Bovinos / Grãos / Máquinas Cada vez mais presente
Etanol de milho: realidade e projeções no Brasil
Com produção de 845 milhões litros, etanol de milho vem ganhando mais espaço no território nacional; Mato Grosso tem ganhado investimentos nesse sentido
O milho tem sido neste ano a menina dos olhos do produtor brasileiro. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu último levantamento divulgado em setembro, a produção do milho primeira safra foi de 26,2 milhões de toneladas. Já o de segunda safra, a safrinha, está estimado em 73,8 milhões de toneladas (100 milhões de toneladas nas duas safras). Mas se engana quem pensa que toda esta produção está sendo utilizada somente para exportação e produção de ração para proteína animal. Nos últimos anos, um novo empreendimento vem ganhando força em território nacional: o etanol de milho.
Cada vez mais relevante no cenário nacional, o milho já é responsável pela produção de cerca de 1,4 bilhão de litros do etanol total produzido no país, somando-se anidro e hidratado. Os dados foram coletados pela Conab e divulgados em maio junto com o 1º Levantamento da Safra 2019/2020 de cana-de-açúcar. É a primeira vez que a companhia lança dados do etanol de milho.
Segundo o estudo, o Estado que mais produz etanol de milho é o Mato Grosso, seguido por Goiás e Paraná. “Existe a perspectiva de surgirem novas unidades de produção, porque outros Estados já estão investindo para iniciar sua produção nos próximos anos”, afirma o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Guilherme Bastos. “Entre as vantagens do milho em relação à cana, está o fato de o Brasil ser um dos maiores produtores do grão. E vale lembrar que o produto final é o mesmo”, diz.
Atualmente, são nove usinas operando no Brasil, sendo oito flex, ou seja, que produzem tanto etanol de milho quanto de cana, informa o diretor da Innovatech e engenheiro florestal, Robinson Cannaval. “Essas usinas estão localizadas nos Estados do Mato Grosso (cinco), Goiás (duas), no Norte do Paraná (uma) e em São Paulo (uma). As usinas no Mato Grosso se concentram no Norte do Estado e foram instaladas entre 2012 e 2018”, explica.
Ele informa que, em 2018, 5% de toda a produção de milho do Mato Grosso foi voltada para a produção de etanol. “E a tendência é o crescimento. Segundo a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), atualmente são produzidos 845 milhões litros de etanol de milho no país e a expectativa para os próximos cinco anos é que tenhamos 15 indústrias e uma produção de 3,5 a quatro bilhões de litros”, conta.
Diferenças entre etanol de milho e de cana-de-açúcar
Segundo Cannaval, a produção é viável no país, entretanto, é necessário conhecer as condições de produção de milho e os custos de matéria-prima na região em que se deseja trabalhar. “Atualmente, o excedente de grãos de milho no Mato Grosso é um atrativo. Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA –2018), o preço da saca de milho está entre R$ 30 e R$ 33, e o ponto de equilíbrio do milho para a usina tem variação de R$ 26 até R$ 36”, explica.
Além do mais, o profissional diz que a utilização do milho na produção de etanol se torna interessante por motivos como o período de entressafra da cana, onde não há utilização das usinas, e o DDG (dried distillers grains), subproduto da cadeia do etanol de milho, que é utilizado como fonte proteica na alimentação animal. E citando a cana, Cannaval esclarece que comparando a produção de etanol de milho com o de cana, o de milho não é mais viável e barato se excluir da análise os subprodutos. “Para cada hectare dessas culturas, a cana-de-açúcar produz cerca de 2,9 vezes mais etanol do que o milho. Ainda, em média, um litro de etanol de milho custa para produção R$ 0,10 a mais do que o equivalente de cana”, conta. O profissional menciona ainda que, em média, para cada tonelada de milho são produzidos cerca de 407 litros de etanol, segundo dados da Embrapa.
Cannaval expõe que, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), de modo comparativo, o custo para se produzir um litro de etanol a partir do milho é de R$ 1,23, sendo maior do que a produção de um litro de etanol de cana-de-açúcar (R$ 1,13). “Essa diferença de R$ 0,10 é referente às etapas de produção de etanol, que no caso do milho são maiores, enquanto na cana-de-açúcar o processo é direto. Com relação aos impostos, a diferença na produção dependerá de Estado para Estado da Federação”, informa.
O profissional ainda esclarece que como este se trata de um negócio relativamente recente no país, é importante que as análises que antecedem a decisão de investimento, quer seja na produção de milho ou na indústria, sejam muito bem conduzidas para uma correta decisão de retorno sobre o investimento e riscos associados.
Etanol X nutrição animal
A produção brasileira de milho ascendendo a cada ano faz com que a produção do etanol seja viável. Mas uma dúvida que pode surgir na cabeça do produtor é sobre a possibilidade de “faltar” o grão ou mesmo elevar os preços e assim impactar na produção de proteína animal. “No caso da pecuária é necessário um cálculo do balanço proteico e custos de entrega da proteína. Na produção do etanol de milho temos como um dos principais subprodutos o DDG, que já é utilizado como substituto de outras fontes proteicas na alimentação animal para a pecuária”, explica.
Cannavel esclarece que, dessa forma, propriedades com pecuária e localizadas próxima a usinas de etanol de milho devem receber fonte proteica com um custo mais competitivo. “Por outro lado, no caso da proteína animal, suínos e aves, uma maior demanda de milho para as usinas de etanol pode impactar o custo de fabricação de rações a depender do contexto regional, uma vez que o milho é um importante componente na fabricação de rações para suínos e aves”, menciona.
Mercado em ascensão
Cannaval comenta que este é um mercado que ainda pode ser explorado no país. “Em Estados onde há muita oferta de milho e baixo preço do grão, como o Mato Grosso, a produção de etanol é uma opção para projetos de aumento de valor agregado”, diz. Além disso, acrescenta, estados com grandes áreas plantadas de milho e cana, como o Mato Grosso do Sul e Goiás, são opções interessantes para a adoção de usinas flex, tendo em vista o mercado de DDG e as longas distâncias para transporte dos grãos.
Como citado pelo profissional, o Mato Grosso é um Estado com grande produção de milho e assim grande potencial para produção de etanol. Muitos já perceberam isso e, Sinop, cidade a aproximadamente 500 quilômetros da capital Cuiabá, irá ganhar a maior usina de etanol de milho da América Latina. O projeto é encabeçado pela Inpasa Agroindustrial, que já possui outras duas plantas em funcionamento e que iniciou suas atividades em 2008. O investimento é de mais de R$ 500 milhões. Atualmente, nas duas fábricas são processadas 3,6 mil toneladas de milho por dia, produzidos 1,5 milhão de litros de etanol e mil toneladas de DDGs por dia.
“A usina de Sinop é um projeto interessante. O Estado do Mato Grosso é o líder da produção nacional do grão e apresenta boas condições para a planta, como o baixo preço do milho no contexto atual. Acredito que terá um impacto positivo no país”, avalia Cannaval. Ele acrescenta que o etanol de milho é, também, uma alternativa para ganhos de logística na região. “E o Norte do Mato Grosso é o principal ponto de expansão desta atividade nos próximos anos, de acordo com a Unem, com potencial de abastecer o Norte do país”, diz.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2019 ou online.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran