Avicultura
Experiências brasileiras para controle de Salmonella por suplementação na ração
O tratamento com altas temperaturas ou a inclusão de agentes antimicrobianos nunca pode ser uma resposta completa para melhorar a saúde dos lotes
Artigo escrito por Valentino Arnaiz, gerente de Mercado da Safeeds Nutrição Animal; Juliano Trevizoli, gerente de Mercado Brasil da Safeeds Nutrição Animal; Roberto Montanhini Neto, diretor Estratégico Comercial da Safeeds Nutrição Animal; e Caio Tellini, do Departamento de Marketing da Safeeds Nutrição Animal
No negócio avícola, devemos tentar melhorar a biossegurança das rações para controlar os níveis de bactérias patogênicas que afetam as aves, sem esquecer de reduzir a dependência do uso de antibióticos para atingir este objetivo. A identificação de cepas de Salmonela resistentes a uma série de antibióticos é um indicativo do que pode continuar a acontecer no futuro.
Para obter carne e ovos em quantidades aceitáveis e permitir que o negócio seja produtivo e rentável, é preciso que as aves consumam grandes volumes de ração (ADAS Leaflet 298, 1979). Uma vez que esses consumos são alcançados, não é incomum encontrar problemas de insuficiência digestiva a campo e o uso da acidificação na ração poderia ser uma alternativa como estratégia de controle deste problema.
Após o surgimento de insuficiência digestiva, é muito fácil de ocorrer a colonização do trato digestivo com Salmonella spp., Escherichia coli e Campylobacter jejuni (Sarakbi, 1991). A indústria sempre confiou demais no uso de antibióticos na prevenção e tratamento dessas doenças bacterianas. Porém, já se atingiu um aumento alarmante no número de cepas patogênicas resistentes a vários princípios ativos.
Todos os ingredientes contêm uma variedade de micro-organismos que incluem bactérias potencialmente patogênicas e as estratégias que conseguem reduzir a contaminação acima mencionada, como os tratamentos a altas temperaturas, por exemplo, funcionam diminuindo os níveis médios de contaminação, mas não eliminam a maioria das bactérias que constituem uma ameaça para animais e humanos que irão consumir esses produtos.
A crença que Salmonella encontra-se apenas em ingredientes de origem animal foi refutada há muito tempo (1989) devido aos resultados de uma pesquisa feita na Inglaterra. Naquela época, foi demonstrado que não apenas 10% da farinha de peixe estava contaminada com Salmonela, mas também 20% do glúten de milho (protenose), 7 a 13% dos coprodutos da soja e 78% de derivados de sementes de algodão.
Nos centros de produção avícola, existem inúmeros focos de infecção que não estão diretamente relacionados à cadeia alimentar. A lista a seguir propõe alguns deles:
1. Reservatórios de água (caixas, bebedouros, etc.).
2. Ar proveniente da poeira contaminada de granjas e aviários vizinhos.
3. Aviários que foram mal desinfetados.
4. Contaminação vertical, das matrizes pesadas.
5. Cama de má qualidade.
6. Contaminação horizontal, especialmente em frangos de corte.
7. Presença de animais estranhos no aviário (aves, roedores, insetos).
8. Pessoal de campo e visitantes.
Estratégias
O tratamento com altas temperaturas ou a inclusão de agentes antimicrobianos nunca pode ser uma resposta completa para melhorar a saúde dos lotes.
Entre as estratégias adotadas, a restrição ao uso de agentes antimicrobianos promotores do crescimento é a que mais ganhou relevância mundialmente. Devido às pressões exercidas pelos consumidores e ONGs internacionais, o que tem acontecido é que grandes redes de fastfood, restaurantes e supermercados no mundo todo, passaram a oferecer produtos de origem animal certificados e livres do uso desses promotores. Em vários mercados e países, essas pressões levaram à implementação de regulamentações que baniram o uso de antibióticos na produção animal.
Atualmente, o desafio no controle de microrganismos patogênicos amplamente associados ao consumo de produtos de origem avícola, como Salmonela spp., Campylobacter spp. e Escherichia coli, elevou-se a níveis preocupantes, ainda mais com a proibição do uso de antibióticos promotores Gram-negativos em mercados como o Brasil ou a Europa.
Em geral, essas bactérias entéricas Gram-negativas não produzem maior morbidade ou mortalidade em aves, comparadas a microrganismos Gram-positivos, como o Clostridium perfringens, um dos principais causadores de enterites em decorrência da retirada de agentes antimicrobianos promotores do crescimento.
Bactérias patogênicas do tipo Escherichia coli ou Campylobacter jejuni têm um pH ótimo de crescimento em torno de 7,0, enquanto o grupo de Lactobacilli e Enterococci, responsável pela manutenção de um intestino saudável ou Butyrivibrio fibrisolvens, responsável pela digestão de fibras, crescem em torno do pH 6,0. Consequentemente, o ceco e o cólon são ideais para o crescimento de E. coli e outros patógenos.
Todas as bactérias podem ser classificadas pela sua tolerância ao pH baixo, alto ou ótimo, no qual elas podem sobreviver. Entender a dinâmica do pH no trato digestivo das aves é fundamental para obter o melhor benefício dos acidificantes quando usados ??na alimentação animal.
As bactérias, fisiologicamente, precisam sempre de intervalos específicos de pH para sobreviver. Assim, a distribuição normal das populações de bactérias comensais e patogênicas é encontrada em diferentes faixas de pH, e devido ao intervalo para as comensais ser mais ácido do que para as patogênicas, é preciso o uso de acidificantes na ração. A partir dessas faixas, é possível observar como pequenas alterações no pH podem ser usadas como estratégia técnica para reduzir a taxa de crescimento de bactérias como E. coli e Salmonella spp. e, ao mesmo tempo, aumentar o crescimento de bactérias comensais, como Lactobacillus.
As perdas econômicas associadas à redução do desempenho das integrações afetadas por C. perfringens atingem nos Estados Unidos cerca de US$0,05 por ave, podendo diminuir em até 33% a rentabilidade esperada na produção.
O maior problema é que essas enterites reduzem significativamente a proteção natural da mucosa intestinal ou até mesmo as reações imunes (locais e sistêmicas) das aves, permitindo que as bactérias Gram-negativas, antes consideradas principalmente comensais, quando localizadas na região natural de sobrevivência delas (intestino distal), apresentem agora, condições de acesso e multiplicação no intestino proximal, gerando sinais patológicos e contaminação sistêmica.
Há muito interesse e demanda na indústria avícola internacional em conhecer estratégias validadas para controlar e prevenir a contaminação com Salmonella tanto no ciclo de produção quanto no produto final (carcaças, ovos, incubação, etc.). Pesquisas científicas recentes vêm gerando evidências sobre a eficácia dos ácidos orgânicos micro-encapsulados nas rações em combinação com óleos essenciais, para controlar a viabilidade e / ou multiplicação na cadeia produtiva de bactérias patogênicas presentes no intestino das aves.
Ferramentas práticas de prevenção e controle
É importante salientar que se torna obrigatório conhecer a composição dos ácidos orgânicos e óleos essenciais presentes nos aditivos a serem utilizados, bem como sua forma física e mecanismo de proteção ou veiculação, a dose correta para o nível de contaminação das bactérias a serem combatidas, e, principalmente, a forma e o local em que os princípios ativos serão liberados e apresentados aos microrganismos- alvo.
Várias pesquisas e estudos de campo concluíram que os ácidos orgânicos isoladamente e em doses baixas não controlam eficientemente os patógenos Gram-negativos. No entanto, existem novas estratégias de sinergismo para a sua utilização.
Os microrganismos Gram-negativos possuem uma parede celular mais complexa que a maioria das células Gram-positivas. As bactérias Gram-negativas caracterizam-se por possuir uma fina rede de lipopolissacarídeos e lipoproteínas, de fácil dissolução com ácidos lipossolúveis, desde que existam agentes que permitam sua permeabilidade como os óleos essenciais (sinergismo perfeito).
Os óleos essenciais afetam a camada de peptidoglicano e os ácidos orgânicos em sua forma dissociada, são aqueles que podem passar através da camada de proteína e entrar na célula pela estrutura lipídica e camada porosa -previamente alterada pelos óleos essenciais- conseguindo assim, alterar a fisiologia das bactérias. A sinergia entre ácidos orgânicos e óleos essenciais faz com que os primeiros consigam penetrar na estrutura celular com mais eficiência.
Uma vez dentro, os ácidos orgânicos diminuem o pH intracelular e a célula bacteriana usa sua energia vital para tentar manter o pH interno em equilíbrio. A produção de ânions interfere no metabolismo do DNA e proteínas. A combinação dessas duas ações acaba matando as bactérias por exaustão energética, por exemplo. Este mecanismo é consistente e não gera resistência ao longo do tempo.
Ácidos de cadeia média são muito grandes para penetrar na camada das células Gram-negativas e, a camada de peptidoglicano nas bactérias Gram-positivas é muito espessa para ter porosidade suficiente até mesmo para pequenas moléculas de ácido.
É importante ressaltar que não é apenas a presença de ácidos no produto, mas também o mecanismo de proteção na fabricação deles contra as agressões normais do processo digestivo o que faz possível eles atingirem o intestino distal para combater as bactérias-alvo (Gram-negativas) antes delas migrarem para o intestino proximal.
Sabe-se que os patógenos de maior interesse, como Salmonella, são encontrados nas porções mais distais do intestino. Neste nível, a maioria dos ácidos orgânicos e óleos essenciais adicionados na ração em sua forma livre não são capazes de atingir a atividade esperada para sua ação efetiva, principalmente por razões como o pH do trato intestinal, absorção e a ação de enzimas endógenas. É por isso que, com a tecnologia de microencapsulação dos ingredientes ativos numa matriz de triglicerídeos, demonstra-se uma maior consistência no efeito esperado perante outros tipos de produtos.
Através da ação das lipases endógenas nesta matriz, os ácidos e óleos essenciais são liberados gradualmente onde as bactérias-alvo estão, antes que elas causem prejuízo pela multiplicação exponencial ou migração para áreas do trato digestivo onde elas não devem se desenvolver.
Assim, comprova-se que quando os ácidos orgânicos estão associados a óleos essenciais sob um processo de proteção patenteado e eficiente, a dose necessária para garantir o controle de patógenos é reduzida, independentemente do tipo de parede celular que os microrganismos possuam.
Dependendo da dose e da sinergia entre os princípios ativos, promove-se um potencial bactericida ou bacteriostático equivalente ou até mesmo superior ao observado com o uso de promotores antimicrobianos.
O diagnóstico da carga de patógenos a serem combatidos é o ponto de partida para a decisão de qual aditivo alternativo deve ser utilizado, bem como sua dose efetiva para o nível de controle procurado. Por outro lado, o controle não deve abranger só a ração, mas também, um programa completo de biossegurança na cadeia de produção avícola (instalações, meio ambiente, água potável, controle de pragas, etc.).
Devido à experiência adquirida no mercado brasileiro (muito exigente no controle e prevenção de patógenos), a seguir, apresentamos dois modelos práticos de protocolos para a prevenção de Salmonella na ração de frangos de corte e de matrizes pesadas.
Frangos de corte
O objetivo é verificar a redução de bactérias patogênicas no intestino de frangos de corte tratados com ácidos orgânicos (AO) + óleos essenciais (OE) micro-encapsulados na ração (durante todo o período de criação) ou em doses de choque 5 dias antes da apanha das aves para o abate. Também é importante comparar as vilosidades intestinais e a profundidade das criptas no duodeno, jejuno e íleo dos lotes tratados, bem como realizar um antibiograma das bactérias isoladas com o intuito de ajustar antibióticos na incubação ou possíveis tratamentos a campo, avaliando sempre o desempenho zootécnico.
Existem duas estratégias de tratamento sugeridas, uma é o uso de 0,300 kg /t de ácidos orgânicos + óleos essenciais micro-encapsulados nas rações pré-iniciais, iniciais, crescimento e finalização (do início até o final da criação). A outra recomendação é o uso de uma dose de choque que vai entre 3-5 kg por tonelada na ração final (retirada). Um controle negativo deve sempre ser levado em consideração.
No abate das aves, 5 cecos devem ser coletados usando-se luvas para evitar a contaminação cruzada. Estas amostras deverão ser enviadas para laboratório credenciado que realize detecção de enterobactérias.
Em alguns mercados em que se tem venda de frango vivo, podem ser enviadas aves para o laboratório para o abate e avaliação, desde que o tempo de transporte não ultrapasse 4 horas até o laboratório. É possível também enviar carcaças recém abatidas transportadas em caixas de gelo respeitando os procedimentos de sanidade e boas práticas (evitar a contaminação de carcaças com conteúdo intestinal, por exemplo).
Já no laboratório credenciado se faz a dissecção de porções do duodeno, jejuno e íleo para análises histopatológicas e antibiograma.
Com essas análises, o ciclo é fechado, pois é possível verificar o controle de contaminação de enterobactérias perante ao uso da estratégia nutricional de AO + OE micro-encapsulados.
Como já foi descrito então, a avaliação histopatológica permite avaliar como se encontra a qualidade intestinal dos lotes e com o antibiograma é possível ajustar os programas de controle da produção na empresa.
Matrizes pesadas
O objetivo é avaliar a redução da contaminação por Salmonella, Clostridium e E. Coli em matrizes pesadas com a estratégia de suplementação de ácidos orgânicos (AO) em associação com óleos essenciais (AE) na produção de matrizes pesadas ??sob as práticas usuais de gestão das empresas modernas.
Como estratégia, sugere-se comparar o uso de 300 g /t na ração de AO + AE nas fases de recria até a pré-postura, depois disso, até atingir o pico de produção, a dose sobe para 1 kg / t , voltando logo após, para os 300 g /t de nas rações pós-pico.
Sugere-se a cada 10 semanas fazer o acompanhamento de: sinais clínicos, cecos, swab de cama, isolamento, tipagem e antibiograma de Salmonella spp., antibiograma de E. coli, isolamento de E. coli e Clostridium no ceco e órgãos, medição das vilosidades intestinais e profundidade da cripta, bem como análises histopatológicas e de contagem de salmonelas nos órgãos (fígado, coração e baço).
Idades de avaliação
A avaliação comparativa com lotes antes de introduzir a estratégia de suplementação com AO + AE na ração é obrigatória. O swab de cloaca serve para análise de Salmonella, Clostridium e E. coli. Todos os parâmetros zootécnicos e sanitários devem ser contabilizados (incluindo sinais clínicos da doença).
Considerações finais
A evidência prática permite concluir que ácidos orgânicos + óleos essenciais micro-encapsulados têm um papel importante na nutrição moderna de aves como alternativa aos antibióticos. Esta tecnologia oferece biossegurança, sem risco de contaminação na ração e na granja (aviários).
À medida que aprendemos mais sobre as interações microbiológicas dentro do intestino das aves, podemos usar ferramentas naturais para manter as condições ideais, sem promover o desenvolvimento de resistência a antibióticos ou de resíduos indesejáveis na cadeia alimentar.
Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
