela no consumo, e as perspectivas do mercado futuro para os preços não são animadoras. Na B3, os contratos Novembro e Dezembro/24 estão com ajustes inferiores aos preços atuais no físico.
Como se vê, a oferta é incerta, e essa condição aumenta o seu impacto na definição dos preços ao longo do ano! Numa visão ampliada, a pecuária nacional ao longo de 2024 estará em transição, saindo de um período de maior produção e desestímulo a investimentos para tempos de baixa oferta de reposição, possível recuperação de preços e eventual elevação do consumo interno conforme se aproximarem as eleições de 2026.

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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira
Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.
Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.
Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.
Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.
O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.
Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.
Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.
O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.
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Mercado do leite volta a cair em novembro e mantém pressão sobre o produtor
Demanda mais fraca e custos elevados sustentam pressão negativa sobre o preço ao produtor.

O preço médio nacional do leite ao produtor fechou novembro de 2025 em R$ 2,44 por litro, conforme o boletim Indicadores Leite e Derivados, elaborado pelo Cileite/Embrapa. O valor representa queda de 3,8% na comparação mensal e recuo de 14,8% em 12 meses, consolidando um ano de forte retração para o setor.
A análise regional mostra que todos os estados acompanhados registraram variações negativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As barras do gráfico destacam uma tendência comum de queda, com redução próxima a 4%.
Derivados também caem

Foto: Sistema Faep
Os preços dos lácteos seguiram o mesmo movimento. O boletim indica retração de 1,0% no conjunto de “Leite e Derivados” e queda de 0,2% em outro agrupamento de produtos monitorados. Entre os itens acompanhados individualmente, o leite UHT apresentou variação negativa mais intensa, acompanhado por baixas em queijos, manteiga, creme de leite e leite condensado — todos com índices de redução destacados na coluna “Em 12 meses”.
Consumo interno não reage
O relatório também traz a evolução do ticket de compra de lácteos no varejo, mostrando oscilações ao longo de 2023, 2024 e 2025. A curva referente a 2025 revela leve recuperação no segundo semestre, mas ainda distante dos patamares observados em anos anteriores. Segundo o boletim, o consumo interno não tem acompanhado a oferta, o que contribui para a continuidade da pressão sobre os preços ao produtor.
Cenário segue desfavorável ao produtor
Com custos ainda elevados em várias regiões e baixa capacidade de repasse pela indústria, o momento permanece desafiador para a cadeia produtiva. A retração em praticamente todos os indicadores reforça o ambiente de margens apertadas e de incerteza para o início da temporada 2026.
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Mato Grosso institui Passaporte Verde e eleva padrão socioambiental da pecuária
Nova lei, que entra em vigor em 2026, estabelece critérios socioambientais e rastreabilidade completa do rebanho para atender às exigências dos mercados internacionais.

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em duas votações, na última quarta-feira (19), o projeto de lei que institui o Programa Passaporte Verde, iniciativa que coloca o Estado na vanguarda da pecuária sustentável no Brasil. A nova legislação entra em vigor em janeiro de 2026 e estabelece critérios socioambientais para todo o monitoramento de rebanho bovino e bubalino mato-grossense, com o objetivo de atender às exigências dos mercados internacionais mais competitivos.
O Passaporte Verde, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o Governo do Estado e o setor produtivo, propõe o monitoramento socioambiental completo da cadeia da carne, desde o nascimento do animal até o abate. O programa prevê etapas de implantação para incluir propriedades de todos os portes, oferecendo suporte técnico e orientação aos produtores.
Entre os objetivos dessa política de sustentabilidade estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão e consciência produtiva, o acesso ao mercado global, qualidade e monitoramento, incentivo de parcerias do setor privado com entidades públicas, a valorização de serviços ambientais, além do estímulo do ambiente de concorrência equitativa na cadeia produtiva.
A iniciativa reforça o compromisso de Mato Grosso com a produção responsável, rastreabilidade, transparência e conservação ambiental, critérios cada vez mais valorizados pelos importadores e consumidores globais. Países da Europa e da Ásia, por exemplo, têm adotado políticas que priorizam produtos com comprovação de origem sustentável e desmatamento zero. “Mato Grosso se consolida como pioneiro em sustentabilidade com o Passaporte Verde. Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Esse programa será uma vitrine da pecuária moderna, transparente e comprometida com o futuro do planeta”, comemorou o presidente do Imac, Caio Penido.



