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Existem bois em Marte?

Na presente onda de ataques ao nosso agronegócio, com foco mais dirigido à pecuária, tivemos alguns “mísseis” disparados do Exterior

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Fábio de Salles Meirelles é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP)

Nos últimos 40 anos, a área plantada do Brasil aumentou 33%, mas nossa produção cresceu 386%, com um elevado ganho de produtividade, cuja média atual é de quase quatro mil quilos por hectare. Nosso agronegócio é sustentável: 61% da cobertura vegetal nativa nacional estão preservados, sendo que 11% do total estão dentro das 5,07 milhões de propriedades rurais do País. Na nossa matriz energética, 42,9%, contra 13,8% na média mundial, provêm de fontes renováveis, sendo 17% referentes ao setor sucroenergético.

Ante tais números, são descabidos os ataques desferidos contra a agropecuária brasileira, inclusive pelo “fogo amigo” de uma das maiores instituições financeiras do País. Por isso, tão logo foi veiculada a peça de publicidade institucional do Bradesco recomendando à população “um dia sem carne”, para ajudar na redução da emissão de gases de efeito estufa, reagimos de imediato, mostrando à opinião pública tratar-se de algo sem fundamentos científicos e injusto para um setor que se pauta pela responsabilidade socioambiental.

Cabe lembrar que a pecuária brasileira avança cada vez mais em práticas sustentáveis. A argumentação utilizada na campanha do banco demonstra a falta de conhecimento sobre o que fazemos, desinformação, aliás, que vez ou outra também se observa no Exterior.

Pesquisas realizadas pela Embrapa, instituição científica de alto nível, apontam que, numa fazenda bem manejada, a quantidade de carbono liberada pelo gado na atmosfera é compensada pelo volume absorvido pelas pastagens e outras vegetações, inclusive e principalmente pelas reservas compulsórias estabelecidas por nosso Código Florestal, um dos mais avançados do mundo.

Na presente onda de ataques ao nosso agronegócio, com foco mais dirigido à pecuária, tivemos alguns “mísseis” disparados do Exterior. Um deles veio dos Estados Unidos, onde o projeto de um senador e o lobby da National Cattlemen’s Beef Association (NCBA), entidade de classe representativa da pecuária de corte, propõem a paralisação das importações da carne brasileira, questionando a qualidade sanitária de nosso rebanho. Ora, tivemos, em muitos anos, dois casos de “vaca louca”, em animais velhos, não encaminhados ao abate, o que, de modo injustificado, serviu de pretexto para o embargo das exportações à China, no final de 2021, prontamente refutado por nós. Pedimos às autoridades brasileiras, a despeito de seu esforço já empreendido, que buscassem agilizar as tratativas diplomáticas, o que foi feito com êxito, felizmente, restabelecendo-se os embarques.

Também nos deparamos recentemente com a absurda proposta da União Europeia de restringir a importação de produtos agropecuários brasileiros, sob alegação de supostos problemas ambientais. Repudiamos tal atitude, que viola acordos internacionais, incluindo o de Paris. Pelos motivos já expostos, é descabido qualquer embargo de apelo ambiental contra um setor comprovadamente sustentável.

O irônico desses ataques é que os países detratores de nossa pecuária são dependentes da proteína animal brasileira. Nosso rebanho bovino é o maior, representando 14,3% do mundial. Ao adicionarmos a produção de aves e de suínos, o País passa a ocupar a terceira posição global de carnes, com 9,2% do total. Quanto à exportação de carnes em geral, o Brasil passou a ocupar o segundo lugar, com 13,4% do planeta (dados de 2020). Naquele ano, se considerarmos somente a carne bovina, fomos os maiores exportadores. Pergunta-se: se lograrem êxito no combate à pecuária brasileira, onde essas nações comprarão carne mais sustentável? Em Marte? Eis uma pergunta a ser respondida pela vida inteligente da Terra!

Felizmente, a exemplo dos produtores rurais, o Brasil tem sido resiliente e competente na defesa da agropecuária. Isso é importante, pois o setor tem sido decisivo para a economia, gerando empregos e renda, bem como dando sustentação ao PIB e à balança comercial. E seguimos fortes: a safra nacional de cereais e oleaginosas deverá fechar 2022 com o recorde de 278 milhões de toneladas, alta de 10% em relação a 2021, conforme as condições climáticas e o prognóstico do IBGE.

O agronegócio paulista, que responde por aproximadamente 20% do nacional, também apresenta números que atestam o significado do setor. Dados recentes do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo mostram que, no acumulado de janeiro a novembro de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior, as exportações cresceram 9%, alcançando US$ 17,34 bilhões. As importações aumentaram 11,2%, totalizando US$ 4,16 bilhões. O superávit foi de US$ 13,18 bilhões, 8,3% superior ao mesmo período de 2020. A participação das exportações setoriais no total do Estado é de 35,8% e nas importações, 6,8%.

Outra informação importante é que, segundo o Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, o agronegócio paulista cresceu 8,27% em 2020. Trata-se da maior alta desde 2010, quando a expansão atingiu 12,17%. O segmento representa 14% do PIB do Estado, maior participação da série histórica, iniciada em 2008.

O meio rural paulista e brasileiro, além de sua relevante contribuição para a economia, criação de empregos e inclusão social, trabalha muito para que haja maior segurança alimentar. Queremos, como cidadãos e empresários responsáveis, que todos os habitantes de nosso país possam comer muito bem todos os dias do ano. Ah, sim, cada dia sem carne significaria menos proteínas essenciais para a saúde das pessoas e menos geração de riqueza por parte de quem tem sido protagonista do desenvolvimento.
 

Fonte: Assessoria Faesp

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STF suspende julgamento da Moratória da Soja e mantém paralisação nacional de processos

Com pedido de vista de Dias Toffoli, segue válida a liminar de Flávio Dino que congelou ações na Justiça e no Cade, enquanto especialistas destacam impacto do caso na segurança jurídica do agro.

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Moratória da Soja é um acordo privado para evitar a compra de soja de áreas de desmatamento na Amazônia - Foto: Divulgação/Ibama

O Supremo Tribunal Federal suspendeu o julgamento que analisava a liminar concedida pelo ministro Flávio Dino que determinou a suspensão nacional de todos os processos que discutem a validade da Moratória da Soja na Justiça e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até o momento, há quatro votos para confirmar a paralisação das ações. A análise ocorre no plenário virtual desde a última sexta-feira (14) e estava prevista para terminar na próxima terça-feira (25). O pedido de vista foi do ministro Dias Toffoli, e até que o processo volte à pauta a medida segue válida.

O advogado Frederico Favacho afirma que é positiva a decisão de Flávio Dino, por reconhecer que a Moratória da Soja é legal. “Esse é o ponto mais importante de toda a controvérsia”, entende.

A Moratória da Soja é um acordo voluntário entre tradings que comercializam grãos, no qual se comprometem a não comprar soja de áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O STF julga uma ação ajuízada pelo PcdoB, PSOL, PV e Rede. As legendas pedem a suspensão de lei do estado de Mato Grosso que proíbe a concessão de benefícios fiscais para empresa que assinaram o acordo.

Em dezembro do ano passado, Flávio Dino atendeu ao pedido dos partidos e suspendeu a lei de forma liminar. Em abril deste ano, ele reconsiderou a decisão, estabelecendo que a norma passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.

Em 05 de novembro, Flavio Dino determinou a suspensão nacional de todos os processos, inclusive os que investigam possível formação de cartel no Cade. Afirmou não considerar adequado, em respeito ao princípio da segurança jurídica, permitir que o debate sobre a Moratória da Soja prossiga nas instâncias ordinárias jurisdicionais ou administrativas, diante da possibilidade de serem proferidas decisões conflitantes e em desacordo com o entendimento a ser fixado pelo STF. “No mesmo voto, Flávio Dino também reconhece o direito de os entes federativos estabelecerem as regras para concessão dos benefícios fiscais, o que, na prática, implicaria em os Estados poderem retirar os benefícios das empresas signatárias, o que continua sendo discutível na esfera infraconstitucional em relação a forma, razoabilidade e outros quesitos”, diz Favacho, complementando: “De toda forma, isso vem num momento importante, quando o mundo todo está de olhos voltados para as boas práticas ambientais do agronegócio brasileiro”.

Fonte: Assessoria do Santos Neto Advogados
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Notícias Com mais de 200 casos no anoA Agência de

Paraná reforça ações contra a raiva após avanço de casos em animais de produção

Órgãos estaduais discutem ações conjuntas, reforçam controle de morcegos hematófagos e recomendam vacinação em todo o território paranaense.

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Fotos: Adapar

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) promoveu uma ação de combate e prevenção contra a raiva durante a 21ª Expovale nesta semana em Ivaiporã, município do Vale do Ivaí. A primeira oficina sobre o impacto da raiva no contexto da Saúde Única foi uma atividade respaldada pelo Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, que é executado pela agência no Estado. Na ocasião, foram abordados assuntos como o monitoramento de abrigos de morcegos hematófagos e investigação de casos suspeitos.

Considerada uma das doenças de maior importância em Saúde Pública, a raiva permanece como uma das zoonoses mais letais, com grandes impactos econômicos, sociais e sanitários. Quando abordada à ótica da Saúde Única, que engloba a saúde humana, a saúde animal e o meio ambiente, o controle depende de uma atuação integrada entre diversos setores públicos.

O chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alerta sobre a ameaça da zoonose e chama atenção sobre os números da doença no Estado. “O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e pode ser letal para os animas e para os humanos”, explica. “Os casos comprovados da doença em herbívoros no Paraná durante o último ano chegaram a 258. Em 2025, foram investigados mais de 400, destes, 218 casos confirmados até agora”.

A doença circula tanto em territórios urbanos, onde cães e gatos são os principais transmissores, quanto no em ambientes rurais, territórios em que os morcegos hematófagos são os principais reservatórios e responsáveis pela transmissão aos animais de produção. Diante desse cenário, foi realizada a oficina, unindo o órgão de defesa agropecuária do Estado do Paraná e a 22ª Regional de Saúde.

Durante a oficina, a Adapar falou sobre o grupo de animais de produção que é mais afetado pela doença, composto por bovinos, equinos, pequenos ruminantes e suínos e trouxe para discussão ações cruciais para o controle e prevenção da raiva, atuando diretamente no ciclo rural.

Prevenção

A autarquia realiza o cadastramento e o monitoramento dos abrigos de morcegos hematófagos – controle da espécie Desmodus rotundus –, investiga casos suspeitos em herbívoros com coleta de material e executa ações em focos de raiva. Além disso, são desenvolvidas atividades de educação sanitária, como a identificação dos morcegos hematófagos, o reconhecimento dos sinais clínicos da doença nos animais e como realizar a notificação.

Também foi apresentado o recente foco de raiva registrado em um bovino no município de Pitanga, na região Central do Estado, e as medidas adotadas pela agência.

Vacinação

A vacina contra a raiva tem baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. A vacinação preventiva é a melhor forma de combate direto. Uma vez que o animal apresenta sinais clínicos não há tratamento. Atualmente, a vacinação é obrigatória em 30 municípios do Oeste, conforme a portaria nº 368/2025 da Adapar.

A escolha dos municípios levou em conta a quantidade de focos registrados nos últimos anos, a proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu, a ocorrência de áreas compartilhadas de transmissão e o elevado número de pessoas que precisaram de tratamento após contato com animais suspeitos. A obrigatoriedade abrange apenas 30 municípios, mas a vacinação é aconselhada em todo o território paranaense.

Ambiente urbano

Ao discutir sobre a raiva no contexto urbano, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), órgão responsável pela vigilância epidemiológica em humanos, cumpriu o papel de elucidar dúvidas e falar sobre as ações de monitoramento de casos suspeitos em humanos e em animais domésticos. Além disso, também foram informadas as formas corretas de tratamento pós-exposição e a importância das campanhas educativas e de sensibilização da população.

Na prática, são as equipes das secretarias municipais e estaduais que acolhem a população quando há mordeduras ou possível exposição, garantindo que o tratamento seja iniciado a tempo de salvar vidas. Mesmo sendo uma doença de fácil prevenção a raiva continua avançando por falta de cuidado da população. A atuação conjunta entre saúde humana, defesa agropecuária e meio ambiente, somada à vacinação animal e à informação da sociedade é uma forma eficaz de combater a enfermidade.

Expovale

A Expovale é uma exposição agropecuária e industrial da cidade, considerada a maior feira da região do Vale do Ivaí. O foco da exposição é na realização de negócios, promoção da inovação e fortalecimento produtivo. A edição de 2025 foi realizada entre 14 e 19 de novembro. Além de shows, o evento comemorou os 64 anos do município.

Fonte: AEN-PR
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Código georreferenciado traz mudanças na forma de identificar propriedades rurais

Ferramenta aumenta precisão logística, facilita fiscalização e organiza dados territoriais em todo o país.

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Foto: Wenderson Araujo

A Câmara dos Deputados deu mais um passo na modernização da gestão territorial do campo. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou, na terça-feira (18), o parecer do relator, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), ao Projeto de Lei 2.898/2021, de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).

A proposta altera a Lei 6.538/1978, que dispõe sobre os serviços postais, para assegurar a designação de um código de georreferenciamento às propriedades rurais e agroindustriais em todo o país.

O objetivo do texto é facilitar a identificação e localização dessas áreas, ampliar a precisão logística, garantir maior segurança jurídica e permitir avanços na integração de dados territoriais.

O projeto já havia sido aprovado anteriormente na Comissão de Agricultura (CAPADR) e na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI). Na CCJC, cabia apenas o exame de admissibilidade, etapa necessária para atestar constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa da matéria.

Ao apresentar seu voto, Delegado Paulo Bilynskyj, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), destacou que o texto é enxuto e juridicamente sólido. “Trata-se de um projeto simples, claro e bem articulado. Não há qualquer ofensa a direitos ou garantias constitucionais, tampouco afronta à legislação vigente. Do ponto de vista jurídico e técnico, o PL é absolutamente adequado”, afirmou o relator.

Ele reforçou ainda que a proposta segue os parâmetros da Lei Complementar 95/1998, que orienta a elaboração legislativa. “A alteração é objetiva e não cria redundâncias ou conflitos. Mantém-se fiel à estrutura normativa e contribui para o aperfeiçoamento da legislação”, completou.

Modernização do campo

O deputado Evair Vieira de Melo, coordenador de Direito de Propriedade da FPA, celebrou o avanço da proposta, destacando que a iniciativa atende a uma demanda crescente da agricultura brasileira por precisão, rastreabilidade e segurança territorial. “O georreferenciamento é hoje uma ferramenta indispensável. Ele fortalece a gestão das propriedades rurais, melhora o acesso a serviços e políticas públicas e coloca o Brasil na rota da agricultura de precisão”, elencou o autor do projeto.

Segundo Evair, a medida também contribui para o ordenamento territorial e para a eficiência dos serviços postais e logísticos no meio rural. “Cada propriedade poderá ter um código definido, o que facilita desde entregas até ações de fiscalização, crédito e assistência técnica. É um avanço simples, mas de enorme impacto para o produtor rural”, completou.

Fonte: Assessoria FPA
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