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Eubióticos na produção de frangos de corte moderna, conceitos e estratégias de uso
Dentre os principais aditivos eubióticos podemos citar os probióticos, prebióticos, simbióticos (pro + pre), ácidos orgânicos e os fitogênicos.

Eubióticos são aditivos nutricionais que atuam essencialmente melhorando a utilização dos nutrientes e mantendo a saúde intestinal e, com isso, promovem a saúde, o bem-estar e a performance zootécnica das aves. Além disso, podem conferir uma maior inocuidade dos alimentos. São ferramentas bem estabelecidas no mercado mundial de produção animal, não geram resistência antimicrobiana (RAM) nem deixam resíduos na carne. Dentre os principais aditivos eubióticos podemos citar os probióticos, prebióticos, simbióticos (pro + pre), ácidos orgânicos e os fitogênicos.
Probióticos são aditivos à base de bactérias, leveduras ou fungos que alteram a microbiota intestinal promovendo um balanço entre as diferentes populações bacterianas benéficas que inibem o desenvolvimento de bactérias patogênicas. Em consequência disto, aumentam a integridade intestinal, modulam a imunidade o que se traduz em melhoria da performance zootécnica e contribuem para uma maior inocuidade dos produtos avícolas. Dentre os gêneros bacterianos mais utilizados como probióticos se destacam os Bacillus spp., Lactobacillus spp. e Enteroccoccus spp. Além disso, leveduras da espécie Saccharomyces cerevisae são utilizadas de maneira concentrada. O modo de ação de cada probiótico no trato gastrointestinal (TGI) depende do micro-organismo em questão.
Na fase inicial da vida da ave (0 a 7 d) há uma maior suscetibilidade à infecção por agentes patogênicos no intestino o que se deve em grande parte à imaturidade do sistema imune das aves. Assim, a utilização de probióticos é recomendada desde o primeiro dia de vida, preferencialmente no incubatório, a fim de limitar a colonização de MOs indesejáveis (ex. Salmonella spp.). Contudo, não é somente nos primeiros dias que os probióticos são recomendados pois inúmeros fatores podem alterar a população microbiana do intestino tais como os anti-nutricionais (ex. fitato), micotoxinas, desafios de coccidiose além de falhas de manejo e de biosseguridade. Portanto, recomenda-se o aporte contínuo dos probióticos via ração durante todo o ciclo produtivo em especial na fase inicial de vida da ave.
Na seleção de um aditivo probiótico, devemos considerar a viabilidade do (s) micro-organismo (s) – MO durante a estocagem, sua resistência aos processos de peletização da ração (temperatura 80 – 90 C) bem como a sua sobrevivência e atuação no TGI. Além disso, é necessário que seja compatível com anticoccidianos químicos e ionóforos tradicionalmente utilizados na avicultura.
Prebióticos são aditivos a base de oligossacarídeos tais como os MOS (mananoligossacarídeos), FOS (frutooligosacarídeos), GOS (galactooligossacarídeos) e beta-glucanos que possuem efeitos diversificados no seu hospedeiro. Estes açúcares são resistentes as enzimas digestivas das aves, no entanto, são utilizados por populações bactérias benéficas do TGI. Desta maneira, favorecem a microbiota benéfica (lactobacilli e bifidobacteria), reduzem a população de bactérias patogênicas (E. coli e Campylobacter spp.), modulam o sistema imune, aumentam a digestibilidade, a absorção de minerais e vitaminas, mantêm o pH intestinal e maximizam a utilização dos nutrientes o que se reflete em aumento da performance produtiva dos frangos de corte.
Os MOS possuem sítios de ligação que se conectam a receptores fimbriais tipo 1 de Escherichia coli e Salmonella spp. o que elimina estas bactérias do TGI através do fluxo normal da digesta. Este fenômeno também implica em aumento da resposta imune humoral devido a uma maior apresentação de antígenos ao sistema imune. Já os beta-glucanos (1,3 e 1,6 ) ativam o sistema imune de maneira direta pois se ligam a receptores celulares (dectina-1) presentes nos enterócitos e fagócitos e a partir daí, desencadeiam uma série de reações inflamatórias com destaque para a ativação de produção de anticorpos (IgA) e muco, que são a primeira linha de defesa do intestino contra patógenos. Além disso, os beta-glucanos ativam fagócitos, natural killers, linfócitos B e T, bem como aumentam a produção de citoquinas e a atividade fagocítica dos macrófagos.
De modo similar aos probióticos, o uso de prebióticos é indicado em especial nas fases iniciais de vida da ave e em condições de alto stress e pressão de infecção (ex. alta densidade).
De uma maneira geral, o processamento enzimático (associado a temperatura, tempo e pH ideais) reflete em prebióticos de maior eficiência do que os fracionados de forma mecânica ou química pois permite maior adesão do patógeno ao MOS devido à maior exposição física da sua molécula. Portanto, o processamento é um fator relevante na qualidade do aditivo mais do que a sua concentração em si.
De maneira inovadora, simbióticos (combinação de pro e prebióticos) tem sido desenvolvidos como ferramentas auxiliares na prevenção de Salmonella spp. em aves.
Ácidos orgânicos (AOs) são compostos por ácidos de cadeia curta (um a sete carbonos) com propriedades antimicrobianas que se relacionam com a redução do pH do trato gastrointestinal (TGI) e a sua capacidade de dissociar suas carboxilas (valor de pKa). Quando utilizados em aves, podem ter um efeito direto na população de bactérias do TGI, reduzindo as patogênicas e controlando, principalmente, espécies que competem com as aves por nutrientes o que resulta em melhora do desempenho produtivo dos animais.
AOs na forma não dissociada penetram na parede celular das bactérias e interrompem a fisiologia normal de certos tipos de bactérias “pH- sensíveis”, que não toleram um amplo gradiente de pH interno e externo. Assim, os AOs são mais efetivos contra espécies de bactérias que são “ácido-intolerantes” como E. coli, Salmonella spp. e Campylobacter spp., o que resulta em menor competição por nutrientes com o hospedeiro, redução de metabólitos depressores de desempenho e aumento da digestibilidade.
A sua utilização é recomendada durante todo o ciclo produtivo, porém, as fases iniciais de vida (0-21 d) e a última semana antes do abate são mais estratégicas. Na primeira, alguns AOs (ex. ácido benzoico) previnem a contaminação por Salmonella spp. e aumentam a digestibilidade pelo estímulo da atividade das enzimas digestivas (pepsina), o que favorece o desempenho zootécnico (ganho de peso e conversão alimentar) nesta fase. Por outro lado, o seu uso na fase de retirada pode contribuir para uma redução da carga microbiana da ave que é carreada para o frigorífico, o que implica em maior segurança alimentar.
Fitogênicos são aditivos compostos por óleos essenciais (OEs) e/ou extratos vegetais (EVs) que apresentam efeito antimicrobiano (bactérias, vírus e fungos), antioxidante, anti-inflamatório e digestivo pelo estímulo à produção de enzimas digestivas (ex. amilase). Os OEs constituem-se em complexas misturas de substâncias voláteis, geralmente lipofílicas, cujos componentes incluem terpenos, álcoois simples, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, ácidos orgânicos fixos etc. Quando utilizados em rações, melhoram o desempenho animal, mas não apresentam efeito medicamentoso, quer seja pelo princípio ativo ou por sua dosificação.
O uso de fitogênicos em frangos de corte pode ser empregado durante todo o ciclo produtivo, entretanto, levando-se em conta a limitada produção de enzimas endógenas (ex. amilase) na fase inicial (0-21 d) bem como um maior prevalência de enterite necrótica (C. perfringens) neste período, torna-se estratégica a sua utilização.
A estabilidade dos aditivos fitogênicos é ponto crucial na qualidade do produto, para tanto aplicam-se métodos de micro encapsulamento que reduzem a volatilidade do produto “tal qual” como também protegem contra alta temperatura e pressão durante a peletização da ração. Recentemente, tecnologias de liberação gradual no TGI têm aumentado a eficiência dos OEs potencializando o seus efeitos nas aves.
O uso combinado de eubióticos deve levar em conta o modo de ação principal dos aditivos selecionados afim de evitar sobreposição (ex. probiótico + probiótico). Além disso, deve-se considerar a compatibilidade entre os aditivos bem como possíveis sinergias.
Em um estudo com desafio de Eimeria spp. e C. perfringens em frangos de corte (0-28 d), a combinação de prebiótico (MOS + beta-glucanos) e óleos essenciais (timol + carvacrol) resultou numa performance zootécnica (ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade) igual a associação de narasina e nicarbazina.
A partir das recentes restrições ao uso de AMDs a nível mundial, a oferta de eubióticos foi ampliada de maneira expressiva. No entanto, é necessário que haja critérios de seleção destes aditivos bem como definição de uma estratégia de utilização a fim de extrair a máxima eficiência dos mesmos sem onerar os custos à produção avícola. Atualmente, estes aditivos são utilizados com segurança nas grandes integrações avícolas por apresentam benefícios produtivos consistentes baseados em dados científicos e por contribuírem para a produção sustentável de alimentos.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



