Avicultura
Excesso de nutrientes atrapalha desenvolvimento e fertilidade de machos
Eficiência energética cai porque a ave precisa usar energia para excretar os elementos que foram ofertados em maior quantidade que a necessária
Se a falta de nutrientes provoca perdas na cadeia produtiva de aves, com o excesso acontece da mesma forma. É o que defende o engenheiro agrônomo e PhD em Nutrição pela Universidade da Califórnia (EUA), Antônio Mário Penz Junior, diretor mundial de contas estratégicas da Cargill Nutrição Animal, que palestrou sobre o manejo e nutrição de machos durante o 11ª Simpósio da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), que aconteceu de 16 a 19 de setembro, em Florianópolis (SC).
De acordo com Penz, o excesso de nutrientes atrapalha o desenvolvimento da ave, atrapalhando o desenvolvimento do macho e sua fertilidade. “Proteínas em excesso na nutrição de machos reduzem fertilidade”, disse o palestrante, que alertou para uma prática ainda vista: “machos e fêmeas não podem comer a mesma ração”.
Com publicações em mídias de Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, entre outros Estados, o profissional disse que ainda há pouca informação acadêmica, especialmente em fases que antecedem o período de reprodução. As informações das linhas genéticas são muito importantes, assim como as considerações práticas dos nutricionistas”, sugeriu.
Entre todos os principais objetivos no desenvolvimento de machos nas diferentes fases de produção, Penz citou a uniformidade dos animais como fundamental, mas disse que o produtor e o técnico precisam se ater a vários fatores para atingir essa situação. “A palavra-chave é uniformidade, que está relacionada com nutrição e manejo da alimentação. O macho tem que ter desenvolvimento tecidual compatível com a idade e peso”, pontuou.
De acordo com ele, a qualidade da matéria-prima tem que ser rigorosamente cuidada. “A qualidade da matéria-prima não pode ser esquecida. Não podemos entender milho e soja como commodities. É preciso saber a composição (nutricional) do milho”, destacou, enumerando possíveis problemas: “Se não tem harmonia no ganho de peso, isso gera comprometimento no desenvolvimento do trato digestório”.
Excesso
De acordo com o palestrante, sobrando energia e aminoácidos, a ave não tem o que fazer com estes componentes nutricionais. Por fim, termina armazenando esses nutrientes na forma de gordura. “Isto compromete o seu desenvolvimento”, garantiu, alertando sobre consequências no sistema reprodutivo pela vida toda.
De acordo com ele, o animal passa a usar energia para excretar os nutrientes ao invés de usá-la para ganhar peso. “O excesso de aminoácidos deve ser catabolizado e excretado na forma de ácido úrico. O custo metabólico para síntese proteica é de aproximadamente 4 mol de ATP.O custo metabólico para excretar os aminoácidos em excesso pode variar de 6 a 18 mol de ATP, dependendo do nível deste excesso. Assim, eliminação de excesso de aminoácidos tem alto custo energético”, argumentou. “A ave vai pegar parte da energia da comida para essa transformação”, reforçou.
Aos 28 dias, quando acontece a primeira seleção, os machos devem ter 690 gramas, conforme o pesquisador. Se o balanço nutricional não for adequado, com matéria prima de baixa qualidade, o animal vai ter um desenvolvimento menos eficiente. Para garantir os nutrientes necessários, o professor indica monitoramento constante na matéria prima das rações. “Se oferece milho com pouca energia (Kcal), tem que dar mais peso. Porém, o profissional acerta na quantidade de energia, mas aumenta o consumo de proteína, que também precisa ser excretada”, exemplificou, ratificando: “O monitoramento da qualidade do milho é indispensável, é nosso dever de casa. Isso começa na fábrica de ração, observando a qualidade da matéria prima”. E reforçou: “Quanto há nutrientes demais, o excesso tem que ser catabolizado e excretado. Com isso, haverá um custo energético”, justificou.
Na seleção das quatro semanas (28 dias), o especialista recomenda retirar de 20 a 25% dos machos leves e aqueles com qualquer defeito físico para melhorar a uniformidade. Nesse período, o desenvolvimento dos tecidos nervoso, ósseo, muscular e gorduroso deve ser equilibrado. Os resultados são, entre outros, desenvolvimento adequado dos tratos digestório e reprodutivo, além de ganho de peso constante e harmonia no desenvolvimento dos tecidos.
Ração de Crescimento
Penz frisou que é preciso manter uma dieta na fase de crescimento até a semana 30 para não atrapalhar a fertilidade dos animais. Os machos continuam crescendo até 30 semanas. Quando em crescimento, proteína (aminoácidos) e outros nutrientes não podem faltar. Por isto, devem seguir consumindo a dieta de crescimento até esta idade. Animais devem continuar aumentando o peso. Esta fase também é importante para a manutenção da fertilidade dos machos”, apresentou a liderança. “Nessa mesma semana, o peso do testículo tem que ser igual a 1% do peso corporal”, orientou.
Fase Reprodução
Na fase de reprodução, o aumento de peso diminui de acordo com a idade do frango. Quando ele tem 25 semanas, o ganho de peso deve ser de 21 gramas por dia. Na semana 30, já cai para 15 gramas/dia. Quando o frango atinge 60 semanas, o ganho de peso diário é de apenas 3 gramas.
Os nutrientes em excesso, nessa fase da produção, entende Penz, também contribuem para a redução dos índices de produtividade de um plantel. Ele exemplifica, citando o cálcio. “Se oferecemos muito cálcio, o macho tem que excretar em forma de água. Com isso, deixa a cama (de aviário) úmida”, alerta.
Exigências da Água
Penz cita que a cadeia não dá a devida atenção à qualidade da água ofertada aos animais. “Produtores e técnicos não têm o devido cuidado com a água. Temos que saber constantemente a qualidade, com pelos menos análises semestrais. É preciso anotar o consumo, saber a qualidade química, saber se a temperatura está abaixo de 25° C, com medição diária”, exemplificou. “Tem que dar para o frango uma água que você beberia”, resumiu.
Exigências Nutricionais
Para Penz, o básico para atingir a eficiência na oferta de nutrientes é seguir as recomendações das linhagens. “Nutrição é importante, mas alocação de nutrientes é fundamental. A boa nutrição só funciona com controle de qualidade dos ingredientes. Porém, uma boa nutrição sem uniformidade nada adianta. Peso é importante, mas não diz tudo”, finalizou.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
