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Europa está próxima de zerar uso de antimicrobianos em suínos, afirma especialista Belga

Estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos por problemas de resistência aos antibióticos, número muito superior quando comparado aos óbitos anuais que têm como causa aids, malária ou câncer de mama, por exemplo.

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Estima-se que mais de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos por problemas de resistência aos antibióticos, número muito superior quando comparado aos óbitos anuais que têm como causa aids, malária ou câncer de mama, por exemplo. Somente na Europa, são cerca de 33 mil indivíduos que falecem todos os anos por infecções bacterianas resistentes ao uso de antimicrobianos, ou seja, casos que poderiam ser resolvidos se a infecção fosse por bactérias suscetíveis aos antibióticos.

Professor doutor em Epidemiologia da Faculdade de Medicina Veterinária de Ghent, na Bélgica, Jeroen Dewulf: “O uso terapêutico de antimicrobianos tem sido frequentemente usado como uma ferramenta para compensar a má gestão da saúde na granja” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

No entanto, de acordo com o professor doutor em Epidemiologia da Faculdade de Medicina Veterinária de Ghent, na Bélgica, Jeroen Dewulf, a maior parte dessas mortes não estão associadas ao uso de antibióticos em animais, contudo existe uma correlação através do conceito one health (saúde única) – termo que relaciona a integração entre a saúde humana, animal, o ambiente e a adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades.

Dewulf foi um dos especialistas que palestraram no Pré-Congresso do IPVS 2022, realizado em junho na cidade do Rio de Janeiro (RJ). No maior evento técnico-científico mundial da suinocultura, tratou sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos na Europa e, segundo ele, nesta questão, “menos é mais”. De acordo com ele, a Europa está próxima de zerar o uso de antimicrobianos em suínos.

Os antibióticos conheceram suas primeiras aplicações em humanos no século 19 – com a descoberta da penicilina – e revolucionaram a prática da medicina, ganhando o apelido de “drogas milagrosas”, por serem importantes catalisadores para melhorias médicas. Sem eles, muitas conquistas da medicina moderna, como cirurgias de grande porte, transplante de órgãos ou quimioterapia contra o câncer seriam impossíveis, porque implicariam em altos riscos devido a infecções como em tempos pré-antibióticos.

A descoberta dos antimicrobianos também teve seu impacto na Medicina Veterinária, contribuindo para uma melhor saúde e bem-estar dos animais. Entretanto, o uso precoce de antibióticos no sistema de pecuária extensiva de pequena escala para uma produção pecuária industrializada mais intensiva, onde os animais são alojados em grandes rebanhos, resultou em produtores usando mais medicamentos metafiláticos (tratamento em grupo assim que a doença ocorre) e profiláticos (tratamento preventivo), mas também abriu caminho para a aplicação comercial de antibióticos como promotores de crescimento.

Europa não reduziu produção

Conforme Dewulf, alguns estudos sobre o impacto na produção de antibióticos administrados na ração como promotores de crescimento indicaram ganhos de produtividade superior a 1%, dependendo de fatores como nutrição, sistema de produção, sanidade e manejo.

Por outro lado, trabalhos mais recentes concluíram que os atuais benefícios de produtividade com o uso de promotores de crescimento na ração diminuíram como resultado da adoção de práticas modernas de produção e manejo. “Isso mostra que os promotores de crescimento antimicrobianos beneficiaram sistemas de manejo deficientes, mas não devem ter lugar na produção animal moderna, pois promovem a resistência antimicrobiana”, expõe Dewulf.

A partir de 2000, os países europeus reduziram gradualmente o uso de antibióticos promotores de crescimento, sendo seu uso banido em 2003 na Europa. “Ao contrário do que muitos acreditavam isso não resultou em um declínio substancial na produção de animais para alimentação na Europa”, mencionou o especialista belga.

Pesquisas

Desde a proibição dos promotores de crescimento antimicrobianos na Europa, países como Bélgica, Dinamarca, Espanha Alemanha, Suécia, França, Itália, Irlanda, Finlândia e Suíça passaram a aplicar na produção de suínos o uso terapêutico de antimicrobianos, desenvolvendo uma série de pesquisas em relação ao tema. “Essas pesquisas foram um passo crucial para uma compreensão mais detalhada do uso terapêutico de antimicrobianos e seus fatores de risco na produção de suínos. Muitos desses estudos descrevem grandes diferenças no uso terapêutico de antimicrobianos ao longo do ciclo de produção, com a maioria do uso em leitões jovens. Outros achados típicos incluem uma grande variação no uso terapêutico de antimicrobianos entre granjas dentro do mesmo país e a aplicação frequente de medicação profilática, muitas vezes com contribuições importantes de antimicrobianos como cefalosporinas de 3ª geração e fluoroquinolonas. Além disso, aspectos como tamanho da granja, serviço veterinário, baixa biossegurança e o gerenciamento da saúde da granja foram descritos como impulsionadores do uso terapêutico de antimicrobianos”, explica Dewulf.

Melhor gestão sanitária e biossegurança

De acordo com o especialista belga, embora o papel principal do uso terapêutico de antimicrobianos em animais para alimentação deva ser terapêutico, ele está sendo usado para impulsionar melhorias em produtividade e renda das granjas. “O uso terapêutico de antimicrobianos tem sido frequentemente usado como uma ferramenta para compensar a má gestão da saúde na granja. No entanto, estas não são práticas aceitáveis. Portanto, os sistemas de criação, os sistemas de produção e os padrões de gestão e biossegurança devem ser projetados de tal forma que a necessidade de antimicrobianos se torne excepcional ou até redundante”, enfatiza.

Em um estudo francês em rebanhos do parto a terminação, as medidas de biossegurança, como desinfecção da área de carregamento, quarentena e adaptação de marrãs, estrutura da fazenda/linhas de trabalho e práticas “todos dentro todos fora” (all-in/all-out) foram significativamente associadas a menor uso terapêutico de antimicrobianos.

Na Dinamarca, os produtores implementaram medidas que conseguiram reduzir o consumo anual de antimicrobianos em 10% ou mais após a introdução do “sistema de cartão amarelo”. Segundo Dewulf, foi relatado, entre outros parâmetros, que procedimentos de limpeza, ação adequada em relação aos animais doentes (por exemplo, uma decisão anterior de eutanásia) e sistemas “todos dentro todos fora” foram mencionados como meios para reduzir a uso terapêutico de antimicrobianos.

Ele citou outro estudo de intervenção na Bélgica, que descobriu que melhorar o manejo do rebanho de suínos e o status de biossegurança, em combinação com a administração antimicrobiana, ajudou a reduzir a uso terapêutico de antimicrobianos em suínos desde o nascimento até o abate em 52% e em porcas em 32%.

Uma avaliação econômica baseada nos resultados destes e de outros estudos mostrou que, incluindo os custos laborais de todas as pessoas envolvidas, os rebanhos participantes obtiveram um ganho financeiro médio ou benefício global de R$ 14,88 por suíno em terminação por ano.

Em um estudo comparável realizado em quatro países da União Europeia, relatou o pesquisador, uma avaliação econômica das intervenções sugeridas, entre outras, em biossegurança, resultou em uma mudança média nos lucros líquidos entre granjas belgas e francesas estimadas em R$ 24,88 e R$ 6,86 por porca por ano, respectivamente.

Europa se aproxima de zerar uso de antimicrobianos

Em um estudo belga recente (ainda não publicado), 28 rebanhos de suínos belgas foram inscritos e acompanhados por um período de 35 meses. O objetivo do estudo foi avaliar até que ponto as granjas poderiam ser treinadas para a produção de suínos livres de antimicrobianos e até que ponto eles também poderiam manter esse status ao longo do tempo.

Neste estudo foi definido não usar antibióticos desde o nascimento até o abate. Os animais que necessitaram de tratamento individual receberam uma marca auricular especial e foram excluídos do programa sem antibióticos. Os resultados do estudo mostraram que 13 dos 28 rebanhos estavam criando suínos com sucesso sem antibióticos após um período de 12 meses. “Um ano depois, ainda 12 dos 13 mantinham esse status, ou seja, este estudo mostrou que era possível alcançar e manter o status de rebanho sem antibióticos”, pontuou Dewulf.

Conforme estudos já realizados na última década, Dewulf diz que o uso de antimicrobianos na produção de suínos na Europa deverá diminuir ainda mais e acabará se tornando um ato excepcional na suinocultura futura. “Obviamente, para a maioria das granjas, tanto dentro como fora da Europa, isso exigirá mais esforços e foco em melhor manejo, biossegurança e gerenciamento. Em última análise, essa redução também vai resultar no nivelamento e, eventualmente, na reversão da seleção de resistência, levando a mais benefícios para a saúde animal, bem como para a saúde humana e segurança alimentar global”, reforça o especialista belga.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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