Suínos 1º Dia do Suinocultor
Exigências nutricionais mudam de acordo com as condições ambientais, sanitárias e de manejo
A base das rações na maioria das regiões brasileira produtoras de suínos é composta por milho e soja, entretanto, especialmente em tempos de crise, é comum ouvir produtores com intenção de retirar da ração alguns aditivos que a princípio encarecem a dieta, mas que são usados em pequenas quantidades, para diminuir os custos de produção.

Para o zootecnista e mestre em Nutrição Animal, Matias Djalma Appelt, o processo nutricional é decisivo para o sucesso na produção de suínos. “Nutrição é buscar a eficiência produtiva e fazer com que o animal melhorado geneticamente consiga atingir seu máximo potencial”, destacou Matias, durante a segunda etapa de palestras no 1º Dia do Suinocultor O Presente Rural/Frimesa, ocorrido em 21 de julho no município de Marechal Cândido Rondon (PR), e transmitido pela internet – para acessar o evento on demand basta ir até o canal de O Presente Rural no YouTube.

Zootecnista e mestre em Nutrição Animal, Matias Djalma Appelt: “Todos os elos que envolvem a suinocultura têm responsabilidade direta sobre o êxito da cadeia”
Segundo ele, são poucos os fatores internos que influenciam na cadeia de produção de suínos e alguns deles são mais fáceis de serem geridos, como o manejo, a nutrição, a sanidade, a genética e a ambiência. “Nesses casos o ser humano consegue atuar em diversas frentes para melhorar”, ressaltou.
Entretanto, Matias destacou a variação cambial, preço dos grãos, alterações de legislação, tendências de mercado e o clima como fatores externos que comprometem a rentabilidade na suinocultura. “Todos os elos que envolvem a suinocultura têm responsabilidade direta sobre o êxito da cadeia”, afirmou.
Exigências mudam
Segundo o zootecnista, as exigências nutricionais variam conforme as condições de manejo e bem-estar animal. A partir do momento em que o animal é desafiado no ponto de vista de manejo, ambiência e sanitário, as exigências nutricionais aumentarão. “Caso o animal esteja exposto a alguma doença, ele vai precisar de mais nutrientes para recuperar seu desempenho”, explicou.
Entre os desafios que alteram as exigências nutricionais, Matias destacou os fatores climáticos (externo), ambientais e sanitários. “Não temos muito controle nos desafios climáticos, a não ser quando aplicamos ambiência na granja”, salientou.
Nutrição e genética
Em sua palestra para cerca de 200 produtores rurais, Matias abordou a relação entre nutrição e genética na suinocultura e salientou a busca constante por eficiência, produtividade e prolificidade. “Os suínos passam por diferentes fases e cada uma delas tem exigências nutricionais específicas”, pontua.
Matias elencou as diferentes etapas do ciclo de produção dos suínos e as distintas exigências de energia, proteína, aminoácidos, cálcio, fósforo, entre outros nutrientes. “O foco da nutrição é entender e atender todas as exigências dos animais que foram modificados geneticamente para que ele possa alcançar todo seu desempenho”, reforçou.
Para atingir essas exigências é importante utilizar componentes que tenham nutrientes suficientes para atender a necessidade nutricional dos animais. Análises bromatológicas e outras complementares de qualidade estabelecem o nível de nutrientes existente em cada ingrediente. “Com isso é possível estabelecer dentro da nutrição a combinação perfeita entre os ingredientes para atender os níveis nutricionais”, explicou.
Segundo o zootecnista, a base das rações na maioria das regiões brasileira produtoras de suínos é composta por milho e soja, entretanto, especialmente em tempos de crise, é comum ouvir produtores com intenção de retirar da ração alguns aditivos que a princípio encarecem a dieta, mas que são usados em pequenas quantidades, para diminuir os custos de produção. “Melhorar a qualidade do milho e da soja traz benefícios muito maiores do que retirar qualquer micro ingrediente”, salientou.

Zootecnista e mestre em Nutrição Animal, Matias Djalma Appelt: “O foco da nutrição é entender e atender todas as exigências dos animais que foram modificados geneticamente para que ele possa alcançar todo seu desempenho”
A qualidade citada por Matias é alcançada através de processos térmicos, de moagem e de extrusão dos grãos. Ingredientes como milho pré gelatinizado e soja micronizada são utilizados nas formulações das rações usadas na dieta de leitões, são mais digestíveis e possuem maior concentração de nutrientes. Nessa fase os animais precisam de uma maior densidade nutricional.
O melhoramento da digestibilidade dos alimentos potencializa o aproveitamento dos nutrientes e minimiza o desperdício por meio da diminuição de excreções. “Quanto menos nutrientes forem desperdiçados, melhor será o aproveitamento do animal e mais ele produzirá”, salienta.
De acordo com Matias, cabe a experiência do nutricionista determinar quais são os níveis nutricionais necessários e a combinação correta dos ingredientes usados nas formulações. “Combinar os ingredientes é o segredo para alcançar níveis nutricionais adequados”, destacou. Segundo ele, o objetivo é atender as exigências dos suínos, para tanto é preciso conhecer e prever os potenciais desafios. “Alguns ingredientes têm uma maior concentração de proteína, outros de energia, e você utilizar eles de uma forma combinada e nunca depender só de um é um fator relevante para obter sucesso na nutrição”, sustenta.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



