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Expodireto Cotrijal 2023 inicia nesta segunda em clima de otimismo
Até a próxima sexta-feira (10), os principais atores do agronegócio nacional e internacional se encontram em Não-Me-Toque (RS).

Foi aberta oficialmente nesta segunda-feira (06) a 23ª Expodireto Cotrijal. Até a próxima sexta-feira (10), os principais atores do agronegócio nacional e internacional se encontram em Não-Me-Toque (RS). A feira deste ano acontece em área maior, com 131 hectares e vai contar com a participação de 591 expositores.
O 0presidente da Cotrijal, Nei César Manica destaca que o clima é de otimismo. “Em todos os setores no parque, vemos muitas novidades que vão contribuir para fortalecer o agronegócio. E teremos importantes debates ao longo da feira, especialmente os focados em inovação e busca de soluções para minimizar os impactos da falta de chuvas, que mais uma vez prejudica a safra gaúcha”, menciona.
Em 2022, a Expodireto Cotrijal recebeu 263 mil visitantes e os 563 expositores registraram R$ 4,9 bilhões em comercialização. A feira atraiu visitantes de mais de 60 países.
Arena Agrodigital
Em sua terceira edição, a Arena Agrodigital inova em termos de programação para possibilitar aos visitantes uma visão ampla do que é referência em termos de tecnologia e inovação no mundo e quais os benefícios que pode trazer para as lavouras brasileiras. Estão confirmados, no palco principal, painéis sobre as novidades do Brasil, Israel, Vale do Silício, China e União Europeia, respectivamente. O espaço reúne também empresas, startups e hubs de inovação.
Pavilhão da Agricultura Familiar: riqueza de cores e sabores
Uma das paradas obrigatórias dentro do Parque da Expodireto Cotrijal é o Pavilhão da Agricultura Familiar. O espaço dá visibilidade para o que de melhor é produzido pelas agroindústrias e também artesãos e produtores de flores do Rio Grande do Sul e gera renda para centenas de famílias.
Neste ano, foram 280 inscritos e 230 inscrições homologadas, para ocupar 192 estandes. Desse total, 146 são de agroindústrias, 27 de artesanato e 19 de flores. Salames, queijos, vinhos, sucos, geleias, panificados e muitos outros produtos são vendidos no local, que dispõe de mesas e cadeiras para quem quiser fazer uma pausa na visitação ao parque para desfrutar dessas delícias.
Inaugurado em 2008, o pavilhão é organizado em parceria entre Cotrijal, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Emater/RS-Ascar, Fetag/RS e Fetraf/RS. A cada ano, o volume de negócios concretizados cresce. Em 2022, foram R$ 1,7 milhão em negócios. “A feira proporcionou visibilidade para nossa agroindústria, gerou renda e amizades e nos estimulou a iniciar o trabalho com turismo rural”, explica Marilene Ebertz, que desde 2015 participa da Expodireto Cotrijal.
Ela é proprietária da Agroindústria Sabor do Campo, localizada no interior de Ernestina, que produz panificados e a partir de 2021 começou a investir também no turismo rural. A propriedade tem 13 hectares e produz também grãos e leite. Marilene conta com a ajuda do marido Adilson e da filha Gabriele na agroindústria e revela que organiza recepção de pessoas a cada 15 dias na propriedade, servindo café colonial. “Estamos ampliando o trabalho com turismo rural, fazendo melhorias na propriedade, porque a procura tem aumentado”, revela.
Horários
O Parque da Expodireto Cotrijal vai funcionar das 08 às 18 horas. Os visitantes terão acesso gratuito nas duas entradas do parque.
Há três estacionamentos, que terão cobrança de R$ 35 para carros e motos. Ao adquirir o passe livre, o visitante pagará R$ 150 para entrada durante toda semana. O pagamento pode ser feito em dinheiro ou cartão de débito/crédito. Ônibus e vans não terão cobrança para acessarem a feira.
Almoço
O valor do almoço será R$ 45, válido para a Praça de Alimentação Central, Praça de Alimentação da Produção Animal e Restaurante. Crianças até sete anos não pagam. Para crianças de sete a 12 anos, o valor do almoço é R$ 20.
A compra pode ser feita na bilheteria ou, como novidade neste ano, nos totens localizados próximo ao portão principal de entrada no parque, junto à praça de alimentação da área de produção animal e anexo à bilheteria (na área central), com cartão de débito/crédito.
O parque também dispõe de duas áreas com lancherias: uma próximo à bilheteria, na área central, e neste ano, como novidade, outra na área nova de máquinas e equipamentos.
Programação
Importantes debates acontecerão durante os dias da feira. São dois auditórios no parque, o central e o da produção animal, além da Arena Agrodigital e o Pavilhão Internacional. Confira a programação completa clicando aqui.

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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.



