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Avicultura

Expert fala sobre vitaminas, sua importância e as mudanças na indústria global de rações para aves

Durante o texto, você leitor, vai saber o que a indústria global está fazendo sobre a suplementação de vitaminas na avicultura

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Suplementar as dietas com vitaminas. Esse é uma das estratégias para migrar para um programa AGP free na produção avícola. Para explorar o assunto, O Presente Rural entrevistou com exclusividade o doutor Mike Coelho, gerente de Produto Técnico Global, Nutrição Animal da Basf. Coelho fez palestra durante o Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal, que aconteceu em outubro, em Campinas, SP. O evento, promovido pelo Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), reúne alguns dos melhores especialistas do setor. Nas próximas cinco páginas, você, nobre leitor, vai saber o que a indústria global está fazendo sobre a suplementação de vitaminas na avicultura.

O Presente Rural (OP Rural) – Em que consiste e para que serve a suplementação das dietas com vitaminas?

Mike Coelho (MC) – Uma vitamina é um composto orgânico e um nutriente vital que é indispensável para os procesos metabólicos normais dos animais. Um composto químico orgânico (ou conjunto de compostos relacionados) é chamado vitamina quando o organismo não consegue sintetizar o composto em quantidades suficientes, e deve ser obtido através da dieta. Assim, o termo vitamina depende das circunstâncias e do organismo específico. Uma deficiência de uma ou mais vitaminas pode levar a múltiplas disfunções do metabolismo, resultando em desempenho deprimido ou morte. Por outro lado, níveis mais altos de vitaminas podem estimular o sistema imunológico e melhorar a saúde geral. As vitaminas são necessárias em quantidades extremamente pequenas em comparação com outros nutrientes, são essenciais para manter muitas funções metabólicas e, quando usadas em grandes quantidades, desempenham um papel fundamental na manutenção do sistema imunológico e na maximização do desempenho animal.

Treze vitaminas são universalmente reconhecidas atualmente. As vitaminas são classificadas pela sua atividade biológica e química, não pela sua estrutura. Assim, cada vitamina refere-se a vários compostos específicos que mostram a atividade biológica associada a uma vitamina particular. Tal conjunto de produtos químicos é agrupado sobre um título "descritor genérico" de vitamina, como "vitamina A", que inclui os compostos de retinol e quatro carotenóides conhecidos. As vitaminas, por definição, são conversíveis para a forma ativa da vitamina no corpo e, as vezes, são interconvertidas umas às outras. As vitaminas são geralmente classificadas como gorduras ou solúveis em água. As vitaminas lipossolúveis são facilmente armazenadas nos tecidos adiposos do organismo, enquanto as vitaminas solúveis em excesso são excretadas pelos rins.

As vitaminas possuem diversas funções bioquímicas. Alguns, como a vitamina D, têm funções semelhantes a hormônios como reguladores do metabolismo mineral, ou reguladores do crescimento e diferenciação de células e tecidos (como algumas formas de vitamina A). Outros funcionam como antioxidantes, por exemplo, vitamina E, e por vezes vitamina C. O maior número de vitaminas, as vitaminas do complexo B, funcionam como cofatores de enzimas (co-enzimas) ou os precursores para elas; coenzimas ajudam enzimas em seu trabalho como catalisadores no metabolismo. Neste papel, as vitaminas podem estar fortemente ligadas a enzimas como parte de grupos protéticos: Por exemplo, a biotina é parte de enzimas envolvidas na produção de ácidos graxos. Eles também podem estar menos ligados aos catalisadores enzimáticos como coenzimas, moléculas destacáveis ??que funcionam para transportar grupos químicos ou elétrons entre as moléculas. Por exemplo, o ácido fólico pode transportar grupos metil, formil e metileno na célula. Embora estes papéis em auxiliar reações de enzima-substrato sejam a função mais conhecida das vitaminas, as outras funções da vitamina são igualmente importantes. Portanto, o papel das vitaminas é amplamente diversificado. A vitamina A é essencial para a visão, a vitamina D3 para a mineralização de cálcio e fósforo, a vitamina E para a respiração intracelular antioxidante, a integridade da membrana, a vitamina K para a coagulação do sangue.

OP Rural – Desde quando a indústria vem trabalhando nesse sentido?

MC – As vitaminas foram descobertas a partir de 1774 (Colina) até 1948 (Vitamina B12).

Para uma produção animal eficiente, um suprimento adequado de vitaminas é altamente importante. Muitos fatores afetam as necessidades de vitaminas. O "National Research Council" (NRC) compilou um total de 21 fatores individuais que podem afetar os requisitos vitamínicos das aves. Com base nesta compilação, deve ser feita uma distinção entre três níveis diferentes de fornecimento de vitaminas.

O suprimento mínimo de vitamina é a quantidade que deve ser fornecida ao animal para prevenir ou corrigir sintomas de deficiência. Estes valores são determinados experimentalmente em condições laboratoriais, mas eles têm apenas um valor teórico no que diz respeito à alimentação animal. O fornecimento ótimo é a quantidade que alcança a melhor taxa de crescimento, utilização de alimento, saúde e reservas corporais adequadas. A experiência mostra que o suprimento ótimo é várias vezes superior aos requisitos mínimos de vitaminas. Os sintomas de deficiência de vitamina nem sempre são observados, mesmo quando há uma oferta inadequada. Um dos melhores indicadores é o ganho de peso dos animais de teste. A deficiência de vitamina pode ter um efeito adverso sobre a saúde e a produtividade do animal.

A ingestão sub-ótima ocorre com bastante frequência na prática e resulta em uma depressão inespecífica da produtividade, aumento da suscetibilidade à doença, redução da fertilidade e curta vida reprodutiva. Por estas razões, o objetivo da alimentação animal prática é satisfazer as exigências ótimas através da suplementação vitamínica.

As vitaminas são compostos que não podem ser sintetizados pelo organismo ou são sintetizados em níveis inadequados para produção máxima de carne ou leite. As vitaminas são essenciais para processos metabólicos e fisiológicos normais. Os requisitos de vitaminas do NAS/NRC são os requisitos mínimos de vitaminas sob condições controladas e relativamente higienizadas, livres de doenças, com perfeita homogeneidade na alimentação e para prevenir sintomas clínicos de deficiência de vitaminas. Estas condições diferem drasticamente dos requisitos de vitaminas da indústria em condições de campo.

O requisito total de vitamina pode ser visto como a soma de requisitos parciais para atender a determinados objetivos. O requisito do NAS/NRC é o nível de vitamina para evitar sintomas clínicos de deficiência de vitamina. Obviamente, esse não é o objetivo da indústria. A indústria visa o máximo desempenho econômico, ou seja, o menor custo por quilo de produto final (carne, ovo, leite). Para alcançar este nível de desempenho, são necessárias mais vitaminas para atingir a taxa de crescimento econômico ideal, a atividade enzimática máxima e a resposta imunológica.

Agora que definimos o requisito de vitamina, precisamos estabelecer a suplementação vitamínica. Esses dois objetivos nunca devem ser considerados sinônimos. A exigência de vitamina é a absorção de vitamina no intestino. Suplementação é o nível de vitamina fornecido (alimento, água) para obter o nível de absorção de vitaminas no intestino.

O fornecimento mínimo de vitamina é determinado por estudos de taxa de crescimento que apontam para o nível mínimo de vitamina E para prevenir a depressão do crescimento. Esses ensaios podem ser realizados em gaiolas de laboratório.

OP Rural – Quais são as tendências para esse setor de suplementação com vitaminas, seja no Brasil ou no mundo?

MC – A suplementação de vitamina continua a aumentar a cada ano, uma vez que a taxa metabólica do frango continua em aumento. Os dias médios para produzir um quilo de frango diminuíram 83% nos últimos 92 anos, de 99 para 17 dias. A média de taxa de conversão de alimento de frangos de corte diminuiu 61% nos últimos 92 anos, de 4,70 para 1,85.

A longa via metabólica da vitamina não melhorou nas taxas de conversão (lembre-se que as empresas de criação focam na eficiência de conversão de energia e aminoácidos, não vitaminas), o que significa que os frangos precisam de 200% mais vitaminas por unidade de alimento e precisam de outro aumento de 20% até 2050 para manter a função neutrofílica.

Como menos quilos de ração são necessários por quilo de carne, é necessária uma maior concentração de vitaminas/kg de ração para atender a exigência por quilo de acréscimo de proteína. Vitaminas intimamente associadas com resposta imune e fagocitose de neutrófilos continuam a aumentar em suplementação. À medida que a taxa de crescimento e a converção melhoram, a função dos neutrófilos é deprimida, o que requer níveis mais elevados de vitaminas antioxidantes para eliminar a depressão da função neutrofílica.

OP Rural – Qual a relação da suplementação com nutrição de precisão ou nutrição 4.0?

MC – Em 1991, desenvolvi a primera metodologia para calcular a reposta a suplementação de vitaminas antioxidantes A, E e riboflavina e sua função neutrofílica em quatro níveis de produção (baixa, media, alta 25%, alta 5% e 2x suplementação antioxidante média), medida como desempenho das aves. Com estresse baixo ou moderado, os níveis industriais de vitaminas proporcionaram uma melhora significativa no ganho de peso em comparação com os níveis de NRC e o baixo nível de 25% da indústria.

Com condições de estresse relativamente alto, o melhor ganho foi alcançado aos 51 dias de idade, com níveis de vitamina 25% altos dos níveis industriais ou maiores. A conversão alimentar melhorou quando a suplementação vitamínica foi aumentada.

Sob estresse moderado e alto, a melhor conversão foi obtida quando as vitaminas foram aumentadas para o nível de 25% e 25% mais 25%.

OP Rural Entre os principais produtores, quais são os países mais avançados quando falamos em nutrição das aves? Por que?

MC – Sem dúvida, Estados Unidos e Brasil, devido ao alto nível de integração e pesquisa coordenada de perto pelas universidades, em conjunto com fornecedores de vitaminas, integradores e empresas de reprodução. Isso permite uma resposta rápida ao aumento das taxas de produção e taxas metabólicas e seu impacto na suplementação de nutrientes para um ótimo desempenho.

OP Rural – Como a “era” AGP free altera a avicultura, especialmente a nutrição?

MC – Embora os antibióticos estejam sendo removidos da produção avícola em ritmo acelerado, isso reduz a reputação dos antibióticos, criando as melhores condições de absorção do intestino delgado, de vilosidades altas, paredes finas e ausência de agregação de patógenos, que levam à maior absorção de nutrientes, incluindo vitaminas. Por exemplo, a digestibilidade da vitamina A e da lisina diminuiu de dietas com antibióticos, para dietas com substitutos de AGP e para dietas sem quaisquer AGP ou substituições de AGP.

OP Rural – Como a nutrição era antes e como o conceito AGP free está a transformando?

MC – Além dos pontos mencionados, devemos considerar também os estresses que são gerados em alguns macro e micronutrientes pelo impacto dos tratamentos térmicos, seja peletização com tempos de retenção mais longos ou mesmo extrusão para alcançar melhores condições higiênicas dos alimentos. Também é importante pensar em como o uso de alguns conservantes, como o formaldeído, afeta a solubilidade das proteínas ou mesmo os ácidos orgánicos, entre outros.

OP Rural – Com a retirada de antimicrobianos da nutrição aumentam as necessidades de inclusão de outros ingredientes, como as vitaminas?

MC – A taxa de aumento da suplementação vitamínica está acelerando à medida que os AGP são removidos. A suplementação de vitamina E e riboflavina estava aumentando a 2% CAGR na era AGP, e acelerou a quase 3% CAGR na era pós AGP.

OP Rural – Quanto a suplementação representa no custo de produção das rações? E no processo todo?

MC – A suplementação com vitamina representa um custo aproximado de 2,0%/ 1,6% / 1,52% do alimento de um frango de corte em fase inicial (R$ 18,4 /R$ 938), crescimento (R$ 14,3/ R$ 897,6) ou finalizador (R$ 10,2 / R$ 836,4), dependendo dos preços das vitaminas, das commodities e do nível de suplementação.

OP Rural – Existe uma relação custo/benefício com a suplementação vitamínica nas rações de aves?

MC – O rendimento de processamento e a produção de carne de peito expressa como uma percentagem do peso vivo melhorou (Tabela 1) à medida que o nível de suplementação de vitamina aumentou. Quando as aves foram criadas em condições de baixo estresse, o rendimento foi otimizado com nível médio de suplementação vitamínica que a indústria utiliza. Sob condições moderadas e altas de estresse, o rendimento foi otimizado com altos níveis de suplementação de 25% e mais. O aumento do estresse teve um efeito negativo no rendimento de carcaça seca. Pesos de carcaça refrigerada também melhoraram com a suplementação vitamínica. Isso ficou mais evidente quando as aves foram criadas com condições de alto estresse, onde o rendimento foi otimizado em 25% e mais 25% dos níveis de fortificação da indústria.

Rachaduras e arranhões totais da pele também foram avaliadas, uma vez que tanto a graduação da carcaça quanto a preferência do consumidor foram impactadas. Suplementação vitamínica inadequada leva a tecidos fracos e à integridade e força da pele reduzidas. Os primeiros sintomas de várias deficiências vitamínicas (especialmente biotina, ácido pantotênico e vitamina A) são doenças da pele. Suplementação vitamínica significativamente (P <0,05) reduziu o número de rasgos e arranhões na pele quando os frangos de corte são criados em qualquer nível de estresse. Mesmo com a condição de baixo estresse, os rasgos e os arranhões da pele foram otimizados com a suplementação de +5% alto, em comparação com níveis mais baixos de vitamina.

O desempenho das aves tende a ser medido em termos de ganho de peso, eficiência alimentar e mortalidade. No entanto, o desempenho máximo pode não ser o objetivo mais lucrativo quando o processamento é considerado na equação de lucratividade. Portanto, a indústria avícola moderna tende a buscar rentabilidade ótima, independentemente do desempenho vivo. O lucro líquido por ave processada é geralmente considerado o índice mais preciso de desempenho do lote. Kennedy foi um dos primeiros a relatar o lucro líquido como índice comparativo de desempenho de frangos de corte. Ele relatou que os rebanhos alimentados com uma dieta de 180 mg/kg de vitamina E tiveram 1,3% de peso a mais (P <0,05) por ave e 0,84% de eficiência alimentar significativamente melhor (P <0,05) do que os controles alimentados com 44 mg/kg vitamina E. O rendimento líquido do rebanho em alta vitamina E foi 2,7% maior do que nos rebanhos controle.

Até o momento, há uma grande quantidade de literatura científica alinhada com os níveis de suplementação vitamínica utilizados pela indústria, que demonstram o alto retorno dessas tecnologias na produção.

OP Rural – O que é preciso levar em consideração no processo de produção de rações com vitaminas e outros nutrientes?

MC – Vitaminas e outros nutrientes essenciais são aditivos alimentares que são sensíveis a tensões bioquímicos, como temperatura, umidade, radicais de oxidação, etc. Várias vitaminas contêm átomos de carbono insaturados, ou possuem ligações duplas, ambas altamente suscetíveis à oxidação. Por exemplo, o retinol da vitamina A tem tanto um grupo hidroxilo livre como cinco ligações duplas. A esterificação de retinol com ácido acético produz acetato de retinilo que possui o grupo protegido com hidroxido, mas ainda possui cinco ligações duplas suscetíveis à oxidação. Por esta razão, mesmo o óleo de acetato de retinol puro deve ser emulsionado em gelatina e açúcares e processado em um beadlet contendo um antioxidante.

A nova tecnologia de produção melhorou ainda mais a estabilidade da vitaminas A e D3 por um processo de reticulação, como a reação entre a gelatina e o açúcar, o que torna o gránulo insolúvel em água, conferindo-lhe um revestimento mais resistente que pode suportar maior pressão, fricção, temperatura e umidade.

A vitamina E, como D,L-alfa-tocoferol, é um antioxidante por si só e, portanto, se aplicada diretamente aos alimentos, é consumida rapidamente. O grupo hidroxifenólico livre nesta molécula é responsável pela atividade antioxidante. Quando o grupo hidroxilo é protegido pela formação de um éster, como no acetato de tocoferilo, o composto obtido é resistente ao oxigênio, uma vez que não possui ligações duplas e grupos hidroxilo livres. O acetato de vitamina E é estável em alimentos com pH neutro ou levemente ácido. No entanto, mesmo condições ligeiramente alcalinas podem afetar a estabilidade, como quando é utilizado um carrier de calcário ou na presença de grandes quantidades de óxido de magnésio (alimentos compostos). Nestas condições, alguns dos grupos de acetato protetores são separados e forma-se o tocoferol livre, que pode ser rapidamente oxidado.

Dove e Ewan, em 1986, determinaram a estabilidade do alfa-tocoferol em rações sem e com oligoelementos. Ao final de três meses de armazenamento a 25-30°C, a retenção de alfa-tocoferol foi de 50% e 30%, respectivamente. A adição adicional de 245 ppm de cobre como sulfato de cobre, produziu 0% de retenção após 15 dias. Tocoferol, a forma mais concentrada de atividade da vitamina E, é uma vitamina tão instável que não deve ser considerada para qualquer aplicação de nutrição animal.

Vários fatores podem influenciar a estabilidade da vitamina na pré-mistura, peletização e armazenamento, incluindo temperatura, umidade, tempo de condicionamento, redução e reações de oxidação (redox) e luz. Calor, pressão, umidade, fricção e reação redox variam drasticamente entre as diferentes formas pelas quais a alimentação pode ser processada. A oxidação de vitaminas também pode ser devido à propagação da auto-oxidação de gorduras, à oxidação induzida por cargas dos minerais, à oxidação induzida por hidrolíticos e à oxidação induzida por micróbios.

Portanto, é fundamental calcular a estabilidade da vitamina em cada estágio do processamento: armazenagem, pré-misturas, basemixes, expandido, peletização ou extrusão e armazenamento de alimentos, etc., porque as vitaminas incorrem em perdas que variam de processo para processo.

Em 1995 desenvolvi tabelas de estabilidade vitamínica para todos os processos a partir de vitaminas puras, pré-mistura, peletização e armazenamento de ração, etc. Esses dados são uma média de um amplo conjunto de dados de laboratórios de fabricantes de vitaminas, indústria e pesquisa acadêmica e diferentes processamento e armazenamento. Os dados não refletem nenhum fabricante específico de vitaminas.

A retenção média de vitamina através de todos os processos de uma fábrica de ração integradora é em média de 75%, com mínimo de 40% para o óleo de acetato de vitamina A até o máximo de 97% para o cloreto de colina. A formulação de vitaminas desempenha um papel crítico na suplementação vitamínica. Por exemplo, o óleo de vitamina A retém 40%, enquanto o beadlet reticulado de vitamina A retém 91%.

Estas retenções de vitamina podem ser melhoradas diminuindo o tempo de armazenamento da pré-mistura vitamínica, ou peletizando a temperaturas mais baixas o com tempos de condicionamento mais baixos, por exemplo, devendo considerar que a retenção de vitamina pode diminuir aumentando o tempo de armazenamento do premix de vitaminas, ou aumentando a temperatura de peletização e/ou o tempo de condicionamento.

As temperaturas de peletização aumentaram ao longo do tempo devido aos requisitos para maior higiene ou rendimento, entre outros. Por exemplo, a vitamina A reticulada (beadlet) a 96ºC retém 88% de atividade, enquanto no tem coating pode perder ate 64%.

Temos trabalhado para gerar mais informações em conjunto com as equipes técnicas dos principais prémixeras e clientes finais. Com prazer continuamos debatendo esses tópicos no 8º Congresso Latino-Americano de Produção Animal, onde foram encontradas as principais referências da indústria latino-americana, sem dúvida uma das mais competitivas do negócio global.

Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

ABPA comemora 10 anos de fundação com conquistas para o setor

Entidade celebra momentos que marcaram a história da avicultura e da suinocultura do país

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Presidente da ABPA, Ricardo Santin. - Foto : Assessoria

A cadeia produtora e exportadora da avicultura e da suinocultura do Brasil celebra na data de hoje uma década de um dos marcos mais importantes de sua história, a criação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A entidade fundada em 2014 nasceu dos anseios dos diversos elos dos setores por uma organização única, que utilizasse as sinergias comuns às cadeias produtivas para atuar de forma ainda mais estruturada e assertiva como representação político-institucional, fomentadora do desenvolvimento setorial e promotora das cadeias nos mercados interno e internacional.

Assim ocorreu a fusão de duas organizações, a UBABEF (avícola, fruto da fusão da UBA com ABEF) e a ABIPECS (suinícola), que resultaram em uma entidade que atualmente detém mais de 140 associados dos diversos elos dos setores, das agroindústrias produtoras e exportadoras, empresas fornecedoras da cadeia, às entidades representativas dos estados e dos segmentos fornecedores.

Francisco Turra, ex-ministro da agricultura e atual presidente conselho consultivo da associação, foi presidente da ABPA desde a sua fundação até o ano de 2020, quando Ricardo Santin (então diretor-executivo da entidade) foi escolhido o novo presidente. Grandes nomes da cadeia produtiva também fizeram parte do quadro da entidade, como os médicos veterinários Rui Vargas e Ariel Antônio Mendes. Leomar Somensi foi o primeiro e único presidente do Conselho Diretivo e comandou a estrutura diretiva da entidade ao longo desta década, em consonância com José Carlos Zanchetta, presidente do Conselho Consultivo até 2020.

A força institucional da ABPA, respaldada pela força associativa de seus associados e pelos 4 milhões de brasileiros que atuam direta e indiretamente nos setores, foi fundamental para a conquista de grandes avanços, como também para a superação de diversas crises.

Por meio das sinergias construídas, a ABPA apoiou a ampliação da presença internacional da avicultura e da suinocultura do Brasil, o que se vê pelos números conquistados pelas marcas setoriais mantidas em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Apenas no âmbito internacional, são quase 80 eventos organizados e executados pela associação, incluindo grandes ações como campanhas e feiras (como Gulfood, Anuga e SIAL), que resultaram em US$ 14,7 bilhões em negócios para as empresas participantes. Junto a isso, dezenas de missões rumo a mercados estratégicos foram organizadas, bem como o apoio à organização de missões sanitárias para validação e habilitação dos frigoríficos brasileiros.

Destas sinergias também nasceu o então Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura, atual Salão Internacional de Proteína Animal (SIAVS), a maior feira dos setores no Brasil e principal momento político-institucional das cadeias produtivas – que já reuniu mais de 100 mil pessoas visitantes ao longo de cinco edições.

No mercado interno, a promoção do consumo se aliou ao trabalho de defesa das cadeias de valor. Campanhas diversas foram promovidas em conjunto com as empresas associadas, seja para fomentar o consumo dos produtos ou para promover a conscientização em temas emergenciais, como a Influenza Aviária e a Peste Suína Africana – lembrando que o Brasil permanece livre das duas enfermidades.

A gestão de crise também fez parte da estrutura de trabalho institucional, e grandes desafios foram superados ao longo desta década. No âmbito setorial, as duas grandes crises dos insumos (em 2016 e no triênio 2020-2022) marcaram a forte interlocução da entidade com os entes governamentais e setoriais. Os equívocos de informação da Operação Carne Fraca, ocorrida em 2017, estabeleceu um dos mais complexos momentos de recuperação da imagem setorial da indústria de alimentos.

Por outro lado, em crises ampliadas, como a Greve dos Caminhoneiros (2018) e os efeitos da Pandemia Global no abastecimento demandaram ações incisivas junto aos entes federais e estaduais e reforçaram a ampla articulação existente entre a ABPA e suas entidades filiadas nos estados.

“Todos estes fatos são recortes dentro de uma história ampla, complexa e com um propósito maior, de promover e defender uma cadeia produtiva com influência direta na vida de centenas de milhões de pessoas no Brasil e em mais de 150 países, o que gerou ao nosso país quase US$ 100 bilhões em exportações. A ABPA é o reflexo de uma história setorial de sucesso e de anseios conquistados, que crescem e se modernizam com a força e a visão da dinâmica cadeia de proteína animal, no auxílio à segurança alimentar do Brasil e do mundo”, destaca o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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Fotos: Shutterstock

As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Paraná impõe mais rigor para manter gripe aviária longe de seus planteis

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o
consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais.

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Foto: Shutterstock

Com pouco mais de quatro meses sem uma ocorrência do vírus da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) no Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) continua alerta e atuando em conjunto com as entidades setoriais e a cadeia produtiva do estado no combate à doença. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves industriais, domésticas e silvestres, além de animais marinhos e ocasionalmente outras espécies.

Até o fechamento desta reportagem haviam 13 focos de gripe aviária confirmados no Paraná, todos na região litorânea e em animais silvestres. Com três casos cada, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná lideram os registros, seguidos por Guaratuba com dois focos, enquanto Antonina e Matinhos reportaram um foco cada.

Até o momento, não foram registrados casos em aves comerciais ou de subsistência no Paraná, sendo todas as ocorrências diagnosticadas em aves silvestres das espécies trinta-réis-real, trinta-réis-de-bando e gaivota-maria-velha.

Médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim: “O consumo de carne e de ovos é segura” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim, ressalta que as regras de biosseguridade para registro avícola sempre foram muito rígidas no estado. “O Paraná segue uma legislação nacional, mas com suas particularidades, uma vez que enquanto a legislação do país dispensa o registro para produtores com até mil aves, no Paraná essa regra é mais rigorosa, exigindo registro independente da quantidade de aves mantidas pelo produtor. “Se for produtor comercial, obrigatoriamente precisa de registro e precisa cumprir as medidas de biossegurança exigidas”, enfatiza Spim.

Mesmo com o enfrentamento da Influenza aviária, essas regras não sofreram alterações significativas, já que são bastante rigorosas desde o início. O que foi intensificado é a fiscalização, que ocorre no momento do registro, válido por cinco anos. Durante esse período de vigência do registro, as granjas são submetidas a vistorias periódicas por fiscais. Spim explica: “Durante esses cinco anos a granja recebe periodicamente a vistoria de fiscais até o momento da renovação, quando é feita uma nova vistoria”.

Essas medidas visam garantir a conformidade com os protocolos de biosseguridade e contribuir para a prevenção e controle de doenças avícolas, incluindo a Influenza aviária. “A cooperação dos produtores e o rigor na aplicação das regulamentações são essenciais para proteger tanto a saúde das aves quanto a segurança alimentar da população”, salienta o fiscal.

Intensificação da fiscalização

Em dezembro de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou que os órgãos de defesa agropecuária dos estados intensificassem as ações junto às granjas. “Passamos mais um pente fino nas unidades produtivas, ocasião em que foram identificadas algumas granjas com problemas sanitários pontuais, que incluem principalmente questões de manejo e limpeza do ambiente. Para regularizar esses problemas, iniciamos em fevereiro uma ação nestas unidades”, relata Spim.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná mantém uma vigilância e busca ativa pelo vírus da Influenza aviária a fim de mapear em quais locais o vírus está circulando. “Esse trabalho é constante e é realizado desde que o primeiro caso foi confirmado no Paraná, em junho de 2023, demonstrando o compromisso do estado com a segurança sanitária na produção avícola”, evidencia o fiscal.

Maior produtor de aves do país

Em 2023, o Paraná reafirmou seu protagonismo na produção de alimentos, especialmente na avicultura. O estado produziu 2,1 bilhões de frangos, mantendo sua liderança no

ranking nacional com uma participação de 34,3%, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com os dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representou um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, reafirma a posição do Paraná como principal polo de produção avícola do país. “O Paraná ostenta o título de principal produtor de frango do Brasil, um feito atribuído ao trabalho dedicado das empresas, entidades setoriais, do governo e dos produtores que garantem qualidade do alimento que chega à mesa dos consumidores”, destaca o profissional.

Além disso, o estado também cresceu na produção de ovos de galinha, alcançando a marca de 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022 e um novo recorde na série histórica. Esses dados reforçam o papel fundamental do Paraná na garantia do abastecimento nacional e na consolidação da agroindústria brasileira como um dos principais players globais.

Em todo o país foram abatidos 6,28 bilhões de frangos, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, o que também foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Além disso, o país registrou um aumento na produção de ovos de galinha, alcançando um total de 4,21 bilhões de dúzias, outro recorde histórico.

Educação sanitária

Além das ações de fiscalização e controle, o fiscal da Adapar enfatiza a importância da educação sanitária. Spim frisa que é fundamental alinhar diretrizes de segurança da produção que devem ser seguidas à risca, mas ressalta que os produtores também estão conscientes de suas responsabilidades para garantir a biossegurança na produção de animais. “Essa abordagem holística, que combina fiscalização rigorosa, vigilância ativa e educação sanitária, é essencial para manter a segurança e a qualidade da produção avícola do Paraná e assegurar a confiança do consumidor no produto final”, reforça.

Avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, em Guaraniaçu, PR: “Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”

Com capacidade para alojar até 70 mil aves por lote, o avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, localizada em Guaraniaçu, interior do Paraná, afirma que sempre manteve medidas de biosseguridade rigorosas em sua propriedade, mas, com a ocorrência dos primeiros casos da doença em aves silvestres no litoral, essas medidas foram intensificadas. “Nossa granja é toda automatizada e restringimos o acesso exclusivamente aos funcionários autorizados. Monitoramos de forma contínua as instalações dos aviários e mantemos cuidado especial com as aves, a fim de sua segurança e saúde sejam garantidas”, assegura. “Reconhecemos a importância desse cuidado rigoroso para evitar a entrada de qualquer patógeno nas instalações. Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”, exalta o produtor, que trabalha junto com os familiares Fernando, Aline e Frederico na propriedade.

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Período de migração

O médico-veterinário conta que até 2023 a agência trabalhava com uma rota migratória que trouxe o vírus para o país. No entanto, ao longo do ano, os fiscais aprenderam mais sobre as aves migratórias e descobriram várias rotas, incluindo aquelas que vêm diretamente da Europa para o Brasil. Isso ocorre durante todo o ano, o que significa que aves migratórias chegam todos os meses ao país de áreas contaminadas de diferentes partes do mundo. “Essa descoberta colocou a defesa agropecuária em alerta constante. Nosso trabalho é voltado não apenas para conter o foco, mas, sim, para garantir que a doença fique fora das granjas comerciais”, reforça Spim, acrescentando: “Através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná, que possui um centro de estudos de animais da fauna marinha no litoral, somos comunicados sempre que eventos fora do comum, como a morte de aves silvestres, acontece à beira mar, inclusive com os pesquisadores nos auxiliando na identificação de aves suspeitas”.

Como proceder em casos suspeitos

Em caso de detecção de um foco suspeito de Influenza aviária, Spim explica que o controle é realizado conforme o Plano Nacional de Contingência, disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece zonas de atuação, perímetros de vigilância e atividades específicas para controlar o foco. “Cada zona possui protocolos diferentes para mitigar a disseminação do vírus”, expõe.

O médico-veterinário ressalta que a notificação imediata é fundamental. “Qualquer suspeita, especialmente em granjas comerciais, deve ser comunicada à Adapar imediatamente. No caso de uma confirmação em uma granja comercial, o Brasil perde seu status de país livre da doença, o que terá uma repercussão global. Isso pode levar ao fechamento e dificuldade de recuperação de mercados”, aponta, ampliando: “A colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva e instituições de pesquisa é essencial para garantir a segurança da produção avícola e proteger a reputação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo”.

 Importância da conscientização sobre a doença

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais. A Influenza aviária é um vírus que circula no mundo há muitos anos, com um novo ciclo iniciado em 2014. No entanto, nunca houve registro de casos em humanos devido ao consumo de carne de frango e de ovos. “O consumo de carne e de ovos é segura”, ressalta.

A intensificação do controle da doença é fundamental devido ao impacto significativo que ela pode ter na cadeia de produção das aves. “Além de proteger a saúde das aves e garantir a qualidade dos produtos avícolas, os esforços de controle da Influenza aviária visam também tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos alimentos. A conscientização sobre a doença e suas formas de transmissão ajuda a evitar preocupações desnecessárias e a manter a confiança na qualidade dos produtos avícolas disponíveis no mercado”, argumenta o médico-veterinário.

 O que fazer em caso de suspeita da doença

Ao avistar uma ave morta, Spim reforma que não se deve aproximar e nem mexer no animal, a fim de evitar a propagação do vírus. “Comunique imediatamente a suspeita ao Serviço Veterinário Oficial da sua região, que fará o trabalho de investigação e, se a suspeita for confirmada, desencadeará todas as medidas cabíveis”, salienta.

A Adapar dispõe de 21 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária (URS) com a atribuição de administrar 130 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 33 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário (PFTA). Para saber onde está localizada a unidade da sua região acesse www.adapar.pr.gov.br/Pagina/Unidades-Regionais-de-Sanidade-Agropecuaria-URS.

Para prevenir e reduzir o risco de introdução da Influenza aviária na criação de aves comerciais é necessário tomar as seguintes medidas:

  • Cercar as unidades produtivas avícolas para que outras pessoas não entrem na produção.
  • Evitar o trânsito de pessoas e animais, bem como o contato das aves comerciais como patos, marrecos, gansos, perus e pássaros silvestres.
  • Realizar a lavagem e desinfecção de veículos para entrar e sair do núcleo de produção na propriedade.
  • Limpar e desinfetar regularmente sapatos, roupas, mãos, gaiolas, caixas, equipamentos e utensílios usados no aviário.
  • Evitar compartilhar ferramentas ou equipamentos com outros criadores.
  • Lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com as aves.
  • Realizar controle de roedores e outras pragas que possam veicular doenças.
  • Oferecer água tratada às aves. O contato com água sem tratamento, procedente de nascente, pode comprometer todo o plantel.
  • Notificar o Serviço Veterinário Oficial da presença de sinais de doenças nervosas, respiratórias ou casos de morte repentina de grande quantidade de aves em um pequeno período de tempo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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