Bovinos / Grãos / Máquinas
Exportações aquecidas sustentam preços da soja no Brasil
Segundo o Centro de Pesquisas, agentes nacionais estão atentos à possibilidade de um acordo comercial entre China e Estados Unidos.

Levantamentos do Cepea mostram que os preços domésticos da soja seguiram firmes na última semana, sustentados pela maior demanda, sobretudo externa. A liquidez no mercado spot nacional, porém, continua lenta.
Segundo o Centro de Pesquisas, agentes nacionais estão atentos à possibilidade de um acordo comercial entre China e Estados Unidos.
Em maio, o Brasil exportou 14,09 milhões de toneladas do grão, 4,9% a mais que o volume embarcado há um ano, mas 7,7% abaixo do escoado em abril, de acordo com dados da Secex analisados pelo Cepea.
Na parcial de 2025 (até maio), os embarques somam quantidade recorde, de 51,52 milhões de toneladas de soja, 2,7% acima do vendido em período equivalente de 2024.
Para o segundo semestre, pesquisadores do Cepea explicam que produtores mostram interesse em negociar a oleaginosa, estimulados pelo maior prêmio de exportação em detrimento do mercado spot e, consequentemente, pela paridade de exportação mais atrativa.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Instituto de Zootecnia inaugura centro de pesquisa em pecuária sustentável no interior paulista
Nova unidade em São José do Rio Preto terá foco em neutralidade climática, bem-estar animal, genômica e tecnologias para sistemas produtivos de baixo carbono.

O Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, inaugurará na próxima sexta-feira (19), em São José do Rio Preto (SP), a Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Sustentável. Implantada em uma área de 220 hectares, a unidade tem como missão o desenvolvimento, a validação e a transferência de tecnologias voltadas à promoção de sistemas de produção pecuária sustentáveis, eficientes e alinhados aos compromissos nacionais e internacionais de mitigação das mudanças climáticas. No mesmo dia será inaugurado o Laboratório de Genômica que deve contribuir para seleção de animais mais produtivos e sustentáveis.
A unidade foi concebida com foco na neutralidade climática da produção de bovinos de corte, na intensificação sustentável dos sistemas produtivos e na integração entre sustentabilidade ambiental, segurança alimentar e bem-estar animal, com ênfase em arranjos como a Integração Lavoura-Pecuária e outras estratégias de uso racional da terra.
Destaca-se como o primeiro centro de pesquisa com animais de grande porte certificado pela Fair Food, reconhecimento que atesta o atendimento a elevados padrões de bem-estar animal, ética na pesquisa e produção sustentável, posicionando o IZ na vanguarda das exigências técnicas e mercadológicas internacionais.
De acordo com a pesquisadora do Instituto de Zootecnia Renata Helena Branco, diretora da unidade, o Centro foi estruturado para atuar como referência técnica e vitrine tecnológica para o setor produtivo. “A proposta é disponibilizar ao pecuarista e à indústria diferentes modelos de produção, com indicadores produtivos, ambientais e econômicos consolidados, de forma a subsidiar decisões técnicas baseadas em evidências científicas e promover a competitividade da pecuária brasileira”, destaca.
O Instituto de Zootecnia, que este ano comemora 120 anos, desenvolve pesquisas para elevar a produtividade, a eficiência e o bem-estar animal, e é pioneiro na pesquisa científica mundial com a raça Nelore, com papel fundamental no desenvolvimento da pecuária de corte no país. Enilson Ribeiro, coordenador do IZ, comenta que o grande desafio da pecuária hoje é seguir normas de sustentabilidade e bem-estar animal. “Criamos esta unidade para aumentar a sustentabilidade da pecuária, tornando-a mais competitiva no mercado internacional”.
Centro de Pecuária Sustentável do IZ
A unidade é sede do NeuTroPec – Centro de Ciência para o Desenvolvimento da Neutralidade Climática da Pecuária de Corte em Regiões Tropicais, iniciativa estratégica apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela iniciativa privada com empresa como SilvaFeed, Alltech e JBS. O NeuTroPec atua no desenvolvimento de bases científicas e tecnológicas para sistemas pecuários de baixa emissão de carbono, com ações voltadas à mensuração e mitigação de Gases de Efeito Estufa, especialmente o metano entérico; avaliação de estratégias nutricionais e aditivos; desenvolvimento de sistemas produtivos integrados e intensificados; estudos em reprodução, programação fetal e genômica; e geração de indicadores técnicos para subsidiar políticas públicas, certificações e acesso a mercados diferenciados.
O Centro abriga ainda o RumenLab, plataforma avançada de pesquisa aplicada em nutrição de ruminantes e fermentação ruminal. O RumenLab atua na avaliação de ingredientes, coprodutos agroindustriais e aditivos nutricionais, estudos de cinética de degradação ruminal, produção de gases e mitigação de metano, integrando sistemas in vitro, ex situ e in vivo. De forma articulada ao NeuTroPec, o RumenLab fortalece a base científica das estratégias de sustentabilidade e contribui para o desenvolvimento de soluções tecnológicas aplicáveis ao setor produtivo.
Complementando essa infraestrutura, o Laboratório de Genômica Animal desempenha papel estratégico na integração entre genética, nutrição e manejo, com foco na identificação e seleção de animais mais eficientes, resilientes e com menor intensidade de emissões. O laboratório desenvolve estudos voltados à caracterização genética de características produtivas, reprodutivas e de eficiência alimentar, bem como à compreensão das interações entre genótipo, ambiente e nutrição. Essas informações subsidiam programas de melhoramento genético orientados à sustentabilidade, contribuindo para o avanço da pecuária de baixo carbono e para o fortalecimento da competitividade da produção animal brasileira.
O Centro de Pecuária Sustentável consolida-se como a unidade do Instituto de Zootecnia com o maior número de parcerias público-privadas ativas, refletindo um modelo de governança orientado à inovação, à transferência de tecnologia e à aproximação entre ciência e mercado. As parcerias com empresas nacionais e internacionais, aliadas ao apoio das agências de fomento, são fundamentais para ampliar a escala dos projetos de pesquisa, acelerar a geração de resultados aplicáveis e posicionar o Brasil como referência global em pecuária sustentável e de baixo carbono. Com infraestrutura laboratorial estratégica e atuação integrada entre pesquisa, inovação e difusão tecnológica, o IZ reafirma, por meio desta unidade, seu papel histórico e estratégico no desenvolvimento da pecuária brasileira, alinhando ciência de excelência, sustentabilidade e competitividade.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Mercado de embriões bovinos evolui e acompanha a transformação da pecuária brasileira
Da genética de elite à produção comercial, avanço da fertilização in vitro consolidou o Brasil como líder global e impôs novos desafios para a mensuração do setor.

O mercado de embriões bovinos no Brasil passou por mudanças significativas nas últimas décadas. Mudanças que refletem a evolução da pecuária nacional e a consolidação do país como um dos protagonistas globais na produção de carne e leite. Podemos dizer que a trajetória desse mercado se confunde com a própria história recente da bovinocultura no Brasil.
Na década de 1990, as tecnologias de embriões estavam praticamente restritas a animais de elite, com genética superior e destinados à reprodução. Na superovulação, técnica predominante nessa época, a produção de embriões se voltava à pecuária de alto padrão, e imaginava-se a mesma tendência para a fertilização in vitro. O fato dessas técnicas serem utilizadas principalmente em países desenvolvidos, com pecuária mais intensiva e produtores de maior poder aquisitivo, reforçava esse cenário.

Artigo escrito por João Henrique Viana, Doutor em Ciência Animal pela UFMG e Chefe de Pesquisa da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
A virada do mercado começou na metade dos anos 2000. Com a popularização da fertilização in vitro, que em 2007 já era a tecnologia de embriões mais adotada no país, o Brasil passou a se destacar globalmente nesse segmento. Em 2010, o mercado nacional já respondia por quase metade do total de embriões bovinos produzidos no mundo.
Se na primeira década dos anos 2000 o mercado de embriões era majoritariamente associado às raças zebuínas e de corte, ao longo da década de 2010 ele passou a ganhar um espaço crescente na pecuária leiteira. Essa mudança foi alavancada pela disponibilidade do uso do sêmen sexado, indispensável para garantir um alto percentual de bezerros do sexo desejado – no caso da pecuária de leite, de bezerras. As tecnologias de embriões se mostraram uma ferramenta chave para aprimorar a genética dos rebanhos. Especialmente nas estratégias de cruzamento de raças, como para a formação do Girolando, a transferência de embriões vem ganhando destaque, se popularizando nas fazendas e conquistando espaço na produção comercial.
Com a democratização da técnica, agora também aplicada a animais de produção, surgiu o desafio para o mapeamento dos dados do setor. Quando seu uso era restrito a criadores vinculados às associações de raça, o levantamento de dados podia ser baseado apenas nos números obtidos junto às mesmas, uma vez que a comunicação das transferências de embriões é obrigatória para o registro dos animais. Mas, ao se expandir pelo campo, o uso da técnica passou a ir além das entidades de criadores.
Por isso, um importante indicador para acompanhar a evolução do mercado de embriões no Brasil passou a ser a venda de insumos, como a bainha de transferência de embriões. Mesmo sem permitir medir exatamente o uso em segmentos específicos, o volume de insumos comercializados permite ter um panorama confiável do mercado como um todo. Hoje, com base nesses indicadores, é possível afirmar que o país produz mais de 1 milhão de embriões bovinos por ano.
Para fazer frente ao desafio da obtenção de dados estatísticos mais acurados, a Sociedade Brasileira de Transferência de Embriões (SBTE) e a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), com apoio do Centro de Estudos de Economia Aplicada (Cepea/USP), uniram esforços para a criação do Index Asbia Embriões. O objetivo do relatório, atualmente em desenvolvimento, é oferecer ao mercado brasileiro dados consolidados deste importante segmento nas cadeias da produção de carne e leite.
Mais do que apresentar números exatos, costumo dizer que a força do relatório está em indicar, para criadores, profissionais e pesquisadores, os rumos do mercado. Essas informações são fundamentais para o planejamento estratégico das empresas do setor e também dos pecuaristas. Afinal, dados precisos são indispensáveis atualmente.
Com a união das entidades e o aperfeiçoamento de suas metodologias de compilação de informações, será possível apresentar um número mais preciso desse mercado em constante evolução no Brasil. Nas últimas décadas, a técnica se consolidou e transformou a genética dos rebanhos em todo o país. Agora, é tempo de saber, com maior precisão, como se comporta o mercado de embriões da pecuária brasileira.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Goiás proíbe venda de leite líquido feito a partir de leite em pó importado
Medida reforça qualidade do leite consumido no estado e protege o produtor goiano, além de beneficiar a economia estadual.

O governador Ronaldo Caiado sancionou a Lei nº 23.928/2025, que proíbe a reconstituição de leite em pó importado para comercialização como leite fluido em Goiás. A nova legislação atende a uma reivindicação da cadeia produtiva, diante do avanço das importações, especialmente de países do Mercosul que vêm pressionando a competitividade do produtor local e levantando alertas sobre a origem e a qualidade do produto ofertado ao consumidor.
“Essa é uma iniciativa determinante para a manutenção dos empregos na cadeia produtiva do leite, para a proteção dos pequenos produtores e, principalmente, para a população: que terá sempre um produto de alto valor nutricional, com padrão de qualidade e brasileiro em sua casa”, destacou o governador Ronaldo Caiado, considerando que a reconstituição de leite em pó para leite fluido é o processo de adicionar água ao leite em pó para obter um produto líquido destinado à comercialização.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
A proibição vale para indústrias, laticínios e qualquer pessoa jurídica estabelecida no Estado. O objetivo da nova legislação é garantir transparência, qualidade e respeito ao produto goiano. As empresas que descumprirem a norma estarão sujeitas a multas, apreensão do produto e até suspensão do registro sanitário. “Essa lei é mais um passo na defesa da nossa agropecuária, do nosso emprego no campo e também da qualidade do alimento que chega à mesa do nosso povo”, acrescentou o chefe do Executivo goiano.
Proposto pelo deputado estadual Amauri Ribeiro, o projeto é uma resposta direta às demandas do setor. “Essa lei assegura maior controle sanitário e evita que pequenos produtores abandonem a cadeia láctea”, afirmou o parlamentar.
Importações
A ausência de regras específicas para o uso de leite em pó importado levou, em 2024, à entrada de 649 toneladas do produto em Goiás, equivalente a 0,35% do volume adquirido pelo Brasil, sendo na sua totalidade de países do Mercosul. Esse movimento representou US$ 1,99 milhão que deixaram de circular na economia goiana e que poderiam ter sido direcionados aos produtores de leite e ao comércio do estado.



