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Evento internacional debate sistemas alimentares do futuro, proteínas alternativas e agricultura em ambiente controlado
As principais tendências para produção de alimentos em ambientes internos, agricultura celular, cultivo de algas, insetos e outras fontes proteicas serão apresentadas no Inhouse Farming – Feed & Food Show, dentro da programação da EuroTier 2024, em novembro na Alemanha
Carne e leite sem animal, peixes sem oceanos, cultivo de algas e outros alimentos dentro de casa e cafés produzidos sem a necessidade de plantações em extensas áreas rurais. Estes são apenas alguns exemplos do que os sistemas alimentares do futuro podem fornecer à população mundial a partir de avançadas tecnologias e pesquisas científicas. E para reunir as inovações nesta área, a Sociedade Agrícola Alemã (DLG) realiza o Inhouse Farming – Feed & Food Show dentro da programação da EuroTier 2024, feira líder mundial em produção animal e que será realizada de 12 a 15 de novembro em Hanover, na Alemanha.
Entre os temas principais do evento está a agricultura celular, que tem o potencial de ajudar a resolver os desafios éticos e ecológicos enfrentados atualmente pela agricultura convencional. A partir da cultura de células, os alimentos já não são produzidos a partir de animais ou plantas, mas extraídos in vitro das células ou produzidos em sistemas de fermentação de precisão por microrganismos que se multiplicam sob condições ideais em biorreatores. Com isso é possível, por exemplo, produzir carnes sem o abate animal, produzir ovos e leite sem a necessidade de uma criação ou ainda produzir cacau e café em ambientes controlados e espaços reduzidos.
Outro ponto de destaque no Inhouse Farming – Feed & Food Show é a Agricultura Ambiental Controlada (CEA), que se baseia em recursos tecnológicos para a agricultura interna e vertical, simulando os fatores ambientais como temperatura, iluminação e umidades do ar e do solo, por exemplo, para a produção de alimentos e rações. “As tecnologias e processos de agricultura interior e vertical oferecem uma abordagem promissora para complementar os sistemas agrícolas tradicionais”, afirma o Prof. Nils Borchard, Chefe de Investigação e Desenvolvimento da DLG.
As fazendas verticais podem ser instaladas em qualquer lugar, desde regiões secas até no centro de grandes cidades. Localizadas em contêineres de alta tecnologia, as fazendas internas permitem o cultivo durante todo o ano em ambiente controlado, garantindo a produtividade da área plantada. “Isto não traz apenas benefícios econômicos, mas também ambientais, como a redução do consumo de fertilizantes e de água, a diminuição ou mesmo a eliminação da utilização de pesticidas e o encurtamento das cadeias de abastecimento”, diz Borchard.
O processo completo de automação para implantação de sistemas de agricultura interna e vertical será apresentado no evento, que contará com soluções inteligentes para iluminação controlada das plantas, sistemas de refrigeração, irrigação, ventilação e desumidificação do ambiente.
Proteínas Alternativas
Além de sistemas internos de alimentação, o Inhouse Farming – Feed & Food Show apresenta soluções para aquicultura, cultivo de peixes, crustáceos, algas e insetos. No Dia Temático da Aquicultura, em 13 de novembro, serão debatidas as tendências de desenvolvimento na aquicultura, na aquaponia e no cultivo de algas que tem um grande potencial para estimular a economia circular com impacto neutro no clima, uma vez as algas retêm cerca de dez vezes mais dióxido de carbono do que as plantas terrestres.
A criação automatizada de insetos como ração proteica de alta qualidade e os desafios da criação industrial de insetos como fonte de alimento também terão um destaque especial no evento, com as mais recentes pesquisas na produção e comercialização desses animais.
“O Inhouse Farming – Feed & Food Show é uma vitrine para os sistemas agrícolas e alimentares independentes do futuro. O amplo programa técnico que acompanha a plataforma de exposições B2B da DLG abordará as principais questões da cadeia de valor de amanhã, trazendo soluções inovadoras para atender à crescente demanda mundial por alimentos e, consequentemente, para a nutrição animal. Este olhar para o futuro e a grandiosidade da feira tem atraído cada vez mais brasileiros para a EuroTier, tanto como expositores quanto como visitantes”, explica Brena Bäumle, diretora da Bäumle Organização de Feiras, representante oficial da DLG para o Brasil.
Pensando em ampliar as relações com o mercado europeu, a brasileira Kobra é uma das empresas que já confirmaram presença no evento. “A EuroTier é uma feira muito importante, pois reúne os principais players do nosso segmento, oferecendo uma plataforma única para apresentarmos nossos produtos e tecnologias de tratamento de água para a produção animal. Participar deste evento nos permite não apenas demonstrar nossas inovações, mas também estabelecer contatos valiosos, compreender as tendências do mercado e identificar novas oportunidades de negócios. Nossa presença visa consolidar nossa posição no mercado europeu, aumentar nossa visibilidade e expandir nossa rede de distribuidores e parceiros estratégicos”, destaca Igor Zanini, diretor executivo da Kobra.
A EuroTier é a feira líder mundial na produção animal, apresentando a cada edição as principais novidades nas áreas de genética, recursos alimentares e operacionais, sistemas de criação e alimentação. Com expectativa de público de mais de 120 mil visitantes, vindos de 150 países, a feira concentra as inovações nos setores de avicultura, pecuária, suinocultura, aquicultura, proteínas alternativas, tecnologia climática e ambiental, digitalização, tecnologia de ordenha e resfriamento, manejo e remoção de esterco, transporte, processamento, vendas e marketing, bem como serviços para a produção agrícola.
Ainda dentro da programação da EuroTier 2024, será realizada a EnergyDecentral, tradicional feira que abrange toda a cadeia de valor da produção de energia sustentável e a World Poultry Show, que tem mais de 300 expositores especializados na indústria avícola e reúne as principais empresas do setor.
Colunistas
Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.
A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.
O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.
Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.
Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.
Notícias
A importância da pesquisa agropecuária
A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.
Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.
Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.
A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.
A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.
Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).
As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.
Notícias Atenção produtor rural
Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc
Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.
O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.
De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.
A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.
O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.
A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).
O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).
No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.
A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.
O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.