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Europa está próxima de zerar uso de antimicrobianos em suínos, afirma especialista Belga

Estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos por problemas de resistência aos antibióticos, número muito superior quando comparado aos óbitos anuais que têm como causa aids, malária ou câncer de mama, por exemplo.

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Estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos por problemas de resistência aos antibióticos, número muito superior quando comparado aos óbitos anuais que têm como causa aids, malária ou câncer de mama, por exemplo. Somente na Europa, são cerca de 33 mil indivíduos que falecem todos os anos por infecções bacterianas resistentes ao uso de antimicrobianos, ou seja, casos que poderiam ser resolvidos se a infecção fosse por bactérias suscetíveis aos antibióticos.

Professor doutor em Epidemiologia da Faculdade de Medicina Veterinária de Ghent, na Bélgica, Jeroen Dewulf: “O uso terapêutico de antimicrobianos tem sido frequentemente usado como uma ferramenta para compensar a má gestão da saúde na granja” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

No entanto, de acordo com o professor doutor em Epidemiologia da Faculdade de Medicina Veterinária de Ghent, na Bélgica, Jeroen Dewulf, a maior parte dessas mortes não estão associadas ao uso de antibióticos em animais, contudo existe uma correlação através do conceito one health (saúde única) – termo que relaciona a integração entre a saúde humana, animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades.

Dewulf foi um dos especialistas que palestraram no Pré-Congresso do IPVS 2022, realizado em junho na cidade do Rio de Janeiro (RJ). No maior evento técnico-científico mundial da suinocultura, tratou sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos na Europa e, segundo ele, nesta questão, “menos é mais”. De acordo com ele, a Europa está próxima de zerar o uso de antimicrobianos em suínos.

Os antibióticos conheceram suas primeiras aplicações em humanos no século 19 – com a descoberta da penicilina – e revolucionaram a prática da medicina, ganhando o apelido de “drogas milagrosas”, por serem importantes catalisadores para melhorias médicas. Sem eles, muitas conquistas da medicina moderna, como cirurgias de grande porte, transplante de órgãos ou quimioterapia contra o câncer seriam impossíveis, porque implicariam em altos riscos devido a infecções como em tempos pré-antibióticos.

A descoberta dos antimicrobianos também teve seu impacto na Medicina Veterinária, contribuindo para uma melhor saúde e bem-estar dos animais. Entretanto, o uso precoce de antibióticos no sistema de pecuária extensiva de pequena escala para uma produção pecuária industrializada mais intensiva, onde os animais são alojados em grandes rebanhos, resultou em produtores usando mais medicamentos metafiláticos (tratamento em grupo assim que a doença ocorre) e profiláticos (tratamento preventivo), mas também abriu caminho para a aplicação comercial de antibióticos como promotores de crescimento.

Europa não reduziu produção

Conforme Dewulf, alguns estudos sobre o impacto na produção de antibióticos administrados na ração como promotores de crescimento indicaram ganhos de produtividade superior a 1%, dependendo de fatores como nutrição, sistema de produção, sanidade e manejo.

Por outro lado, trabalhos mais recentes concluíram que os atuais benefícios de produtividade com o uso de promotores de crescimento na ração diminuíram como resultado da adoção de práticas modernas de produção e manejo. “Isso mostra que os promotores de crescimento antimicrobianos beneficiaram sistemas de manejo deficientes, mas não devem ter lugar na produção animal moderna, pois promovem a resistência antimicrobiana”, expõe Dewulf.

A partir de 2000, os países europeus reduziram gradualmente o uso de antibióticos promotores de crescimento, sendo seu uso banido em 2003 na Europa. “Ao contrário do que muitos acreditavam isso não resultou em um declínio substancial na produção de animais para alimentação na Europa”, mencionou o especialista belga.

Pesquisas

Desde a proibição dos promotores de crescimento antimicrobianos na Europa, países como Bélgica, Dinamarca, Espanha Alemanha, Suécia, França, Itália, Irlanda, Finlândia e Suíça passaram a aplicar na produção de suínos o uso terapêutico de antimicrobianos, desenvolvendo uma série de pesquisas em relação ao tema. “Essas pesquisas foram um passo crucial para uma compreensão mais detalhada do uso terapêutico de antimicrobianos e seus fatores de risco na produção de suínos. Muitos desses estudos descrevem grandes diferenças no uso terapêutico de antimicrobianos ao longo do ciclo de produção, com a maioria do uso em leitões jovens. Outros achados típicos incluem uma grande variação no uso terapêutico de antimicrobianos entre granjas dentro do mesmo país e a aplicação frequente de medicação profilática, muitas vezes com contribuições importantes de antimicrobianos como cefalosporinas de 3ª geração e fluoroquinolonas. Além disso, aspectos como tamanho da granja, serviço veterinário, baixa biossegurança e o gerenciamento da saúde da granja foram descritos como impulsionadores do uso terapêutico de antimicrobianos”, explica Dewulf.

Melhor gestão sanitária e biossegurança

De acordo com o especialista belga, embora o papel principal do uso terapêutico de antimicrobianos em animais para alimentação deva ser terapêutico, ele está sendo usado para impulsionar melhorias em produtividade e renda das granjas. “O uso terapêutico de antimicrobianos tem sido frequentemente usado como uma ferramenta para compensar a má gestão da saúde na granja. No entanto, estas não são práticas aceitáveis. Portanto, os sistemas de criação, os sistemas de produção e os padrões de gestão e biossegurança devem ser projetados de tal forma que a necessidade de antimicrobianos se torne excepcional ou até redundante”, enfatiza.

Em um estudo francês em rebanhos do parto a terminação, as medidas de biossegurança, como desinfecção da área de carregamento, quarentena e adaptação de marrãs, estrutura da fazenda/linhas de trabalho e práticas “todos dentro todos fora” (all-in/all-out) foram significativamente associadas a menor uso terapêutico de antimicrobianos.

Na Dinamarca, os produtores implementaram medidas que conseguiram reduzir o consumo anual de antimicrobianos em 10% ou mais após a introdução do “sistema de cartão amarelo”. Segundo Dewulf, foi relatado, entre outros parâmetros, que procedimentos de limpeza, ação adequada em relação aos animais doentes (por exemplo, uma decisão anterior de eutanásia) e sistemas “todos dentro todos fora” foram mencionados como meios para reduzir a uso terapêutico de antimicrobianos.

Ele citou outro estudo de intervenção na Bélgica, que descobriu que melhorar o manejo do rebanho de suínos e o status de biossegurança, em combinação com a administração antimicrobiana, ajudou a reduzir a uso terapêutico de antimicrobianos em suínos desde o nascimento até o abate em 52% e em porcas em 32%.

Uma avaliação econômica baseada nos resultados destes e de outros estudos mostrou que, incluindo os custos laborais de todas as pessoas envolvidas, os rebanhos participantes obtiveram um ganho financeiro médio ou benefício global de R$ 14,88 por suíno em terminação por ano.

Em um estudo comparável realizado em quatro países da União Europeia, relatou o pesquisador, uma avaliação econômica das intervenções sugeridas, entre outras, em biossegurança, resultou em uma mudança média nos lucros líquidos entre granjas belgas e francesas estimadas em R$ 24,88 e R$ 6,86 por porca por ano, respectivamente.

Europa se aproxima de zerar uso de antimicrobianos

Em um estudo belga recente (ainda não publicado), 28 rebanhos de suínos belgas foram inscritos e acompanhados por um período de 35 meses. O objetivo do estudo foi avaliar até que ponto as granjas poderiam ser treinadas para a produção de suínos livres de antimicrobianos e até que ponto eles também poderiam manter esse status ao longo do tempo.

Neste estudo foi definido não usar antibióticos desde o nascimento até o abate. Os animais que necessitaram de tratamento individual receberam uma marca auricular especial e foram excluídos do programa sem antibióticos. Os resultados do estudo mostraram que 13 dos 28 rebanhos estavam criando suínos com sucesso sem antibióticos após um período de 12 meses. “Um ano depois, ainda 12 dos 13 mantinham esse status, ou seja, este estudo mostrou que era possível alcançar e manter o status de rebanho sem antibióticos”, pontuou Dewulf.

Conforme estudos já realizados na última década, Dewulf diz que o uso de antimicrobianos na produção de suínos na Europa deverá diminuir ainda mais e acabará se tornando um ato excepcional na suinocultura futura. “Obviamente, para a maioria das granjas, tanto dentro como fora da Europa, isso exigirá mais esforços e foco em melhor manejo, biossegurança e gerenciamento. Em última análise, essa redução também vai resultar no nivelamento e, eventualmente, na reversão da seleção de resistência, levando a mais benefícios para a saúde animal, bem como para a saúde humana e segurança alimentar global”, reforça o especialista belga.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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